Concelhos

Miranda do Douro

SUBSTRATO PRÉ HISTÓRICO

A investigação sobre os períodos Paleolítico e Neolítico, no Concelho de Miranda do Douro, tem sido descurada pelos estudiosos e, como tal, as poucas referências sobre eventuais jazidas e outros testemunhos materiais, encontrados na região, são insuficientes e pouco esclarecedores para as épocas em apreço. Este vazio deve se, pois, à falta de prospecções sistemáticas devidamente planificadas. Assim sendo, o nosso conhecimento sobre a pré história mirandesa, ganha mais sentido e certezas a partir do final do neolítico, quando sobressai no solar mirandês, um pouco por toda a parte, a civilização dos túmulos colectivos que, na região, dão pelo nome de arcas, mamoas, antas e, sobretudo, marmolinas. As mais conhecidas encontram se em Genísio, Malhadas (destruída por máquina agrícola), Duas Igrejas e Cércio/Vale de Mira. No estado de degradação em que a maioria destes túmulos se encontra, devido principalmente às actividades agrícolas, não se lhe conhece actualmente estruturas megalíticas (mas alguns poderiam ter tido), aparecendo antes como montículos circulares, maiores ou menores, visíveis na paisagem, construídos com terra e abundante pedra e que entendidos como aliás se impõe num contexto geográfico mais vasto (Mogadouro, Zamora, Aliste, etc.), parecem relacionar se com um tipo de povoamento disperso, com nítidos traços arcaizantes. Entretanto parecem emergir na região alguns assentamentos calcolíticos, ou seja da Idade do Cobre (2.500 1800 a.C.), mas onde quer que se verifique o uso desse metal, isso estaria longe de limitar o fabrico de instrumentos de outras matérias primas, como osso, madeira e principalmente a pedra. Por outro lado, a par de povoados ao ar livre, sobressai no espaço mirandês a edificação de uma série de assentamentos com forte sentido defensivo, combinando as defesas naturais com a construção de muralhas, e escolhendo as Arribas do Douro como espaço privilegiado para a sua implantação, sendo mais raros no interior do concelho. E se a maioria apresenta características que nos permitem situá los na Idade do Ferro, outros há que apontam para épocas mais recuadas. Como povoados amuralhados mais significativos vulgarmente designados por Castros referencia-se o de Calçada ou Cigadonha, entre os termos de Vila Chã de Braciosa e Picote, aliás o maior recinto defensivo do Concelho de Miranda, e o Castrilhouço de Vale de Águia (com torreão), pois combinam o sistema defensivo de muralha com um aparelho de pedras fincadas; o do Cabeço da Senhora da Luz, em Constantim, raiano, que alia a muralha com o fosso; o Peinha I Castro, em Palaçoulo, pela aspereza e interioridade da localização. Os Castros de S. João das Arribas (com torreão), em Aldeia Nova, o de Picote, e o Castroluço de Atenor, tornaram se emblemáticos núcleos de romanização. O território que hoje cabe ao Concelho de Miranda do Douro pode bem enquadrar se na antiga “Cultura dos Berrões”, pois são conhecidos quatro exemplares dessas estátuas zoomorfas: um porco de Picote, exposto no centro da aldeia, um de Duas Igrejas, muito grosseiro, recolhido no Museu da Terra de Miranda, e dois de Malhadas, em que um deles representa um pequenino touro, com recortes, aqui e ali, de refinado realismo, tornado emblema decorativo de cumeeira em telhado de casa particular.. Outro aspecto importante da arqueologia mirandesa liga se ao campo do simbólico, ou melhor, ao mágico religioso, disponibilizado em diversos abrigos sobre rocha. As melhores referências são: o Abrigo da Solhapa (Duas Igrejas) e As Fragas da Lapa (Atenor), com uma grande variedade de petróglifos, que parecem entrar no mundo da arte esquemática; outros abrigos rupestres de Atenor e Palaçoulo (Açude do Carvão, Passadeiro e Barroco Pardo), com uma série de painéis gravados com incisões ou pequenas ranhuras riscos são considerados santuários grafémicos, que parecem conter um ” código moral e social da tribo”. Ainda na esfera das crenças são conhecidos outros Santuários Rupestres Pré Históricos, em rocha, ao ar livre, de feição peculiar, como o das Casicas e o espaço Sagrado de Santo Albino, em Vila Chã de Braciosa, o de S. João das Arribas, em Aldeia Nova, e o de Ifanes o mais completo e significativo de todos. Os seus elementos mais significativos: pia, altar, representação de mão, banco corrido, etc., indicia a prática de importantes ritos de juramentação, e de purificação, mediante abluções. Entretanto chegam os Romanos, que iniciam a conquista da Península em 218 a.C. O domínio do actual território mirandês ficou completo por volta do ano 19 antes de Cristo. Segue-se um longo processo de aculturação, a que os romanos emprestaram novos valores económicos, sociais, ideológicos e políticos. A cultura indígena e as suas peculiaridades foram se desmoronando…
Hermínio A. Bernardo Licenciado em História. Docente do Ensino Secundário

EVOLUÇÃO HISTÓRICA

A origem da primitiva povoação de Miranda do Douro éainda desconhecida, mas os poucos achados arqueológicos fazem na remontar a tempos muito antigos do calcolítico, Idade do Bronze. No local do seu velho Castelo Medieval, apareceram restos de castro antiquíssimo onde se descobriram elementos arqueológicos entre os quais uma seta de bronze do tipo palmeta. Os primeiros documentos escritos, até agora encontrados, que falam de Miranda do Douro como povoação datam do reinado de D. Dinis. Em 1286 e 1292, o Rei Lavrador, eleva Miranda à categoria de Vila dando lhe carta de foral e mandando construir o castelo e a cercadura de muralhas que ainda existem. Foi ainda entre 1286 e 1292 que o mesmo REI mandou construir a Igreja de Santa Maria Maior, primeira paroquial de Miranda do Douro, com a colaboração e o consentimento do arcebispo de Braga, D. Telo. No tempo da guerra da independência, entre 1383 e 1385, Miranda do Douro tomou voz pelo Mestre de Aviz que mais tarde subiu ao trono de Portugal com o título de D. João I, o de Boa Memória. Durante a segunda dinastia os nossos reis concederam a Miranda vários privilégios, tendo desenvolvido as relações económicas, sociais e culturais com a vizinha Espanha. Este desenvolvimento foi mais saliente no tempo de D. Afonso V e no tempo de D. Manuel I. Foi no tempo deste rei que as relações comercias tiveram maior incremento com a vizinha Província de Castela e Leão, como consta da própria carta de foral dada pelo mesmo rei em 1510 e também em outros documentos. Foi ainda o Rei D. Manuel I que mandou renovar o castelo e mandou acrescentar a casa da alfândega construída no reinado de D. Afonso V. Esta casa serviu de quartel da Guarda Fiscal até aos nossos dias. Por bula de 22 de Maio de 1545 o Papa Paulo III funda a Diocese de Miranda do Douro e por carta do mês de Julho, do mesmo ano, o Rei D. João III eleva Miranda à categoria de cidade com todas as honras e privilégios. A elevação de Miranda a cidade e sede de diocese, em plena época do Renascimento, é um marco fundamental na evolução no campo económico, social, cultural e religioso. No ano de 1552, lança se a primeira pedra da obra da catedral que iria demorar quase cinquenta anos a construir, mas além da obra da catedral outras obras se constroem em Miranda do Douro. Assistimos a uma renovação da paisagem urbanística da cidade, neste tempo. Constroem-se moradias para os oficiais da Câmara e Tribunal. Há um Provedor, um Corregedor, um Juiz de Fora, aparecem tabeliães e escrivães. 0 Governador da Praça vem habitar para Miranda e passa a ter casa própria. Os Bispos que, a princípio, residem numa dependência do castelo, passam depois a residir em casa própria que mais tarde será o Paço Episcopal, a partir do meio do século XVII. Também os cónegos que constituem o cabido da catedral passam a ter moradias próprias das mais elegantes da cidade, junto da catedral ou nos locais mais bem situados como nos dizem os documentos do tempo. Mas a principal preocupação dos bispos de Miranda do Douro, logo desde o início da fundação da Diocese, é sem dúvida a construção da catedral. Também a CONFRARIA DA MISERICÓRDIA constrói a sua casa e Igreja a partir de 1578. A Confraria da Santa Vera Cruz constrói a Igreja logo a partir do final do século XVI. Também nos finais do século XVI se constroem em Miranda outras moradias e estabelecimentos de carácter senhorial. Depois de 1580, com a perda da independência, Miranda teve que ceder às pressões de Filipe II, Rei de Espanha, como nos mostram os documentos deste tempo, principalmente as cartas dos Bispos da Diocese dirigidas ao Rei Castelhano. Desde 1580 a 1640, a população de Miranda e sua região guardou um forte e enraizado patriotismo, sempre à espera do momento oportuno para o demonstrar. Na revolução de 1640 tudo muda em Miranda no campo militar. Em alguns meses, a praça fortifica se, de tal modo que passa a constituir um fortíssimo obstáculo para as armas de Castela. Os chefes militares do país vizinho temeram na como a praça mais bem defendida e militarmente apetrechada de todo o Nordeste Transmontano no século XVII, não conseguindo expugná la durante o período da guerra dos 28 anos de 1640 a 1668. O próprio cabido, neste período, dispendeu muitos rendimentos da mesa capitular para ajudar a defender a praça continuamente vigiada por espiões do Rei de Castela e do seu Duque de Alba e continuamente ameaçada pelas armas de Castela que junto à fronteira armavam escaramuças a cada passo. 0 século XVII foi para a TERRA DE MIRANDA um período difícil. A par da guerra assistimos a um surto de fome causada pelos maus anos agrícolas que se fizeram sentir em quase todas as décadas do século. Surgem períodos de pestes e epidemias como foi a de 1631 que dizimou mais de um terço da população do concelho e Terra de Miranda. De 1636 a 1672, Miranda viveu, no campo eclesiástico, um período de Sé vaga. Os Bispos nomeados para a Diocese durante este período nunca chegaram a tomar posse da cadeira episcopal, fruto da guerra diplomática que a Espanha movia contra PORTUGAL, junto da Santa Sé. Depois de 1672, a Diocese volta à normalidade, mas na guerra da Sucessão de 1706 a 1713, a cidade e toda a Terra de Miranda sofreram nova invasão das tropas castelhanas que destruíram e saquearam casas e igrejas e que levaram para Espanha riquezas incalculáveis em ouro, prata e obras de arte. Em 15 de Maio de 1711, a praça de Miranda foi recuperada por tropas Portuguesas que chegaram do sul do país comandadas por D. JOÃO DE NORONHA, tendo ficado prisioneira toda a guarnição castelhana. É nesta ocasião que surge a lenda do Menino Jesus da Cartolinha que passa por um caso possível de amor frustrado de moça fidalga que veste o Menino Jesus à maneira de fidalgo cavaleiro como gostaria de ver o noivo que idealizava. Depois de 1711, procedeu se à reparação dos estragos causados pelo inimigo dos quais se queixava o bispo D. João Franco de Oliveira. Desde 1711 a 1762, Miranda viveu um período de paz e franca prosperidade, no campo económico, social, cultural, religioso e artístico. Esta prosperidade deve se à acção de grandes figuras, principalmente eclesiásticas como foram os bispos do século XVIII, D. João de Sousa Carvalho, D. Diogo Marques Mourato e D. Fr. João da Cruz. Foram eles os grandes reformadores da arte na Diocese quer no campo da arquitectura quer no campo da escultura, talha e pintura ajudados por elementos do cabido da catedral que foram autênticos mecenas da arte e da cultura, neste tempo, em toda a Diocese de Miranda. Além dos bons anos agrícolas, também o ouro do Brasil ajudou muito à elaboração de obras de arte e à prosperidade da gente de todo o nordeste transmontano. Tudo corria bem na região, mas em 1762 uma catástrofe de carácter militar veio pôr termo a esta situação de bem estar. O exército castelhano, mais uma vez invade Miranda e todo o Nordeste Transmontano. No dia 8 de Maio, desse mesmo ano, a praça de Miranda vai pelos ares, fruto do rebentamento do paiol que estava dentro da cerca do castelo e era constituído por mais de quinhentos barris de pólvora. Na catástrofe morreram mais de quatrocentas pessoas e ficaram destruídas mais de duzentas casas junto ao castelo. A ajuntar à catástrofe militar veio a catástrofe religiosa em 1764. O bispo D. Fr. Aleixo de Miranda Henriques, levado por uma vingança doentia, deixa Miranda e vai residir para Bragança, causando uma espécie de cisma que abala toda a terra de Miranda e divide a Diocese em duas partes. O mais grave é que deixa desolada a cidade de Miranda ainda magoada e a sangrar, desolada e coberta de luto e tristeza pelas chagas da destruição da praça. Esta atitude do Bispo desagradou ao cabido da catedral e revoltou as populações. Não contente com o abandono da cidade, o bispo levou consigo toda a riqueza da catedral em alfaias de ouro, prata, paramentos e até os próprios sinos, apesar dos protestos da Câmara Municipal da cidade e de toda a Terra de Miranda. Depois de 1764, Miranda teve ainda mais dois bispos, até que em 1780, a Diocese passa definitivamente para Bragança. Desde esta data a cidade de Miranda entra num longo período de declínio até 1955, data do começo da construção da central hidroeléctrica. Começa assim um novo período de ressurgimento. A cidade estende se para fora das muralhas e começa um novo período de desenvolvimento económico e social. Pelos anos 70 deste século abre se definitivamente a fronteira com a vizinha Espanha. Este facto vai marcar o recomeço das relações comerciais e sociais entre a região da Terra de Miranda e a vizinha província de Castela. Esta abertura marca também uma nova era para as relações com a Europa Comunitária.
António Rodrigues Mourinho Doutor em História de Arte e Director do Museu da Terra de Miranda

ALGUNS DADOS GEOGRÁFICOS, DEMOGRÁFICOS E ECONÓMICOS

Situado na parte mais oriental de Portugal Continental, em pleno planalto mirandês, o Concelho de Miranda do Douro, banhado pelo rios Douro, Fresno e Angueira, confronta a Norte e Este com a província espanhola de Leão e Castela, a Sul com o concelho de Mogadouro e a Oeste com o de Vimioso. A sua interioridade impôs lhe um forte isolamento ao longo dos séculos. Nos dias de hoje, não obstante algumas melhorias, continua à margem dos dois grandes eixos regionais de comunicação (IP2 e IP4), o que condiciona, em grande parte, o seu desenvolvimento. Neste campo são mais fáceis as acessibilidades a Zamora e a outras cidades espanholas do que ao Porto e a Lisboa. Por outro lado, as ligações ferroviárias, que funcionaram através da linha do sabor desde 1937 até ao último quartel do século XX, foram desmanteladas recentemente e as ligações aéreas mais próximas ficam se por Bragança. Mas, para além dos maus acessos, as barreiras físicas, a falta de investimento e de medidas especiais de incentivo, aliados a um clima agreste e de excessos, claramente definido pelo refrão “nove meses de Inverno e três de inferno” impuseram a este concelho níveis de ocupação e de desenvolvimento muito baixos. Com uma área de 488 Km2, é composto por dezassete freguesias (abaixo mencionadas, juntamente com os seus actuais presidentes) que abrangem trinta e duas aldeias: José Manuel Geraldes Águas Vivas; José Augusto Pêra Atenor; Domingos dos Santos Torrão Cicouro; Francisco dos Santos Fernandes Constantim; Domingos Augusto Ruano Duas Igrejas; Manuel da Cruz Antão Pires Lopes Genísio; Lázaro Eulógio Ribeiro Ifanes; José Augusto Martins Raposo Malhadas; Abílio Domingos Pires Barril Miranda do Douro; José Augusto Ramos Palaçoulo; Emílio Gonçalves Sebastião Paradela; José Raimundo Preto Picote; Amável Gilberto Falcão Póvoa; José Agostinho Afonso São Martinho; José António Rodrigues Sendim; Francisco António Fidalgo Silva; Manuel Joaquim Fernandes Vila Chã da Braciosa. Segundo os Censos de 2001, o concelho de Miranda do Douro regista um total de 8.085 residentes (3.992 homens e 4.093 mulheres); 3.209 famílias; 5.135 alojamentos e 4.925 edifícios. De acordo com estes censos, somente três freguesias (Miranda do Douro com uma variação positiva de 10.5%, Sendim de 2.8% e Paradela de 7.1%) conseguiram resistir ao declínio demográfico que, nalgumas freguesias, atingiu percentagens muito elevadas como em Ifanes que perdeu 34.3% nos últimos dez anos. Negativo também vem cedo o saldo fisiológico (diferença entre nascimentos e óbitos) desde o início dos anos 80, facto a que não são alheios o envelhecimento da população e o maior controlo da natalidade/ planeamento familiar. Entre os factores repulsivos da população pontua o desfasamento entre os níveis de instrução dos jovens e as oportunidades de emprego oferecidas pela estrutura económica do concelho e uma maior pressão sobre o mercado do trabalho em resultado da tendência para o aumento da taxa de actividade feminina que estimulam movimentos migratórios contínuos. O decréscimo populacional registou, na última década, uma variação de 7%. A inversão desta tendência e a abertura de melhores perspectivas de futuro, passam pela criação de alternativas de emprego e pelo aumento dos níveis de rendimento da população assentes numa aposta séria na implementação e desenvolvimento do Ensino Superior na sede de concelho, onde está a funcionar desde o ano lectivo de 1998/99 um Pólo da Universidade de Trás os Montes e Alto Douro (UTAD), com duas Licenciaturas, Antropologia Aplicada ao Desenvolvimento e Trabalho Social; na agricultura e na pecuária; num reforço da função comercial; no desenvolvimento das actividades industriais (de iniciativa endógena) e das actividades turísticas. A economia do concelho assenta, basicamente, em unidades de natureza familiar com uma fraca expressão de emprego. Nos últimos vinte anos, a estrutura económica sofreu transformações significativas traduzidas no reforço da dicotomia entre um concelho profundamente rural e a dinâmica urbano comercial da cidade de Miranda do Douro. O sector secundário teve evolução positiva mas muito aquém do desejável assumindo, assim, o terciário a principal função na criação de emprego. De facto o comércio desenvolveu se na cidade de Miranda do Douro, essencialmente voltado para Espanha, beneficiando também do desmantelamento definitivo das fronteiras. Paralelamente desenvolveu se a actividade hoteleira e da restauração e a concentração da população na sede de concelho. Todavia, o sector primário é o que apresenta maior importância no concelho de Miranda do Douro, trabalhando na agricultura e pecuária mais de 50% do total dos activos. A estrutura fundiária é marcada, na sua maioria, por explorações de pequena dimensão, com área inferior a 20 ha (segundo o Recenseamento Geral Agrícola de 1989 do INE, 83,4% das explorações), estando quase todas mecanizadas o que permite libertar algum trabalho humano. O trabalho é executado por conta das unidades familiares, podendo pontualmente haver lugar ao recurso de assalariados eventuais ou acontecer, com mais frequência, a entreajuda de vizinhos, vestígios ainda em vigor do comunitarismo de outrora. Simultaneamente, tem se verificado o aparecimento de algumas explorações de jovens agricultores com tendência para promover o emparcelamento e a reconversão das explorações agro pecuárias. Muitos outros jovens que abandonam a escolarização fogem da agricultura preferindo trabalhar na construção civil. Nas culturas temporárias, a do trigo mole, cotada até há bem pouco tempo como a principal, está nos últimos anos, a ceder o lugar à aveia, subsidiária da criação de gado, menos exigente no cultivo e mais rentável na venda. Nas culturas permanentes, a mais significativa é a vinha, seguida do olival. Os pomares de frutos secos e frescos são muito pouco representativos e produzem apenas para uso doméstico. Na área da pecuária, enquanto o gado ovino conta com o maior número de efectivos, o maior impacto económico cabe ao bovino (raças mirandesa, frísia, cherolesa, fleckvieh e Pie Rouge). Importa salientar que a raça bovina mirandesa, apesar de ter neste concelho o seu solar e a sede da Associação de Criadores, desceu em número de efectivos em relação a épocas anteriores e a concelhos limítrofes. Em todo o caso, a Associação referida, conseguiu já a certificação de Denominação de Origem Protegida (D.O.C.) desta carne, o que veio valorizá la e aumentar a sua procura. É desta carne que se faz o afamado prato “Posta à Mirandesa”. A agricultura está também a abandonar muitas terras, principalmente as marginais, a favor da florestação de produção (carvalho, castanheiro, cerejeira, pinho, freixo) que tem vindo a ser gradualmente fomentada e apoiada com programas governamentais específicos financeiramente atraentes. Dentro da silvo pastorícia, a actividade cinegética tem vindo também a crescer. A base industrial do concelho apresenta um peso relativamente baixo, se bem que tenha vindo a evoluir em sentido positivo. As unidades existentes situam se nas áreas da construção civil (construção em si/todo o concelho com predomínio para Miranda, Sendim, Palaçoulo e Paradela), inertes (Palancar, Vila Chã da Braciosa e Silva), fábricas de blocos de cimento (Malhadas, Palaçoulo e Sendim), manilhas (Sendim), corte e transformação de granitos (Pena Branca, Duas Igrejas e Sendim); serração de madeiras (Naso e S. Martinho); carpintaria (Sendim, Miranda, Malhadas, Duas Igrejas, Palaçoulo, Cicouro, Genísio, Picote, Naso); serralharia (Malhadas, Miranda, Sendim, Pena Branca, Palaçoulo, Águas Vivas, Palancar, Aldeia Nova); da transformação de produtos agrícolas (Adega Cooperativa Ribadouro e outras privadas Sendim), pecuários (matadouro Miranda do Douro) e enchidos (Águas Vivas); do turismo: hotelaria e restauração (Miranda do Douro, Sendim e Palaçoulo); da panificação (Miranda do Douro, Malhadas, Duas Igrejas, Palaçoulo, Pena Branca); das cutelarias e tanoarias (Palaçoulo) e tipografia (Palaçoulo e Sendim). Integrado na Região de Turismo do Nordeste Transmontano e no Parque Natural do Douro Internacional, o concelho de Miranda do Douro possui potencialidades óptimas para o desenvolvimento do turismo, para o que conta já com 363 camas de qualidade. Essas potencialidades turísticas começam a ser desenvolvidas e passam pela oferta de: Hospitalidade das suas gentes; Ambiente paisagístico e natural preservados; Flora e fauna ricas; Caça turística ou desportiva (caça e pesca); Percursos fluviais, pedonais, cicloturísticos, todo o terreno, a cavalo, etc.. Qualidade da gastronomia (posta à mirandesa, costeleta de cordeiro churro mirandês; enchidos regionais: butelo, salpicão, chouriça, alheira, chabiano; doçaria: bola doce mirandesa, roscos, cavacas, çodos, etc.; Tradições, folclore, artesanato, sabedoria e teatro popular ímpares; Património histórico monumental único em Trás os Montes (onde se destaca o Centro Histórico da sede de concelho, de características medievais, bem preservado) de que valerá registar os imóveis classificados.
Domingos Raposo


MONUMENTOS NACIONAIS

Castro de São João das Arribas em Aldeia Nova, freguesia de Miranda do Douro, classificado por Decreto de 16 06 1910; Sé de Miranda do Douro, classificada por decreto de 16 06 1910. Z.P D.G., 2.a Série n.° 185, de 09 08 1957; Conjunto da Barragem de Picote, em vias de classificação no ano de 2002.


IMÓVEIS DE INTERESSE PÚBLICO

Abrigo Rupestre da Solhapa, termo da freguesia de Duas Igrejas, classificado por Decreto n.° 28/82, de 26 02 1982; Castelo de Miranda do Douro, classificado por Decreto n.° 40361, de 20 10 1955. Z.P. D.G. , 2a. Série n.° 185, de 09 08 1957; Cruzeiro de Malhadas, Largo da Veiga, classificado por Decreto n.° 40361, de 20 10 1955; Igreja Paroquial de Malhadas, Rua da Igreja, classificada por Decreto n.° 39521, de 30 01 1954.
Sendo este concelho unia catedral de cultura de incomensurável valor, que o isolamento ajudou a manter, achamos ser um dever salientar, embora por falta de espaço em forma de flash, alguns dos vectores da sua especificidade.


MUSEU DA TERRA DE MIRANDA

Este Museu foi fundado em 1982 pelo Padre António Maria Mourinho. Está situado no Centro Histórico da Cidade de Miranda do Douro, na Praça D. João III, na antiga Domus Municipalis, edifício monumental do século XVII que serviu de Câmara e de Cadeia Municipal até aos anos 70 do século XX. O edifício é um imóvel de interesse artístico. No seu interior está exposto um acervo museológico variado que nos transmite o que foi e ainda hoje é a vida rústica e a cultura dos povos da Terra de Miranda, desde os tempos pré históricos aos nossos dias. Vocacionado para recolher, preservar e expor elementos de carácter cultural, etnográfico e artístico desta região, o Museu está dividido em onze salas. Recolhe uma amostra da vida dos povos da Terra de Miranda, mas toda a região é um Museu vivo, de características únicas e cultura própria, bem expressa na língua da nossa gente (o mirandês), nas danças e na música, no teatro e na religiosidade popular, na gastronomia, nas formas de economia e na maneira de ser deste povo que vive do campo e da pecuária. Actualmente, as salas estão assim distribuídas: 1. Arqueologia e história; 2. Artefactos da lã e do linho; 3. Quarto de dormir; 4. Sala das armadilhas; 5. Sala do traje; 6. Sala das alfaias agrícolas; 7. Sala das figuras rituais do solstício de Inverno; 8. Sala dos ofícios; 9. Sala da cozinha; 10. Sala de exposições temporárias; 11. Sala da vindima e do vinho.

FOLCLORE

PAULITEIROS E DANÇAS MISTAS: O folclore mirandês apresenta grande riqueza e beleza. É constituído por danças mistas (dançadas por homens e mulheres ao som de acompanhamento musical gaita de beiços, gaita de foles, flauta, pandeireta, adufe, ferrinhos, bombo e caixa ou de um coro que canta em mirandês com ou sem acompanhamento musical) e pela dança de paus (apenas masculina), que apresenta características históricas e coreográficas “sui generis”. É formada por oito dançadores, 4 guias e 4 peões. Terá nascido no centro da Europa (região da Transilvânia) na 2.a idade do ferro, como dança de espadas, espalhando se em seguida pela Europa Central, Alemanha, Escandinávia, Ilhas Britânicas, Balcãs e Península Ibérica, tendo se conservado viva, até aos dias de hoje, neste recanto do país. O historiador romano Plínio faz já referência a estas danças de espadas no século I, no seu livro “De Germania”. Também o geógrafo latino Estrabão aponta que os Celtiberos ribeirinhos do Douro, aqui na Península Ibérica, se preparavam para os combates com danças guerreiras, para militares, e trocaram as espadas por paus (de 0,45 cm de comprimento) para facilitar a dança. Os romanos, suevos e visigodos conservaram nas nas suas festas agrárias de fertilidade, para celebrarem a feliz recolha dos frutos e cereais e a passagem dos solstícios do Verão e do Inverno. A sua rusticidade milenária e alguma função de fertilidade e sagração da Primavera, impuseram-na à tolerância da Igreja Católica que, a partir do século X, a manteve nas suas festas, facilitando a sua sobrevivência. Segundo alguns autores, é defensável que se veja nos trajos actuais uma reminiscência do fato militar greco romano, estilizado pelos séculos. António Maria Mourinho, no “Cancioneiro Tradicional e Danças Populares Mirandesas, 1984 I volume pág. 465”, atesta isso mesmo acrescentando que o chapéu enfeitado significa o capacete militar; o colete sobre os ombros e as costas, a couraça e a capa militar romanas; as saias com os lenços em tiras, o ságum militar romano, sobrepondo-se-lhes uma cintura que era de correias múltiplas em volta dos quadris pendentes até por baixo dos joelhos. As meias de lã branca são listadas de preto; as botas grossas de cordovão. Ao toque da gaita de foles que comanda o exercício de todo o conjunto, acompanhada de caixa de guerra e bombo, ou de flauta pastoril e tamboril como acontece em Constantim, executam os dançadores um conjunto de danças diferentes chamadas lhaços que podem ir à meia centena com letra de temas variados (apenas quatro a não possuem), música e coreografia próprias. Percorrem as povoações por altura das festas religiosas dos santos padroeiros para recolher as esmolas, participam nas procissões e em festivais nacionais e internacionais, tendo levado já o nome de Miranda e Portugal a todos os continentes e ganho distinções de craveira como o Prémio Europeu de Arte Popular que granjeou, em 1981, o Grupo de Pauliteiros de Duas Igrejas, fundado e dirigido pelo grande investigador e folclorista mirandês, António Maria Mourinho. Volvidos alguns anos, a falta de gaiteiros ameaçou seriamente esta dança, problema recentemente suplantado com a implementação de cursos específicos (organizados pela Coordenação Concelhia do Ensino Recorrente e Educação Extra Escolar, pelas Associações Culturais de Palaçoulo e Cércio e pelo Centro de Música Tradicional “Sons da Terra” de Sendim), a que aderiram algumas dezenas de jovens. Dada a dedicação, transmissão de saberes e manutenção desta chama por parte de alguns, bem merecem o estatuto de ilustres: Gaiteiros do Passado Próximo: Tiu Nascimento Raposo; Rui João (Malhadas); Tiu Pepe; Tiu Alexandre Feio, Tiu Abílio Braço (Freixiosa); Tiu Delfim Domingues; Tiu Paulino João (Póvoa); Tiu José João da Igreja (Ifanes). Gaiteiros de Hoje: António Alves (Vila Chã da Braciosa); Manuel Martins “Felício” (Vale de Mira); Paulo Preto, Henrique Fernandes, Dinis Pires, Ana Pires, André Ferreira (Sendim); Angelo Arribas (Freixiosa); Abílio Topa, Paulo Ventura, Alexandre Ventura (Fonte Aldeia); Dezidério Afonso (Especiosa); Célio Pires, Sérgio Martins, Aureliano Ribeiro, Vítor Pires (Constantim); Domingos João, David Falcão (Póvoa); Raul Pires, António André, Hugo Martins, Xavier Rodrigues (Palaçoulo); Tui Pascoal, Ilídio Galego, David Galego, Paulo Calejo (Cércio); José João Gonçalves “Patrício” (São Martinho Angueira); André Alonso, Paulo Gonçalves, Pedro Raposo (Malhadas); Sara Raposo (Miranda do Douro). Construtores de Gaita de Foles Mirandesa: Referidos na rubrica “Artesanato”. Tocadores de flauta (fraita) pastoril do passado próximo: Virgílio Ribeiro (Constantim); Francisco Domingues (Paradela); José Manuel Martins (Aldeia Nova); António Inácio João (Genísio); Tiu Pepe (Freixiosa); José João da Igreja (Ifanes); Jacob Fernandes (Duas Igrejas). Tocadores de flauta (fraita) pastoril do presente: Abílio Topa também compositor (Fonte de Aldeia); Ângelo Arribas (Freixiosa); Aureliano Ribeiro, Célio Pires também compositor (Constantim); Avelino Torrado (Aldeia Nova); Paulo de Jesus Afonso (Especiosa); Paulo Preto (Sendim). Tendo a dança dos paus, vulgarmente designada por “Pauliteiros de Miranda”, o seu habitat próprio nas aldeias do concelho, actualmente encontram se em actividade os seguintes grupos: Grupo de Pauliteiros de Malhadas; Grupo de Pauliteiros de Constantim; Grupo de Pauliteiros de Cércio; Grupo de Pauliteiros de Palaçoulo; Grupo de Pauliteiros de Sendim; Grupo de Pauliteiros de São Martinho; Grupo de Pauliteiros de Fonte de Aldeia; Grupo de Pauliteiros de Duas Igrejas; Grupo de Pauliteiros de Granja Silva; Grupo Folclórico dos Professores do Planalto Mirandês (Pauliteiros e Danças Mistas). Mas, para além do folclore, no panorama musical do concelho existem outros grupos e/ou Associações com grande vitalidade: Associação Filarmónica Mirandesa (Miranda do Douro); Galandum Galundaina (Grupo de Música Tradicional Fonte Aldeia); Gaiteiros de Ia Raia (Constantim); Gaiteiros “Sons de Ias Arribas” (Freixiosa); Pica Tomilho (Grupo de Rock mirandês Sendim); Sangrisulta (Canta em mirandês Sendim); Arzinales (Canta em Mirandês Sendim); Núcleo (Música ligeira Sendim); Midnes (Música ligeira Sendim); Triângulo (Música ligeira Sendim); Organista Vítor Arribas e João Pereira (Barrocal do Douro).

ARTESANATO: As artes tradicionais tiveram sempre nesta terra grandes pergaminhos, como testemunha a dança dos Pauliteiros num dos seus laços:

“Quiero daprender un oufício
Que mantenga sou senhor
Daprender a ferreirico
Carpinteiro ou cardador”.

Todavia, enquanto algumas morreram, outras conseguiram sobreviver, ocupando hoje cerca de quatro dezenas de pessoas, embora só uma minoria execute a arte a tempo inteiro fazendo dela ganha pão. As restantes fazem no a tempo parcial como complemento da economia familiar. Os seus mais lídimos representantes são: Tecelagem: Isabel Fernandes, Matilde de Jesus Neto (Águas Vivas); Glória Morais (Granja de Silva); Ana Maria Fernandes, Laura Fernandes, Paula Correia (Duas Igrejas); Fátima Lucas, Arminda Fernandes, Leonor Miguel (Póvoa); Ana Pires, Fátima Xastre, Lucinda Xastre, Irene Castro César, Elisa Salgado (Sendim). Cestaria: Francisco Fernandes (Póvoa); Marcolino Fernandes (São Martinho); Elisa Pino, Clotilde João, Giolanda São Pedro (Águas Vivas); Mário Neto (Genísio); Eduardo A. Fernandes (Palaçoulo). Latoaria: Adérito Meirinhos (Granja de Silva); Manuel Felgueiras, Cisnando Chumbo (Sendim). Trajos regionais: Aureliano Ribeiro (Constantim); Maria Suzana de Castro (Sendim); Palmira Pires Falcão Peres (Sendim). Instrumentos musicais: Ângelo Arribas, José Preto (Freixiosa); Célio Pires (Constantim); António Raposo, Ernesto Porto, Porfírio Fernandes (Miranda do Douro); Manuel Martins (Paradela); Ilídio Galego (Cércio); Francisco Cangueiro (Palaçoulo); Manuel Felício (Vale de Mira). Artigos em relevo e outros (madeira): Domingos Nobre (Sendim); Francisco Cangueiro (Palaçoulo); José Alves, Porfírio Fernandes, António Raposo, Ernesto Porto (Miranda do Douro); Manuel Calejo (Cércio); Manuel Martins (Paradela); Abel Antão, Domingos A. Meirinhos (Genísio); João Pedro Luís (Aldeia Nova); Abílio Ferreira (Sendim); Felisbel Torrado (Pena Branca); Domingos Esteves (Ifanes). Trabalhos em Ferro (facas e outros): Veríssimo António Pires (Miranda do Douro); Tibério Delgado (Genísio); Domingos do Nascimento Martins, Américo Castro, Balder Castro, Raúl Pires (Palaçoulo). Artigos em palha e colmo: Francisco dos Reis Moreira (Aldeia Nova). Meias de lã: Maria Filomena Gomes, Maria Augusta Morgado (Aldeia Nova); Inês Torrado (Pena Branca). Rendas e Bordados: lida Luís Afonso (Miranda do Douro); Elisabete Falcão (Sendim).

O TRAJO

CAPA DE HONRAS MIRANDESA: Numa terra onde os campos são rasgados com o suor dos corpos, onde o clima toca os extremos do frio e do calor, o homem criou a sua maneira de vestir, os seus trajos simples e belos, artesanais e domésticos, feitos à base dos recursos locais, o linho e a lã (burel). Entre eles sobressai a CAPA DE HONRAS MIRANDESA, feita de lã, fiada, urdida, tecida e pisoada. Deve ter origem na capa de “Asperges” gótica, de raiz medieval de algum mosteiro leonês. É parecida com a capa de burel de Aliste mas mais rica e mais solene. Como refere Benjamim Pereira “vemos em Terras de Miranda numa categoria à parte a Capa de Honras, em burel, a mais nobre peça do nosso trajo popular, de capuz, honra e aletas, com aplicações recortadas e ponteadas, em cuja confecção se chegavam a gastar sessenta dias e mais”. De cor castanha, fabrico caseiro, ainda hoje se confecciona, em Constantim Aureliano Ribeiro, em Freixiosa José António Valentim, em Sendim Maria Suzana de Castro e Palmira Pires Peres Falcão, e é utilizada por individualidades em actos solenes e por pastores e lavradores desta região transmontana, principalmente no Inverno. De notar que o cabeção, “honra”, pala, orlas das abas e da racha, atrás, são ornadas com aplicações de burel finamente recortadas, cosidas à mão sobre um fundo intermédio de tecido de lã preta. O cabeção e a honra rematam em franja. A pala do capuz é debruada por uma barra de tecido de lã preta. O nome “HONRA” advém lhe da orla que pende do capuz para as costas que é muito trabalhada. Antigamente as pessoas com um estatuto social mais elevado, “mais ricas”, usavam as capas mais trabalhadas (de 60 dias), os pastores e agricultores as mais simples, que levavam menos tempo na confecção. Hoje verifica se grande procura por pessoas de fora e autóctones, o que vem confirmar a admiração por esta preciosidade do artesanato português. Não é por acaso que em 1992 ganhou o 1.° Prémio Nacional de Artesanato (Artesão: Aureliano Ribeiro).


FEIRAS, FESTAS E ROMARIAS

Profundamente enraizadas nas tradições e costumes do povo, as feiras, festas e romarias, pólos aglutinadores de convívio, continuam a realizar se no concelho de Miranda do Douro. E se as feiras, locais abastecedores e de escoamento de produtos, esmoreceram na sua vitalidade com a perda do mercado do gado bovino, provocada pelas doenças contagiosas aparecidas nestes animais nos últimos anos, as festas e romarias, símbolo de devoção, culto e diversão, onde sagrado e profano convivem, elas continuam a realizar se (mantendo marcas ancestrais de muito valor, bem como de modernidade), no seu calendário usual, pelo que passamos a enumerar as mais significativas. Assim, realizam se mensalmente as seguintes feiras: Dia 01 Miranda do Douro; Dia 08 Malhadas; Dia 15 Duas Igrejas; Dia 22 Naso/Póvoa; Dia 27 Palaçoulo. Anualmente na 1 ª segunda feira de quaresma Miranda do Douro (conhecida pela Feira dos Burros). Último Domingo de Abril Constantim (Feira Internacional Nossa Senhora da Luz ou São Marcos); 24 de Junho Miranda do Douro (Feira, exposição e concurso localmente chamado prémio de gado bovino da raça mirandesa); 2.a semana de Agosto Miranda do Douro (FAMIDOURO, Feira das Actividades Económicas); 3.a semana de Agosto Miranda do Douro (Feira de Artesanato); 06 e 07 de Setembro Naso / Póvoa (dia 06 gado asinino, dia 07, gado bovino e ovino); 30 de Outubro Sendim (Feira do Grades / Gorazes gado asinino e equino feira franca).

FESTAS: 01 de Janeiro Vila Chã da Braciosa (Festa da Velha ou do Menino Jesus); 06 de Janeiro São Pedro da Silva (Festa das Claras); 20 de Janeiro Malhadas, Paradela e lfanes (Festa de São Sebastião); 23 de Janeiro Palaçoulo (Festa de São Sebastião Festa dos Chouriços); 1.° Domingo de Maio Aldeia Nova (São João das Arribas); 1.° Domingo de Maio São Pedro da Silva (Nossa Senhora do Rosário); 03 de Maio São Martinho de Angueira (Santa Cruz); Penúltimo fim de semana de Agosto Miranda do Douro (Santa Bárbara); 02 de Setembro Palaçoulo (Nossa Senhora do Rosário); 11 de Novembro São Martinho de Angueira (São Martinho); 24 de Dezembro Miranda do Douro (Festa dos Rapazes/acarrejo da lenha para a Fogueira do Galo, do campo para a Praça da Sé); 26 de Dezembro Duas Igrejas e Póvoa (Festa de Santo Estêvão/Festa dos Casados); 27 de Dezembro Duas Igrejas e Aldeia Nova (Festa de São João/Festa dos Solteiros); 27 a 29 de Dezembro Constantim (Festa do Carocho e da Velha/dos Rapazes São João Evangelista). Romarias: Domingo de Ramos Duas Igrejas e Cércio alternadamente (Sete Passos); Último Domingo de Abril Constantim (Nossa Senhora da Luz); 1.° Domingo de Junho Fonte de Aldeia (Santíssima Trindade); 15 de Agosto Duas Igrejas (Senhora do Monte); 07 e 08 de Setembro Naso/Póvoa ( Nossa Senhora do Naso).

A LENDA DO MENINO JESUS DA CARTOLINHA: Há na região mirandesa história, nobreza, lendas, tradições, pergaminhos. E, dessas lendas, uma, a do “Menino Jesus da Cartolinha”, imagem ex libris da Cidade de Miranda, que se encontra em altar próprio no braço direito do cruzeiro da Sé Catedral de Miranda do Douro, merece especial atenção. Como nos conta Artur Carlos Alves (in Cadernos Históricos Mirandeses/I Retalhos de História, Edição do Autor, Miranda do Douro, 1978, pp. 23 24), “é da lenda que em casos de perigo, estando a praça cercada, ele era passeado pelas muralhas e que a guarnição se portava com tal heroísmo, que só a traição a vencia. E a sua indumentária? Eis a lenda que tantas vezes ouvi a meu pai. Estávamos em guerra (Sucessão de Espanha) e a praça cercada. Na cidade vivia um jovem oficial que estava noivo e com o dia marcado para o casamento. Na defesa, morre esse jovem que teria à sua frente uma brilhante carreira militar. A noiva, então, faz a promessa de lhe honrar a memória. Como? Oferecendo ao Menino a farda correspondente aos postos que seu noivo iria conquistando, se vivo fosse. Os mirandeses são crentes e tanta fé têm no seu Menino que, ainda hoje, exclamam em momentos de aflição: Ai, meu Menino!… Outra tradição, diz nos que encontrando se Miranda cercada por tropas espanholas, numerosas e bem armadas, à guarnição, que bem se defendia, vão faltando munições e mantimentos. Não aparecem reforços, a defesa vai fraquejando. Pensa se numa rendição. Então, sem se saber como nem de onde, um Menino desconhecido aparece correndo pelas ruas gritando “às armas!” com tal voz de comando que, guarnição e habitantes como que levados por força prodigiosa, atacam o inimigo e desbaratam no. A praça de guerra está salva. Procura se o menino prodígio, querem homenageá lo, honrá lo, mas não o encontram. Como aparecera assim desapareceu. Fora um milagre do Menino Jesus”.
Domingos Raposo

FESTAS SOLSTICIAIS NA TERRA DE MIRANDA: Uma das tradições mais interessantes da Terra de Miranda são as festas rituais do Solstício de Inverno. São festas tradicionais antiquíssimas cuja origem se perde muito longe no tempo. A nossa gente da Terra de Miranda celebra ainda hoje todas estas solenidades com a originalidade e vivência. Começam estas festas pelo dia de Santa Luzia. Como o nosso povo diz “no dia de Santa Luzia mingua a noite e cresce o dia. Mas a força das festividades começa no dia 24 de Dezembro com as fogueiras do Natal e com as trovas entoadas à volta das mesmas. Em Duas Igrejas e Sendim o dia de Santo Estêvão era o dia dos casados. O dia de São João era o dia dos solteiros. Em Duas Igrejas estas festas ainda se conservam. Em Sendim já não se fazem, mas nesta povoação, o dia 27 de Dezembro era o dia das Escapadas, ou despedida do ano velho. Em Constantim ainda se faz com toda a originalidade a festa dos Rapazes no dia 28 de Dezembro. Um grupo de pauliteiros acompanhados pelo Carocho e a Velha percorrem as ruas da povoação pedindo esmola e recolhendo salpicões, linguiças, pés e orelhas de porco para fazer a ceia comunitária no dia 29 na qual participam todos os habitantes da povoação e mais os convidados de outros povos. Havia nestes dias os ritos de iniciação e de passagem para a mocidade entre os rapazes, a partir dos catorze anos. É muito interessante a maneira como o Carocho mascarado desempenha o seu papel durante o peditório. Esta festa tem chamado a Constantim muitos turistas e investigadores antropólogos nacionais e estrangeiros. Em Vila Chã de Barciosa celebra se a festa da Velha no dia primeiro de Janeiro. Aparece também a figura da velha e do carocho enfarruscado, com vestuário de borel ,com um rosário de bolhacas ao pescoço, com uma cajata carregada de bexigas e uma cruz de cortiça queimada ao peito com a qual vai marcando todas as moças que encontra no caminho e com a cajata fustiga a criançada que se mete com ele. Vai pedindo esmola que depois reverte em favor da festa do Deus Menino. Também na povoação de S. Pedro da Silva restauraram a festa de Ia Bielha, Ia Galdrapa e do Beilador. São três figura rituais que aparecem no dia de Santa Luzia, dia 13 de Dezembro. O velho já corcunda é um rapaz de barba grande, gorra preta e óculos de cortiça. Veste calças e jaqueta de pardo e uma camisa escura. Na mão traz uma cruz de cortiça queimada que dá a beijar às pessoas que tisna com malícia. As botas são de bezerro. Ao pescoço traz uma bota de vinho da qual bebe para matar a sede. Leva uma cajata para se encostar quando começa a estar bêbado. A Galdrapa é um rapaz vestido de mulher. Traz uma saia feita de lenços antigos toda espampanante e uma blusa branca e nas costas um lenço que serve de xaile. Na cabeça traz um lenço e uma algibeira pendurada na cintura para meter nela as esmolas que recebe. Também traz estaca na mão onde pendura as chouriças que rouba ou lhe oferecem. Na outra mão traz um pau carregado de bexigas cheias de vento. Com elas vai fustigando a garotada que encontra. O Bailador é um rapaz com chapéu enfeitado, bigode, jaleco preto, camisa e calças brancas, polainas e sapatos baixos. A bailadeira é também um rapaz vestido de mulher, com saia de pregas blusa branca e xaile nas costas. Calça meias finas e sapatos altos. Na cabeça usa um lenço de várias cores. Estes dois bailadores vão dançando, pela rua ao toque da gaita de foles, caixa e bombo ao mesmo tempo que dão a volta à povoação com o velho e outros acompanhantes. O Velho embebeda se e a certa altura cai. A Galdrapa bate no velho por se ter embebedado. O Bailador e a bailadeira deixam de dançar para a cudir ao velho. Ao acabar a volta à povoação toda a gente vai à missa e depois da missa faz se o leilão das chouriças e mais coisas que se recolheram na volta e, depois do almoço, a festa continua pela tarde fora. Todos estes festejos estão ainda vivos em toda a Terra de Miranda no período que vai do dia 13 de Dezembro ao dia 20 de Janeiro. São rituais gentílicos que aqui permaneceram. São rituais de fertilidade e fecundidade, ritos de passagem, de iniciação, mitos de eterno retorno.

A LÍNGUA MIRANDESA: A língua mirandesa tem raiz latina e pertence ao domínio linguístico asturo leonês. Viveu durante séculos, como o povo que a fala, isolada, ensimesmada, em condições de existência muito particulares, segregada do convívio do resto de Portugal, essencialmente por razões geográficas e de esquecimento do poder central. Por outro lado, manteve sempre estreitas ligações com Leão através dos contactos múltiplos e contínuos de pastores, boieiros, ceifeiros, peregrinos, comerciantes que facilitaram a vivência da língua e cultura comuns, servindo mesmo o rio Douro, apesar das suas margens abruptas, não como uma fronteira, não como um obstáculo mas como um elo de ligação, de comércio, atestado pelos testemunhos dos contrabandistas. É falada numa área de aproximadamente 500 km2, no extremo nordeste português, em Terras de Miranda, nos concelhos de Miranda do Douro e Vimioso por alguns milhares de pessoas, e estende a sua influência, principalmente aos níveis fonético e lexical, a alguns concelhos vizinhos (Mogadouro, Vimioso, Macedo de Cavaleiros, Bragança). Em épocas anteriores terá sido falada numa área mais vasta (em todo o Concelho de Miranda do Douro; nas aldeias de Serapicos, S. Joanico, Vale de Frades, Avelanoso, Uva, Mora e Caçarelhos do Concelho de Vimioso; e em Urrós, Bemposta, Brunhosinho, Sanhoane do Concelho de Mogadouro como referem os investigadores José Leite de Vasconcelos e António Maria Mourinho. Será importante notar que apesar de ser falada numa área pequena, apresenta algumas variações dialectais, o que não pondo em causa a unidade da língua, é até enriquecedor mas também polémico, principalmente, quando se pretendem estabelecer consensos na uniformização da escrita. José Leite de Vasconcelos e António Maria Mourinho estabeleceram neste caso, três variedades do mirandês: o central (com maior amplitude), o raiano e o sendinês. Com o seu habitat próprio numa sociedade baseada numa economia de subsistência, de fundo agro pecuário e espírito comunitário, funcionou sempre como o melhor e mais eficaz meio de comunicação: o mais expressivo, harmónico e afectivo cumprindo a nobre função de unir a comunidade. “Língua do campo, do trabalho, do lar e do amor entre os mirandeses”, como a definiu José Leite de Vasconcelos em 1900, atravessou os tempos através da via oral, de pais para filhos, servindo de suporte e dando voz a uma cultura herdada e que se foi criando e assimilando ao longo de milénios. É, pois, a língua mirandesa que dá nome às coisas, aos lugares, que informa e dá expressão aos laços dos Pauliteiros, às histórias e às cantigas, às lendas, ao adagiário, às representações teatrais populares, às manifestações rituais de origem pré cristã (como a “Dança da Velha de Vila Chã”, a do “Carocho e da Velha de Constantim”, a da “Galdrapa de São Pedro”), às fórmulas de tratamento, às formas de cultivo tradicionais, da preparação e confecção do linho e da lã, etc., etc. Todavia, com as transformações sociais em curso no mundo rural, perderam se, na Terra de Miranda, alguns veículos privilegiados de transmissão da língua e da cultura: os serões, os fiadeiros, as limpas do cereal, etc., etc. Vivendo, nos dias de hoje, numa situação de diglossia com o português, o mirandês é usado em casa com a família, entre vizinhos e amigos, entre aldeias, como língua afectiva, informal, nas relações usuais do dia a dia; o português utiliza se nas relações formais, nas instituições e com gente estranha. Encarado, ao longo dos tempos, como dialecto no sentido depreciativo, como língua caçurra, charra e palhantre, desprestigiante, sinal de atraso e subdesenvolvimento o mirandês começou a regredir, a retroceder em benefício do português considerada a língua grave, fidalga, graúna, símbolo de ascenção social, prestígio e estatuto, ambições de todo o ser humano. Este processo de erosão encontra o seu fundamento no combate proferido por gente letrada que veio para Miranda do Douro ocupar cargos administrativos e religiosos, em meados do século XVI, por altura da criação da sua Diocese e da sua elevação a cidade e na ridicularização imposta por trabalhadores doutras zonas do país que afluíram a Miranda, nas décadas de 50 e 60 do século XX, para a construção das barragens hidro eléctricas de Picote e Miranda. Mas o primeiro a contribuir para a defesa do mirandês foi um não mirandês, José Leite de Vasconcelos, que, em 1882, revelou a sua existência ao mundo, referindo “O Português não é a única língua falada em Portugal. Fala se aqui também o mirandês”. Para além disso, José Leite de Vasconcelos lança uma primeira base de escrita, escreve, traduz, publica estudos, onde sobressaia obra em dois volumes “Estudos de Philologia Mirandesa”, verdadeira Bíblia do Mirandês. O processo literário encetado por José Leite de Vasconcelos depressa arranjou novos adeptos. Entre esses, destacaram se em finais do século XIX, Albino Morais Ferreira, Ferreira Deusdado, Bemardo Fernandes Monteiro, o abade Manuel Sardinha, Trindade Coelho. No século XX, destacou se, aos níveis da investigação, da escrita e da recolha, António Maria Mourinho. Apesar de todos os ataques, de todas as desconfianças, de todas as transformações sociais, económicas, comunicativas e da forte pressão das línguas em contacto, o mirandês não só não morreu como conseguiu ganhar fôlego e outro estatuto. E o “take off’ desse processo, iniciou se na década de 80 do século XX, mais precisamente em 1985 com a criação do ensino nas Escolas Preparatórias do Concelho, cujo projecto o autor destas linhas fundamentou e agarrou, desde o início, com alma e coração e no qual tem posto todo o empenho. Daí irradiou toda uma dinamização tanto ao nível interno como externo: despertou o interesse na opinião pública, nos meios universitários e políticos; originou um movimento de rejuvenescimento do uso da língua; despertou a consciência linguística das pessoas, causando um impacto extremamente positivo. Daí nasceu a necessidade, para o que se lançou o repto, de elaboração de uma norma escrita (que não existia) simples, clara, unitária que favorecesse o seu ensino, e pudesse, mais eficazmente, fixar e divulgar a língua. A Convenção Ortográfica surge na década de 90 (em 1995 como proposta e em 1999 como documento a seguir) envolvendo representantes de todas as variedades da língua e linguistas dos Centros de Linguística das Universidades de Lisboa e Coimbra, a quem esta terra muito deve. A Convenção favoreceu o aparecimento de uma nova e florescente literatura mirandesa. Na senda da projecção do Mirandês, surge o processo de oficialização em (17 de Setembro) 1998, que lhe veio trazer maior prestígio, afirmação e vitalidade. (Oficialização consignada na Lei 7/99 de 29 de Janeiro). Em seguida, o Ministério da Educação, regulamenta o seu ensino no sistema oficial através do despacho normativo n° 35/99, de 20 de Julho. Ensino que em 1999 é alargado à Universidade de Trás os Montes e Alto Douro, em regime de Curso Livre (Vila Real), integrando, para além disso, o curriculo do Curso de Antropologia Aplicada ao Desenvolvimento em 2002 (M. do Douro). Em 2000 chega ao 1.° e 2 ° ciclos em Sendim e à Casa de Trás os Montes em Lisboa, promovido pela “Associaçon de Lhéngua Mirandesa”. A partir dos anos 80, a coincidir com o despertar de uma consciência regionalista que se verificou na
Europa, houve um reconhecimento do valor da língua por parte de muitos dos seus falantes e um maior interesse pelo seu estudo. Com vista ao desenvolvimento interno e externo do Mirandês, formou se informalmente o GELM (Grupo de Estudos da Língua Mirandesa). No seio do GELM saíram já a criação do dia da língua (celebrado pela primeira vez em Julho de
2001), a publicação de algumas obras literárias, a criação de um site de informação permanente (wwwmirandes.no.sapo.pt), etc, etc. De toda esta dinâmica, cria se um programa semanal de Rádio (a emitir desde 7 de Novembro de 2001 na Mirandum FM 100.1 e Brigantia FM 97.7), passa se a utilizar por instituições na toponímia, em cartazes, convites, cartões de boas festas, escrituras públicas, rótulos de vinhos, teatro popular, etc. e por pessoas em convites para baptizados, epitáfios, cartas, etc. Ao contrário do que acontecia ontem, o Mirandês hoje ganhou estatuto, é estudado e apetecido por pessoas letradas e de estratos sociais elevados, dentro e fora do seu meio. Todavia, continua ameaçado sofrendo pressões e influências tremendas do português, do castelhano e de todo o desenvolvimento. Por essa razão se justifica a tomada de medidas que o prestigiem e promovam como a sua inscrição no Bureau Europeu das Línguas Minoritárias (já aceite neste momento) e a sua inscrição na Carta Europeia das Línguas Minoritárias; o alargamento do ensino a todas as escolas do concelho e dotação dos respectivos auxiliares didácticos (manuais, dicionários, gramáticas…); campanhas de sensibilização e cursos de Educação de Adultos; incentivos para a criação literária; sensibilização para uma maior utilização pública (ementas de restaurantes, toponímia, etc., etc.); intercâmbios e troca de experiências com outros idiomas, etc. Melodiosa e harmónica, a Língua Mirandesa começa a ser cultivada literariamente por adultos e alguns jovens. Fica o exemplo do poema (1 °Prémio/Poesia/escalão até 14 anos, no Concurso Literário, promovido pela Câmara Municipal de Miranda do Douro no Ano Europeu das Línguas em 2001) da jovem Sara Isabel Raposo.
Domingos Raposo Licenciado em História. Docente do 2.° Ciclo, a exercer as funções de Coordenador Concelhio do Ensino Recorrente e Educação Extra Escolar em Miranda do Douro. Colaborador da Universidade de Trás os Montes e Alto Douro

In iii volume do Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses,
coordenado por Barroso da Fonte, 656 páginas, Capa dura.
Editora Cidade Berço, Apartado 108 4801-910 Guimarães – Tel/Fax: 253 412 319, e-mail: ecb@mail.pt

Preço: 30 euros  
(C) 2005 Notícias do Douro

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