Concelhos

Macedo de Cavaleiros

Web Site da Câmara Municipal

Nota de abertura

O reduzido espaço temporal, e confinado às 20 a 25 páginas, com as limitações de tal decorrentes, além das de carácter pessoal e da actividade profissional, para elaborar uma monografia do Concelho de Macedo de Cavaleiros, meu concelho natal, impedem me de tentar fazer um trabalho exaustivo com alguma profundidade e inovação possível. Por outro lado, havendo uma magnífica monografia da autoria do Dr. Armando Valfredo Pires, espectacularmente bem elaborada em todos os aspectos, um autêntico ex libris sobre a matéria, a única coisa que me será legítimo, será colher e reproduzir com a devida vénia, elementos essenciais dessa obra e demais literatura consultada, procurando acrescentar alguns singelos e porventura pertinentes comentários. Tentarei actualizar dados estatísticos, e fazer algumas reflexões sobre o impressionante desenvolvimento do Concelho, devido à evolução técnica sobretudo dos tempos mais recentes, em especial durante a segunda metade do século XX, como à maneira como os autarcas e macedenses, de todas as áreas sociais das recentes gerações, abnegadamente têm levado a cabo uma verdadeira arrancada histórica na conquista do futuro. O esforço hercúleo do Dr. Barroso da Fonte, a abalançar se a uma obra que tende a perpetuar a memória dos Transmontanos e Alto durienses, não só da actualidade do século XX, como de tempos mais remotos, impediu me de declinar tão honroso convite, apesar das muitas limitações já referidas e da certeza antecipada das insuficiências. A notável ideia desta obra, já está a ser seguida também no centro do país.

A REALIDADE GEOGRÁFICA DO CONCELHO DE MACEDO DE CAVALEIROS

O concelho de Macedo de Cavaleiros encontra se situado no Nordeste Transmontano, Distrito de Bragança, delimitado pelo Concelho de Bragança, Vinhais, Mirandela, Alfândega da Fé, Mogadouro e Vimioso, ocupando o centro geográfico do Distrito, na transição da Terra Fria com a Terra Quente. É que o clima agreste e duro, reveste se de características regionais sensivelmente diferentes, entre essas duas áreas geográficas. O Concelho, sede em Macedo de Cavaleiros é constituído por 38 freguesias: 1 Ala, com três anexas, Brinço, Carrapatinhas e Meles; 2 Amendoeira, também com três anexas, Gradíssimo, Latãis e Pinhovelo; 3 Arcas, com duas anexas, Morgão e Nozelos; 4 Bagueixe; 5 Bornes; 6 Burga; 7 Carrapatas; 8 Castelãos; 9 Chacim; 10 Cortiços com a anexa de Cernadela; 11 Corujas; 12 Edroso; 13 Espadanedo com uma anexa de Bouzende; 14 Ferreira com uma anexa Comunhas; 15 Grijó de Vai Benfeito; 16 Lagoa; 17 Lamalonga, com várias anexas, Argana, Fornos de Ledra, e Vila Nova da Rainha; 18 Lamas de Podence 19 Lombo; 20 Macedo de Cavaleiros, com as anexas de Nogueirinha e Travanca; 21 Morais com duas anexas, Paradinha de Besteiros e Sobreda; 22 Murçós; 23 = Olmos com a anexa de Malta; 24 Peredo; 25 Podence, com uma anexa Azibeiro; 26 Salselas com duas anexas, Limãos e Valdrez; 27 Santa Combinha; 28 Sezulfe com a anexa de Vale Pradinhos; 29 Soutelo Mourisco com duas anexas, Cabanas e Vilar de Ouro; 30 Talhas; 31 Talhinhas com uma anexa, Gralhós; 32 Vale Benfeito; 33 Vale da Porca; 34 Vale de Prados, com a anexa de Arrifana; 35 Vilar do Monte; 36 Vilarinho de Agrochão; 37 Vilarinho do Monte; 38 Vinhas com a anexa de Castro Roupa]. Macedo de Cavaleiros além de ser sede de comarca judicial, faz parte do Círculo de Bragança. No aspecto religioso, Macedo de Cavaleiros está integrada na Diocese de Bragança e Miranda. Primitivamente a Sede Episcopal esteve sediada em Mirando do Douro, cuja magnífica e imponente Sé Catedral do século XVII, continua a ser um ex libris da cidade mais pequena de Portugal, a qual, antes da construção da barragem, tinha apenas 900 habitantes.
Raízes históricas do Concelho de Macedo de Cavaleiros: As características geográficas da região, dependem da sua configuração, com as serras de Nogueira e Bornes, como que a delimitar uma zona mais plana e rentável no aspecto agrícola, mais propícia ao acolhimento das populações que para lá se foram sentindo mais atraídas. Desde a antiguidade que as terras transmontanas, e como tal o Concelho de Macedo de Cavaleiros, foram ocupadas por celtiberos, por romanos e árabes, que dominaram durante largo tempo, até à conquista cristã. A conquista pelos romanos, como pelos outros povos invasores, ultrapassou as muralhas naturais das suas montanhas e transpôs os seus rios, de modo a vencer toda a resistência dos seus povos, os quais foram sendo progressivamente romanizados e influenciados pela sua cultura e forma de administração social, notável nessa época, a qual deixou marcas indeléveis por toda a terra conquistada. A administração social dos romanos foi de tal ordem de grandeza e riqueza de princípios, que ainda hoje o curso de Direito das nossas universidades, contém uma cadeira de Direito Romano, tal a sua importância decorridos tantos séculos. Como refere Armando Pires na página 19 da sua magnífica monografia: = ` O território a leste do rio Tuela hoje Tua, desde Mirandela até à sua confluência com o Douro que nos seus limites, quase corresponde ao actual Distrito de Bragança, romanizou se, como toda a Ibéria, sem que lhe valessem a resistência valorosa dos seus povos, as muralhas das suas serranias e os largos fossos dos seus rios. No limiar do século V, quando as primeiras vagas de Bárbaros transpunham os Pirinéus, esse território, integrado na província da Galaecia, encontrava se administrativa e judicialmente subordinada ao Convento Jurídico ou Chancelaria de Astorga. O processo de assimilação dos seus povos acelerado, fora levado longe. A resistência terminara. No cume dos montes, os velhos castros caíam em ruínas e os seus moradores, no ambiente calmo da Pax Romana, haviam descido, domados a povoar os vales. Por toda a parte e em todos sectores da vida, Roma afirmava a sua presença absorvente, a superioridade do seu pensamento, da sua língua, da sua orgânica política e social. A invasão dos Bárbaros, provocando a queda do poder romano, marca o início de uma luta multi secular pela posse da Ibéria. O duelo implacável dos povos, transmudou o solo peninsular, imenso campo de batalha, onde o vencedor de hoje era o vencido de amanhã. Depois dos Suevos que, vindos com as primeiras hordas, fundaram o seu reino no noroeste da Península, com a capital em Braga e nele incorporaram as terras bragançanas. Godos e árabes impuseram sucessivamente o seu domínio”. As sucessivas mutações políticas e sociais levaram a uma desertificação do Distrito de Bragança, chegando em grande parte a ser integrado na Província de Zamora. Posteriormente deu se o repovoamento e a evolução foi até a ponto de as suas terras virem a ser integradas na Coroa de Portugal. Segundo o mesmo autor Armando Pires, foi no século XII, o que agora corresponde ao Distrito de Bragança, repartido por três Distritos ou Terras, Bragança a norte, Lampaças ao centro e Ledra ao sul. No termo destas últimas se veio a recortar, 700 anos mais tarde o Concelho de Macedo de Cavaleiros. Constituiu preocupação dominante dos nossos primeiros Reis, a doação de terras à Igreja e à Nobreza, como a instituição de concelhos. O povoamento das terras era essencial a todo e qualquer desenvolvimento, tanto mais necessário quanto os meios de comunicação eram primários e difíceis em relação aos tempos modernos. O Concelho de Macedo de Cavaleiros nasceu de uma divisão administrativa em 1853, sendo suprimidas as circunscrições administrativas de Chacim e Cortiços, onde ainda se podem visitar e admirar os edifícios dessas sedes administrativas.

Património cultural do Concelho

Da presença cultural dos povos que no decorrer do tempo, foram habitando o nosso Concelho, referiremos vestígios de castros e de algumas estruturas defensivas pré romanas, a objectos ou utensílios de várias épocas, muitas guardadas no Museu Abade de Baçal em Bragança, destacando se utensílios pré históricos. Lá deparamos por exemplo com um machado de pedra polida encontrado na serra de Bornes, bem como uma colecção de moedas antigas, encontradas no território do Concelho. No Museu Abade de Baçal se encontram na secção de Epigrafia, dois exemplares de origem romana descobertos no Concelho de Macedo de Cavaleiros, bem como outros documentos de rara valia histórica. Existem no Concelho de Macedo de Cavaleiros alguns Pelourinhos a afirmar a sua história, como o de Chacim, Pinhovelo, Vale de Prados e Nozelos. Sobre o de Chacim, diz o Abade de Baçal:”É de granito aparelhado e consta de um escadório de três degraus, dispostos em forma octogonal, arrancando do cume deste o pedestal e fuste oitavado (quatro lados mais estreitos e quatro mais largos, alternando entre si estreitos e largos, sendo estes ornados por flores em série). O seu capitel é formado por quatro braços ou hastes equilaterais, que rompem de um disco achatado, cruzados em aspa ou, melhor, cruz grega, de onde o nome de capitel, em cruz grega, que damos aos deste tipo, muito frequente nos Pelourinhos bragançanos. Nos espaços entre os braços da cruz e topos desta, há gravadas figuras alegóricas e ornatos. Sobre o capitel assenta, à laia de arquitrave, um paralelipípedo, tendo num dos lados as armas reais junto de uma figura de mulher (Nossa Senhora de Balsemão que, segundo a lenda, valeu aos cristãos na luta contra os mouros por causa do tributo das donzelas?) Ainda deste lado, por baixo das armas reais está gravada a data de 1769, possível referência à erecção do Pelourinho, pois a autonomia municipal de Chacim é muito mais antiga. Na face oposta às armas reais está o escudo dos Sampaios, donatários da terra. Do ponto de junção entre o capitel e o paralelipípedo, coroado por um cone truncado no colunelo, saem quatro hastas de ferro, serpentiformes, como as dos Pelourinhos de Outeiro e Freixo de Estada à Cinta, e, também como estes, o fute à altura de um homem, é cingido por delgado e estreito arquinho de ferro com argolinha”. Transcrevendo novamente o Abade de Baçal (Monografia de Armando Pires), em relação ao pelourinho de Pinhovelo, descreve o: “É todo de granito aparelhado. Consta de pedestal assente sobre escadório de dois degraus, fuste oitavado, ornado por besantes em série, alternando com em ponta de diamante, capitel quadrangular, tendo inscrita na frente a data de 1775, época provável em que foi reconstruído, paralelipípedo assente sobre o capitel, tendo na frente o escudo nacional com a orla de castelos, encimando tudo uma pirâmide cónica coroada por uma esfera, tudo de granito, como fica dito, alcançando quatro metros de altura”. E continua o Abade de Baçal relativamente ao Pelourinho de Vale de Prados: “O Pelourinho desta vila, sede de concelho extinto, é muito interessante arquitectonicamente pela variedade de insculturas e respectiva simbologia. Consta de três degraus octogonais, num total de 0,6 m de altura, Sobre a plataforma destes, ergue se o fuste octogonal de 3,70 m de altura, formado por uma só pedra, assente numa base do mesmo formato. Do capitel discóide saem quatro braços em cruz grega, terminando por carantonhas nos topos, tendo nos intervalos uma careta humana, uma figura curva como foice, crescente ou serpente, um cão e uma cabeça de boi. Junto ao cimo do fuste, um pouco abaixo do capitel, há um pequeno orifício que repassa de um lado para o outro, singularidade que não vemos em nenhum outro pelourinho bragançano. Em cima dos braços da cruz assenta um paralelipípedo, que tem na frente as cinco quinas de quatro castelos e no lado oposto um quadrúpede, lobo ao que parece. Nos outros dois lados um escudo e uma cruz de artes em arco de círculo. Ainda nesta peça, logo por cima do quadrúpede, há outro orifício semelhante ao do fuste mas não vasa para o outro lado. Remata o todo por uma pedra em forma de capacete, pelo teor do de Lamas de Ourelhão, assente sobre uma cabeça de sátiro, carranca humana ou o que quer que seja. A altura do monumento do escadório para cima, é de 0,70 m ou seja incluído tudo”. Sobre o Pelourinho de Nozelos resta apenas o fuste. É apreciável o conjunto de igrejas matriz que se encontram por todas as freguesias, a marcar o papel preponderante do Cristianismo em toda a parte, como a invocação dos seus Oragos, Santos padroeiros a cuja protecção se acolhem as suas populações, bem como as festividades e romarias, na sua quase totalidade em honra dos santos, do Divino Espírito Santo e de Nossa Senhora. Ala Tem como Orago S. Caetano. População residente 495 habitantes, homens 249, menores de 18 anos 81, e 566 eleitores. O património cultural é constituído pela Igreja matriz e capelas de Nossa Senhora da Conceição e S. Roque. Como festas e romarias realizam se as de Santo António em 13 de Junho e de S. Caetano no segundo sábado de Agosto. Como colectividades existe a Associação Cultural e Recreativa de Ala e a Associação Filarmónica de Brinço. Lá se encontra um relógio solar trabalhado em granito a encimar a placa toponímica de Ala. As raízes históricas desta freguesia remontam ao século XIII. Amendoeira Tem como Orago S. Nicolau. População residente 488 habitantes, homens 236, menores de 18 anos 72, e 502 eleitores. O património cultural é constituído pela Igreja matriz e Igreja de Gradíssimo. Lá se realizam as festas e romarias em honra de Santa Maria Madalena, no último domingo de Julho e a Festa de Verão no mês de Agosto. Como colectividades há a Associação de melhoramentos e Cultural de Gradíssimo. Arcas Tem como Orago Santa Catarina. População residente 387 habitantes, homens 203, menores de 18 anos 73, e 438 eleitores. O património cultural é constituído pela Igreja matriz, capelas do Senhor dos Passos e de Santa Rita. Realizam se as festas e romarias do Senhor dos Passos no segundo fim-de-semana de Agosto e de Santa Catarina em 25 de Novembro. Lá existe a Associação Desportiva e Cultural de Arcas. Bagueixe Tem como Orago S. Sebastião. População residente 190 habitantes, homens 94, menores de 18 anos 23, e 251 eleitores. O património cultural é constituído pela Igreja matriz, capela de S. Paio e um fontanário românico. Realizam se lá as festas e romarias em honra de S. Roque a 16 de Agosto e S. Paio a 17 de Agosto, S. Sebastião em Novembro e Santa Luzia em 13 de Dezembro. Lá existe a Associação Cultural e Recreativa de Bagueixe. Bornes Tem como Orago Santa Maria. População residente 425 habitantes, homens 188, menores de 18 anos 72 e 522 eleitores. O património cultural consta da Igreja matriz e capelas de Nossa Senhora dos Prazeres e S. Caetano. Realizam se lá as festas e romarias em honra de Santa Maria em 29 de Julho e de Nossa Senhora da Piedade em Agosto. Existe lá a Associação Cultural e Recreativa de Bornes. Burga Tem como Orago Nossa Senhora da Conceição. População residente 83 habitantes, homens 41, menores de 18 anos 12, e 122 eleitores. O património cultural consta de Igreja matriz e capela junto ao cemitério. Realiza se a festa e romaria em honra de Nossa Senhora da Conceição em 23 de Maio. Carrapatas Tem como Orago S. Geraldo. População residente 226 habitantes, homens 116, menores de 18 anos 31 e 278 eleitores. O património cultural é constituído pela Igreja matriz, capelas de Santo António e Santa Catarina e uma fonte de mergulho e um lavadouro público. Lá se realizam festas e romarias em honra Santo António em 13 de Junho, e do Santíssimo Sacramento no terceiro fim-de-semana de Agosto, e de Santa Catarina em 25 de Novembro. Como colectividades existem a Associação de Caça e Pesca de Cortiços e Carrapatas e o Grupo Desportivo de Carrapatas. Castelãos Tem como Orago S. Zenão. População residente 409 habitantes, homens 190, menores de 18 anos 62 e 456 eleitores. O património cultural é constituído pela Igreja matriz, capela de Santo Amaro e casa dos Cordeiros. Merece especial atenção a Igreja matriz. (1594). Lá se realizam duas festas e romarias em honra de S. Marcos em 25 de Abril e de S. Zenão, no terceiro domingo de Setembro. Existe o Centro Cultural e Recreativo de Castelãos. Chacim Tem como Orago S. Sebastião e Santa Eufémia. População residente 339 habitantes, homens 164, menores de 18 anos 46 e 416 eleitores. O património cultural é constituído pela Igreja matriz, capelas do Senhor da Misericórdia, de S. Sebastião e Santa Rita. Realizam se as festas e romarias em honra da Santíssima Trindade em Junho sem dia fixo, e de S. Sebastião e Santa Eufémia no segundo fim-de-semana de Agosto. Existem a Associação Cultural e Recreativa e Desportiva de Chacim e a Fundação António Maria da Costa. Em Chacim se situa a casa mãe da Congregação Diocesana, fundada por D. Abílio Augusto Vaz das Neves, das Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado, bem como um colégio ou Escola Secundária com apoio do Estado. Cortiços Tem como Orago S. Nicolau. População residente 416 habitantes, homens 221, menores de 18 anos 66 e 479 eleitores. O património cultural é constituído pela Igreja matriz, capelas da Ponte e do Fundo do Povo, solar dos Passanhas, solar dos Sá Mirandas, solar das charulas, antigo mosteiro da Moreiroca e uma ponte romana. Festas e romarias em honra de Nossa Senhora dos Prazeres no dia de Pascoela e do Santíssimo Sacramento no primeiro domingo de Outubro. Em Cortiços existe a Associação Cultural, Recreativa e Cultural de Cernadela e a Associação de Caça e Pesca de Cortiços. Corujas Tem como Orago S. Tiago. População residente 213 habitantes, homens 114, menores de 18 anos 33 e 249 eleitores. O património cultural é constituído pela Igreja matriz, capela de Santo Amaro e algumas casas tradicionais. Como festas e romarias realizam se a dedicada a Santo Amaro em 15 de Janeiro e a festa de Verão no mês de Agosto. Há uma Associação Cultural, Recreativa e Desportiva de Corujas. Edroso Tem como Orago Santa Marinha. População residente 131 habitantes, homens 59, menores de 18 anos 23 e 167 eleitores. O património cultural é constituído pela Igreja matriz, Santuário de Santa Ana e capela de Santo António e ainda um fontanário público. Festas e romarias realizam se em honra de Santo António em 13 de Junho e de Santa Marinha em Agosto. Espadanedo Tem como Orago S. Miguel. População residente 194 habitantes, homens 99, menores de 18 anos 39 e 236 eleitores. O património cultural consta da Igreja matriz, fontanário público e capela de Bouzende. Festas e romarias, realizam se as do Divino Senhor no terceiro Sábado de Agosto e Nossa Senhora dos Caminhos em Agosto. Ferreira Tem como Orago Nossa Senhora da Assunção. População residente 220 habitantes, homens 103, menores de 18 anos 36 e 316 eleitores. O património cultural é constituído pela Igreja matriz e edifício da residência paroquial. Realizam se as festas e romarias em honra de Nossa Senhora de Fátima em 13 de Agosto e de Nossa Senhora das Candeias também em Agosto. Grijó Tem como Orago Santa Maria Madalena. População residente 471 habitantes, homens 234, menores de 18 anos 92 e 479 eleitores. O património cultural é constituído pela Igreja matriz, casa da família Miranda e fontanários. Festas e romarias em honra de S. Caetano e Santa Maria Madalena no primeiro fim-de-semanaa de Agosto e ainda em honra de Nossa Senhora do Calvário no primeiro fim-de-semanaa de Setembro. Lá existe a Associação Cultural Desportiva e Recreativa, a Associação de Caçadores de Grijó e Vilar do Monte e Associação dos Amigos de Grijó. Lagoa Tem como Orago S. Martinho. População residente 437 habitantes, homens 222, menores de 18 anos 53 e 481 eleitores. O património Cultural é constituído pela Igreja matriz, capela de Santa Bárbara e capela de Santo Apolinário. Realizam se as festas e romarias em honra de Santa Bárbara em Maio, Santo Arsênio em 15 de Agosto e S. Maninho em 15 de Novembro. Lá existe a Associação Cultural e Recreativa de Lagoa, Rancho Folclórico de Lagoa e Associação de Caçadores de Lagoa. Lamalonga Tem por Orago Santa Epifânia. População residente 474 habitantes, homens 232, menores de 18 anos 82 e 591 eleitores. O património cultural consta de Igreja matriz, Igreja de S. João e Igreja de Santo André. Realizam se as festas e romarias em honra de S. Francisco de Assis no primeiro domingo de Agosto e 4 de Outubro, bem como a de S. João em 24 de Junho. Lá existem as Associação Cultural da freguesia de Lamalonga e Associação do Amigos de Fornos de Ledra. Lamas de Podence Tem como Orago Nossa Senhora da Assunção. População residente 286 habitantes, homens 143, menores de 18 anos 42 e 338 eleitores. O património cultural éconstituído pela Igreja matriz, capelas de Nossa Senhora do Campo e de S. Sebastião e cruzeiros. Realizam se as festas e romarias em honra de Nossa Senhora do Campo em 25 de Março, e Nossa Senhora da Assunção em 15 de Agosto e a Festa do Verão em Agosto. Como colectividades há a referir a Associação Cultural, Recreativa e Desportiva de Lamas, Banda de música “25 de Março” e o Grupo de futebol de Lamas. Lombo Tem como Orago o Divino Espírito Santo. População residente 380 habitantes, homens 192, menores de 18 anos 69, e 380 eleitores. O património cultural é constituído pela Capela do Povo, fontanário publico e lavadouro. Existe lá a Associação Recreativa e Cultural do Lombo e ainda o Grupo Desportivo do Lombo. Macedo de Cavaleiros Tem por Orago S. Pedro. População residente 6071 habitantes, homens 2824, menores de 18 anos 1329 e 4749 eleitores. O património cultural é constituído pela Igreja matriz e solares das famílias Alpoim, também conhecida pelo solar dos Falcões, e ainda do solar da família Vasconcelos e morgado de Oliveira. O solar da família Alpoim ou Falcões acaba de ser adquirido pela Câmara Municipal, o qual depois de magnificamente remodelado será posto ao dispor da população, funcionando lá serviços públicos. Celebram se em Macedo de Cavaleiros duas festas e romarias uma dedicada a S. Pedro no dia 29 de Junho e outra dedicada a S. Francisco de Assis, no quarto domingo de Setembro. Adquirem grande volume comercial as feiras de Macedo de Cavaleiros, três vezes por mês (6,18,29) com especial relevo para a feira anual de S. Pedro em 29 de Junho. Como Associações culturais deve citar se a Associação Comercial e Industrial de Macedo de Cavaleiros e a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários, esta cuja acção tem sido relevante quer no transporte de doentes como no combate aos fogos estivais. Há a destacar no aspecto assistencial, não só a cobertura médica proporcionada às populações através de Centros de Saúde, como do novo o moderno Hospital Distrital. No campo do ensino dispõe de uma Escola Secundária e Preparatória, bem como do Instituto Universitário Piaget, com o que muito se melhorou a qualidade de ensino. A Santa Casa da Misericórdia de Macedo de Cavaleiros dispõe de magníficas instalações, e de um Lar de Terceira Idade verdadeiramente modelar. Dispõe ainda, graças à Congregação Diocesana fundada por D Abílio Vaz das Neves, as Servas Reparadoras de Jesus Sacramentado, de um Lar Nossa Senhora de Fátima e um Centro Social. Esta mesma Congregação dispõe ainda de instalações escolares de relevo, na freguesia de Chacim, casa mãe da referida Congregação. Morais Tem como Orago Santo André. População residente 709 habitantes e, homens 367, menores de 18 anos 130 e 778 eleitores. O património cultural é constituído pela Igreja matriz e as capelas da Senhora da Oliveira, a de S. Pantaleão e a de S. Sebastião. Podemos ainda apreciar em Morais uma casa de armas e brazonada com capela. Realizam se lá as festas e romarias dedicadas a S. Sebastião em 20 de Janeiro, da Senhora da Oliveira no primeiro domingo de Outubro e Santo André em 30 de Novembro. A manufactura artesanal do linho caseiro faz parte do seu passado cultural, hoje ultrapassado pela industrialização. Existem em Morais as Associação Desportiva e Recreativa de Morais e a Associação de Caçadores de Morais. Murçós Tem como Orago S. Lourenço. População residente 205 habitantes, homens 101, menores de 18 anos 29 e 291 eleitores. O património cultural é constituído pela Igreja matriz e Santuário de Nossa Senhora das Graças. Realiza se uma festa e romaria em honra de Santo António, em 13 de Junho e outra em honra do Divino Senhor, no terceiro domingo de Agosto. Olmos Tem por Orago Santo Antão. População residente 245 habitantes, homens 119, menores de 18 anos 30, e 293 eleitores. O património cultural é constituído pela Igreja matriz, Capela de Nossa Senhora dos Aflitos e uma ponte romana. Realiza se a romaria do Santíssimo Sacramento no terceiro Domingo de Agosto. Existe lá a Associação Recreativa e Desportiva de Olmos. Peredo Tem como Orago Santa Catarina. População residente 366 habitantes, homens 172, menores de 18 anos 93 e 340 eleitores. O património cultural é constituído pela Igreja Matriz, Capelas de Santo António, Senhor dos Aflitos e de Nossa Senhora do Bom Despacho. Realiza se em Peredo a romaria da Senhora do Bom Despacho, no segundo domingo de Agosto. Existe nesta freguesia a Associação Cultural Recreativa e Desportiva de Peredo. Podence Tem como Orago Nossa Senhora da Purificação. População residente 357 habitantes, homens 168, menores de 18 anos 60, e 380 eleitores. O património cultural consta da Igreja paroquial, capela de Santa Rita e capela de Santa Eufémia. Realizam se em Podence as festividades religiosas do Corpo de Deus e de Santa Eufémia (terceiro Domingo de Agosto), e profanas, o carnaval muito típico. Existem em Podence a Associação de Melhoramentos de Podence e o Grupo ou Grupos de caretos de Podence. Das tradições mais curiosas, vimos encontrar em Podence os caretos, restos de uma tradição popular, em que os homens se mascaram utilizando máscaras feitas de couro, madeira ou de lata, pintadas com cores vivas, e fatos de colchas com franja, também de cores garridas, vermelho, verde preto e amarelo, a que associam um conjunto de chocalhos e campainhas, utilizados em regra nos festejos de Carnaval. Os caretos são constituídos por grupos de vinte homens, que percorrem a aldeia em manifestações ruidosas, seguidos por “facanitos”, que são jovens à volta dos dez anos, também mascarados imitando os mais velhos, dirigindo a sua atenção especial às raparigas, para como se diz em linguagem característica, as chocalhar com danças rítmicas características. Os caretos desfrutam de um excesso permissivo de liberdades nas suas manifestações, as quais fora desses rituais não são admitidas. Os que não se vestem de caretos, obrigam se a abrir a sua adega à disposição dos transeuntes. Estes festejos são um ritual de uma tradição cultural, misturando o religioso e o pagão, o profano e o mágico, pretendendo alguns ir buscar as suas origens às Saturnais romanas. As máscaras dos caretos, são também em certas regiões transmontanas conhecidas por carantonas ou carrancas. Também em África são frequentes as máscaras, assumindo motivos de feitiçaria. Os grupos de caretos de Podence, têm se exibido noutros locais do país, como também no estrangeiro, graças a honrosos convites que lhe têm sido dirigidos de vários países, como de França (Nice), e “Disneylândia”, de Itália e vários pontos do nosso país. Há mesmo em Podence a Casa dos Caretos, ou melhor várias casas de caretos. Salselas Tem como Orago S. Lourenço. População residente 477 habitantes, homens 234, menores de 18 anos 57 e 541 eleitores. O património cultural consta da Igreja matriz, capelas de Santa Joana, capelas de Santo António e de S. Francisco, Igreja de Limãos e Valdrez. Realizam se as festividades de Santa Joana no segundo Domingo de Setembro e de S. Francisco no segundo Domingo de Outubro. Existem em Salselas a Associação Cultural e Recreativa da Freguesia de Salselas “Os Pauliteiros”. Santa Combinha Tem como Orago S. Gonçalo. População residente 67 habitantes, homens 33, menores de 18 anos 14 e 90 eleitores. O património cultural é constituído pela Igreja matriz, pela capela de S. Gonçalo e cruzeiro. Realiza se a festa e romaria de S. Gonçalo e S. Sebastião, no mês de Agosto. Sesulfe Tem como orago S. João Baptista. População residente 186 habitantes, homens 80, menores de 18 anos 22 e 345 eleitores. O património cultural é constituído pela Igreja matriz, pelo solar de Pinto de Azevedo e algumas fontes romanas. Realizam se lá as festas e romarias em honra de S. João Baptista em 24 de Junho, do Divino Senhor dos Milagres em 25 de Agosto e de Nossa Senhora do Pilar no segundo domingo de Setembro. Soutelo Mourisco Tem como Orago S. Miguel. População residente 61 habitantes, homens 33, menores de 18 anos 5 e 130 eleitores. O património cultural é constituído pela Igreja matriz e as capelas de Santo António e S. Tiago. Lá se realizam as festas e romarias em honra de Santo António em 13 de Agosto e de S. Tiago no segundo ou terceiro domingo de Agosto. Talhas Tem como Orago S. Miguel. População residente 419 habitantes, homens 199, menores de 18 anos 57 e 595 eleitores. O património cultural é constituído pela Igreja matriz, castro as capelas do Divino Espírito Santo, de Santo Amaro, de Nossa Senhora da Boa Viagem e de Nossa Senhora das Neves. Lá se realizam as festas e romarias em honra de S. Sebastião em 20 de Janeiro, S., Francisco de Assis e Nossa Senhora da Boa Viagem, no segundo fim-de-semana de Agosto. Existe a Associação Cultural e Recreativa e Desportiva de Talhas, e ainda a Associação de Caça e Pesca de Talhas. Talhinhas Tem como Orago Nossa Senhora das Assunção. População residente 243 habitantes, homens 123, menores de 18 anos 25 e 315 eleitores. O património cultural é constituído pela Igreja matriz e capelas de Nossa Senhora de La Salete e a de S. Tiago. Festas e romarias realizam se em honra de Nosso Senhor de Santa Cruz no primeiro domingo de Agosto, S. Tiago no terceiro sábado de Setembro, e de Nossa Senhora de La Salete no terceiro domingo de Setembro. Como colectividade existe a Associação Cultural e Desportiva de Gralhós e Talhinhas. Vale Benfeito Tem como Orago Nossa Senhora das Assunção. População residente 231 habitantes, homens 119, menores de 18 anos 39 e 268 eleitores. O património cultural é constituído pela Igreja matriz, capela da Senhora do Freixo e a Casa do Capitão. Realizam se festas e romarias em honra do Divino Espírito Santo no sétimo Domingo depois da Páscoa e a Nossa Senhora do Freixo no quarto domingo de Agosto, além de uma festa religiosa na segunda feira de Páscoa, aliás dia em que em Trás os Montes não é hábito trabalhar e em muitas terras se recebe nesse dia a Visita Pascal. Vale da Porca Tem como Orago S. Vicente. População residente 347 habitantes, homens 164, menores de 18 anos 55 e 406 eleitores. O património cultural é constituído pela Igreja matriz e capelas de Nossa Senhora do Rosário, de S. Sebastião e de Santo Ambrósio. Quanto a festas e romarias temos a referir uma em honra de Santo Ambrósio e S. Vicente. Lá existe a Associação Desportiva, Cultural e Recreativa de Vale da Porca. Uma barragem lá construída constitui uma fonte de desenvolvimento de desportos náuticos, além de ter resolvido o problema de abastecimento de água a Macedo de Cavaleiros, e das consequentes vantagens de irrigação e melhoria da agricultura. Vale de Prados tem como Orago S. Jerónimo. População residente 411 habitantes, homens 205, menores de 18 anos 72 e 361 eleitores. O património cultural é constituído pela Igreja matriz, Praça d’el Rei D. Dinis, um pelourinho e a quinta de Castro Pereira. Como festas e romarias temos a referir a que é dedicada a S. Jerónimo em Agosto e a santa Catarina depois de 25 de Novembro. Como na maior parte das freguesias também existe a Associação Desportiva e Cultural de Vale de Prados. À semelhança de Vale da Porca também Vale de Prados pode usufruir de uma barragem, destinada apenas a abastecimento de água, rega e a local de lazer. Vilar do Monte Tem como Orago S. Martinho. População residente 142 habitantes, homens 73, menores de 18 anos 24, e 179 eleitores. O património cultural é constituído pela Igreja matriz e Capela do Divino Espírito Santo. Realizam se festas e romarias em honra do Divino Espírito Santo no dia de Pentecostes e de S. Martinho em 11 de Novembro, e ainda uma Festa de Verão no segundo domingo de Setembro. Há em Vilar do Monte uma Associação Cultural e Desportiva. Vilarinho de Agrochão Tem como Orago Santo Antão. População residente 269 habitantes, homens 133, menores de 18 anos 42 e 298 eleitores. O património cultural é constituído pela Igreja matriz e cruzeiro. Realizam se festividades em honra de Santo Antão no dia 17 de Janeiro e de Nossa Senhora do Rosário no primeiro domingo de Outubro, e de Nossa Senhora da Apresentação em 21 de Novembro. Além do Centro Social e Paroquial, existe o Clube Social e Recreativo de Vilarinho de Agrochão. Vilarinho do Monte Tem como Orago S. Sebastião. População residente 72 habitantes, homens 37, menores de 18 anos 3, e 114 eleitores. O património cultural consta de Igreja matriz e castro de Castelo de Mouros. Lá se realiza uma festa romaria em honra de S. Sebastião, no dia 20 de Janeiro e no terceiro fim de semana de Agosto. Vinhas Tem como Orago S. Gregório. População residente 290 habitantes, homens 149, menores de 18 anos 35, e 424 eleitores. O património cultural é constituído pela Igreja matriz, Igreja do Anjo da Guarda, Castro e Cruzeiro. A festa e romaria em honra de S. Gregório realizam se no terceiro domingo de Agosto e em honra do Anjo da guarda no segundo domingo de Agosto. Existe lá a Associação Cultural e Recreativa de Vinhas. De uma maneira genérica diremos que a população de todas as freguesias se dedica, muito embora com algumas diferenças circunstanciais, ao tratamento da agricultura, e à exploração pecuária, para retirar delas o seu sustento. Por o Concelho de Macedo de Cavaleiros ter determinadas características propícias à criação de gados, e por outro lado ocupar o centro geográfico do distrito, é que foi escolhido para lá se instalar a Estação de Fomento Pecuário de Trás os Montes e Alto Douro, departamento oficial que tem a seu cargo a exploração e valorização pecuária na região. Pequenas indústrias de tratamento de madeira e fabrico de mobiliário de bom recorte, em castanho o mais apreciado, como de outras madeiras menos valiosas, além do mais, revelou também grandes talentos de artistas. O artesanato é uma forma de sobrevivência, que além dos proventos daí auferidos, também revela muitas vezes engenho e arte bem significativas. A construção civil foi se desenvolvendo a pouco a pouco, de acordo com as necessidades crescentes, até em alguns casos surgirem empresas de construção civil já relevantes, e o comércio também se foi a pouco e pouco desenvolvido concomitantemente. Os lagares de azeite foram sendo instalados progressivamente até em substituição dos primitivos de épocas ancestrais, sobretudo na parte sul onde os olivais são mais abundantes. Igualmente o artesanato das rendas e bordados, ajudou ao progresso económico, muito embora sendo trabalho artesanal, como o fabrico de mantas e cobertas a fazer inveja às de Castelo Branco ou do Alentejo. Oficinas de serralharia foram surgindo por toda a parte, bem como a instalação de pequenas indústrias. Ao percorrer as freguesias do Concelho, verifica se que o património cultural de todas elas, se confina quase só aos padrões do Cristianismo, bem como as festas e Romarias, com excepção de algumas centradas em épocas do ano, eventualmente de raiz pagã, como a Festa do Verão ou das colheitas. Depois deste peregrinar pelas freguesias do Concelho de Macedo de Cavaleiros, não posso deixar de apreciar uma realidade religiosa de extraordinário alcance. Quero referir me à Ermida de Nossa senhora de Balsemão. Reproduzindo com a devida vénia o que nos apresenta na sua excelente Monografia o Dr. Armando Pires (pág. 49), o conteúdo de Santuário Mariano, v. pág 578 583: “Ermida e Convento de Nossa Senhora de Balsemão Famoso e velhíssimo templo, edificado no cabeço de Caramouro ou de Balsemão, junto ao Rio Azibo, no termo de Chacim, consagrado a Nossa Senhora de Balsemão. O isolamento do cabeço e as suas escarpas violentas e pedregosas qualificaram no, desde recuados tempos, como posição militar de alta valia. Romanos e Árabes ocuparam no sucessivamente, tendo o domínio destes terminado, segundo a lenda, com a batalha de Chacim e o milagre de Balsemão. “Depois de expulsos os Mouros, relata o Santuário Mariano, parece se purificou a Mesquita, e se dedicou a Nossa Senhora, ou se lhe edificou a Ermida, ou fosse logo ou quando aquela, por muito velha, desse ocasião de se lhe edificar a Ermida em que é venerada”. Em 1773, obtida de D. João V a necessária provisão, iniciou se a construção do Hospício velho, contíguo à Ermida, instalando se desde logo alia congregação de Balsemão, que em 1754, Frei Casimiro Wiszynski, padre polaco em missão em Portugal, devidamente autorizado por alvará do Bispo de Miranda, D. Frei João da Cruz de 1 de Setembro daquele ano, encorporou nos termos do mesmo alvará, na Ordem e Religião das dez virtudes da Imaculada Conceição da Beatíssima sempre Virgem Maria, Instituto Mariano Conceicionista, estabelecido no Reino da Polónia, de que o venerando sacerdote era professo categorizado. Falecido em 21 de Outubro de 1755, com fama de santidade, Frei Casimiro foi sepultado na capela-mor da Ermida, do lado da Epístola, junto ao altar de S. José. O processo da sua beatificação corre ainda seus termos em Roma. O Convento foi extinto em 1874, e, posteriormente o templo foi destruído e os edifícios que o compunham. Apenas a Ermida e os Passos que sobem a encosta do monte, continuavam a alvejar por entre as carrasqueiras amparadas pela piedade dos fiéis. Em 1954, sacerdotes polacos da Ordem Mariana, por generosa concessão do Sr. Dr. António Meneses Cordeiro e Exm.ª Filha D. Maria Leopoldina e marido Sr. Dr. Acácio Vítor Ferreira, seus proprietários, tomaram a seu cargo o que restava do Convento, para o reedificar e ampliar, com a finalidade, meritória a todos os títulos, de fundar, ali, um Seminário das Missões e continuar, assim, a obra do seu ilustre e venerando compatriota. Durante séculos, a festa de Balsemão comemorou o milagre da batalha de Chacim com duas cerimónias características: a procissão e o bodo. Descrevendo a primeira, diz o Padre Cardoso: “No lugar que o Mouro habitava, se erigia uma Ermida com o título de Nossa Senhora de Balsemão, aonde todos os anos em dia de Nossa Senhora dos Prazeres se vai com solene procissão de todos os lugares e vilas vizinhas; sendo Alfândega da Fé das mais distantes, tem a cruz da sua Igreja o primeiro lugar, como também precedem as justiças desta vila, as de Chacim e Castro Vicente; e na procissão leva o Pároco de Alfândega da Fé a estola e sua Justiças, levam varas levantadas, em reconhecimento de serem os moradores daquela vila, os que conseguiram triunfo tão glorioso. Em falta deste Pároco e Justiças, ocupam este lugar os moradores de Castro Vicente, por serem estes os que ajudaram aos d’Alfândega da Fé nesta empresa”. Hoje a Igreja está portanto entregue aos padres Marianos, funcionando em instalações apropriadas um Seminário. São muitas peregrinações e festividades do culto e lá já se realizaram Cursos de Cristandade, retiros espirituais e outras actividades apostólicas. Meu Pai, convidado para as cerimónias da transladação dos restos mortais de Frei Casimiro (1954) para o interior do templo, assistiu como todos os presentes, a que embora estivesse um dia calmo, sem ninguém interferir, o sino começasse suavemente a repicar…

Monumentos religiosos de maior destaque Muito embora o Concelho de Macedo da Cavaleiros, não tenha no seu património monumentos de grande porte ou majestade, alguns merecem que depois de termos abordado e descrito o Santuário de Nossa Senhora de Balsemão, nos detenhamos sobre outros com algum pormenor. Servindo nos do trabalho do Dr. Armando Pires que foi buscar aos Arquivos Arqueológicos: A Igreja matriz de Lamalonga Construída nos meados do século XIII, a fachada é em granito simples e equilibrada, Justamente famosa pela riqueza da sua decoração interna. A capela mor, o arco triunfal e os dois oratórios de canto, de opulenta talha dourada, são dignos de admiração. Os tectos da capela mor e da nave em caixotões, também dourados, que contêm boas pinturas representando Cristo e Altas figuras da Igreja. Dois artísticos e originais confessionários na parte inferior da nave e um presépio originalíssimo na parte superior. Magníficas imagens de madeira policromada, entre elas Nossa Senhora dos Reis e Nossa Senhora do Rosário, esculturas de rara beleza. O conjunto, de sumptuosa harmonia, surpreende e encanta. Na sacristia, um bom armário de parede e dois valiosos quadros a óleo pintados sobre cobre, representando a Apresentação do Menino Jesus no Templo. A Igreja matriz de Macedo de Cavaleiros, edificada nos meados do século XIX, com materiais provenientes em parte da velha capela de S. Pedro. Fábrica modesta, mas equilibrada. A torre sineira, em granito, quadrada, elegante, assenta sobre três arcos e centra a fachada principal. Tem uma só nave. A capela mor, provinda do Convento das Flores, de Sezulfe, em talha dourada, com colunas Salomónicas e o tecto em caixotões, também dourados, constitui um magnífico conjunto. Na nave três capelas laterais, destacando se a das Almas, do lado direito pela riqueza da decoração e a do lado esquerdo pela profusão da talha e pelo tecto apainelado, de rara beleza. No arco cruzeiro a data da construção 1861. A Igreja de Malta Consagrada a Santo Cristo, foi edificada no lugar onde se encontrava uma velhíssima construção românica dos séculos XI XII, da qual restam vestígios, entre os quais uma porta ornamentada por estrelas de quatro raios do tipo da matriz românica de Espinhosela e uma carranca. Ao lado do alpendre que cobre a entrada principal da Igreja, vê se um “caixão de pedra”, que, segundo o Tombo dos bens de Algoso, de 1684, servia de “depósito dos cadáveres dos comendadores que ali faleciam” e tem gravadas no granito, de um lado a Cruz de Malta e do outro uma serpente. Junto do pórtico encontrava se a lápida votiva romana ao deus Aerno, hoje guardada no Museu de Bragança. No altar do Divino Senhor, em talha e azulejos, a imagem ali venerada há séculos. A Igreja de Podence Construção dos fins do século XVII, a fachada em granito rematada por um campanário, de boa traça, com duas janelas sineiras, também em granito lavrado. Tem uma só nave, com seis altares, profusamente decorados a talha dourada. Da parte superior da nave e na capelamor as paredes são em parte revestidas de painéis a óleo, representando passagens da vida de Cristo e Santos da Igreja. Capela mor e arco cruzeiro também em talha doirada, Gravada sobre o pórtico principal a data: 1703. A Igreja de Vale Bemfeito Da invocação de Santa Maria. Construída no século XVII, no local onde se encontrava uma antiquíssima capela, provavelmente românica. Tem uma só nave. O tecto da capela mor, em caixotões doirados, contém painéis a óleo, alusivos à vida de Cristo. O arco triunfal é também revestido de caixotões, com painéis representando Doutores da Igreja. Os altares, tanto o altar mor, como os laterais, são em boa talha doirada. A pia baptismal, vinda da capela demolida, é de granito escuro, de feição românica com inscrições ilegíveis. Sobre o pórtico de granito a data da reconstrução, ANTONIO ROIZ A FEZ ANN.D.1742. A Igreja de Vinhas Templo antiquíssimo, invocação de S. Vicente, reedificado no século XVIII. Bela e harmoniosa fachada, a culminar no campanário, de rara elegância, com duas janelas tudo em granito, ricamente ornamentado A capela mor, única na região, é hexagonal. Referindo se a este templo, escreve o Abade de Miragaia: “é elegante, de custosa e não vulgar arquitectura, com capela mor em forma de rotunda e o corpo da Igreja em estilo gótico, reconstrução dos fins do último século”. Interiormente, na parte superior do lado direito da nave, tem um sumptuoso oratório de talha doirada, com imagens de madeira policromada de boa escola e bem conservadas. Ermida de Nossa Senhora do Campo Construída no século XIV, segundo a tradição, no local onde se encontrava desde tempos imemoriais, uma pequena capela, consagrada a Nossa Senhora do Campo. O fundador “Santo Varão”, teria vindo da Biscaia ou de Navarra, já portador da planta do Templo, que se ergueu à sua custa e sob a sua direcção, num ambiente de milagre. A Ermida cercada de carvalhos centenários, perfila se no alto do Cabeço do Facho, junto a Lamas de Podence, de onde se descortina um panorama vastíssimo de extraordinária grandeza, “sitio muyto imminente, delle se descobrem muytos orizontes, muytas villas e Lugares”. A fachada principal virada a poente, com pórtico nitidamente românico, é coberta por um alpendre e culmina no campanário, onde se alberga o sino famoso, a cujas “vozes se desfazem as tempestades”. As paredes reforçam se exteriormente, com cinco botaréus. Internamente, é uma igreja de três naves, divididas por oito colunas, estas e os arcos, bem como o pavimento, reconstruídos em tijolo. A capela mor, com abóbada artesoada, também em tijolo de grande beleza, tem um altar de boa talha doirada, com colunas salomónicas e retábulo com quatro quadros a óleo, inspirados em motivos religiosos. A Festividade de Nossa Senhora do Campo, que se celebra na Encarnação, em 25 de Março, é uma das mais tradicionais e populares da região. Ali se concentram naquele dia, milhares de romeiros “que vão pedir à Senhora do Campo o remédio de suas necessidades”. “Nas ocasiões de necessidades públicas, como faltas de água ou de sol, reza o Santuário Mariano, são muitas as procissões dos lugares vizinhos, que vão pedir àSenhora a sua intercessão, para que o Senhor lhes acuda às suas necessidades e a experiência lhes mostra o valor da sua fé naquela Senhora. A Ermida de Nossa Senhora Freixo Antiquíssima capela, edificada no termo de Vale Bemfeito, junto a um pequeno prado, a norte da povoação. Segundo a lenda, a imagem ali venerada apareceu a uma pastora, no tronco de um velho e alentado freixo, onde havia sido escondida pelos Cristãos, nas remotas eras da invasão mouresca, “para que não padecesse alguma injúria ou irreverência”. A Imagem teria passado séculos no rústico esconderijo sem que o tempo lhe causasse dano, mesmo nas próprias roupagens. E tendo a Senhora mandado que “naquele mesmo sítio se lhe edificasse uma Casa, em que havia de ser louvada”, assim se fez. A Ermida de traça modesta e construção velhíssima, tem o pórtico e cunhais em granito e é encimado por um pequeno campanário também em granito, profusamente trabalhado. Interiormente num altar de talha doirada, a imagem da Senhora, de roca. Romaria famosa, de há séculos em toda a região. A Ermida e convento de Nossa Senhora de Balsemão já foi tratada na rubrica anterior deste trabalho.

Factores de desenvolvimento e progresso

Uma região geograficamente distante e isolada dos grandes centros, sem boas vias de comunicação, será como um corpo que sofre de má circulação do sangue, sem o qual os tecidos desse mesmo corpo, não terão a vitalidade desejada e necessária. A norma essencial aos territórios transmontanos e portanto também do Concelho de Macedo de Cavaleiros, que sempre tenho defendido, em especial quando vivia em Trás os Montes é esta: Quanto mais afastados dos centros, maior necessidade teremos de nos bastar a nós próprios. Contra a tendência em considerar, de uma maneira genérica, o transmontano demasiado individualista e até introspectivo, verifica se na quase totalidade das freguesias do Concelho de Macedo de Cavaleiros, um forte e marcado espírito de associativismo, dado que quase todas elas dispõem de uma ou mais associações culturais, recreativas e desportivas. Esta tendência associativa reflecte se, aliás em todo o movimento cooperativo, o qual atinge o Concelho de Macedo de Cavaleiros e genericamente todo o território de Trás-os-Montes. Essa semente germinou em terreno propício. Do isolamento de tantos anos decorre a imperiosa necessidade de desenvolver e valorizar os produtos que a terra nos proporciona, todavia tal será muito difícil se não se promoverem as trocas comerciais com “o exterior”, o que carece de boas vias de comunicação, desde rodovias a meios aéreos, caminho de ferro, navegabilidade dos seus rios, quando a tal se possam prestar, e o que é essencial a qualquer tipo de desenvolvimento, será o da energia, aliás o motor de toda a indústria a instalar e desenvolver, condição esta para a criação de riqueza e consequente melhoria do nível de vida das suas populações. Numa região geograficamente distante por afastada ou isolada do mundo, e de acesso difícil, tiveram uma importância decisiva para explicar o atraso da evolução a que legitimamente aspirava, as deficientes rodovias não permitindo a movimentação dos veículos motorizados. O caminho-de-ferro tardiamente aparecido até ao Concelho de Macedo de Cavaleiros primeiro e depois até Bragança, veio contribuir em grande escala para o desenvolvimento das trocas comerciais. Apesar de toda a perspicácia, não seria fácil arriscar a previsão, de que algumas décadas decorridas, os ramais de caminho de ferro do Douro para Trás os Montes, viriam a ser já no nosso tempo, considerados obsoletos e desactivados como sucedeu, apesar das excepções do metro de superfície de Mirandela ou mesmo para fins turísticos até ao Tua… Se as vias rodoviárias foram progressivamente melhoradas umas, e outras construídas de novo, com tal se conseguiu que todos os agregados populacionais do Concelho de Macedo de Cavaleiros estejam ligados por estradas asfaltadas. Mercê da construção das grandes barragens hidroeléctricas no Douro, graças ao investimento exterior à região, o certo é que se traduziu em algum benefício para todo o Nordeste Transmontano e concretamente do Concelho de Macedo de Cavaleiros, como parte integrante do mesmo. Durante uma época longa, foi a rede de estradas no concelho progressivamente desenvolvida e melhorada, como já se disse, a ponto de o caminho de ferro se ter mostrado obsoleto e desactivado, décadas depois de ter sido saudado pelas populações, como um marco extremamente significativo de esperança no progresso que se vislumbrava, qual aurora de bem estar em horizontes nunca pensados ou sonhados. A importância da Via Rápida do Porto a Bragança foi o acontecimento do século, permitindo atingir beneficamente não só Trás os Montes em geral, como e muito, o Concelho de Macedo de Cavaleiros, permitindo maior rapidez nos transportes quer pela sua realidade objectiva em si mesma, como pela possibilidade de aumento da tonelagem em grandes unidades transportadoras. Indirectamente a ligação do IP4 à fronteira de Quintanilha, permite mais facilmente as transacções com o resto da União Europeia em todos os aspectos, sem esquecer a abolição das fronteiras. A navegabilidade de Douro também contribuiu significativamente com a melhoria de transportes daí decorrente, na medida em que se possa reflectir na facilidade e custos de transporte de mercadorias por via fluvial desde o sul do distrito. A IP2 cuja construção do troço perto de Macedo de Cavaleiros até Grijó, que já se iniciou, tende a ligar a IP4 ao Vale da Vilariça, Pocinho, Vila Nova de Foz Côa, Celorico da Beira IP5, seguindo para Guarda, Castelo Branco, Portalegre, Estremoz, para terminar em Castro Verde na A 2 para o Algarve. Começa como se disse com o primeiro troço, a nascer uma nova realidade, de largas perspectivas na melhoria de comunicações do Concelho de Macedo de Cavaleiros com outras regiões significativas para o progresso comum, do interior e sul do país. Macedo de Cavaleiros, representando o centro geográfico do Distrito de Bragança, poderá, mercê do seu espectacular desenvolvimento, vir a sonhar com a conquista de uma promoção administrativa, com outras até agora impensáveis perspectivas, assim haja garra dos seus responsáveis públicos, para as saber conquistar, aproveitando todas as oportunidades do futuro, que se aproxima a passos largos. Rede de água saneamento, electricidade e telefones: Foi uma agradável surpresa, na minha recente peregrinação pela maior parte das freguesias do Concelho de Macedo de Cavaleiros, verificar a qualidade das estradas, ainda que para acesso aos mais pequenos lugares, o calcetamento das ruas das aldeias, bem como o abastecimento de água potável. O abastecimento de água abrange 75% das aldeias e o saneamento básico contempla 25 % das mesmas, o que já é significativo para o interior do país. A electrificação permitiu levar a energia aos mais recônditos lugares, bem como indirectamente alargar e iluminar os horizontes do futuro daquelas populações, quebrando séculos de isolamento. Nessa abertura de horizontes, também contribuiu expressivamente, a instalação da rede de telefones e mais amplamente o fácil acesso à Televisão. Se o acesso cultural que representa a transmissão pela imagem, pode ser altamente educativo e facultar o progresso, também quando os programas sejam mal orientados, podem ser altamente agressivos e destrutivos dos valores tradicionais, morais e até religiosos da maioria esmagadora da população portuguesa, e do nosso Concelho, como parte integrante da mesma realidade. Temos que concordar que de uma maneira genérica, a difusão informativa e cultural com a rapidez e eficiência que a electrónica nos proporciona, constitui sem dúvida um factor de progresso inestimável, apesar de tudo. Por todas as aldeias as tabernas foram sendo substituídas por cafés, e restaurantes com instalações adequadas e modernas, com relevo para o Restaurante Saldanha em Peredo, de grande prestígio pela afamada culinária. O turismo de habitação rural tem se estabelecido pelo concelho, constituindo factor de valorização apreciável, tanto de promoção económica como de divulgação das nossas realidades sociais e turísticas. A barragem do Azibo permitiu o abundante abastecimento de água à sede do concelho, como a sua albufeira passou a constituir motivo apreciável de lazer, de turismo e desportos náuticos, altamente significativo para a região.

Metamorfoses sociais

Apraz me recordar aqui o ilustre transmontano muito ligado por raízes familiares e não só, ao nosso Concelho, que foi o primeiro presidente da Televisão Eng.° Camilo de Mendonça, o grande idealista de Trás os Montes e sonhador do seu futuro, que infelizmente já não vive entre nós. A actual realidade de todo o Concelho de Macedo de Cavaleiros foi uma descoberta recente e actual para mim, francamente reconfortante, ao mesmo tempo que altamente esperançosa. Vigorando no concelho como em toda a região o sistema de minifúndio, mercê da evolução de repartidas e repetidas circunstâncias de divisão, sob o ponto de vista de rentabilidade agrícola, seria vantajoso implementar um emparcelamento justo e equilibrado da propriedade, proporcionando um melhor aproveitamento com outra dimensão, e que por outro lado dispondo de meios técnicos, ocupe cada vez menos pessoas na agricultura. Como factores de marcada influência na rentabilidade agrícola, temos a considerar a mecanização e industrialização da mesma, aliás verificada em grande escala nas últimas décadas. Por outro lado a desertificação do território interior do país, incidiu significativamente no nosso distrito e concelho. A desertificação foi motivada pelo baixo rendimento agrícola, num clima áspero e duro, que motivou por um lado a forte corrente migratória, muito embora muitos tenham seguido esse caminho sem verdadeira necessidade, pois que eram proprietários de certo poder económico. Foram todavia atraídos sobretudo para certos países da Europa, pelo progresso económico dos múltiplos exemplos daqueles que houveram partido na penúria, e algum tempo depois davam mostras de viver outras realidades mais promissoras, aparentemente mais fáceis de atingir, ainda que tendo arrostado com imensas dificuldades. Muitos não relatavam as condições de vida extremamente penosas, que passavam nesses novos países, para com os mesmos salários dessas realidades sociais, poderem sôfrega e implacavelmente amealhar, não só para conforto pessoal, como para exibição junto dos seus compatriotas quando nas férias os visitavam. As condições de vida que sonhavam na Europa, induzia os a partir, muitas vezes mesmo sem terem absoluta necessidade, além de não esquecer a influência do espírito de aventura tão característico do nosso povo. A afluência de divisas por parte dos emigrantes, transformou de algum modo a realidade do nosso distrito e do nosso concelho. Para além dos efeitos negativos incidentes sobre as famílias, muitas das quais sofreram uma erosão moral e ética, a grande maioria acabou por sobreviver e os emigrantes, se bem que alguns se tenham fixado definitivamente no estrangeiro, a maioria iniciou um movimento de regresso, já verificadas também algumas alterações da sociedade portuguesa, pensarem cá investir, para além da casa de habitação moderna e alguns apartamentos para alugar, montarem algum negócio. Enquanto o transmontano viveu sempre em ansiedade constante e obsessiva, de, para libertar os filhos da vida dura do campo, se sacrificar heroicamente, a ponto da proporção da população escolar das nossas terras em relação ao geral, ser das mais destacadas do mundo, consideravelmente multiplicada na proporção da instalação de novas escolas até de nível universitário na região, a população intelectualizada, com formação escolar nos vários graus, está conduzindo a alguma preocupação por dificuldade de emprego. Tal se deve também à ausência na proporção desejada, de instalação de indústrias e outras actividades económicas que venham a dar facilidades de emprego, compensador para tanto esforço, e evitar a frustração de todo um proletariado intelectual resultante dessas condições de vida. Os filhos dos emigrantes já não pretendem voltar aos trabalhos da agricultura nos moldes clássicos, pelo que esta deverá ser valorizada, e tratada em moldes diferentes quer nos métodos de trabalho quer centrada em unidades emparceladas de melhor perspectiva. As condições de vida actuais, já vão permitindo e incentivando a fixação de jovens agricultores, os quais mercê desse circunstancialismo se sentem atraídos a viver no meio rural ou pelo menos misto, isto é, nos arredores ou proximidade dos maiores centros urbanos, porventura conjugando até a vida rural tecnicamente enriquecida, com outras actividades complementares.
O Eng° Camilo de Mendonça foi as mais destacadas personalidades da região e do Concelho de Macedo de Cavaleiros, o qual como se disse já sonhou O Complexo do Cachão, bem como uma série de barragens, para abastecimento de água aos aglomerados populacionais, como de regadio. Estava na sua mente promover e estimular a produção agrícola em melhores condições técnicas, a criação de cooperativas, e em conjugação com o Complexo do Cachão, industrializar os produtos agro pecuários, valorizando os e escoando os da melhor forma, isto é colocando os no mercado nacional como nos mercados estrangeiros, em boas condições de competitividade. Desse modo os agricultores seriam beneficiados em detrimento dos intermediários, que são os grandes vorazes “parasitas” do seu trabalho. Só criando mais riqueza a nossa região e o nosso concelho poderão ser rentáveis e competitivos, tanto mais e sobretudo integrados na União Europeia. Há que revitalizar e actualizar as estruturas em que assentava com grande clarividência o sonho de Camilo de Mendonça.

O Poder Local

O progressivo aumento e importância legislativa que rege o Poder Local nestas últimas décadas, significa e muito uma descentralização, dando mais independência às autarquias, quer mediante a legislação apropriada como o seu natural financiamento. Apesar de alguns eventuais esbanjamentos aqui ou além, sobretudo por uma carenciada escala de prioridades, pensamos que a evolução do Poder Local tem sido benéfica, em especial nas zonas periféricas. O Concelho de Macedo de Cavaleiros dispõe de um Hospital Distrital moderno, de Centro de Saúde e seus prolongamentos periféricos ou postos de consulta, que garantem uma rede de cuidados de saúde de bom nível, aliás beneficiando da melhoria rodoviária, do encurtamento de distâncias em relação aos Hospitais de Bragança e de Mirandela, permitindo uma estrutura organizativa funcional de entre ajuda, desde que certos preconceitos ainda existentes possam ser eliminados. 1 O Centro de Saúde tem presentemente inscritos um total de 21809 utentes, 17915 dos quais inscritos em médico de família. 2 No ano de 2000, foram realizadas 31869 consultas de ambulatório de Medicina Geral e Familiar, 11030 consultas no Serviço de Atendimento e Situações Urgentes e 2335 consultas de Estomatologia. 3 O Centro de Saúde, dispõe de onze Extensões Clínicas, sediadas em algumas aldeias do Concelho. A estrutura de ensino, desde a realidade das escolas em toda a parte, só será penosa, na medida em que há escolas desactivadas por não haver crianças em certos povoados. Tem Macedo de Cavaleiros uma Escola Preparatória Secundária e um Instituto Superior Piaget, que muito contribuí para a melhoria cultural da sua população. Alunos das Escolas do Concelho de Macedo de Cavaleiros 1° Ciclo do Ensino Básico (Ano Lectivo 2000/2201: Ala, Escola E.B. de 1 ° Ciclo de Ala tem 9 alunos; Ala, Escola E.B. de 1.° Ciclo do Brinço tem 9 alunos; Ala, Escola E.B. de 1.° Ciclo de Meles tem 5 alunos; Amendoeira, Escola E.B. do 1.° Ciclo da Amendoeira tem 8 alunos; Amendoeira, Escola E.B. de 1.° Ciclo de Gradíssimo tem 9 alunos; Amendoeira, Escola E.B. de 1.° Ciclo de Latães tem 2 alunos; Arcas, Escola E.B. de 1.° Ciclo de Arcas tem 6 alunos; Arcas, Escola E.B. de 1.° Ciclo de Mogrão tem 3 alunos; Baguiexe, Escola E.B. de Bagueixe tem 4 alunos; Bornes, Escola E.B. de 1.° Ciclo de Bornes tem 17 alunos; Burga, Escola E.B. de 1.° Ciclo de Burga tem 1 aluno; Carrapatas, Escola de E.B. de 1.° Ciclo de Carrapatas tem 4 alunos; Castelãos, Escola E.B. de 1° Ciclo de Castelãos tem 14 alunos; Chacim, Escola E.B. de 1.° Ciclo de Chacim n.° 1 tem 12 alunos; Chacim, Escola E.B. de 1.° Ciclo de Chacim n.° 2 (Sobreiró) tem 8 alunos; Cortiços, Escola E.B. de 1.° Ciclo de Cortiços tem 5 alunos; Cortiços, Escola E.B. de 1° Ciclo de Cernadela tem 10 alunos; Corujas, Escola E.B. de 1° Ciclo de Corujas tem 7 alunos; Edroso, Escola E.B. de 1.° Ciclo de Edroso tem 7 alunos; Espadanedo, Escola E.B. de 1 ° Ciclo de Espadanedo tem 15 alunos; Ferreira, Escola E.B. de 1° Ciclo de Ferreira tem 8 alunos; Ferreira, Escola E.B. de l.° Ciclo de Comunhas tem 2 alunos; Grijó de V Benfeito, Escola E.B. de 1.° Ciclo de Grijó de V. Benfeito tem 23 alunos; Lagoa, Escola E.B. de 1.° Ciclo de Lagoa tem 17 alunos; Lamalonga, Escola E.B. de 1.° Ciclo de Lamalonga tem 16 alunos; Lamalonga, Escola E.B. de 1° Ciclo de Fornos de Ledra tem 5 alunos; Lamas de Podence, Escola E.B. de 1.° Ciclo de Lamas de Podence tem 5 alunos; Lombo, Escola E.B. de 1.° Ciclo de Lombo tem 14 alunos; Macedo de Cavaleiros, Escola E.B. de 1.° Ciclo de Macedo de Cavaleiros n.° 1 tem 94 alunos; Macedo de Cavaleiros, Escola E.B. de 1.° Ciclo de Macedo de Cavaleiros n.° 2 tem 89 alunos; Macedo de Cavaleiros, Escola E.B. de 1.° Ciclo de Macedo de Cavaleiros tem 118 alunos; Macedo de Cavaleiros, Escola E.B. de 1.° Ciclo de Macedo de Cavaleiros n.° 4 tem 38 alunos; Macedo de Cavaleiros, Escola E.B. de 1.° Ciclo de Nogueirinha tem 2 alunos; Macedo de Cavaleiros, Escola E.B. de 1° Ciclo de Travanca tem 20 alunos; Morais. Escola E.B. de 1 ° Ciclo de Morais tem 35 alunos; Morais, Escola de E.B. de 1.° Ciclo de Sobreda tem 3 alunos; Murçós, Escola E.B. de 1.° Ciclo de Murçós tem 2 alunos; Olmos, Escola E.B. de 1.° Ciclo de Olmos tem 5 alunos; Peredo, Escola E.B. de 1.° Ciclo de Peredo tem 28 alunos; Podence, Escola E.B. de 1.° Ciclo de Podence tem 7 alunos; Salselas, Escola EB de 1.° Ciclo de Limãos tem 5 alunos; Santa Combinha, Escola EB de 1.° Ciclo de Santa Combinha tem 5 alunos; Sezulfe, Escola EB de 1.° Ciclo de Sezulfe tem 5 alunos; Sezulfe, Escola EB de 1.° Ciclo de Vale Pradinhos tem 2 alunos; Soutelo Mourisco, Escola EB de 1° Ciclo de Soutelo Mourisco tem 2 alunos; Talhas, Escola EB de 1.° Ciclo de Talhas tem 14 alunos; Talhinhas, Escola EB de 1.° Ciclo de Talhinhas tem 3 alunos; Vale Benfeito, Escola EB de 1.° Ciclo de Vale Benfeito tem 4 alunos; Vale da Porca, Escola EB de 1.° Ciclo de Vale da Porca tem 12 alunos; Vale de Prados; Escola EB de 1.° Ciclo de Vale de Prados tem 18 alunos; Vilar do Monte, Escola EB de 1.° Ciclo de Vilar do Monte tem 2 alunos; Vilarinho de Agrochão, Escola EB de l.° Ciclo de Vilarinho de Agrochão tem 8 alunos; Vinhas, Escola E.B. de 1.° Ciclo de Vinhas tem 8 alunos. Ensino Básico Mediatizado (Ano lectivo 2000/2001) 2.° Ciclo: Espadanedo Escola Básica Mediatizada de Espadanedo tem 6 alunos; Murçós Escola Básica Mediatizada de Murçós tem 11 alunos Morais Escola Básica Mediatizada de Morais tem 17 alunos. Ensino Secundário (Ano Lectivo 2000/2201). Macedo de Cavaleiros Escola Secundária tem 677 alunos. Torre D. Chama Externato Liceal de Torre D. Chama tem 42 alunos.
Nota: O Colégio Ultramarino Nossa Senhora da Paz, existente na freguesia se Chacim, é um equipamento com a seguinte personalidade jurídica: Ensino Particular Cooperativo. Relativamente às escolas de Torre D. Chama e de Izeda, ainda que não pertençam ao Concelho de Macedo de Cavaleiros, têm alunos das freguesias limítrofes desta Concelho, razão pela qual se apresentam os seus valores respectivos. Do total de alunos do 3.° Ciclo da Escola Secundária de Macedo de Cavaleiros, 70 estão no Ensino Recorrente Nocturno; relativamente ao ensino secundário, 180 alunos frequentam aquele tipo de ensino. Ensino Básico do 2.° Ciclo ( 2000/2001): Macedo de Cavaleiros Escola EB 2/3 de Macedo de Cavaleiros tem 356 alunos. Chacim Colégio Ultramarino Nossa Senhora da Paz tem 56 alunos. Torre D. Chama Escola EB 172 de Torre D. Chama tem 16 alunos. Izeda Escola EB 2/3 de Izeda tem 18 alunos. Ensino Básico do 3.° Ciclo (Ano Lectivo 2000/2001: Macedo de Cavaleiros Escola E.B. 2/3 de Macedo de Cavaleiros tem 158 alunos. Macedo de Cavaleiros Escola Secundária de Macedo de Cavaleiros tem 501 alunos. Chacim Colégio Ultramarino Nossa Senhora da Paz tem 78 alunos. Izeda Escola EB 2/3 de lzeda tem 35 alunos. Torre D. Chama Externato Liceal de Torre D. Chama tem 44 alunos. Macedo de Cavaleiros deixou de ser uma vila modesta, para se desenvolver no aspecto comercial, industrial e cultural, onde já foram rasgadas avenidas de grande perspectiva, para ser hoje uma Cidade progressiva e em franco desenvolvimento.
António José Moreira Pires, Médico Oftalmologista – Coimbra

In iii volume do Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses,
coordenado por Barroso da Fonte, 656 páginas, Capa dura.
Editora Cidade Berço, Apartado 108 4801-910 Guimarães – Tel/Fax: 253 412 319, e-mail: ecb@mail.pt

Preço: 30 euros

(C) 2005 Notícias do Douro

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