Carrazeda Ansiães
Web Site da Câmara Municipal
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Carrazeda de Ansiães é sede do concelho do mesmo nome, pertencente ao distrito e diocese de Bragança e dista desta cerca de 77 quilómetros. Todo o topónimo tem um certo quê de “magia” e, este já fez gastar muita tinta. Aqui ficam mais algumas “pinceladas” com o intuito de apenas registar para a História este interesse pela designação de tão Câmara Municipal castiço nome. Outrora escrevia se Anciães mas, segundo alguns entendidos, de forma pouco correcta. Seguindo a linha de Edite Estrela, filóloga, de Belver, a escassos quilómetros da Vila e de acordo com o testemunho de Xavier Fernandes, Topónimos e Gentílicos, II, p. 262: “A grafia Anciães é errónea e a forma correcta é Ansiães. Num foral do séc. XI encontra se Ansilanes, que é genitivo de Ansila, isto é, Ansilanis Villa, quinta de Ansila. A evolução de Ansilanis, que é o étimo, deu se normalmente: queda do i e do n intervocálicos e nasalação da vogal anterior a esta última consoante. O topónimo é de origem germânica e nenhuma dúvida há quanto ao seu étimo; consequentemente, nenhuma dúvida deve haver quanto à respectiva representação gráfica”. A belverense Edite Estrela, refere ainda num artigo, de 30 de Julho de 1984, inserido no Livro das Festas do Concelho, coordenado por César Sampaio, por ocasião das Comemorações dos 250 anos de elevação a sede do Concelho, que “o nome Carrazeda era, pelo menos até 1853, grafado com r simples, isto é, Carazeda, eventualmente formado pelo substantivo cara e pelo adjectivo azeda, alusivo à rudeza da fisionomia dos seus naturais. Cara azeda, no passado? Talvez! Por causa do rigor do clima, das dificuldades em vencer a terra inóspita, em dominar a vertigem quando se espreita a fundura do abismo, qual poço da morte em despenhadeiro natural.” Mas quem os teria assim “baptizado”? Há também por lá umas plantas que se lhes chama de azedas! Seja como for (modéstia à parte), não deixa de ser interessante o título de uma das obras poéticas do autor destas letras, editada pela Autarquia em 2000, “Rude (A)gosto no Olhar” por vir, sem o saber anteriormente, nesta linha. Sem dúvida, “no presente, a cara” das carrazedenses “é afável”. Os carrazedenses em si são hospitaleiros, “de porta aberta e mesa posta, de mão rugosa mas de aperto franco e amigo, de aspecto austero mas de coração disponível para a dádiva e a emoção (Edite Estrela, 1984).” Se não há certezas quanto às origens da toponímia da Vila, uma coisa parece certa, nos idos de 1734, ainda Carrazeda pertencia, como simples freguesia, ao concelho de Ansiães e comarca da Torre de Moncorvo, de acordo com o insuspeito Abade de Baçal. Foi cabeça de um morgadio, instituído em 1539 pelo licenciado André Fernandes de Magalhães. Há quem refira que em 6 de Abril de 1734 a sede concelhia foi mudada para Carrazeda de Ansiães. Entretanto, Cristiano Morais, prepara nova tese e, ao que julgamos, fundamentada, considera que não terá sido nessa data que se deu a mudança. O movimento terá começado nessa época mas a data do seu epílogo para já se desconhece com segurança. Recorde se que Ansiães, antiga sede município, já era vila antes da monarquia. Tinha por brasão de armas um castelo com a seguinte legenda: “Anciaens Leal no Reino de Portugal”. Feito este “devaneio”, pode dizer se que Carrazeda de Ansiães se situa na serra de Carrazeda, na margem direita do rio Douro e na margem esquerda do rio Tua. Registava em 1991 uma população de cerca de 1100 residentes, sendo um concelho bastante marcado pela emigração. A vila fica a uma vintena de quilómetros da famosa Estação Ferroviária do Tua, num planalto donde se “divisa um dos mais notáveis e supreendentes panoramas que se podem imaginar, com milhares de quilómetros de horizonte, e com ares ainda puros. Fica a 24 quilómetros a O. de Moncorvo, a 120 a NE. de Braga e 370 a N. de Lisboa”. A uns quatro quilómetros da vila ficam as ruínas da antiga Anciães e do Castelo onde se podem visitar as igrejas românicas de S. João Baptista (extra muros) e S. Salvador, outrora duas Comendas da Ordem de Cristo. Cada uma delas era Abadia até ao reinado de D. Manuel I (1469 1521), décimo quarto rei de Portugal, “tendo sido transmudadas em Reitorias com a apresentação ao Padroado Real (…). Tinha pois o Concelho duas Comendas e duas Reitorias cada uma com seis anexas e mais a Comenda de S. Miguel do julgado de Linhares, também transmudada em Reitoria com três anexas, e apresentação à Mitra Primaz (Ricardo P Pereira, 1984)”. Ainda de acordo com este estudioso das coisas de Ansiães, a freguesia de S. João Baptista mudou se para o lugar de Marzagão em 1571. D. Afonso Henriques deu lhe foral (1160) mas antes já Fernando Magno, rei de Leão, o havia concedido ainda antes da fundação da Nacionalidade (Séc. IX). D. Sancho I confirmou o em 6 de Abril de 1198. D. Afonso II também o reconfirma pela 3′ vez. D. Manuel 1 concedeu lhe outro, com muitos privilégios e isenções, datado de Santarém, a 1 de Junho de 1510. A vila teve juiz de fora até 6 de Abril de 1734. A Câmara velha, edifício que alberga hoje a Biblioteca Municipal, foi construída em 1736/37. Todos estes aspectos históricos dizem bem da importância do Concelho na época e que os presentes devem legar aos vindouros, pois, quem não honra a sua identidade não é boa gente, como diz o povo. Outras datas merecem referência. Não somos pretensiosos nesta enumeração mas tão só registamos algo que mostre a importância das gentes e lugares do Concelho. No século passado registe se a criação dos Bombeiros a 7 de Fevereiro de 1930. Em termos mediáticos, realça se na década de oitenta a edição do jornal O Arauto de Ansiães dirigido pelo Padre Armindo, Pároco de Linhares de Ansiães. Em 1987 são feitas as primeiras emissões da Rádio Ansiães. Quem andar pelo Concelho a viajar deve ter no roteiro uma visita a todo o conjunto patrimonial de Ansiães e seu Castelo onde pontuam as ruínas das muralhas, torres, baluartes e das casas de habitação; as sepulturas cavadas na rocha, as cabeceiras sepulcrais ostentando cruzes das diversas ordens militares. O local torna se também num verdadeiro miradouro cuja vista encanta e merece ser apreciada. À velha Vila de Ansiães está ligado um nome ilustre que Camões perpétua no canto décimo, estância 5.a, Lopo Vaz de Sampaio: “Mas contudo não nego que Sampaio / Será, no esforço, ilustre assinalado, / Mostrando se no mar um fero raio (…)”. D. Lopo Vaz de Sampaio recebeu o cargo de Governador da índia na condição de entregá lo a Pero de Mascarenhas e veio a falecer a 5 de Março de 1538 como 8.° Vice Rei da índia e Senhor de Ansiães. Duas datas significativas para as gentes da velha Ansiães são: 1578, ano em que faleceram muitos nobres na Batalha de Alcácer Quibir e 1580, ano em que Ansiães não adere ao domínio filipino, embora Filipe 11 tenha concedido diversos privilégios para convencer os moradores. Levados pelas informações do ilustre Abade de Baçal, Rev. Francisco Manuel Alves e citado pela Revista “Occidente” em 1939, encontram se por perto outras igrejas românicas: Belver e Selores (monumento nacional) “onde há um altar curioso por dois padres poderem nele dizer missa ao mesmo tempo sem se verem”. Em Selores destaca se ainda um palacete brazonado, solar de um morgadio fundado por D. Gonçalo de Morais, bispo do Porto. Os quadros do tecto da igreja de Marzagão são também merecedores de uma apreciação de quem passa. A riqueza arqueológica do Concelho é significativa e até merecedora de um renovado carinho de apoio institucional, em particular, para a sua conservação. Os testemunhos da presença humana perdem se nos tempos. Há no Concelho marcas suficientes a autenticar tal afirmação. As antas de Vilarinho da Castanheira e de Zedes, que o povo designa de Casas da Moura, são bem o sinal vivo dessa realidade. Pena foi que, na década de 70, o proprietário de um castanheiro, perto da Anta de Zedes, o Castanheiro da Barca, de grande porte, “de muitos metros de circunferência no tronco já carcomido, cabendo bem à vontade treze pessoas na cavidade, em jantar de festança opípara”, o que aconteceu muita vez, o tivesse derrubado e destruído. Pena maior será se os responsáveis nada fizerem para salvaguardar estes dois representativos monumentos megalíticos como forma de honrar os antepassados que se imortalizam através deles. Antes de nos determos em particularidades sobre a nova vila, Carrazeda de Ansiães, uma palavra sobre o pelourinho de Ansiães. Este foi mandado destruir pelo Juiz de Fora, Francisco Justiniano Ferraz de Araújo e Castro no ano de 1734. Os seus restos podem ser vistos no interior da Igreja de S. Salvador em Ansiães. Carrazeda de Ansiães, a Vila dos nossos dias, continua cercada de campos abundantes em água e férteis em vinhos finos e de consumo (algumas marcas foram já medalhadas em certames nacionais e internacionais), azeite, frutas (a maça e a laranja, em particular), cereais, etc., o que a tornam uma região rica, tendo as condições naturais e humanas para progredir, faltando lhe alguns melhores acessos para os que demandando outras terras ali possam ir e desfrutar da sua gastronomia (o fumeiro, a marrã, a vitela, o cabrito no forno e o peixinho do rio na brasa, com destaque para o que se come na Sr.ª da Ribeira. etc.), da sua paisagem construída e natural (Na Brunheda e Pinhal do Douro as rochas monumentais que por ali abundam são verdadeiros santuários que importa preservar e dignos de uma visita. Por todo o Conselho existem penedos que bem poderão fazer parte de um roteiro turístico o Roteiro das Fragas) e do acolhimento das suas gentes. Nos últimos anos por altura do seu feriado municipal, 31 de Agosto, a autarquia e os agentes económicos têm se esforçado por promover a maça e o vinho, duas riquezas que a terra dá, durante a designada Feira da Maça e do Vinho que já vai na sua sexta edição, bem como promover o próprio concelho. Este certame, iniciativa da autarquia, conta com o apoio prestimoso e fundamental da Associação dos Fruticultores e Vitivinicultores do Planalto de Ansiães e da FRUCAR. Uma nota particular, dada a sua curiosidade, sobre a padroeira da Vila de Carrazeda de Ansiães, Santa Águeda que retiro do artigo A festa, escrito em Julho de 1984, pela Licenciada em História, Maria Otília Pereira Lage: “Santa Águeda, mártir do SÉC. III. Pertencendo à aristocracia de Catânia, foi pedida em casamento pelo consular Quinciano, mas recusou. Acusada de ser cristã, arrancaram lhe os seios, tendo sido curada, na prisão, por S. Pedro. Sendo lhe atribuídos muitos milagres, o seu culto, com início na Sicília, espalhou se por muitos lugares”. A linha do Tua servia as populações que demandavam o Porto, Lisboa, Mirandela ou Bragança mas depois do seu infeliz e injusto encerramento, resta às pessoas recorrerem ao transporte próprio, ou então aos táxis e autocarros. Podem ainda apanhar o comboio na Estação Ferroviária do Tua e pela linha do Douro irem até a diversos destinos. Com a navegabilidade no Douro o cais de N.a S.a da Ribeira tornou se num dos locais mais aprazíveis da região. O sítio tem um micro clima que lhe dá condições excepcionais de aprazibilidade. Em pleno Inverno há dias de quase Primavera. Um lugar onde o silêncio é retemperador. Recorde se que em 1758 o Douro ainda não tinha nenhuma ponte do lado de Portugal. De acordo com o Dicionário Corográfico de 1758 havia várias Barcas de Passagem na zona do concelho o que justifica a importância vital que a Vila teria como lugar de passagem. É que havia ligações para o distrito de Vila Real, Porto, Guarda, Viseu e para o Sul de Portugal. Mas era (Vergílio Tavares; Conheça a nossa Terra; 1999.) “através do Porto Fluvial de Foz Tua” que “saíam muitos produtos via rio Douro até ao Porto e daí para outras regiões de Portugal e do mundo”. Por outro lado também entravam produtos de outras regiões e países que depois chegavam a outros pontos do distrito. Ainda segundo Virgílio Tavares, em 1721 havia mais de 80 armazéns onde as gentes do Concelho e da Província faziam os seus negócios com todo o género de produtos. O desenvolvimento sócio económico do concelho nos finais do século XVIII evidenciava se quer no número de artesãos existentes quer por exemplo na produção de casulos. Em Vilarinho da Castanheira havia mesmo uma feira anual de seda de fio no 1.° dia de Agosto. Isto antes da moléstia ter acabado com a sericultura (1869). O Pelourinho da Vila pode ser apreciado em frente aos antigos Paços do Concelho onde hoje alberga a biblioteca e, no seu interior, podem ser vistos os “anjos” de Graça Morais, pintora transmontana. Mas digna de ser vista é a Fonte das Sereias que se situa em frente àquele edifício, dada a sua imponência e o trabalho em granito. Não por ser o mais imponente mas por ser o Pelourinho de Carrazeda de Ansiães importa destacá lo. É de granito, assenta numa base de quatro degraus e é constituído por uma coluna de fuste octogonal liso. Segundo Reger Teixeira Lopes, in Carrazeda de Ansiães Património Artístico (1996) o capitel é decorado com as armas reais: escudo real (de prata); cinco escudos (de azul) postos em cruz, cada escudete carregado de cinco besantes (de prata; bordadura (de vermelho) carregada de sete torres (de oiro): Tipo de escudo: clássico ou em ponta. Coroa real fechada encimada por uma cruz. Em cima do capitél encontra se uma pirâmida cónica truncada decorada com motivos vegetalistas e a data é do séc. XVIII. Para além dos dois já referidos há também o Pelourinho de Linhares e do Séc. XVII. Mas são ainda significativas as Pedras de Armas de Alganhafres, Carrazeda de Ansiães, Linhares, Parambos, Ribalonga, Selores, Tralhariz, Vilarinho da Castanheira e Zedes.
OUTRAS INDICAÇÕES
População: Refira se por curiosidade que no recenseamento geral da população, em Dezembro de 1930, o concelho contava 13.253 almas nas 19 freguesias. Segundo o Censo de 91 tinha 8.610 residentes. Com base nos dados do Instituto Nacional de Estatística em 2001 o Concelho volta a aumentar o número da população residente que é de 9235 em 2001, sendo 4478 homens e 4757 mulheres. Durante a realização dos census de 2001 estavam presentes 8586 homens e mulheres e estavam constituídos 2603 núcleos familiares residentes. Existem no concelho 4912 edifícios.
Juntas de Freguesia e Anexas
O Concelho de Carrazeda de Ansiães tem 19 Freguesias e 26 localidades anexas: (Entre parêntesis destacam se as anexas) Amedo (Areias); Beira Grande; Belver (Mogo de Ansiães); Carrazeda de Ansiães (Samorinha); Castanheiro (Fiolhal, Foz tua e Tralhariz); Fontelonga (Penafria e Besteiros); Lavandeira; Linhares (Alegria, Arnal, Campelos e Carrapatosa); Marzagão (Luzelos); Mogo de Malta; Parambos (Misquel, S. Pedro e Venda Nova); Pereiros (Codeçais); Pinhal do Norte (Brunheda, Felgueira e Santrilha); Pombal (Paradela e S. Lourenço); Ribalonga; Selores (Alganhafres); Seixo de Ansiães (Coleja e Sr.ª da Ribeira); Vilarinho da Castanheira (Pinhal do Douro) e Zedes. Escolas do 1º Ciclo: O Concelho conta actualmente com 32 escolas, assim distribuídas: Amedo, Areias, Arnal, Beira Grande, Belver, Brunheda, Campelos, Carrazeda de Ansiães, Castanheiro do Norte, Codeçais, Coleja, Fiolhal, Fontelonga, Foz Tua, Lavandeira. Linhares, Luzelos, Marzagão, Misquel, Mogo de Malta, Paradela, Parambos, Pereiros, Pinhal do Norte, Pinhal do Douro, Pombal, Samorinha, Seixo de Ansiães, Selores, Tralhariz, Vilarinho da Castanheira e Zedes. Jardins de Infância: No concelho há sete jardins de infância localizados, dois na sede concelho, um da rede pública e o outro da St.ª Casa da Misericórdia, e os outros cinco localizam se no Castanheiro do Norte, Mogo de Malta, Pombal, Seixo de Ansiães e Vilarinho da Castanheira.
Associações Culturais e Recreativas
No Concelho há 40 colectividades e a maior parte delas foram criadas após o 25 de Abril de 74. Existe uma ou outra inactiva, como por exemplo, A Liga dos Amigos da Anta criada com o intuito da salvaguarda dos monumentos construídos e naturais em que o Concelho é rico. E para que constem e fique o seu registo para a História aqui se enumeram de acordo com a lista que foi fornecida pelos Serviços Culturais da Câmara de Carrazeda de Ansiães: Associação Desportiva, Cultural e Recreativa de Beira Grande; Sport Brunheda e Benfica; Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola EB, 2.3 de Carrazeda de Ansiães; Associação de “Zíngaros” de Carrazeda de Ansiães; Associação Grupo de “Zés Pereiras”; Cooperativa da Rádio Ansiães, C.R.L; Associação Cultural e Desportiva de Codeçais; Associação Cultural, Desportiva e Recreativa de Fontelonga; Atlético Clube do Tua; Associação Cultural e Recreativa de Lavandeira; Centro Cultural e Recreativo de Mogos; Sporting Clube de Parambos; Grupo Desportivo e Recreativo de Pinhal do Norte; Associação Recreativa e Cultural de Pombal de Ansiães; Centro Cultural Desportivo e Recreativo de Seixo de Ansiães; Associação Cultural e Recreativa de Selores; Associação Cultural, Desportiva e Recreativa de Tralhariz; Associação Cultural Vilacastanheira; Associação de Estudantes da Escola EB 2/3 de Carrazeda de Ansiães; Associação Cultural, Desportiva e Recreativa de Zedes; Agrupamento de Escuteiros n.° 658 de Carrazeda de Ansiães; Clube Recreativo de Paradela de Ansiães; Clube Douro Aventura; Centro Cultural e Recreativo de Castanheiro; Associação Cultural e Recreativa de Linhares; Associação “Por Carrazeda” de Desenvolvimento Económico Social e Cultural de Carrazeda de Ansiães; Associação Desportiva de Campelos; Clube de Caça e Pesca de Carrazeda de Ansiães; Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Carrazeda de Ansiães; Casa do Professor de Carrazeda de Ansiães; Serviços Sociais dos Trabalhadores da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães; Grupo Desportivo da Escola Secundária de Carrazeda de Ansiães; Futebol Clube de Carrazeda de Ansiães; Associação Comercial e Industrial de Carrazeda de Ansiães; Associação Filarmónica Vilarinhense; Associação Cultural e Recreativa de Mogo de Ansiães; Liga dos Amigos de Belver; Associação Cultural, Desportiva e Recreativa de Misquel; Associação Cultural e Recreativa de Luzelos e Centro Cultural, Desportivo e Recreativo de Coleja. Este número de colectividades diz bem da actividade sócio cultural que se desenvolveu neste últimos anos e que a actual autarquia tem acarinhado. Depois dos anos de “ouro” da Associação Cultural, Desportiva e Recreativa de Zedes com a realização das semanas culturais e o dinamismo da A.C.D.R de Fontelonga com a Festa da Maça importa sublinhar o que a Associação Recreativa e Cultural de Pombal de Ansiães tem feito pela promoção das artes com a organização do FARPA Festival de Artes de Pombal e que já vai na sua 4.ª edição. Mas falar de colectividades e não acentuar o papel quase ímpar dos Zíngaros, seria esquecer um marco da história social e cultural do Concelho. É que os Zíngaros levaram bem longe o nome de Carrazeda de Ansiães a vários cantos do mundo. E como escreveu um dia o Dr. José Manuel Pinto de Lima Teixeira, “são militantes da folia musical. Mais boémios que ciganos, ostentam suas garridas camisas de sangue que, tal como o estrondo dos bombos, surge ao longe anunciando a existência!” Carrazeda, vila de músicos, em que o expoente máximo da criatividade se configura no acordionista criativo e bem humorado Américo Ribeiro, conheceu ainda o Conjunto Musical Musicarte onde um punhado de jovens carrazedenses marcaram as noites quentes da região. Mas voltando ao tradicional Grupo dos Zíngaros (em 17/12/1986 uma nova Associação foi fundada com a designação “Zíngaros de Carrazeda de Ansiães”), diga se que foi por iniciativa do Joaquim da Isaura e de Américo Ribeiro que surgiu o grupo. Tocava nas romarias, fazia arruadas e alvoradas por terras transmontanas com os instrumentos velhos que conseguiram arranjar e recuperar. Na gaita de foles destacou se o João Gaiteiro, de seu nome João Manuel Figueiredo, fotógrafo de profissão e fabricante artesanal de instrumentos musicais e gaitas de foles. Os jornais O Comércio do Porto, Diário de Lisboa e Diário de Notícias, em 1951, destacaram a sua mestria com o instrumento. De acordo com o Prof. Ricardo Pereira este grupo chegou a actuar na Queima em Coimbra. E não era apenas um Grupo de Zés Pereiras. Em 1951 apareceu pela primeira vez em público, num jogo de futebol em Carrazeda de Ansiães em que foi homenageado o futebolista Victor Guilhar, a componente dos Cabeçudo. Os dois primeiros cabeçudos foram artisticamente executados pelo Santeiro do Pinhal do Norte, António Benigno Catarino. As armações foram feitas pelo Sr. Manuel Frederico. A primeira deslocação organizada do grupo foi a Anadia. O ano de 1952 foi o ano da digressão nacional. O grupo esteve fora cerca de 230 dias e percorreram quase todo o país por feiras e praças, desde o Porto, Lixa, Matosinhos, Moita do Ribatejo, Vila Real e etc… Em Lamego foi condecorado com medalha de ouro. Estiveram em Dorthmund, na Alemanha. Os Zíngaros actuaram em mais sítios e foram galardoados noutros locais. Ficam estes casos só para registo e para estímulo a alguém que queira fazer as memórias do grupo em que se destacaram: M. Figueiredo, Zé Baião, Juviano, Vasco Baião, Fernando Peroteu, Carlos Figueiredo e o Sousa, o primeiro músico a tocar gaita de foles. Feiras e Festas: Num novo espaço construído de raiz pela autarquia (deixou o Toral e o Largo D. Lopo Vaz de Sampaio), a feira, com melhores condições quer para os feirantes, quer para os consumidores, local de encontro e negócio, na Vila, realiza se nos dias 10, 20 e último dia de cada mês. A par da tradicional Feira têm se realizado nos últimos treze anos a Feira do Livro cuja participação de editores e número de visitantes atestam o interesse sócio cultural da iniciativa que apresenta um programa sempre diversificado. Com o carinho autárquico está a consolidarse o Festival de Poesia Livre (3.a edição em 2001). Os carrazedenses também são festeiros e gostam de honrar os seus santos padroeiros. Quase todas as localidades festejam o seu orágo. Na Vila, durante as Festas do Concelho, é costume fazer se uma procissão onde vão integrados todos os padroeiros e padroeiras das freguesias do Concelho. Segundo Ricardo Pereira foi no dia 1 de Setembro de 1984 que se realizou pela primeira vez essa procissão. Celebravam se os 250 anos de elevação de Carrazeda de Ansiães a sede do Concelho e em cujo programa variado e rico constava também a componente religiosa. Nessa altura presidia ao executivo camarário Mário Joaquim Mendonça de Abreu e Lima, nascido na Freguesia de S. Sebastião da Pedreira, mas residente em Zedes e filho do ex Presidente da Câmara, Gerónimo Barbosa. Por sugestão do Bispo de Bragança, D. António Rafael fez se a consagração do Concelho a N.ª Sr.ª de Fátima cuja imagem abre o cortejo da procissão das Padroeiras e Padroeiros e organizou se a referida procissão que desde então passou a fazer parte dos programas das festas que em cada ano levam à Vila milhares de pessoas que vão venerar os seus santos, comercializar os seus produtos e divertirem se… No primeiro ano a procissão foi a um sábado mas como as pessoas trabalham optou se por ser ao Domingo, e, ainda bem, podendo a população das aldeias e arredores participar e acompanhar (venerar) os seus orágos. O programa das Festas do Concelho tem seguido mais ou menos o mesmo figurino de há 17 anos só que nos últimos anos tem acompanhado o desenvolvimento e anseios das populações realizando se a Feira da Maça e do Vinho com o apoio das associações respectivas. Outrora tinham também fama as feiras de Carrazeda por causa das transacções de gado bovino, ovino, caprino e suíno. Na Lavandeira honra se Sta Eufémia e desde cedo é já típico o peditório para a festa onde a marrã é por tradição a carne que mais se petisca e se comercializa durante os dias de romaria. Muitos são os romeiros que rumam até Lavandeira onde quase se fecha o ciclo das festas de Verão e se inicia o Outono marcado pelo maravilhoso do colorido da paisagem onde pontua o colorido das vinhas. Águas Termais: São afamadas as termas de S. Lourenço, junto ao Tua, na Freguesia de Pombal, com as suas águas sulfurosas muito procuradas para o tratamento de doenças da pele e reumatismo. Os antigos contavam que os enfermos ia para lá de padiola e vinham para casa pelo próprio pé, para evidenciarem as suas boas propriedades. Artesanato: No concelho o destaque vai para a tanoaria, cestaria, tecelagem. De referir as famosas imagens de arte sacra esculpidas em madeira pelo santeiro António Benigno Catarino, de Pinhal do Norte e as diversas peças de tanoaria feitas pelo “mudo” da Samorinha, Sr. Sérgio Augusto, de 65 anos. Desde angoretas, balsas, baldes tinas e pipos, tudo é feito com gosto por um homem que tem consciência que é uma arte que não rende mas que não se devia perder. Biblioteca Municipal: Junto à Fonte das Sereias situa se a Biblioteca Municipal de Carrazeda de Ansiães, um espaço cultural aberto e disponível para toda a população, onde é visível a preocupação de se transformar num pólo vivo e dinamizador do Concelho com a preocupação de cativar diferentes públicos.
PATRIMÓNIO ARTÍSTICO, NATURAL E ARQUITECTÓNICO DO CONCELHO
Antas de Vilarinho da Castanheira e Zedes: Marcas do neolítico, mantêm se regularmente conservadas. A primeira, conhecida por “Péla da Moura” fica no sítio do Couto. É do tipo das antas de palmatória. Monumento Nacional. Encontraram se lá seis machados neolíticos de pedra. A anta de Zedes, “Casa da Moura”, na toponímia popular, fica a sudeste da povoação, a uns trezentos metros, à beira do caminho que segue para Carrazeda de Ansiães. Quer uma quer outra merecem maior atenção dos responsáveis pela sua conservação. Igreja de S. Salvador de Ansiães: Na antiga vila de Ansiães existem duas igrejas (como já referido) românicas. A de S. Salvador constitui “uma verdadeira jóia arquitectónica, de enorme valor e raridade” como considera Abade de Baçal que a descreve com o pormenor de quem sabe de arte e apreciar o que é belo. Contígua às muralhas, mas da parte de fora, lado norte, fica a outra igreja, de S. João, arruinada, a merecer obras de restauro. No adro desta podem se ver três sepulturas trapezóides, cavadas na rocha, de forma que o cadáver olhasse para nascente. Igreja e Capelas Românicas: Na localidade de Belver, além da igreja paroquial, há também duas capelas do Santo Cristo e de Santa Isabel , em estilo românico. Em Selores, a igreja paroquial é também de estilo românico, singelo e sem ornamentações. Insculturas rupestres: Belver (Ferraduras nas Fragas das Pias); Linhares (Ferraduras e letras); e Seixo de Ansiães (Ferraduras). Muralhas de Ansiães: Restam ainda as muralhas, de granito aparelhado e ainda bem conservadas, da antiga vila, hoje despovoada. A meio do recinto fortificado há vestígios de uma cisterna ou poço. É monumento nacional. Ruínas Romanas de Tralhariz: Apenas como referência para atestar a presença romana no Concelho convem registar que, de acordo com o Abade de Baçal, na Quinta da Ribeira, termo de Tralhariz, perto da estação da via férrea do mesmo nome, apareceram em Janeiro de 1899 umas ruínas romanas, quando se andava a fazer um calço num olival. Apareceram ainda ali capiteis, bases e fustes de colunas de pedra, cacos de grandes vasilhames ornamentadas, tijolos grossos, pesos de barro, mós manuais, duas moedas romanas de bronze, uma das quais do séc. IV, um machado neolítico entre outras coisas. As águas fizeram das suas, já que os homens pouco terão feito por elas, e as ruínas acabaram por ficar soterradas pela acção das águas. Outros Locais a visitar: Para além dos locais já referidos há outros sítios que merecem a nossa atenção e neste caso registo: os miradouros do Alto da Sr.a da Graça na Samorinha; Senhora da Saúde, no Mogo de Malta; Senhor da Boa Morte, no Castanheiro e Senhora da Costa, em Seixo de Ansiães. Em Linhares poderão ainda visitar se a Pedra Bulideira e o Santuário Pré histórico das Pinturas Rupestres da Fraga da Rapa junto ao rio Douro. Em Parambos há a registar as inscrições rupestres do Murancho e as da Burraceira no Castanheiro. As fragas do Cachão da Rapa, Santuário pré histórico com pinturas rupestres e miradouro sobre o rio Douro também merecem uma visita, assim como a Pedra Bolideira em Ribalonga, terra famosa pelo seu vinho fino de qualidade. Um destaque especial para a paisagem que se vislumbra da Sr.a da Ribeira junto ao Douro em que se destacam as quedas de água da Sr.a da Ribeira. Curiosidades: Socorrendo nos ainda do Abade de Baçal registamos algumas lendas, superstições e curiosidades entre outros acontecimentos que consideramos merecedores de figurarem neste dicionário. A três quilómetros de Vilarinho da Castanheira, o dolmen situado no lugar do Couto é denominado pelo povo “Pala da Moura”. Segundo a lenda popular, a mesa, avaliada pelo Dr. Santos Júnior em 7500 quilos, foi colocada no dolmen por uma moura que a trouxe de grande distância à cabeça, ao mesmo tempo que ia fiando na roca e que amparava ainda no colo um filhinho! Quem desce para o Douro, a dois quilómetros de Linhares, há uma “pedra baloiçante” e que as pessoas chamam “Penedo que bole”. É de granito, bem como o suporte, e “afecta” a forma de um barco, diminuindo sensivelmente de altura do centro para as extremidades. Oscila no sentido N. S. e só quando impulsionado na extremidade sudoeste ou nordeste, sobre dois pontos por uma fraga que aflora à superfície do terreno. Outra curiosidade prende se, também segundo a lenda, com a cisterna ou poço, de que ainda restam vestígios, existente a meio do recinto fortificado da antiga vila de Ansiães, comunicava por debaixo da terra e do rio Douro com as ruínas de Freixo de Numão, distantes daquelas treze ou mais quilómetros. Ainda segundo Francisco Manuel Alves, na Freguesia de Seixo de Ansiães, no raminho que daquela povoação conduz ao rio Douro, no sítio denominado Calçadas, existe à beira do caminho uma pedra rectangular, tendo na parte extrema E. uma escavação semelhante a uma ferradura inglêsa, e um pouco atrás desta uma cruz também gravada na pedra. As gentes de lá contam que, segundo a lenda, o diabo, montado no seu cavalo, desejando juntar se às feiticeiras que habitualmente às sextas feiras dançam, pela meia noite, na fraga do Sívio ou Ôla, queda de água de mais de trinta metros de altura, um pouco abaixo da povoação do Pinhal do Douro, onde existem também sinais de ferradura, deu um salto do caminho até ali, alcançando assim de um pulo os seis mil e quinhentos metros que separam os dois pontos. Se imaginassemos cinco canais de televisão portugueses em 1939 ou melhor em 1940 quando o jornalista, escritor e laureado John Reynolds Gibbons ganhou o Prémio Camões pelo seu livro “I gathered no moss” (Não criei musgo), Coleja, seria, por certo, posta no mapa mundo e toda a gente se teria revoltado pela C. P ter destruido uma das mais emblemáticas estações, a estação do Vesúvio, bem como a de S. Lourenço e outras. É que nesse ano Coleja foi cabeça de cartaz. A pequena aldeia tinha servido um ano antes para Gibbons, durante 4 meses partilhar em tudo da vida dos colejenses “por quem foi recebido, excepto, evidentemente, dos trabalhos de campo (Edgar Prestage, 1939)”. E passou a livro as suas vivências e com ele ganha 20 contos e o direito a uma estadia em Portugal. O seu livro foi considerado a melhor crítica em língua estrangeira acerca de Portugal. No discurso de agradecimento, no Teatro da Trindade, em Lisboa, no dia 26 de Março de 1940, disse com galhardia que nunca vira gente tão hospitaleira do que a portuguesa, e a de Coleja “foi a gente mais honesta, mais corajosa e mais mourejadora, que eu jamais encontrei. E também, suponho eu, a mais feliz”. Gibbons foi para a Coleja porque conheceu em Londres, “Alcino Moutinho, filho de João Moutinho. Este aos 12 anos deixou a sua terra natal e partiu para o Porto como ajudante de balcão, tornou se depois proprietário de uma casa que fabricava peças em prata e conseguiu alguma fortuna, fortuna essa que soube repartir algo com o povo da sua terra. Foi ele que mandou edificar o edifício da escola, com moradia anexa para a professora e totalmente às suas custas (John R. Gibbons, 1939)”. Uma palavra de destaque para a professora primária da altura que o escritor também sempre elogiou e considerou “uma heroína ignorada” e no discurso no Teatro Trindade não se cansou de falar das gentes de Coleja e da professora a quem tirou o chapéu: “aqui e agora gostaria de tirar o chapéu o meu velho chapéu inglês àquela jovem rapariga portuguesa”. Uma obra que deve ser lida pela sua importância e pelo relato fiel dos lugares e gentes que o escritor inglês fez. Em boa hora a autarquia, presidida por centrista Mário Joaquim, o mandou traduzir e editar por ocasião das Comemorações dos 250 anos da Vila de Carrazeda de Ansiães como sede do Concelho. Uma curiosidade também digna de registo. No passado dia 13 de Dezembro de 2000 foi assinada, em Lisboa, no 2.° Cartório Notarial, a escritura para a constituição da Casa do Concelho de Carrazeda de Ansiães. A sede provisória é na Praceta Professor Doutor António Flores, na Reboleira Amadora.
A VERTENTE SÓCIO ECONÓMICA
Para além da gastronomia rica e variada e das feiras trimensais 10, 20 e último dia do mês, (outrora concorridas por gado bovino, suíno , e caprino), a paisagem é ímpar e convidativa a passeios retemperadores. Apreciar fragas e vinhas pode muito bem ser uma forma de passar o tempo de forma salutar juntando lhe depois momentos de saborosas provas gastronómicas em que o concelho também é rico. O vinho fino é outra riqueza que não deixa ficar mal os carrazedenses. A vila de hoje tem uma dinâmica que há uns 26 anos atrás não tinha, nem muito menos há cem, apesar de nos finais do século XVIII ter uma feira mensal no 1 ° dia de cada mês, de gados e géneros alimentícios. Era uma das mais importantes do distrito. Antes de 1869 tinha também uma feira anual de seda de fio no 1° dia de Agosto. Segundo Francisco Manuel Alves, in Memórias Arqueológicas Históricas do Distrito de Bragança, o concelho de Carrazeda de Ansiães era o 3.° na produção de casulos no distrito. Começou a atrair mais pessoas e em termos de construção de novas casas sofreu um significativo surto. Fixam se também mais funcionários administrativos, judiciais, religiosos, bancários e até Carrazeda vê chegarem filhos imigrantes que se fixam na Vila por ser uma nova alternativa e porque o desenvolvimento éoutro. Quem se quiser fixar no Concelho ou na Vila sabe que a realidade é bem diferente, basta para tanto admirar o jardim que sucedeu ao largo onde tanta vez muitos pés o pisaram porque ali era o local chave das feiras mensais. Um local de encontro privilegiado. Actualmente existem vários serviços privados e públicos que são uma mais valia para quem se quiser ali fixar e por isso aqui se registam alguns: Agências Bancárias, de Contabilidade e Gestão, Agências Funerárias, Casas Comerciais de Diversos Ramos, bares, restaurantes, Biblioteca Municipal, Carpintarias e Marcenarias, Casas de Electrodomésticos, Farmácias, Peixarias, Padarias, Rádio, Posto de Abastecimento de Combustível, Tanoarias, Comércio de Frutas, Residenciais, Torneiros Mecânicos, Stands de Automóveis e Casas de Venda de Peças entre outras instituições públicas, privadas e empresas. O Concelho de Carrazeda de Ansiães pode ser visitado em qualquer altura do ano porque há motivos suficientes para vários passeios. Há ocasiões melhores do que outras mas durante o ano há vindimas, apanha da azeitona e da fruta, matança do porco e muitas festas e romarias nas várias freguesias. A própria paisagem é sempre um convite para um passeio retemperador. Na Brunheda, terra conhecida também pelo endireita que aliviou a dor a muitas pessoas que ali acorreram para se curarem e não só, as fragas ali existentes são magníficas. A Vila está renovada. Tem Escola Profissional, piscina e zona de lazer, circuito de manutenção, zona industrial, um novo “campo” de Feira, o Centro de Apoio Rural e “um” Toural renovado e aprazível. A desertificação populacional é uma realidade e os Censos de 2001 confirmam no. Para travar esta tendência fala se de turismo. Sem dúvida que o concelho é rico em paisagens, a gastronomia é de excelência, e o património histórico, arqueológico e monumental é de grande riqueza e significado. Importará melhorar as vias de comunicação e dar um incremento ao investimento para se continuar a tirar a devida rentabilidade das riquezas naturais, agrícolas e humanas. E o que o Concelho tem de melhor são as suas gentes, afáveis e hospitaleiras e persistentes na sua luta por dias sempre melhores.
João Manuel Sampaio, Licenciado em Filosofia, C.E.S.E. em Arte, Arqueologia e Restauro e Pós Graduação em Direito da Comunicação
In iii volume do Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses,
coordenado por Barroso da Fonte, 656 páginas, Capa dura.
Concelhos
Carrazeda de Ansiães
Web Site da Câmara Municipal
www.cm-carrazedadeansiaes.pt
Carrazeda de Ansiães é sede do concelho do mesmo nome, pertencente ao distrito e diocese de Bragança e dista desta cerca de 77 quilómetros. Todo o topónimo tem um certo quê de “magia” e, este já fez gastar muita tinta. Aqui ficam mais algumas “pinceladas” com o intuito de apenas registar para a História este interesse pela designação de tão Câmara Municipal castiço nome. Outrora escrevia se Anciães mas, segundo alguns entendidos, de forma pouco correcta. Seguindo a linha de Edite Estrela, filóloga, de Belver, a escassos quilómetros da Vila e de acordo com o testemunho de Xavier Fernandes, Topónimos e Gentílicos, II, p. 262: “A grafia Anciães é errónea e a forma correcta é Ansiães. Num foral do séc. XI encontra se Ansilanes, que é genitivo de Ansila, isto é, Ansilanis Villa, quinta de Ansila. A evolução de Ansilanis, que é o étimo, deu se normalmente: queda do i e do n intervocálicos e nasalação da vogal anterior a esta última consoante. O topónimo é de origem germânica e nenhuma dúvida há quanto ao seu étimo; consequentemente, nenhuma dúvida deve haver quanto à respectiva representação gráfica”. A belverense Edite Estrela, refere ainda num artigo, de 30 de Julho de 1984, inserido no Livro das Festas do Concelho, coordenado por César Sampaio, por ocasião das Comemorações dos 250 anos de elevação a sede do Concelho, que “o nome Carrazeda era, pelo menos até 1853, grafado com r simples, isto é, Carazeda, eventualmente formado pelo substantivo cara e pelo adjectivo azeda, alusivo à rudeza da fisionomia dos seus naturais. Cara azeda, no passado? Talvez! Por causa do rigor do clima, das dificuldades em vencer a terra inóspita, em dominar a vertigem quando se espreita a fundura do abismo, qual poço da morte em despenhadeiro natural.” Mas quem os teria assim “baptizado”? Há também por lá umas plantas que se lhes chama de azedas! Seja como for (modéstia à parte), não deixa de ser interessante o título de uma das obras poéticas do autor destas letras, editada pela Autarquia em 2000, “Rude (A)gosto no Olhar” por vir, sem o saber anteriormente, nesta linha. Sem dúvida, “no presente, a cara” das carrazedenses “é afável”. Os carrazedenses em si são hospitaleiros, “de porta aberta e mesa posta, de mão rugosa mas de aperto franco e amigo, de aspecto austero mas de coração disponível para a dádiva e a emoção (Edite Estrela, 1984).” Se não há certezas quanto às origens da toponímia da Vila, uma coisa parece certa, nos idos de 1734, ainda Carrazeda pertencia, como simples freguesia, ao concelho de Ansiães e comarca da Torre de Moncorvo, de acordo com o insuspeito Abade de Baçal. Foi cabeça de um morgadio, instituído em 1539 pelo licenciado André Fernandes de Magalhães. Há quem refira que em 6 de Abril de 1734 a sede concelhia foi mudada para Carrazeda de Ansiães. Entretanto, Cristiano Morais, prepara nova tese e, ao que julgamos, fundamentada, considera que não terá sido nessa data que se deu a mudança. O movimento terá começado nessa época mas a data do seu epílogo para já se desconhece com segurança. Recorde se que Ansiães, antiga sede município, já era vila antes da monarquia. Tinha por brasão de armas um castelo com a seguinte legenda: “Anciaens Leal no Reino de Portugal”. Feito este “devaneio”, pode dizer se que Carrazeda de Ansiães se situa na serra de Carrazeda, na margem direita do rio Douro e na margem esquerda do rio Tua. Registava em 1991 uma população de cerca de 1100 residentes, sendo um concelho bastante marcado pela emigração. A vila fica a uma vintena de quilómetros da famosa Estação Ferroviária do Tua, num planalto donde se “divisa um dos mais notáveis e supreendentes panoramas que se podem imaginar, com milhares de quilómetros de horizonte, e com ares ainda puros. Fica a 24 quilómetros a O. de Moncorvo, a 120 a NE. de Braga e 370 a N. de Lisboa”. A uns quatro quilómetros da vila ficam as ruínas da antiga Anciães e do Castelo onde se podem visitar as igrejas românicas de S. João Baptista (extra muros) e S. Salvador, outrora duas Comendas da Ordem de Cristo. Cada uma delas era Abadia até ao reinado de D. Manuel I (1469 1521), décimo quarto rei de Portugal, “tendo sido transmudadas em Reitorias com a apresentação ao Padroado Real (…). Tinha pois o Concelho duas Comendas e duas Reitorias cada uma com seis anexas e mais a Comenda de S. Miguel do julgado de Linhares, também transmudada em Reitoria com três anexas, e apresentação à Mitra Primaz (Ricardo P Pereira, 1984)”. Ainda de acordo com este estudioso das coisas de Ansiães, a freguesia de S. João Baptista mudou se para o lugar de Marzagão em 1571. D. Afonso Henriques deu lhe foral (1160) mas antes já Fernando Magno, rei de Leão, o havia concedido ainda antes da fundação da Nacionalidade (Séc. IX). D. Sancho I confirmou o em 6 de Abril de 1198. D. Afonso II também o reconfirma pela 3′ vez. D. Manuel 1 concedeu lhe outro, com muitos privilégios e isenções, datado de Santarém, a 1 de Junho de 1510. A vila teve juiz de fora até 6 de Abril de 1734. A Câmara velha, edifício que alberga hoje a Biblioteca Municipal, foi construída em 1736/37. Todos estes aspectos históricos dizem bem da importância do Concelho na época e que os presentes devem legar aos vindouros, pois, quem não honra a sua identidade não é boa gente, como diz o povo. Outras datas merecem referência. Não somos pretensiosos nesta enumeração mas tão só registamos algo que mostre a importância das gentes e lugares do Concelho. No século passado registe se a criação dos Bombeiros a 7 de Fevereiro de 1930. Em termos mediáticos, realça se na década de oitenta a edição do jornal O Arauto de Ansiães dirigido pelo Padre Armindo, Pároco de Linhares de Ansiães. Em 1987 são feitas as primeiras emissões da Rádio Ansiães. Quem andar pelo Concelho a viajar deve ter no roteiro uma visita a todo o conjunto patrimonial de Ansiães e seu Castelo onde pontuam as ruínas das muralhas, torres, baluartes e das casas de habitação; as sepulturas cavadas na rocha, as cabeceiras sepulcrais ostentando cruzes das diversas ordens militares. O local torna se também num verdadeiro miradouro cuja vista encanta e merece ser apreciada. À velha Vila de Ansiães está ligado um nome ilustre que Camões perpétua no canto décimo, estância 5.a, Lopo Vaz de Sampaio: “Mas contudo não nego que Sampaio / Será, no esforço, ilustre assinalado, / Mostrando se no mar um fero raio (…)”. D. Lopo Vaz de Sampaio recebeu o cargo de Governador da índia na condição de entregá lo a Pero de Mascarenhas e veio a falecer a 5 de Março de 1538 como 8.° Vice Rei da índia e Senhor de Ansiães. Duas datas significativas para as gentes da velha Ansiães são: 1578, ano em que faleceram muitos nobres na Batalha de Alcácer Quibir e 1580, ano em que Ansiães não adere ao domínio filipino, embora Filipe 11 tenha concedido diversos privilégios para convencer os moradores. Levados pelas informações do ilustre Abade de Baçal, Rev. Francisco Manuel Alves e citado pela Revista “Occidente” em 1939, encontram se por perto outras igrejas românicas: Belver e Selores (monumento nacional) “onde há um altar curioso por dois padres poderem nele dizer missa ao mesmo tempo sem se verem”. Em Selores destaca se ainda um palacete brazonado, solar de um morgadio fundado por D. Gonçalo de Morais, bispo do Porto. Os quadros do tecto da igreja de Marzagão são também merecedores de uma apreciação de quem passa. A riqueza arqueológica do Concelho é significativa e até merecedora de um renovado carinho de apoio institucional, em particular, para a sua conservação. Os testemunhos da presença humana perdem se nos tempos. Há no Concelho marcas suficientes a autenticar tal afirmação. As antas de Vilarinho da Castanheira e de Zedes, que o povo designa de Casas da Moura, são bem o sinal vivo dessa realidade. Pena foi que, na década de 70, o proprietário de um castanheiro, perto da Anta de Zedes, o Castanheiro da Barca, de grande porte, “de muitos metros de circunferência no tronco já carcomido, cabendo bem à vontade treze pessoas na cavidade, em jantar de festança opípara”, o que aconteceu muita vez, o tivesse derrubado e destruído. Pena maior será se os responsáveis nada fizerem para salvaguardar estes dois representativos monumentos megalíticos como forma de honrar os antepassados que se imortalizam através deles. Antes de nos determos em particularidades sobre a nova vila, Carrazeda de Ansiães, uma palavra sobre o pelourinho de Ansiães. Este foi mandado destruir pelo Juiz de Fora, Francisco Justiniano Ferraz de Araújo e Castro no ano de 1734. Os seus restos podem ser vistos no interior da Igreja de S. Salvador em Ansiães. Carrazeda de Ansiães, a Vila dos nossos dias, continua cercada de campos abundantes em água e férteis em vinhos finos e de consumo (algumas marcas foram já medalhadas em certames nacionais e internacionais), azeite, frutas (a maça e a laranja, em particular), cereais, etc., o que a tornam uma região rica, tendo as condições naturais e humanas para progredir, faltando lhe alguns melhores acessos para os que demandando outras terras ali possam ir e desfrutar da sua gastronomia (o fumeiro, a marrã, a vitela, o cabrito no forno e o peixinho do rio na brasa, com destaque para o que se come na Sr.ª da Ribeira. etc.), da sua paisagem construída e natural (Na Brunheda e Pinhal do Douro as rochas monumentais que por ali abundam são verdadeiros santuários que importa preservar e dignos de uma visita. Por todo o Conselho existem penedos que bem poderão fazer parte de um roteiro turístico o Roteiro das Fragas) e do acolhimento das suas gentes. Nos últimos anos por altura do seu feriado municipal, 31 de Agosto, a autarquia e os agentes económicos têm se esforçado por promover a maça e o vinho, duas riquezas que a terra dá, durante a designada Feira da Maça e do Vinho que já vai na sua sexta edição, bem como promover o próprio concelho. Este certame, iniciativa da autarquia, conta com o apoio prestimoso e fundamental da Associação dos Fruticultores e Vitivinicultores do Planalto de Ansiães e da FRUCAR. Uma nota particular, dada a sua curiosidade, sobre a padroeira da Vila de Carrazeda de Ansiães, Santa Águeda que retiro do artigo A festa, escrito em Julho de 1984, pela Licenciada em História, Maria Otília Pereira Lage: “Santa Águeda, mártir do SÉC. III. Pertencendo à aristocracia de Catânia, foi pedida em casamento pelo consular Quinciano, mas recusou. Acusada de ser cristã, arrancaram lhe os seios, tendo sido curada, na prisão, por S. Pedro. Sendo lhe atribuídos muitos milagres, o seu culto, com início na Sicília, espalhou se por muitos lugares”. A linha do Tua servia as populações que demandavam o Porto, Lisboa, Mirandela ou Bragança mas depois do seu infeliz e injusto encerramento, resta às pessoas recorrerem ao transporte próprio, ou então aos táxis e autocarros. Podem ainda apanhar o comboio na Estação Ferroviária do Tua e pela linha do Douro irem até a diversos destinos. Com a navegabilidade no Douro o cais de N.a S.a da Ribeira tornou se num dos locais mais aprazíveis da região. O sítio tem um micro clima que lhe dá condições excepcionais de aprazibilidade. Em pleno Inverno há dias de quase Primavera. Um lugar onde o silêncio é retemperador. Recorde se que em 1758 o Douro ainda não tinha nenhuma ponte do lado de Portugal. De acordo com o Dicionário Corográfico de 1758 havia várias Barcas de Passagem na zona do concelho o que justifica a importância vital que a Vila teria como lugar de passagem. É que havia ligações para o distrito de Vila Real, Porto, Guarda, Viseu e para o Sul de Portugal. Mas era (Vergílio Tavares; Conheça a nossa Terra; 1999.) “através do Porto Fluvial de Foz Tua” que “saíam muitos produtos via rio Douro até ao Porto e daí para outras regiões de Portugal e do mundo”. Por outro lado também entravam produtos de outras regiões e países que depois chegavam a outros pontos do distrito. Ainda segundo Virgílio Tavares, em 1721 havia mais de 80 armazéns onde as gentes do Concelho e da Província faziam os seus negócios com todo o género de produtos. O desenvolvimento sócio económico do concelho nos finais do século XVIII evidenciava se quer no número de artesãos existentes quer por exemplo na produção de casulos. Em Vilarinho da Castanheira havia mesmo uma feira anual de seda de fio no 1.° dia de Agosto. Isto antes da moléstia ter acabado com a sericultura (1869). O Pelourinho da Vila pode ser apreciado em frente aos antigos Paços do Concelho onde hoje alberga a biblioteca e, no seu interior, podem ser vistos os “anjos” de Graça Morais, pintora transmontana. Mas digna de ser vista é a Fonte das Sereias que se situa em frente àquele edifício, dada a sua imponência e o trabalho em granito. Não por ser o mais imponente mas por ser o Pelourinho de Carrazeda de Ansiães importa destacá lo. É de granito, assenta numa base de quatro degraus e é constituído por uma coluna de fuste octogonal liso. Segundo Reger Teixeira Lopes, in Carrazeda de Ansiães Património Artístico (1996) o capitel é decorado com as armas reais: escudo real (de prata); cinco escudos (de azul) postos em cruz, cada escudete carregado de cinco besantes (de prata; bordadura (de vermelho) carregada de sete torres (de oiro): Tipo de escudo: clássico ou em ponta. Coroa real fechada encimada por uma cruz. Em cima do capitél encontra se uma pirâmida cónica truncada decorada com motivos vegetalistas e a data é do séc. XVIII. Para além dos dois já referidos há também o Pelourinho de Linhares e do Séc. XVII. Mas são ainda significativas as Pedras de Armas de Alganhafres, Carrazeda de Ansiães, Linhares, Parambos, Ribalonga, Selores, Tralhariz, Vilarinho da Castanheira e Zedes.
OUTRAS INDICAÇÕES
População: Refira se por curiosidade que no recenseamento geral da população, em Dezembro de 1930, o concelho contava 13.253 almas nas 19 freguesias. Segundo o Censo de 91 tinha 8.610 residentes. Com base nos dados do Instituto Nacional de Estatística em 2001 o Concelho volta a aumentar o número da população residente que é de 9235 em 2001, sendo 4478 homens e 4757 mulheres. Durante a realização dos census de 2001 estavam presentes 8586 homens e mulheres e estavam constituídos 2603 núcleos familiares residentes. Existem no concelho 4912 edifícios.
Juntas de Freguesia e Anexas
O Concelho de Carrazeda de Ansiães tem 19 Freguesias e 26 localidades anexas: (Entre parêntesis destacam se as anexas) Amedo (Areias); Beira Grande; Belver (Mogo de Ansiães); Carrazeda de Ansiães (Samorinha); Castanheiro (Fiolhal, Foz tua e Tralhariz); Fontelonga (Penafria e Besteiros); Lavandeira; Linhares (Alegria, Arnal, Campelos e Carrapatosa); Marzagão (Luzelos); Mogo de Malta; Parambos (Misquel, S. Pedro e Venda Nova); Pereiros (Codeçais); Pinhal do Norte (Brunheda, Felgueira e Santrilha); Pombal (Paradela e S. Lourenço); Ribalonga; Selores (Alganhafres); Seixo de Ansiães (Coleja e Sr.ª da Ribeira); Vilarinho da Castanheira (Pinhal do Douro) e Zedes. Escolas do 1º Ciclo: O Concelho conta actualmente com 32 escolas, assim distribuídas: Amedo, Areias, Arnal, Beira Grande, Belver, Brunheda, Campelos, Carrazeda de Ansiães, Castanheiro do Norte, Codeçais, Coleja, Fiolhal, Fontelonga, Foz Tua, Lavandeira. Linhares, Luzelos, Marzagão, Misquel, Mogo de Malta, Paradela, Parambos, Pereiros, Pinhal do Norte, Pinhal do Douro, Pombal, Samorinha, Seixo de Ansiães, Selores, Tralhariz, Vilarinho da Castanheira e Zedes. Jardins de Infância: No concelho há sete jardins de infância localizados, dois na sede concelho, um da rede pública e o outro da St.ª Casa da Misericórdia, e os outros cinco localizam se no Castanheiro do Norte, Mogo de Malta, Pombal, Seixo de Ansiães e Vilarinho da Castanheira.
Associações Culturais e Recreativas
No Concelho há 40 colectividades e a maior parte delas foram criadas após o 25 de Abril de 74. Existe uma ou outra inactiva, como por exemplo, A Liga dos Amigos da Anta criada com o intuito da salvaguarda dos monumentos construídos e naturais em que o Concelho é rico. E para que constem e fique o seu registo para a História aqui se enumeram de acordo com a lista que foi fornecida pelos Serviços Culturais da Câmara de Carrazeda de Ansiães: Associação Desportiva, Cultural e Recreativa de Beira Grande; Sport Brunheda e Benfica; Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola EB, 2.3 de Carrazeda de Ansiães; Associação de “Zíngaros” de Carrazeda de Ansiães; Associação Grupo de “Zés Pereiras”; Cooperativa da Rádio Ansiães, C.R.L; Associação Cultural e Desportiva de Codeçais; Associação Cultural, Desportiva e Recreativa de Fontelonga; Atlético Clube do Tua; Associação Cultural e Recreativa de Lavandeira; Centro Cultural e Recreativo de Mogos; Sporting Clube de Parambos; Grupo Desportivo e Recreativo de Pinhal do Norte; Associação Recreativa e Cultural de Pombal de Ansiães; Centro Cultural Desportivo e Recreativo de Seixo de Ansiães; Associação Cultural e Recreativa de Selores; Associação Cultural, Desportiva e Recreativa de Tralhariz; Associação Cultural Vilacastanheira; Associação de Estudantes da Escola EB 2/3 de Carrazeda de Ansiães; Associação Cultural, Desportiva e Recreativa de Zedes; Agrupamento de Escuteiros n.° 658 de Carrazeda de Ansiães; Clube Recreativo de Paradela de Ansiães; Clube Douro Aventura; Centro Cultural e Recreativo de Castanheiro; Associação Cultural e Recreativa de Linhares; Associação “Por Carrazeda” de Desenvolvimento Económico Social e Cultural de Carrazeda de Ansiães; Associação Desportiva de Campelos; Clube de Caça e Pesca de Carrazeda de Ansiães; Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Carrazeda de Ansiães; Casa do Professor de Carrazeda de Ansiães; Serviços Sociais dos Trabalhadores da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães; Grupo Desportivo da Escola Secundária de Carrazeda de Ansiães; Futebol Clube de Carrazeda de Ansiães; Associação Comercial e Industrial de Carrazeda de Ansiães; Associação Filarmónica Vilarinhense; Associação Cultural e Recreativa de Mogo de Ansiães; Liga dos Amigos de Belver; Associação Cultural, Desportiva e Recreativa de Misquel; Associação Cultural e Recreativa de Luzelos e Centro Cultural, Desportivo e Recreativo de Coleja. Este número de colectividades diz bem da actividade sócio cultural que se desenvolveu neste últimos anos e que a actual autarquia tem acarinhado. Depois dos anos de “ouro” da Associação Cultural, Desportiva e Recreativa de Zedes com a realização das semanas culturais e o dinamismo da A.C.D.R de Fontelonga com a Festa da Maça importa sublinhar o que a Associação Recreativa e Cultural de Pombal de Ansiães tem feito pela promoção das artes com a organização do FARPA Festival de Artes de Pombal e que já vai na sua 4.ª edição. Mas falar de colectividades e não acentuar o papel quase ímpar dos Zíngaros, seria esquecer um marco da história social e cultural do Concelho. É que os Zíngaros levaram bem longe o nome de Carrazeda de Ansiães a vários cantos do mundo. E como escreveu um dia o Dr. José Manuel Pinto de Lima Teixeira, “são militantes da folia musical. Mais boémios que ciganos, ostentam suas garridas camisas de sangue que, tal como o estrondo dos bombos, surge ao longe anunciando a existência!” Carrazeda, vila de músicos, em que o expoente máximo da criatividade se configura no acordionista criativo e bem humorado Américo Ribeiro, conheceu ainda o Conjunto Musical Musicarte onde um punhado de jovens carrazedenses marcaram as noites quentes da região. Mas voltando ao tradicional Grupo dos Zíngaros (em 17/12/1986 uma nova Associação foi fundada com a designação “Zíngaros de Carrazeda de Ansiães”), diga se que foi por iniciativa do Joaquim da Isaura e de Américo Ribeiro que surgiu o grupo. Tocava nas romarias, fazia arruadas e alvoradas por terras transmontanas com os instrumentos velhos que conseguiram arranjar e recuperar. Na gaita de foles destacou se o João Gaiteiro, de seu nome João Manuel Figueiredo, fotógrafo de profissão e fabricante artesanal de instrumentos musicais e gaitas de foles. Os jornais O Comércio do Porto, Diário de Lisboa e Diário de Notícias, em 1951, destacaram a sua mestria com o instrumento. De acordo com o Prof. Ricardo Pereira este grupo chegou a actuar na Queima em Coimbra. E não era apenas um Grupo de Zés Pereiras. Em 1951 apareceu pela primeira vez em público, num jogo de futebol em Carrazeda de Ansiães em que foi homenageado o futebolista Victor Guilhar, a componente dos Cabeçudo. Os dois primeiros cabeçudos foram artisticamente executados pelo Santeiro do Pinhal do Norte, António Benigno Catarino. As armações foram feitas pelo Sr. Manuel Frederico. A primeira deslocação organizada do grupo foi a Anadia. O ano de 1952 foi o ano da digressão nacional. O grupo esteve fora cerca de 230 dias e percorreram quase todo o país por feiras e praças, desde o Porto, Lixa, Matosinhos, Moita do Ribatejo, Vila Real e etc… Em Lamego foi condecorado com medalha de ouro. Estiveram em Dorthmund, na Alemanha. Os Zíngaros actuaram em mais sítios e foram galardoados noutros locais. Ficam estes casos só para registo e para estímulo a alguém que queira fazer as memórias do grupo em que se destacaram: M. Figueiredo, Zé Baião, Juviano, Vasco Baião, Fernando Peroteu, Carlos Figueiredo e o Sousa, o primeiro músico a tocar gaita de foles. Feiras e Festas: Num novo espaço construído de raiz pela autarquia (deixou o Toral e o Largo D. Lopo Vaz de Sampaio), a feira, com melhores condições quer para os feirantes, quer para os consumidores, local de encontro e negócio, na Vila, realiza se nos dias 10, 20 e último dia de cada mês. A par da tradicional Feira têm se realizado nos últimos treze anos a Feira do Livro cuja participação de editores e número de visitantes atestam o interesse sócio cultural da iniciativa que apresenta um programa sempre diversificado. Com o carinho autárquico está a consolidarse o Festival de Poesia Livre (3.a edição em 2001). Os carrazedenses também são festeiros e gostam de honrar os seus santos padroeiros. Quase todas as localidades festejam o seu orágo. Na Vila, durante as Festas do Concelho, é costume fazer se uma procissão onde vão integrados todos os padroeiros e padroeiras das freguesias do Concelho. Segundo Ricardo Pereira foi no dia 1 de Setembro de 1984 que se realizou pela primeira vez essa procissão. Celebravam se os 250 anos de elevação de Carrazeda de Ansiães a sede do Concelho e em cujo programa variado e rico constava também a componente religiosa. Nessa altura presidia ao executivo camarário Mário Joaquim Mendonça de Abreu e Lima, nascido na Freguesia de S. Sebastião da Pedreira, mas residente em Zedes e filho do ex Presidente da Câmara, Gerónimo Barbosa. Por sugestão do Bispo de Bragança, D. António Rafael fez se a consagração do Concelho a N.ª Sr.ª de Fátima cuja imagem abre o cortejo da procissão das Padroeiras e Padroeiros e organizou se a referida procissão que desde então passou a fazer parte dos programas das festas que em cada ano levam à Vila milhares de pessoas que vão venerar os seus santos, comercializar os seus produtos e divertirem se… No primeiro ano a procissão foi a um sábado mas como as pessoas trabalham optou se por ser ao Domingo, e, ainda bem, podendo a população das aldeias e arredores participar e acompanhar (venerar) os seus orágos. O programa das Festas do Concelho tem seguido mais ou menos o mesmo figurino de há 17 anos só que nos últimos anos tem acompanhado o desenvolvimento e anseios das populações realizando se a Feira da Maça e do Vinho com o apoio das associações respectivas. Outrora tinham também fama as feiras de Carrazeda por causa das transacções de gado bovino, ovino, caprino e suíno. Na Lavandeira honra se Sta Eufémia e desde cedo é já típico o peditório para a festa onde a marrã é por tradição a carne que mais se petisca e se comercializa durante os dias de romaria. Muitos são os romeiros que rumam até Lavandeira onde quase se fecha o ciclo das festas de Verão e se inicia o Outono marcado pelo maravilhoso do colorido da paisagem onde pontua o colorido das vinhas. Águas Termais: São afamadas as termas de S. Lourenço, junto ao Tua, na Freguesia de Pombal, com as suas águas sulfurosas muito procuradas para o tratamento de doenças da pele e reumatismo. Os antigos contavam que os enfermos ia para lá de padiola e vinham para casa pelo próprio pé, para evidenciarem as suas boas propriedades. Artesanato: No concelho o destaque vai para a tanoaria, cestaria, tecelagem. De referir as famosas imagens de arte sacra esculpidas em madeira pelo santeiro António Benigno Catarino, de Pinhal do Norte e as diversas peças de tanoaria feitas pelo “mudo” da Samorinha, Sr. Sérgio Augusto, de 65 anos. Desde angoretas, balsas, baldes tinas e pipos, tudo é feito com gosto por um homem que tem consciência que é uma arte que não rende mas que não se devia perder. Biblioteca Municipal: Junto à Fonte das Sereias situa se a Biblioteca Municipal de Carrazeda de Ansiães, um espaço cultural aberto e disponível para toda a população, onde é visível a preocupação de se transformar num pólo vivo e dinamizador do Concelho com a preocupação de cativar diferentes públicos.
PATRIMÓNIO ARTÍSTICO, NATURAL E ARQUITECTÓNICO DO CONCELHO
Antas de Vilarinho da Castanheira e Zedes: Marcas do neolítico, mantêm se regularmente conservadas. A primeira, conhecida por “Péla da Moura” fica no sítio do Couto. É do tipo das antas de palmatória. Monumento Nacional. Encontraram se lá seis machados neolíticos de pedra. A anta de Zedes, “Casa da Moura”, na toponímia popular, fica a sudeste da povoação, a uns trezentos metros, à beira do caminho que segue para Carrazeda de Ansiães. Quer uma quer outra merecem maior atenção dos responsáveis pela sua conservação. Igreja de S. Salvador de Ansiães: Na antiga vila de Ansiães existem duas igrejas (como já referido) românicas. A de S. Salvador constitui “uma verdadeira jóia arquitectónica, de enorme valor e raridade” como considera Abade de Baçal que a descreve com o pormenor de quem sabe de arte e apreciar o que é belo. Contígua às muralhas, mas da parte de fora, lado norte, fica a outra igreja, de S. João, arruinada, a merecer obras de restauro. No adro desta podem se ver três sepulturas trapezóides, cavadas na rocha, de forma que o cadáver olhasse para nascente. Igreja e Capelas Românicas: Na localidade de Belver, além da igreja paroquial, há também duas capelas do Santo Cristo e de Santa Isabel , em estilo românico. Em Selores, a igreja paroquial é também de estilo românico, singelo e sem ornamentações. Insculturas rupestres: Belver (Ferraduras nas Fragas das Pias); Linhares (Ferraduras e letras); e Seixo de Ansiães (Ferraduras). Muralhas de Ansiães: Restam ainda as muralhas, de granito aparelhado e ainda bem conservadas, da antiga vila, hoje despovoada. A meio do recinto fortificado há vestígios de uma cisterna ou poço. É monumento nacional. Ruínas Romanas de Tralhariz: Apenas como referência para atestar a presença romana no Concelho convem registar que, de acordo com o Abade de Baçal, na Quinta da Ribeira, termo de Tralhariz, perto da estação da via férrea do mesmo nome, apareceram em Janeiro de 1899 umas ruínas romanas, quando se andava a fazer um calço num olival. Apareceram ainda ali capiteis, bases e fustes de colunas de pedra, cacos de grandes vasilhames ornamentadas, tijolos grossos, pesos de barro, mós manuais, duas moedas romanas de bronze, uma das quais do séc. IV, um machado neolítico entre outras coisas. As águas fizeram das suas, já que os homens pouco terão feito por elas, e as ruínas acabaram por ficar soterradas pela acção das águas. Outros Locais a visitar: Para além dos locais já referidos há outros sítios que merecem a nossa atenção e neste caso registo: os miradouros do Alto da Sr.a da Graça na Samorinha; Senhora da Saúde, no Mogo de Malta; Senhor da Boa Morte, no Castanheiro e Senhora da Costa, em Seixo de Ansiães. Em Linhares poderão ainda visitar se a Pedra Bulideira e o Santuário Pré histórico das Pinturas Rupestres da Fraga da Rapa junto ao rio Douro. Em Parambos há a registar as inscrições rupestres do Murancho e as da Burraceira no Castanheiro. As fragas do Cachão da Rapa, Santuário pré histórico com pinturas rupestres e miradouro sobre o rio Douro também merecem uma visita, assim como a Pedra Bolideira em Ribalonga, terra famosa pelo seu vinho fino de qualidade. Um destaque especial para a paisagem que se vislumbra da Sr.a da Ribeira junto ao Douro em que se destacam as quedas de água da Sr.a da Ribeira. Curiosidades: Socorrendo nos ainda do Abade de Baçal registamos algumas lendas, superstições e curiosidades entre outros acontecimentos que consideramos merecedores de figurarem neste dicionário. A três quilómetros de Vilarinho da Castanheira, o dolmen situado no lugar do Couto é denominado pelo povo “Pala da Moura”. Segundo a lenda popular, a mesa, avaliada pelo Dr. Santos Júnior em 7500 quilos, foi colocada no dolmen por uma moura que a trouxe de grande distância à cabeça, ao mesmo tempo que ia fiando na roca e que amparava ainda no colo um filhinho! Quem desce para o Douro, a dois quilómetros de Linhares, há uma “pedra baloiçante” e que as pessoas chamam “Penedo que bole”. É de granito, bem como o suporte, e “afecta” a forma de um barco, diminuindo sensivelmente de altura do centro para as extremidades. Oscila no sentido N. S. e só quando impulsionado na extremidade sudoeste ou nordeste, sobre dois pontos por uma fraga que aflora à superfície do terreno. Outra curiosidade prende se, também segundo a lenda, com a cisterna ou poço, de que ainda restam vestígios, existente a meio do recinto fortificado da antiga vila de Ansiães, comunicava por debaixo da terra e do rio Douro com as ruínas de Freixo de Numão, distantes daquelas treze ou mais quilómetros. Ainda segundo Francisco Manuel Alves, na Freguesia de Seixo de Ansiães, no raminho que daquela povoação conduz ao rio Douro, no sítio denominado Calçadas, existe à beira do caminho uma pedra rectangular, tendo na parte extrema E. uma escavação semelhante a uma ferradura inglêsa, e um pouco atrás desta uma cruz também gravada na pedra. As gentes de lá contam que, segundo a lenda, o diabo, montado no seu cavalo, desejando juntar se às feiticeiras que habitualmente às sextas feiras dançam, pela meia noite, na fraga do Sívio ou Ôla, queda de água de mais de trinta metros de altura, um pouco abaixo da povoação do Pinhal do Douro, onde existem também sinais de ferradura, deu um salto do caminho até ali, alcançando assim de um pulo os seis mil e quinhentos metros que separam os dois pontos. Se imaginassemos cinco canais de televisão portugueses em 1939 ou melhor em 1940 quando o jornalista, escritor e laureado John Reynolds Gibbons ganhou o Prémio Camões pelo seu livro “I gathered no moss” (Não criei musgo), Coleja, seria, por certo, posta no mapa mundo e toda a gente se teria revoltado pela C. P ter destruido uma das mais emblemáticas estações, a estação do Vesúvio, bem como a de S. Lourenço e outras. É que nesse ano Coleja foi cabeça de cartaz. A pequena aldeia tinha servido um ano antes para Gibbons, durante 4 meses partilhar em tudo da vida dos colejenses “por quem foi recebido, excepto, evidentemente, dos trabalhos de campo (Edgar Prestage, 1939)”. E passou a livro as suas vivências e com ele ganha 20 contos e o direito a uma estadia em Portugal. O seu livro foi considerado a melhor crítica em língua estrangeira acerca de Portugal. No discurso de agradecimento, no Teatro da Trindade, em Lisboa, no dia 26 de Março de 1940, disse com galhardia que nunca vira gente tão hospitaleira do que a portuguesa, e a de Coleja “foi a gente mais honesta, mais corajosa e mais mourejadora, que eu jamais encontrei. E também, suponho eu, a mais feliz”. Gibbons foi para a Coleja porque conheceu em Londres, “Alcino Moutinho, filho de João Moutinho. Este aos 12 anos deixou a sua terra natal e partiu para o Porto como ajudante de balcão, tornou se depois proprietário de uma casa que fabricava peças em prata e conseguiu alguma fortuna, fortuna essa que soube repartir algo com o povo da sua terra. Foi ele que mandou edificar o edifício da escola, com moradia anexa para a professora e totalmente às suas custas (John R. Gibbons, 1939)”. Uma palavra de destaque para a professora primária da altura que o escritor também sempre elogiou e considerou “uma heroína ignorada” e no discurso no Teatro Trindade não se cansou de falar das gentes de Coleja e da professora a quem tirou o chapéu: “aqui e agora gostaria de tirar o chapéu o meu velho chapéu inglês àquela jovem rapariga portuguesa”. Uma obra que deve ser lida pela sua importância e pelo relato fiel dos lugares e gentes que o escritor inglês fez. Em boa hora a autarquia, presidida por centrista Mário Joaquim, o mandou traduzir e editar por ocasião das Comemorações dos 250 anos da Vila de Carrazeda de Ansiães como sede do Concelho. Uma curiosidade também digna de registo. No passado dia 13 de Dezembro de 2000 foi assinada, em Lisboa, no 2.° Cartório Notarial, a escritura para a constituição da Casa do Concelho de Carrazeda de Ansiães. A sede provisória é na Praceta Professor Doutor António Flores, na Reboleira Amadora.
A VERTENTE SÓCIO ECONÓMICA
Para além da gastronomia rica e variada e das feiras trimensais 10, 20 e último dia do mês, (outrora concorridas por gado bovino, suíno , e caprino), a paisagem é ímpar e convidativa a passeios retemperadores. Apreciar fragas e vinhas pode muito bem ser uma forma de passar o tempo de forma salutar juntando lhe depois momentos de saborosas provas gastronómicas em que o concelho também é rico. O vinho fino é outra riqueza que não deixa ficar mal os carrazedenses. A vila de hoje tem uma dinâmica que há uns 26 anos atrás não tinha, nem muito menos há cem, apesar de nos finais do século XVIII ter uma feira mensal no 1 ° dia de cada mês, de gados e géneros alimentícios. Era uma das mais importantes do distrito. Antes de 1869 tinha também uma feira anual de seda de fio no 1° dia de Agosto. Segundo Francisco Manuel Alves, in Memórias Arqueológicas Históricas do Distrito de Bragança, o concelho de Carrazeda de Ansiães era o 3.° na produção de casulos no distrito. Começou a atrair mais pessoas e em termos de construção de novas casas sofreu um significativo surto. Fixam se também mais funcionários administrativos, judiciais, religiosos, bancários e até Carrazeda vê chegarem filhos imigrantes que se fixam na Vila por ser uma nova alternativa e porque o desenvolvimento éoutro. Quem se quiser fixar no Concelho ou na Vila sabe que a realidade é bem diferente, basta para tanto admirar o jardim que sucedeu ao largo onde tanta vez muitos pés o pisaram porque ali era o local chave das feiras mensais. Um local de encontro privilegiado. Actualmente existem vários serviços privados e públicos que são uma mais valia para quem se quiser ali fixar e por isso aqui se registam alguns: Agências Bancárias, de Contabilidade e Gestão, Agências Funerárias, Casas Comerciais de Diversos Ramos, bares, restaurantes, Biblioteca Municipal, Carpintarias e Marcenarias, Casas de Electrodomésticos, Farmácias, Peixarias, Padarias, Rádio, Posto de Abastecimento de Combustível, Tanoarias, Comércio de Frutas, Residenciais, Torneiros Mecânicos, Stands de Automóveis e Casas de Venda de Peças entre outras instituições públicas, privadas e empresas. O Concelho de Carrazeda de Ansiães pode ser visitado em qualquer altura do ano porque há motivos suficientes para vários passeios. Há ocasiões melhores do que outras mas durante o ano há vindimas, apanha da azeitona e da fruta, matança do porco e muitas festas e romarias nas várias freguesias. A própria paisagem é sempre um convite para um passeio retemperador. Na Brunheda, terra conhecida também pelo endireita que aliviou a dor a muitas pessoas que ali acorreram para se curarem e não só, as fragas ali existentes são magníficas. A Vila está renovada. Tem Escola Profissional, piscina e zona de lazer, circuito de manutenção, zona industrial, um novo “campo” de Feira, o Centro de Apoio Rural e “um” Toural renovado e aprazível. A desertificação populacional é uma realidade e os Censos de 2001 confirmam no. Para travar esta tendência fala se de turismo. Sem dúvida que o concelho é rico em paisagens, a gastronomia é de excelência, e o património histórico, arqueológico e monumental é de grande riqueza e significado. Importará melhorar as vias de comunicação e dar um incremento ao investimento para se continuar a tirar a devida rentabilidade das riquezas naturais, agrícolas e humanas. E o que o Concelho tem de melhor são as suas gentes, afáveis e hospitaleiras e persistentes na sua luta por dias sempre melhores.
João Manuel Sampaio, Licenciado em Filosofia, C.E.S.E. em Arte, Arqueologia e Restauro e Pós Graduação em Direito da Comunicação
In iii volume do Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses,
coordenado por Barroso da Fonte, 656 páginas, Capa dura.
Editora Cidade Berço, Apartado 108 4801-910 Guimarães – Tel/Fax: 253 412 319, e-mail: ecb@mail.pt
Preço: 30 euros
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