Concelhos

Mirandela

Localização e História

Mirandela é um dos 12 concelhos do distrito de Bragança, a norte do rio Douro, fazendo fronteiras com os concelhos de Vila Flor para sul e nascente, de Carrazeda de Ansiães para Sul e Sudoeste, Murça e Valpaços para Oeste, Vinhais para Norte e Macedo de Cavaleiros para Norte e Nordeste. Desde os tempos mais remotos da História que Mirandela foi local Sede dos Paços do Concelho (Palácio dos Távaras) de atracção humana, de passagem de almocreves, viajantes, negociantes e muitos outros tipos de pessoas que se deslocavam para paragens diversificadas nos seus afazeres profissionais. As vias de comunicação parecem ter ali feito passagem obrigatória desde tempos em que a Roma Imperial mandava no Mundo Ocidental. A sua privilegiada colocação num vale abrigado por várias montanhas, como a Serra dos Passos, e por outras elevações como a Freixedinha, Vale de Madeiro, Monte de S. Miguel, captava os interesses de muitos povos pelas terras férteis que ladeavam as ribeiras e rios. Mirandela fica situada junto ao rio Tua, daí lhe chamarem a Princesa do Tua, pois o curso de água dá lhe beleza e encanto que parece ser apanágio de príncipes e princesas. Nasce precisamente após os Rios Tuela e Rabaçal se unirem no lugar da Maravilha, transformando se no rio Tua, afluente da margem direita do Douro. A História de Mirandela é feita no casamento permanente, eterno e fiel com o Rio Tua e suas Ribeiras, das quais se destaca a de Carvalhais e de Vale de Madeiro, sua afluente. Nascendo na margem esquerda, estende se agora pelas duas margens do rio, envolvendo o, aconchegando o, dando lhe mais mimos, mas também beleza e encanto, que, por sua vez, ele retribui com a captação de turismo para a sua beira. Está no coração da Terra Quente Transmontana, a 55 quilómetros de Bragança, 65 de Vila Real, 50 da vizinha Espanha e cerca de 45 do rio Douro. Para além de ficar a 40 de Carrazeda de Ansiães, 35 de Alfândega da Fé, 50 de Torre de Moncorvo e de Chaves, 26 da cidade de Valpaços, das Vilas de Vila Flor e de Murça. O nome de Mirandela poderá ter derivado de Miranda, a que se acrescentou o diminutivo Ela. “El Rei D. Dinis lhe mandou dar o nome de Villa de Mirandella, diminutivo de Miranda”, tudo indicando uma analogia, já que Miranda do Douro está sobranceira ao Douro, como Mirandela, em certa medida, ao Tua. É uma explicação que o padre Ernesto Sales recusa, e aponta cinco povoações com este nome na Península Ibérica: duas em Portugal que são a cidade de Mirandela e a aldeia de Mirandela na freguesia de Bire, concelho de Paredes, e três de Espanha, uma na Províncias de Corunha, outra em Lugo e outra na diocese de Badajoz. Quanto à grafia da palavra “Mirandela” surge de diversas formas: mirãdela, mirãdella, mirandela, mirandella, miramdela, Merendela (nos livros de Chancelaria de D. João III), Myrandela (nas Inquirições de d. Afonso III) e até Mirandelha (no livro 2 de Direitos Reais). Mirandela tem as suas origens bem longínquas, perdendo se no tempo, mas situando se em épocas pré históricas, provavelmente contemporâneas dos primeiros homens na terra. No concelho podemos testemunhar a presença do Homem Pré-histórico, a avaliar pelos vestígios como o chamado Buraco da Pala situado na Serra dos Passos. Nesse Abrigo têm sido encontradas sementes de trigo e aveia, e objectos diversos desse período. Também na Bouça a “Estátua Menir” ali encontrada nos remete para essas épocas. Desde essa altura até hoje nunca mais deixou de haver presença humana nas terras do actual concelho. E são imensos os documentos que vão surgindo demonstrando a passagem de outros povos por cá. Exemplo disso são: a cerâmica e fonte romanas em Vale de Telhas, a Ponte Romana na Ribeira de Carvalhais, ou os abundantes vestígios romanos no Castelo Velho, no S. Martinho, no Prado Pequeno e até no Mourel, termo (Quinta) que muitos investigadores relacionam com os mouros do século VIII e IX. O Padre Carvalho da Costa na Corografia Portuguesa diz “he tradição que este lugar ou Quinta (de Mourel) fora antigamente povoação de Mouros “. A pequena povoação de Mirandela teve assento primeiramente no Monte de S. Martinho, na encosta voltada para o Castelo Velho, perto da Ribeira de Cedães. É contudo após a Formação de Portugal, nos séculos XII e XIII que Mirandela ganha certo prestígio. D. Afonso III dera lhe Carta de Foro em 25 5 1250. Passados três anos, este Rei esteve em Lamas de Orelhão, o que leva a pensar se que poderia também ter chegado a Mirandela. Aliás posição reforçada com o Foral de D. Dinis em 1291. É este rei, anos antes, a 2 de Setembro de 1282, na cidade da Guarda, que faz uma Carta de Transferência da povoação do sítio do Castelo Velho para o Cabeço de S. Miguel onde hoje se encontra. Passando a ser sede de concelho medieval, e dadas as condições agrícolas e geográficas, vai evoluindo conforme as circunstâncias das épocas que atravessava. No numeramento de 1530, ordenado por D. João III estão apontadas as confrontações do concelho, que era “comprido coatro légoas, e ê largo outras coatro”. Fazia fronteira com os seguintes concelhos de então: Frechas, Lamas de Orelhão, Chaves, Monforte do Rio Livre, Torre de D. Chama, Bragança, Sezulfe, Cortiços, Vale de Asnes, Vila Flor. Teria cerca de uma dúzia de freguesias. Até 1835 foram mantidas as seguintes freguesias pertencentes ao concelho de Mirandela: Abambres, Ala, Alvites, Avantes, Brinço, Cabanelas, Caravelas, Carvalhais, Cedães, Cedainhos, Chelas, Contins, Freixeda, Mascarenhas, Miradezes, Mirandela, Pousadas, Quintas, São Salvados, Val de Lobo, Val de Salgueiro, Valtelhas, Vila Nova, Vila verde e Vilar de Ledra. Estas 25 freguesias abrangiam 44 lugares e nove Quintas. Os lugares, além das sedes de freguesia já referidas eram os seguintes: Açoreira, Carrapatinha, ,Freixedinha, Gurivanes, Lama de Cavalo, Mogrão, Paradela, Vale de Couço, Vale de Juncal, Vale de Lagoa, vale de Madeiro, Vale de S. Martinho, Vale de Pereiro, Vale de Pradinhos, Valbom dos Figos, Valbom Pitez, Valongo das Meadas, Vimieiro e Vila Verdinho. As Quintas eram: Carvas, Choupim, Cotas, Barca, Lhorense, Mourel, Vale de Freixo, Vale de Meões e Vale de Sardão. Golfeiras e Bronceda apenas eclesiasticamente pertenciam à freguesia de Mirandela, pois civilmente eram do então concelho de Lamas de Orelhão. É evidente que nessa altura ainda não tinha a extensão que hoje tem. Coexistiu durante muitos anos com os concelhos medievais de Abreiro, Frechas, Lamas de Orelhão, Torre de D. Chama e Vale de Asnes. Teve um passo decisivo para a consolidação do concelho, nos moldes que é hoje, com a Reforma liberal e concretamente após serem extintos concelhos que passaram a integrar o seu espaço. É fruto afinal de populações desses ex concelhos: Lamas de Orelhão, Frechas, Vale de Asnes, Abreiro, Torre de D. Chama. Em 1835 a sua área é ampliada: Abreiro e Frechas são integrados na área do actual município mirandelense. O mesmo acontece em Dezembro de 1853 com Lamas de Orelhão e com eles as freguesias de: Abreiro, Avidagos, Barcel, Cobro, Lamas, Franco, Marmelos, Passos, Navalho, Suçães, Valverde e Vila Boa (extinto pelo dec. De 31 de Dezembro de 1853). A 24 de Outubro de 1855 é enriquecido com o de Torre de D. Chama e com as freguesias: Aguieiras, Bouça, Fradizela, Guide, S. Pedro Velho, Torre de D. Chama, Vale de Gouvinhas, Múrias. Nesse ano a freguesia de Cedainhos foi incorporada no concelho de Mirandela deixando o de Cortiços. Por decreto de 28 de Abril de 1884 a freguesia de Romeu que era do concelho de Macedo de Cavaleiros passa também para o de Mirandela. A 15 de Novembro de 1871 é a vez de Vale de Asnes. Depois, em 1957, Vila Boa é desanexada da freguesia de Franco. Então podemos dizer que Mirandela ficou sensivelmente com a área que hoje tem, com as 37 freguesias e 104 povoações que a constituem. Judicialmente Mirandela, no início, pertencia à Terra de Ledra, uma das circunscrições ou distritos em que o País na altura se dividia. Quando surgiram as circunscrições denominadas Comarcas, ficou na de Trallosmontes (início do século XV). Depois de 1532 foram criadas as comarcas de Moncorvo, (já existia em 1539), Miranda e Vila Real (em 1540) e a de Bragança. Mirandela passou a fazer parte da Comarca e Provedoria de Moncorvo até 18 de Julho de 1835, data em que passou para a área atribuída ao distrito de Bragança. Sob o ponto de vista municipal, e depois de criado o concelho, com autonomia judicial e com pelourinho, havia a Assembleia dos Homens Bons que governava o concelho. Porém, a pouco e pouco o sistema de governo local se foi aperfeiçoando, podendo afirmar se que, antes de 1835 o senado municipal constava, na vila de Mirandela, de dois juizes ordinários, de dois vereadores, de procuradores do concelho, e de escrivão da Câmara. A que eram chamados: a gente da governança. A constituição da Câmara, cujas reuniões se efectuavam na Casa do Concelho, era regulada pela ordenação. Eram também funcionários do concelho os almotacéis, o porteiro do concelho, os quadrilheiros… Nos lugares de mais de 20 fogos havia um Juiz chamado de vintena ou pedâneo, o qual era escolhido anualmente pelo povo, de acordo com os vereadores e o procurador. É no regime constitucional que é criada em cada concelho a Câmara Municipal, composta por um certo número de vereadores que entre si escolhem o Presidente, tendo um escrivão ou secretário. Havia o representante do poder central que era o administrador do concelho subordinado ao Governador Civil do distrito. O 1.° Administrador do concelho de Mirandela foi Francisco Inácio de Cid Melo e Castro, e o seu substituto António Silvério Rodrigues, nomeados por decreto de 2 de Abril de 1836. Em cada freguesia havia uma corporação administrativa, a Junta da Paróquia, e o representante do administrador do concelho que era o regedor. Como se sabe, actualmente, o concelho é administrado pelo Executivo Municipal composto pelo Presidente da Câmara (que é José Silvano reeleito em 2001 pelo PSD) e por mais 6 vereadores, e pela Assembleia Municipal. As freguesias têm a Junta de Freguesia e a Assembleia de Freguesia. No campo eclesiástico pertenceu ao arcebispado de Braga como toda a província transmontana até ao segundo quartel do século XVI. Em 1545 o Papa Paulo III cria a Diocese de Miranda e a vila de Mirandela ficava lhe adstrita. A partir de 1881 todo o concelho pertence ao Bispado de Miranda e Bragança (ou Bragança e Miranda como é actualmente conhecido). Em 1518 foi fundada a Santa Casa da Misericórdia de Mirandela, instituição que nos dias de hoje exerce uma acção social, humanitária, de solidariedade muito importante de apoio às diferentes camadas etárias da população, que incluem o sector do ensino infantil. Ao longo dos tempos o concelho teve momentos importantes, participativos na vida económica, social e política dos diferentes monarcas portugueses e até espanhóis (durante o domínio filipino).
A sua presença e participação, por vezes, foram decisivas. Por exemplo, bate se com valentia em momentos difíceis como as invasões francesas, as lutas liberais, a implantação da República. No Regime Liberal ocupava lugar privilegiado na província, por isso, foram criadas oficialmente na sede do concelho: um distrito de recrutamento e reserva, uma companhia de infantaria, uma carreira de tiro, uma Escola complementar superior masculina e outra feminina, uma subdirecção das Obras Públicas, uma delegação Electrotécnica, Escola de Arte e Ofícios e uma Escola Agrícola. Em 1818 inicia se a construção de um Convento de Religiosos da Santíssima Trindade, que não foi concluído e, em 1835 transformado em propriedade privada, do qual praticamente nada resta hoje, dando origem aos Topónimos Bairro do Convento e Escola do Convento, que entretanto ali se edificaram. A 27 de Novembro de 1887 é inaugurado o Caminho-de-ferro entre o Tua e Mirandela, o que veio trazer um grande desenvolvimento à localidade. Ao entrarmos no século XX e com os republicanos a imporem os seus ideais, Mirandela viveu intensamente as questões sociais e assistenciais locais, reflexo afinal do que pelo País e pelo Mundo já ia sucedendo. É ao longo deste século, que vai ganhando outras estruturas: luz eléctrica, água canalizada e esgotos na Vila, construção do Hospital Distrital, Ponte Eng.° Machado Vaz, oficialização do Liceu Nacional, Escola Técnica, criação da Escola Preparatória e Escola de Agentes Agrícolas. Após o 25 de Abril de 1974 as transformações fazem desenvolver Mirandela que em 1984 passa a cidade, vendo se premiada pela expansão de diversos sectores de actividades económicas e de serviços que se vinha concretizando. Nos últimos anos novos impulsos foram lançados, transformando a cidade num jardim, num local aprazível, numa terra mediática e polarizadora de atenções.

ÁREA GEOGRÁFICA E MORFOLÓGICA

O concelho de Mirandela abrange uma área de 653,80 km2, distribuídos por um território de diferentes e distintas formas de relevo, donde sobressaem os vales férteis de rios e ribeiros que a atravessam, ou as encostas e montanhas mais difíceis e pouco produtivas, aproveitadas para gado, floresta, abelhas e caça. O seu formato é o de uma massa alongada de Norte a Sul ao longo dos vales dos rios Tuela e Rabaçal, e depois o Tua. Encontra se numa bacia depressionária, proveniente das características particulares do relevo uniformemente baixo, por contraposição aos planaltos e serras circundantes. Destaca se a noroeste a Serra da Padrela com 1148 metros, a separar as bacias do rio Tua e Tâmega. A Norte os contrafortes que circundam a Serra da Coroa com 1272 metros. Mirandela situa se num dos pontos mais baixos a 220 metros de altitude. Para Nordeste e Este estão as serras da Nogueira com 1318 metros, e Bornes com 1292, a separar a bacia do Tua dos vales do rio sabor e da Ribeira da Vilariça. No lado Sul e Sudeste estão os planaltos de Vila Flor e Carrazeda de Ansiães. Nos vales formados pelos rios Tua, Tuela e Rabaçal há relevos moles, superfícies planas com alguns montes baixos intercalados de pequenos vales por onde vários ribeiros e ribeiras correm. O solo é numa grande extensão xistoso, mais para sul, com granitos a partir de altitudes superiores a 500/600 metros, mais para norte do concelho. Por isso é terreno propício para a oliveira, amendoeira, vinha e pomares variados com origem mediterrânea. Nas serras a floresta predomina, boa para madeiras, mas para gado e caça. É que o clima é muito semelhante, nas terras baixas, ao do Mediterrâneo, com verões muito quentes, escaldantes mesmo e temperaturas a rondar os 40.°, enquanto que no Inverno é mais frio. No entanto, nas zonas altas chega mesmo a nevar e as temperaturas tornam se muito baixas. Uma característica da zona baixa do vale do Tua é o nevoeiro principalmente nos meses de Inverno. A vegetação natural predominante é o sobreiro, carvalho, pinheiro e choupo (floresta), a esteva, giesta, urze, arçã e carqueja (sub bosque). Na fauna pode se encontrar no seu termo a perdiz, tordo, rola, coelho, lebre, raposa, javali, ou no rio as bogas, barbos, enguias e escalos; e ainda a nível doméstico predominam as ovelhas, cabras, vacas, mulas machos, burros e porcos entre outros.

ECONOMIA

A economia do concelho de Mirandela girou à volta da agricultura e da pecuária, com algum comércio e um artesanato bastante intenso à mistura e à medida das necessidades, durante grande parte dos séculos da sua existência, como aliás quase todas as terras transmontanas. Hoje, no meio rural, ainda é a agricultura a actividade básica da população, o sustento e o lucro para muitos, mantendo ainda processos algo tradicionais, embora se notem muitas mudanças na aplicação de técnicas de cultivo e produção modernas, com sementes seleccionadas, adubos, mecanização e estufas. Terra de muito azeite, vinho, amêndoa, frutas diversas, batata, cereais, hortaliças (as célebres tronchas são especiais), as suas produções não são só para abastecimento local, mas também para outros pontos do país. Porém, temos que registar uma grande mudança na economia do concelho, particularmente motivada pelo desenvolvimento da cidade e zona urbana limítrofe. É após o 25 de Abril de 1974 que se dão essas alterações. Digamos que podem considerar se como percursoras dessas alterações económicas, as actividades agro industriais que o Eng.º Camilo Mendonça pensou em implementar no Complexo Agro-industrial do Cachão uns anos antes da Revolução dos Cravos. O que é facto é que actualmente Mirandela possui um sector de serviços importantes, nomeadamente no domínio do comércio, da indústria, da educação, da saúde, da administração. Mirandela possui um comércio bastante interessante, que ocupa não só a tradicional Rua da República e zona envolvente, mas também áreas de expansão como a Avenida das Amoreiras, a Avenida 25 de Abril em expansão actualmente, mas também já a margem direita do Tua nas imediações do Hospital Distrital. Tem um Hipermercado já com algum volume de Vendas e possui armazenistas de certo valor. Na zona industrial o Ninho de Empresas, várias indústrias desde sofás e mobílias, à panificação e enchidos, passando pela mecânica, serralharias, oficinas de automóveis, stands de automóveis e máquinas agrícolas entre outras. No sector da saúde as clínicas privadas, com diversas especialidades, os consultórios médicos, as 5 farmácias (e brevemente mais duas, uma em Mascarenhas e outra na cidade), o Centro de Saúde e o Hospital Distrital, um centro de Fisioterapia, Laboratórios de análises clínicas e até um Centro de Hemodiálise, são estruturas importantes para o desenvolvimento local. Além das clínicas veterinárias e outros aspectos ligados à saúde. Por sua vez a administração pública e municipal tornaram se polarizadores de muitas centenas de empregos. A Câmara Municipal é a principal empregadora, onde os trabalhos ligados à jardinagem, às obras, aos serviços de águas e outros, representam a esperança de ter trabalho para muitos. Depois são instituições públicas aqui sediadas como veremos na parte dos equipamentos. Mas também Mirandela tem assistido ao desenvolvimento do sector do ensino pois, para além do ensino pré primário (infantil) em muitas das aldeias e na cidade, possui escolas de 1.° ciclo, do 2.° ciclo, do 3.° ciclo, Ensino Secundário e Ensino Superior público e privado. O que faz movimentar a cidade e o concelho, a diversos níveis: desde os transportes, com boas ligações com todo o país e estrangeiro, particularmente rodoviárias, apesar de ainda manter a Linha do Caminho-de-ferro para o Tua, às livrarias, casas de fotocópias, aluguer de habitações, casas de comidas e bebidas. Para se ter uma ideia melhor ainda sobre o desenvolvimento económico de Mirandela, devemos ler a parte relativa a equipamento, turismo, cultura entre outras. É o Turismo que contribui igualmente para o desenvolvimento económico de Mirandela, já que as estruturas criadas nestes últimos 10 ano têm levado a o nome do concelho a várias partes do país e estrangeiro, captando os interessados nesse sector. E a realidade mostra-nos que Mirandela é cada vez mais procurada pelos investidores (na construção de hotéis, restaurantes, habitações) e para os turistas que aumentam todos os anos. A imagem de Mirandela através da comunicação social contribuiu para isso nos tempos da presidência autárquica de José Gama. Os espaços ajardinados, as ornamentações ligadas à cultura do azeite e não só, o Espelho de Água formado pela açude do rio Tua, o repuxo que transforma aquele espaço num mini “Lago de Genéve”, o Comboio Turístico a percorrer a cidade, o metro de Superfície, as actividades culturais, recreativas e promocionais conduzem inevitavelmente a bons frutos turísticos. As potencialidades locais acabam por ser aproveitadas e fazem com que os produtos locais sejam mais procurados, comercializados, como é o caso dos enchidos, queijo, mel, presuntos e outros que só neste último ano viu na cidade aumentado o número de comércios da especialidade de 2 para 8 que se encontram abertos ao fim de semana. A grande Feira/Exposição designada por Reginorde, realizada em Maio de cada ano e com o feriado Municipal a 25 de Maio pelo meio, é um dos melhores certames da zona transmontana a nível comercial, industrial e de serviços, com representações regionais, nacionais e internacionais. A organização tem cabido à Associação Comercial e Industrial de Mirandela, que também tem organizado outros certames, como a Feira da Alheira (gastronomia), a Feira do Automóvel e outras.

ARTESANATO/GASTRONOMIA

Mirandela tem grande riqueza artesanal e ao nível da gastronomia. Exemplos disso são as candeias e azeiteiras de latão, bem como outros objectos de latoaria que ainda se fabricam em Torre de D. Chama e em Vale de Salgueiro, e, mais raramente na cidade. Os Foles em Vale Maior e S. Pedro Velho; artistas de ferraria em Vale Maior; artistas de Pedra em Romeu; miniaturas e bonecos em Mirandela; colchas de linho e lã no Romeu. Mantas de papa ou de trapos decorativos em Lamas de Orelhão; rendas e bordados um pouco por todo o concelho, Cestas em verga em Valongo das Meadas. A nível de gastronomia, é suficiente falar no “embaixador” do concelho: as Alheiras de Mirandela tão apreciadas em todo o país e no estrangeiro. Mas também há outro género de enchidos, desde as farinheiras, as chouriças doces com mel e amêndoa, as chouriças de carne, os salpicões. Os belos presuntos bem curados deliciam quem os consome. Os económicos e outros doces. Os folares da Páscoa.

EQUIPAMENTOS

Mirandela está hoje apetrechada com um conjunto de equipamentos essenciais para o desenvolvimento das suas terras. As infra estruturas básicas chegam já às aldeias, embora ainda haja ainda alguns locais sem saneamento e arruamentos pavimentados. Mas electrificação e água canalizada já chega a todos os cantos do concelho. Para além dos aspectos relacionados com os equipamentos já indicados neste trabalho, devemos referir ainda os seguintes na cidade: várias seguradoras, 2 jornais quinzenais, 1 semanal, 1 rádio, cooperativas, Associação Comercial e Industrial, Associação dos Agricultores do Nordeste, Biblioteca Pública, Museu, Centro Cultural, Casa de Cultura da Juventude, Confraria de Nossa Senhora do Amparo, Agrupamento de Escuteiros de S. Francisco de Assis, Vários conjuntos musicais, 10 Instituições bancárias, PSP, GNR, várias agências Funerárias, mais de 30 Instituições Públicas muitas representantes da Administração Central, como as Conservatórias, Notário, Direcção Regional de Agricultura, mas também 6 sindicatos, Sport Clube de Mirandela, Clube de Caça e Pesca, Associação de Ténis de Mesa, Clube Amador, Comissões Fabriqueiras das 3 paróquias, Casa do Professor, Rotary Club, Lions Clube, Associação Cultural de S. Tiago com o grupo de Bombos e o Rancho Folclórico. Escolas são diversificadas e completam se: Preparatória Luciano Cordeiro, que agora já tem até ao 9.° ano, Secundária de Mirandela até ao 12.° ano com várias áreas, Secundária de Carvalhais, Escola Profissional de Arte (e Música), Dactilografia e Estenografia, Coordenação Concelhia da Direcção Geral de Extensão Educativa, Delegação Escolar, 5 escolas primárias e outros tantos Jardins de Infância (2 da Misericórdia, 1 público e 2 particulares), Instituto Piaget, e Pólo do Instituto Politécnico de Bragança. E também 2 Escolas de Condução e um Centro de Exames de Condução. Tem C.P., estação de Caminhos-de-ferro onde termina agora a Linha do Tua/Mirandela, Terminal Rodoviário e Ferroviário, CTT, Telecom, Táxis, empresas de Camionagem, o Metropolitano de Superfície de Mirandela a Carvalhais, um Mini Comboio turístico. São partes integrantes dos transportes locais que não dispensam os carros particulares, pois não servem muito bem toda a área urbana e suburbana. Aliás, é um problema que urge resolver, pois necessita de uma rede de transportes urbanos mais adequada, bem como uma estruturação das vias de acesso para descongestionar as entradas norte e oeste. Em 1990 havia 261 trabalhadores independentes que não pagavam IRS e 71 de Regime Normal trimestral. Mais de 600 empresários de nome individual isentos, 227 Pequenos retalhistas, 710 de regime normal trimestral, e 124 de regime normal mensal. Sociedades: 1 isenta, 149 regime normal trimestral, e 64 de regime normal Mensal. A nível de monumentos, espaços histórico culturais e turísticos são de referir: o Palácio dos Távoras, agora transformado em Paços do Concelho. Constituía, com a antiga Igreja e edifícios envolventes um belo conjunto arquitectónico e histórico do passado. Resta o Palácio dos Távoras. A Igreja construída de novo, não ficou nada parecida com a antiga. Por sua vez, a demolição da Casa Paroquial e edifícios contíguos, a construção de outros, a Estátua ao Papa, o alargamento da Praça do Município e os jardins, com o Palácio da Justiça à esquerda, o edifício dos CTT mais abaixo e, defronte deste para nascente uma nova construção em que se aproveitaram as cantarias trabalhadas da Casa apalaçada que ali existia e a Capela, também formam um todo agradável de se ver, cheio de alguma beleza, a fazer lembrar o antigo património ali existente. A Zona Histórica estende se até às Amoreiras e até ao Cabeço de S. Miguel onde está a Capela do mesmo Santo e a actual Residência de Estudantes aproveitada bem dum Palacete. O Arco ou Porta de Santo António mais abaixo, a Ponte Românica (como lhe chamam) com seus arcos redondos e ogivais, toda em pedra, e do outro lado o Santuário da Senhora do Amparo, prolongam essa zona histórica da antiga Vila. O Largo onde está a PSP no edifício que foi a Escola Técnica e antigo Paços do Concelho, com o Palácio dos Condes de Vinhais e o seu Brasão, os edifícios e a Igreja da Misericórdia são outro núcleo da História de Mirandela a não perder. Mas há ainda muitos outros pontos de atracção turística e visita obrigatória. As movimentadas ruas da República e D. Afonso III, a Av.ª das Amoreiras (relacionada com a criação importante de bicho da seda em tempos que já lá vão), são locais de concentração comercial por excelência. A Avenida das Comunidades, a 25 de Abril, a dos Bombeiros Voluntários. A Rua da Estação, o Miradouro/Varanda sobre o Tua e o Espelho de Água com as marginais, o Repuxo e a Ponte Açude. Ou ao lado o Parque do Império, onde a Princesa do Tua se sente mais fresca com a água da sua fonte luminosa, e a assistir aos espectáculos que se realizam no anfiteatro ao ar livre ali existente também, naquelas noites dos cálidos dias de verão. Mas também o Centro de Golfeiras, o Metro de Superfície, o Centro Cultural com Biblioteca e Museu,a Capela de S. João, a de S. Sebastião mudada de junto do Estádio de Futebol para o meio do novo bairro que recebeu o seu nome. A Ribeira junto à moagem e a sua deplorável Ponte Romana (velha), esta sim, bem romana. O novo Mercado Municipal, os jardins fronteiriços e laterais com algumas antiguidades estáticas na relva (fica lindo aquele carro de bois e ao lado a dorna). A antiga Escola Primária, a Associação de Socorros Mútuos, as Pontes Nova (Eng.° Machado Vaz) e a do IP4. O edifício do Sport Clube de Mirandela, vários Hotéis e muitas outras estruturas que já se estendem a todo o concelho. É o caso de Restaurantes típicos e regionais em Mascarenhas, Torre de D. Chama, Franco e Cachão.

ASSOCIAÇÕES/COLECTIVIDADES

A força da sociedade mirandelense mede se também pelas colectividades que possui, pelo associativismo que pulsa no seu interior. Neste campo devemos dizer que Mirandela tem um conjunto de associações e colectividades bem representativas da sua dinâmica sócio económica e cultural. Daí indicarmos as seguintes: Associações Culturais e Recreativas de: Abambres, Abreiro, Avantos, Franco, Frechas, Fradizela, Lamas de Orelhão, Mascarenhas, Miradezes, Passos, Rego de Vide, S. Pedro do Vale do Conde, Suçães, Torre de D. Chama, Vale de Gouvinhas, Vale de Salgueiro, Vila Verde, Associação Cultural e Recreativa de S. Tiago com Rancho Folclórico, Grupo de Bombos, Zés Pereira e Cavaquinhos. Agrupamento de Escuteiros em Mirandela (n.° 478) e em Vale de Gouvinhas. Grupo Desportivo do Cachão. Confraria de N.a Sr.a do Amparo, Clube de Ténis de Mesa de Mirandela, Associação Comercial e Industrial, Associação de Estudantes do Pólo do Instituto Politécnico de Bragança, Comissões Fabriqueiras nas três Paróquias, Associação de Socorros Mútuos dos Artistas Mirandelenses (fez 100 anos de vida em 2001) com a Banda de Música 1.° de Maio, Associação de Artes Orientais, Associação Juvenil 31 de Janeiro, Associação dos Olivicultores de Trás os Montes e Alto Douro, Clube Amador de Mirandela, Clube de Campismo e Caravanismo, Futsal Club de Mirandela, Sport Clube de Mirandela, Rotary Club de Mirandela, Associação de Valorização de Trás os Montes e Alto Douro (Trasllosmontes), Associação Nacional de Capricultores de Raça Serrana, Clube de Caça e Pesca de Mirandela, Lyons Club, Santa Casa da Misericórdia, Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana e seu Gabinete Técnico, Associação de Ténis de Mesa de Bragança, DESTEQUE Associação para o Desenvolvimento da Terra Quente.

CULTURA

Já vimos vários aspectos relacionados com a Cultura em Mirandela. Por isso podemos acrescentar que também a este nível há iniciativas culturais e simultaneamente recreativas e lúdicas interessantes a lembrar. É o caso nos últimos 6 anos da realização dos campeonatos Nacional e Europeu de Jet Ski na cidade, da organização de festivais nacionais e internacionais de Folclore, das Festas que muitas vezes são também de cariz cultural, em particular durante a Romaria a N.’ Sr.a do Amparo com o desfile de Carros alegóricos, a Marcha Luminosa, e a célebre Noite dos Bombos única na região, ou o Carnaval com o desfile das suas marchas alusivas, Encontros de Cantares de Reis, Encontros de Grupos etnográficos das aldeias. Dos Jornais que já teve ao longo dos tempos Voz do Tua (1886) O Mirandelense (1888), O Correio de Mirandela (1890), O Tua (1892), O Inflexível (1898), O Jornal de Mirandela (1900), Gazeta de Mirandela (1903), O Mirandelense (1903), Correio de Mirandela (1905), O Notícias (1918), O Fomento Agrícola (1916) entre outros tem agora três e uma rádio, que são também locais onde a cultura de Mirandela mais ou menos vai tendo o seu lugar. Em finais da década de 70 que a Cultura em Mirandela dá um grande passo com a Casa da Cultura de Mirandela, Casa da Cultura da Juventude, Casa do Professor de Mirandela, Cineclube Miragem e Complexo Cultural de Mirandela com a criação em 1980 da Biblioteca Sarmento Pimentel e fixando se também a Calouste Gulbenkian. Possui o espólio e colecção particular do General João Maria Sarmento Pimentel. Em 1981 é instalado o Museu Municipal Armindo Teixeira Lopes e depois foram oferecidas ao Museu três centenas de obras de arte pelos irmãos Gil e Hilário Teixeira Lopes. Para além do centro Cultural, da Biblioteca Municipal e Museu Municipal, onde algumas actividades ao longo do ano são realizadas, nomeadamente exposições, concertos musicais, dias do livro e da leitura, debates, devemos não esquecer os Museus de S. Bento da Pala (Passos), Regional de Romeu, Museu Etnográfico de Suçães e o Museu da Pedra em Miradezes.

FESTAS E ROMARIAS

Abambres: S. Tomé em 21 de Dezembro, e Sr. dos Passos em Agosto; Vale de Martinho: S. Martinho a 11 de Novembro. Abreiro: Santa Bárbara no 3.° Domingo de Agosto. Aguieiras Santa Bárbara no 1.° domingo de Agosto e Nossa senhora da Morte também em Agosto. Alvites: Santo Isidro no 1.° domingo de Maio. Avantos: Santo André e Santo António (Agosto). Avidagos: Santa Bárbara no 3 ° domingo de Agosto. Barcel: S. Ciríaco a 8 de Agosto. Bouça: Nossa Senhora da Assunção a 15 de Agosto. Cabanelas: S. Sebastião a 20 de Janeiro. Caravelas: S. Brás a 3 de Fevereiro e Sr.ª da Piedade em Agosto. Cedães Santo Ildefonso: 2.° Domingo de Agosto. Fradizela: Senhor dos Milagres no 3.° Domingo de Agosto. Franco: Santa Bárbara em Agosto. Frechas: S. Miguel a 11 de Fevereiro e/ou em Agosto. Cachão: Santo Isidro no 1.° Domingo de Julho. Vale da Sancha: N.ª Sr.ª do Aviso no 3.° Domingo de Agosto. Lamas de Orelhão: Nossa Senhora do Rosário no 3.° Domingo de Agosto. Fonte da Urze: Santa Luzia a 13 de Dezembro. Marmelos: S. Gens (25 de Agosto só alguns anos). S. Pedro de Vale do Conde: Santa Catarina em Agosto. Mascarenhas: N.ª Sr.ª da Conceição/Natividade em Agosto. Vale Pereira: Senhora do Viso no 3.° Domingo de Agosto. Mirandela: Sr.ª do Amparo de 25 de Julho ao 1.° Domingo de Agosto; S. Sebastião, S. João Bosco, S. Bento . Vale de Madeiro: Santo Estêvão a 26 de Dezembro ou 3.° Domingo de Agosto. Golfeiras: N.ª Sr.ª do Ó (por vezes). Múrias: Santa Maria Madalena a 21 de Julho. Couços: N,.ª Sr.ª da Conceição dia 8 de Dezembro. Vale de Prados: S. Sebastião 3.° Domingo de Janeiro e Santa Bárbara no 2.° Domingo de Agosto. Passos: Santo António no 1.° Domingo de Setembro. Pereira : Corpo de Deus em Junho e Nossa senhora da Torre em Agosto. Romeu: N.ª Sr.ª de Jerusalém no 1 ° domingo de Setembro. S. Pedro Velho: Sr. do Calvário no 3.° Domingo de Agosto: S. Salvador a S. Salvador no 1.° Domingo de Agosto. Suçães: S. João Baptista em Setembro. Eixes: S. Frutuoso em Agosto. Torre de D. Chama: S. Brás em Fevereiro e a Festa dos Caretos em 26 de Dezembro. Mosteirô: Santa Rita em Agosto. Guide: Santíssimo Sacramento no 1.° Domingo de Maio. Vale de Asnes: N.ª Sr.ª do Rosário, 3.° Domingo de Agosto. Vale de Gouvinhas: N.ª Sr.ª do Rosário no 1 ° sábado de Agosto. Quintas: Espírito Santo a seguir à Páscoa. Vale de Salgueiro: Dia de Reis a 6 de Janeiro: N.ª Sr.ª dos Aflitos no 3.° domingo de Agosto. Miradezes: N.ª Sr.ª do Vale do Freixo, a 20 de Novembro. Vale de Telhas: Sr.ª do Barreiro em Agosto. Vale Verde: da Gestosa: N.ª Sr.ª do Ó, a 18 de Dezembro. Vila Boa: Santa Maria Madalena, à volta de 22 de Julho. Vila Verde: Santo Apolinário no 1.° Domingo de Agosto.

PATRIMÓNIO

Dentro do Património do concelho de Mirandela cabe nos aqui ainda registar mais aspectos, que não se ficam por estes exemplos, já que o Património Natural das suas paisagens, das suas florestas, dos seus cursos de água, dos seus montes e vales, das sua fauna, flora e dos testemunhos da presença de diversas civilizações no concelho são imensamente vastos e impossíveis de enumerar na totalidade. Eis uma amostragem: Buraco da Pala, monumento pré-histórico (caverna/gruta) situado na Serra dos Passos com vestígios de sementes da flora dessas épocas e alguns desenhos rupestres. Restos de muros no Castelo Velho (Monte de S. Martinho). Menir da Bouça também pré histórico. Ponte Românica ou Ponte Velha dos finais do século XV, monumento nacional e que atravessa o Rio Tua na cidade, fazendo parte da antiga estrada nacional Porto/Bragança. Ponte Romana junto da Moagem de S. Sebastião, na Ribeira de Carvalhais. Porta de Santo António, vestígio das antigas muralhas da Vila, e que deu o nome à Rua do Arco. Palácio dos Condes de Vinhais situado na Praça 5 de Outubro. Nessa praça estão também os primitivos Paços do Concelho, que depois foram Escola Técnica e que agora servem de instalações à PSP local. Como também a Igreja da Misericórdia construída no século XVII e seu edifício que fez parte de uma Albergaria e que chegou a ser hospital. Palácio dos Távoras construído em finais do século XV e reconstruído depois no século XIX, que é o actual Paços do Concelho. Em 1759 os Távoras deixam de ter os seus haveres e o Palácio dos Távoras em Mirandela esteve 115 anos ao abandono e caía em ruínas quando os Condes de S. Vicente (da mesma família) o reconstruíram completamente. Mais tarde passou à posse do conselheiro Daniel Tavares, depois à Câmara Municipal que o adaptou a quartel e, em 1903 adquirido pelo Ministério da Guerra. A aldeia de Freixedinha com as suas típicas casas em xisto, o Monte e Castro de S. Brás em Torre de D. Chama, Fonte Romana em Vale de Telhas, Santuários, Igrejas, Fontes, Lagares de azeite, fornos de cozer o pão, podemos encontrar um pouco por todo o município. Assim como as músicas, canções e danças locais, as lendas, os trabalhos tradicionais, jardins, e várias manifestações de cultura, muitas já referidas neste trabalho.

POPULAÇÃO

Para ficarmos com uma breve ideia sobre a evolução demográfica do concelho de Mirandela, vejamos os quadros 1, 11 e II que a seguir se indicam e que nos demonstram que Mirandela não demonstrou grande quebra de habitantes na segunda metade do século XIX, enquanto que no concelho essa diminuição é mais acentuada com a emigração. Na primeira metade do século XX há a registar a quebra dos anos 20 devido à pneumónica e à participação de Portugal na 1.ª Guerra Mundial, aliada à crise económica e governativa que Portugal atravessava e que, como é natural, atingia igualmente esta região.

QUADRO I

População de Mirandela em alguns dos censos oficiais desde 1864 a 1900

 ANOCONCELHOVILA
TOTALHMTOTALHM
186418781890190017.995 19.327 19.818 20.8519.363 9.963 9.816 10.1958.6329.36410.00210.656 1.9171.9482.5532.9999599891.2251.4579589591.3281.542

QUADRO II

População de Mirandela na primeira metade do século XX

ANOCONCELHOVILA
191119201930194022.06317.93123.00727.5082.8732.0543.6244.159

QUADRO III

População de Mirandela na segunda metade do século XX

 ANOCONCELHOVILA
TOTALHMTOTALHM
1950196019701981199131.13129.91229.82228.87924.43315.51914.66214.61014.25612.02615.61215.25015.21214.62312.40715.1085.9796.0528.1567.8342.4442.7982.8153.9833.8332.6643.1813.2374.1734.001

A população do concelho de Mirandela tinha vindo a diminuir a nível concelhio. Porém nos últimos dez anos vemos que a situação se inverteu no geral do concelho, mas mantém-se na maioria das freguesias rurais, com algumas a serem excepção a essa perda de gente, e com a cidade a ver um certo surto populacional que a coloca entre os centros urbanos da região que mais pessoas tem captado para a fixação. Efectivamente, ao compararmos os dados oficiais dos censos de 1970, 1981, 1991 e 2001 (estes provisórios), podemos considerar que em 1981 há um aumento de habitantes devido ao facto de terem regressado muitos portugueses que viviam nas ex-colónias. Depois, já em 1991 se notou algum crescimento urbano, até porque a cidade conheceu um certo impulso no seu desenvolvimento. Finalmente devemos registar que é em 2001 que se observa esse salto positivo a nível de atracção da população. O concelho contava com 25.209 pessoas residentes em 1991, sendo 8.189 na cidade, e em 2001 eram respectivamente 25.809 e 11.161. O concelho aumenta 600 pessoas, mas a cidade aumenta 2.972. As freguesias que viram a sua população aumentar nestes últimos 10 anos foram: Mirandela, Carvalhais, Vale de Telhas, São salvador e Navalho. A densidade populacional também aumentou, pois em 1991 era de 38,31 habitantes por quilómetro quadrado, em 2001 passou a ser 39,22 H/km2. Em 1997 contava com 25.009 eleitores e só a freguesia de Mirandela tinha 7.913 .

FREGUESIAS

O concelho de Mirandela é constituído por 37 freguesias, 102 aldeias, 1 vila e 1 cidade. Eis a lista com as anexas entre parêntesis: Abambres (Vale de Juncal e Vale de Martinho), Abreiro (Milhais), Aguieiras (Aguieira, Casario, Cimo de Vila, Corriça, Chairos, Estrada, Fonte Maria Gins, Pádua Freixo e Soutilha), Alvites (Assoreira, Lamas de Cavalo e Vale de Lagoa), Avantos (Pousadas), Avidagos (Carvalhal e Palorca), Barcel (Longra), Bouça (Ferradosa), Cabanelas (Cheias e Valongo das Meadas), Caravelas, Carvalhais (Contins, Vilar de Ledra e Vila Nova das Patas), Cedães (Vale de Lobo e Vila Verdinho), Cobro (Rego de Vide), Fradizela (Ribeirinhas), Franco, Frechas (Cachão e Vale da Sancha), Freixeda, Lamas de Orelhão (Fonte da Urze), Marmelos (S. Pedro de Vale do Conde), Mascarenhas (Guribanes, Paradela, Valbom dos Figos e Vale de Pereira), Mirandela (Bronceda, Choupim, Freixedinha, Golfeiras e Vale de Madeiro), Múrias (Couços, Gandariças, Regodeiro e Vale de Prados), Navalho, Passos, Pereira, Romeu (Vale de Couço, Vimieiro e Jerusalém do Romeu), S. Pedro Velho (Ervideira e Vilar d’ Ouro), S. Salvador, Suçães (Eivados, Eixes, Paitorto), Torre de D. Chama (Guide, Mosteirô, Ponte da Pedra, Quinta do Seixo e Vilares), Vale de Asnes (Cedainhos), Vale de Gouvinhas (Quintas, Valbom Pitez e Vale Maior), Vale de Salgueiro (Miradezes), Vale de Telhas, Vale Verde da Gestosa (Quinta de S. Silvestre), Vila Boa (Quinta da Gricha), Vila Verde (Vale Verde P Vilarinho).

ABAMBRES é uma freguesia que dista 9 quilómetros da cidade de Mirandela e a cujo concelho pertence. Situa se junto do rio Tuela, na sua margem direita, e tem como anexas Vale de Juncal e Vale de Martinho. Na região, por exemplo em Vale de Telhas, que lhe évizinho, é evidente uma arqueologia romanizante. Por outro lado ficaria incluída na “Terra de Ledra”, velho pagus romano suevo visigótico. Não será difícil de aceitar que deveria ser um “Villar” dessa terra. Paroquialmente também não é claro o que se sabe, mas provavelmente pertenceria a S. Pedro de Guide ou a S.ta Maria de Mirandela. O Culto local ao seu orago, S. Tomé, é indício de antiguidade, já que é dos mais antigos cultos hispânicos. No foral dado a Mirandela em 1 de Junho de 1512, D. Manuel faz referências à freguesia, nomeadamente na Terça da Igreja que era paga em “pão vinho linho bacoros e gado e sirguo e cera seca que chamam de escarça ou estinho”. No início do século XVIII, José Pinheiro, presbítero e seus pais Simão Esteves e Maria Pinheiro, mandam erigir uma capela dedicada às almas com vínculo de bens em morgadio. Em 1747 Abambres tinha ainda uma feira no dia 21 de Dezembro, dia de S. Tomé, o que prova um certo incremento comercial de produtos naquela zona e a necessidade de os transaccionar. Em 1855 um decreto cria uma escola primária local, que em 1857 é transferida para Mascarenhas. Na segunda metade do séc. XIX deveria possuir cerca de 102 fogos. Para em 1950 ter 164 com 762 pessoas. Mas em 1981 eram 428 habitantes e, em 1991 ficavam se pelas 412. Porém em 2001 a população presente somava 362, sendo 188 homens e 174 mulheres. A actividade base das suas gentes é os trabalhos agro pecuários, já que a Ribeira do Freixo (onde as mulheres costumam lavar a roupa), e o rio, transformam os seus campos em hortas produzindo um pouco de tudo onde a azeitona, vinho, batata e o trigo são mais abundantes. Os tempos de lazer ocupam nos indo até ao café ou conversam no Largo da Capela, na Rua do Valonguinho ou no Largo do Cruzeiro. Possuem Casa do Povo, Escola Primária e Casa Paroquial. Nos campos vêem se algumas noras doutros tempos e até uma azenha no rio, casas antigas em cantaria e outras com patamares exteriores e corrimão em madeira; um portal com cruz e pináculos laterais com a data de 1774 no largo da rua que segue para o Bairro do Trinta; a Fonte do Cabo com arco redondo e solitária na encosta virada para a nascente, são alguns dos aspectos bem característicos desta terra. Porém, Abambres possui uma “relíquia” que é a Igreja Matriz. Situada no monte nascente defronte da povoação e ao ir para Vale de Martinho e Quintas, tem ali junto o cemitério e o Nicho do Sr. dos Passos. Na opinião dos locais, é uma das mais antigas do concelho. Baixa, na horizontal, a denunciar estilo românico, tem poucas aberturas, está cheia de figuras zoomórficas esculpidas em granito por baixo dos beirais dos telhados, e ainda nas cantarias se denotam siglas variadas. É Monumento Nacional. Na década de 60 havia ali registados 2 abastados produtores de azeite e 3 mercearias. Já em meados dos anos 90 do século XX ainda por lá podíamos encontrar 1 barbeiro, 3 negociantes, 12 pedreiros, 8 trolhas, 6 pessoas com Curso superior e 21 lavradores. Na Primária há apenas 8 alunos. Estudantes a partir do 5.° ano são à volta de 16. As ruas vão estando calcetadas e os espaços mais arranjados.
Vale de Martinho, aldeia anexa, nessa altura, tinha 1 ferreiro, 2 negociantes, 4 cerieiros, 3 pastores, 9 alunos a estudar a partir do 5° ano e 6 na primária. Bem como uma Fonte e um Forno de cozer o pão. Esta típica aldeia fica à direita da estrada que de Abambres vai para Quintas e Vale de Gouvinhas, a escassos 2 quilómetros de Abambres, e mantém uma estrutura profundamente rural, de casas agrícolas com varandas e patamares, bem assim escadas exteriores.
Vale de Juncal é uma outra sua anexa que tem potencialidades para o turismo, pois fica ali mesmo junto do rio, onde ainda se pode ver uma azenha de moer o cereal. Está situada na estrada que liga Mirandela a Abambres e segue para a Bouça, pelo que beneficia do facto de ficar mais próxima da cidade e bem encostada à margem direita do rio Tuela. Daí que seja um local escolhido para a construção de casas de campo de lazer e férias, em particular por aqueles que têm uma certa afinidade e familiaridade com a terra.

ABREIRO é uma povoação que é também freguesia pertencente ao concelho de Mirandela, de cuja sede dista cerca de 25 km. Fica situada na margem direita do rio Tua, bem perto deste, na parte sudoeste do município. A palavra Abreiro, localmente, é explicada como derivando de “abre te rio”, numa alusão clara ao Tua, que ali alarga as suas margens e o seu leito. Porém, a origem tem por base a palavra árabe ÁBARA, que quer dizer “entrar ou passar para outro lado”. No Monte de Santa Catarina terá existido um castro, e, também, um castelo mourisco, sobre cujas ruínas se edificou uma Capela, que teve festa rija outrora, mas agora se encontra em estado de destruição, praticamente apenas com as paredes. No seu termo há vestígios arqueológicos remotos, como a Pedra de Arcã, que, a juntar a outras referências, nos levam a concluir ser terra habitada pelo homem desde a Pré-história. O que até nem admira, dada a proximidade do rio Tua, bom local para pesca abundante, água suficiente e terrenos bons para produzir o sustento dos que por ali foram ficando. Foi Vila e Concelho medieval, tendo Foral em 9 de Setembro de 1225 por D. Sancho II, em 1250 por D. Afonso III, e em 2 de Agosto de 1514 por D. Manuel 1. Nessa altura, o concelho de Abreiro era formado pelas seguintes povoações: Abreiro, Navalho, Sobreira, Milhais e Longro. Tinha dois juizes ordinários, vereadores com seus oficiais e capitão-mor com companhia de ordenanças. É interessante reparar nos dados socioeconómicos relativos a 1796: tinha 308 homens, 340 mulheres, 8 eclesiásticos seculares, 1 pessoa literária, 12 sem ocupação, 1 negociante, 1 boticário (ainda lá está a botica), 108 lavradores, 73 jornaleiros, 8 alfaiates, 3 sapateiros, 6 pastores, 8 criados e igual número de criadas. Pertenceu aos Marqueses de Vila Real que a perderam pela sua traição à Pátria em 1641. Passou a ser Comenda, e isenta da Ordem da Malta. O concelho era da Coroa e à Casa do Infantado, foi extinto com a reforma liberalista, passando a pertencer ao de Lamas de Orelhão até 31 12 1853, data em que passou para o de Mirandela. Eclesiásticamente, a Paróquia de Santo Estêvão de Abreiro é uma das poucas paróquias do vasto território ou Terra de Panóias ainda no século XIII. As Inquirições de 1220 já a citam como paróquia com Igreja e foral de D. Sancho I, incluindo Sobreira e Navalho: “Sanctnm Stephano de Avreiro”. A ponte de cantaria sobre o rio Tua que faz a ligação Abreiro/ Vieiro e Freixiel do concelho de Vila Flor foi construída em 1760. Em 2 de Maio de 1878 saía o decreto que ali criava uma escola primária, embora já dada como existente em 1852. A 16 de Março de 1863 foi autorizado Pedro Monteiro Lopes a montar uma máquina de destilação de vinho para aguardente. No que toca à população, rondava os 161 fogos na segunda metade do século XIX, para em 1950 atingir as 835 pessoas em 192 fogos. De 1981 para 2001 desceu 101 habitantes tendo agora apenas 304 dos quais 153 são homens. Por volta dos anos 60 tinha um negociante de azeite, 10 produtores abastados de azeite, 1 médico, 2 mercearias e I professora. Terra essencialmente agrícola, de difícil mecanização, tem produções abundantes de azeite, trigo, vinho, e possui gado ovino, caprino e muar. Indústrias quase nenhumas, onde 1 padaria consegue ter alguma dimensão local. Os lugares habituais de encontro das suas gentes são: a Avenida Trigo de Negreiros, Rua Direita e Largo do Pelourinho. Ali, por vezes, jogam à sueca e ao fito. O seu património histórico está patente ao longo da aldeia, mostrando claramente a importância de outros tempos. Como o Pelourinho, símbolo da justiça e autonomia do antigo concelho, ainda bem conservado; a Casa da Botica de 1859 com as medidas do Covo que serviam de padrão para medir tecidos , esculpidas na parede de granito; a Casa do Povo com sala de ensaio da Banda (actualmente extinta), palco e biblioteca; a Igreja Matriz com altares laterais metidos nas paredes e já modernos, reconstruída em 1953, e duas lápides no altar mor, uma da Viscondessa de Barcel e outra da Família Mendonça Machado; a Casa do Cruzeiro, com Brasão; o próprio Cruzeiro, qual rico monumento arquitectónico que embeleza a povoação, mesmo à beira da estrada que de Vila Flor dá actualmente acesso ao IP4 no nó de Lamas de Orelhão. Mas também tem dois relógios de sol em granito, muitas outras casas em cantaria, o Cabeço da Forca, os restos de uma ponte sobre o Tua construída em 1734 e derrubada pela cheia de 1909, a Casa da Estalagem, o Ribeiro da Fonte, o Moinho do Ribeiro, a Fonte do Arco e o Lavadouro. Terra de grandes figuras e pergaminhos, ali nasceram entre outros: o Dr. Trigo de Negreiros, o Dr. Álvaro Soares, Eng.º João Inácio Meneses Pimentel, Álvaro Mendonça Machado Araújo que foi grande literato, jornalista e Governador Civil de Bragança. Abreiro tem como anexa a povoação de Milhais que lhe fica a pouco mais de 1,5 km, na estrada que margina o Tua, e para ocidente. Apesar de ser uma pequena povoação, não deixa de merecer alguma atenção, pela disposição das suas casas no planalto, e pelo gosto do ruralismo de suas gentes acolhedoras. Sofreu do abandono da interioridade, e foi se despovoando, mas com a canalização da água e sistema de esgotos a tendência tem sido uma reanimação com algumas construções a estancarem esse desaparecimento que parecia inevitável. A pesca é uma actividade de tempos livres que ocupa até pessoas de outras regiões, deliciando-se com as diferentes espécies, nomeadamente as enguias. Acrescente se que em 1995 ainda podíamos encontrar em Abreiro, 1 barbeiro, 6 carpinteiros, 2 alfaiates, 7 padeiros, 4 pastores, 4 ferreiros, 2 serralheiros, 1 médico e muitos lavradores e trolhas. Com apenas 14 alunos na primária e 13 a frequentarem fora os anos seguintes ao 6.° . E já têm um Centro de Dia dando assistência a idosos nas suas casas Milhais/Avidagos, Palorca e Navalho. Na Casa do Povo ainda restam os instrumentos musicais para reactivar a Banda de Música

AGUIEIRAS é o nome da freguesia mais afastada da sede do concelho de Mirandela a que pertence. Fica a quase trinta quilómetros de distância. Enquanto que, para a Torre de D. Chama são apenas 8! O seu nome deriva de águia, ave abundante nas Serras de Portugal. É constituída por vários aglomerados populacionais, pequenas aldeias, todas próximas umas das outras, e agora ainda mais com o dispersar das habitações que modernamente se gostam de construir com seus terrenos agrícolas em volta. São elas, e por ordem quando se circula na estrada Bouça/Vinhais: Pádua Freixo, Ervideira, Casario, Fonte Maria Gins, Soutilha, Chairos, Aguieira e Cimo de Vila. Todas elas se estendem por uma vasta zona planáltica, em encostas de pequenas elevações, no meio da paisagem circundante com altas montanhas e vales fundos em relação à freguesia. Pela estrada fora, muitas rochas graníticas arredondadas pela erosão do vento e da chuva, parecem ter sido colocadas como peças de museu no meio das parcelas de hortas bem divididas. Muitas casas de campo, já entradas na idade, ajudam a dar sentido e gosto à paisagem. Muito perto do limite do concelho de Vinhais, as gentes de Aguieiras são receptivas e ornamentam seus campos com culturas hortícolas, mas também cultivam várias árvores, destacando se as cerejeiras e nogueiras. A actividade essencial em toda a freguesia é a agricultura. Já em 1960 se registavam, num anuário, 20 proprietários abastados, 4 mercearias e 2 professoras. Em 1950 havia na freguesia 875 habitantes, e em 1991 eram 499 os residentes. No Censo de 2001 havia 374 pessoas, das quais 181 eram homens.
Chairos, lá mais para a fronteira com o vizinho concelho da Terra Fria, fica logo junto à estrada e dá passagem para Aguieira e Cimo de Vila. Em Chairos, devemos indicar a Capela da Sr.ª do Monte onde a Festa por volta de 14 de Agosto é muito concorrida. Dois cafés, a Casa do Povo à entrada, com Posto médico e onde a Junta de Freguesia trabalha por vezes. A Escola Primária e o Largo da Capela. As habitações confundem se no meio dos terrenos de cultivo e das latadas de videiras junto a elas ou aos muros. Logo a seguir há uma pequena subida onde há interrupção de habitações para dar lugar às hortas, e entrase no Largo da Liberdade noutro povoado: a Aguieira. Antes, está uma casa rural bem típica em pedra com dois andares e varanda, e, ao lado, outra mais baixa e térrea com o telhado inclinado de uma só água, e que mostra a data de 1899. Um aglomerado apertado de pouco mais de duas dezenas e meia de casas já muito usadas, muitas vazias e até abandonadas. Dão passagem para o Cimo de Vila com dois moradores e as casas sem ninguém. Regressando à estrada nacional, vale a pena ir visitar as outras aldeias da freguesia de Aguieiras, pois todas têm a sua particularidade e identidade própria. No entanto, é obrigatório ir até Soutilha, já que é esta a povoação principal. À entrada, depois de passar o Cruzeiro e o cemitério, fica a linda Igreja rústica, com o seu adro. Obriga nos a parar Com efeito, exterior e interiormente, é um monumento de rara beleza pelo conjunto que encerra. No seu interior, as Pias de água benta e baptismal, a talha dourada dos altares e o chão em lajes graníticas, dão nos um carácter de antiguidade e respeito pelo passado local. Por fora, todo o frontal é agradável de se observar, em granito, Torre Sineira central com dois sinos, pináculos laterais, e portal aberto com leves florões. Tem a data de 1729 no meio de uma inscrição na pedra. Defronte da Igreja e da Porta principal, tendo o adro no meio, está o Portal da Capela de Santa Catarina, mudado do Cabo da povoação para ali. É por lá que se entra no edifício. Esta Capela era particular, da família dos Andrades, ficava lá no Cabo da Aldeia, para Oeste, e foi destruída há cerca de 19 anos, passando as suas pedras principais e ornamentadas, assim como alguns objectos, para a frente da Igreja. No lugar da Capela, foi feito um largo. Para ir ali, passa se pelo Largo Armindo Andrade e pela Rua de Santa Catarina. As habitações dispõem se lateralmente, num amontoado leve e com transmontanismo evidente. O Forno do Concelho fica lá no fim do Povo, e todos lá podem ir cozer o Pão sem nada pagarem. No Largo Armindo Andrade, havia um lagar de azeite que foi desfeito, e os terrenos onde se implantava serviram para construir a Escola Primária. Ali funciona igualmente a pré primária. Naquele Largo é que se costumam reunir as pessoas para se distraírem, lerem o placar oficial de informações autárquicas, ou acertarem as suas vidas nos momentos de descanso e lazer. Junto da Igreja está a Casa da Junta de Freguesia e um espaço alargado com fontanário e nicho em azulejo. A Fonte de mergulho, de abundante água, situa se na subida para o Centro da povoação. A festa principal é em honra de Santa Bárbara, nas imediações da Igreja, e realiza se no 1.° Domingo de Agosto.

ALVITES dista cerca de 16 km para norte da cidade de Mirandela numa zona planáltica. O povoamento remonta aos vestígios de fortificações castrejas que ali existem. E o seu topónimo parece significar “testemunho”, tornando mais enigmática a sua origem. A sua Igreja era anexa de Ala noutros tempos, tem por orago S. Vicente, sendo uma terra a quem foi dado foral por Julião Gonçalves, juiz de Panóias, a consentimento de D. Afonso III, em Junho de 1249. Vários Fidalgos e Cavaleiros Nobres ali tiveram o seu berço, como é o caso de Amaro Vicente Pavão de Sousa, oficial destemido que se distinguiu na guerra peninsular. Ou Cristóvão José de Frias Sarmento, Fidalgo da Casa Real, bem como os seus irmãos e irmãs. Ou António Maurício Pereira Cabral, que foi Fidalgo Cavaleiro por alvará de 6 de Abril de 1827. Para além de Alvites ter tido também um Morgadio. Possui ainda dois riquíssimos solares brasonados. Um dos Bacelares e o outro dos Barbosas. Em 19 de Julho de 1901, passava a ter escola primária. Em meados desse século viviam ali 797 pessoas. Porém, em 1991 eram 393 e em 2001 ficavam se pelos 287, sendo 140 do sexo feminino. Em 1960 tinha 2 professoras, 2 mercearias e 3 proprietários a abastados. Alvites é uma terra de emigrantes, que tem a agricultura e a pecuária como bases do seu sustento. Gado bovino, cabras e ovelhas abundam por ali, bem como frutas diversas, azeite, vinho e pão. Apesar de conservarem já poucas profissões tradicionais, ainda lá vimos um barbeiro, dois sapateiros, três sapateiros, três negociantes. Um ferreiro, um lagar de azeite que emprega algumas pessoas em Dezembro e Janeiro e até Fevereiro de cada ano, como o Forno de cozer o pão que vai cumprindo a sua missão. Além dos Solares atrás mencionados, e que ficam na Rua Dr. Miguel Bacelar, vemos a sumptuosa Igreja Matriz de granito, com rosácea, frontaria românica, mas também o bonito Cruzeiro, a Casa Paroquial, a Fonte de 1938, tudo granítico também, e rodeando o Largo do Cruzeiro, qual praça histórica viva. Assim como a Fonte da rua do Paço, de 1931, As Capelas de Santa Madalena e de Santa Ana, a Casa do Povo, o Bairro Novo, a Rua do Lameiro, identificam bem esta interessante terra. O jogo da Malha aos domingos e dias Santos, o passeio até ao Largo do Cruzeiro, os bailes de domingo na Casa do Povo ou os namoricos junto das fontes, são algumas maneiras de lazer que ainda se usam bastante nos nossos dias. Alvites tem como anexas: Assoreira, Lamas de Cavalo e Vale de Lagoa. A primeira fica junto da Ribeira da Assoreira, que lhe deu o nome, e possui bons terrenos agrícolas.
Vale de Lagoa, com poucas dezenas de casas, no extremo oriente da freguesia, fica numa encosta, à volta da sua capela, e é composta de algumas casas rústicas. Quanto a Lamas de Cavalo tem cerca de 12 moradores encaixando se no declive de uma encosta que, naquele local apanhou um pequeno vale.

AVANTOS é um pequeno povoado, sede de freguesia e situa se para Nordeste do concelho de Mirandela a que pertence administrativamente. Fica próximo da antiga linha-férrea para Bragança, a cerca de 11 quilómetros da cidade do Tua. Tem como orago Santo André, e foi Curato da apresentação do Reitor de Ala, a cuja Comenda pertencia também. Em 1756 construiu se a Igreja Matriz, e em 1770 forra se a capela-mor. A Igreja é em cantaria com uma inscrição frontal e duas pequenas aberturas redondas na parede. A Torre Sineira é central, simples e com escadas exteriores de ferro que lhe dão acesso. No seu interior o chão mantém as placas graníticas por baixo das quais enterravam os mortos. Nos altares lá está a bela talha dourada. Nas escadas exteriores que dão para o adro, bem como nos bancos laterais também de granito, é costume juntarem se os reformados que já não podem trabalhar, para conversar e “matarem” o tempo, jogando por vezes às cartas. Os domingos e feriados também ali se juntam outros habitantes da povoação de Avantos. No verão, sentam se nos bancos do jardim que fica do outro lado da estrada à sombra de árvores diversas, chorões e tílias, em volta das mesas igualmente em granito. O centro da povoação é logo por baixo desse jardim. Chamam lhe o Largo da Fonte Antiga. É ali que está construída uma fonte luminosa a funcionar desde 1995. Lá está o Coreto para as festas, a Casa da Junta e do Povo do lado de cima. Mesmo junto, e virada para a estrada, é a sede da Associação Cultural. Logo à entrada da povoação está a escola Primária com 1 sala de aula. As casas da povoação estão à volta desse largo, no seguimento da estrada municipal para Alvites, e na zona da Igreja, para onde dão ruas pequenas e inclinadas, como a das Flores, a da Alegria ou a da Igreja. Não lhe falta um lavadouro e um campo de futebol. Tem água canalizada e recolha de lixo. Em 1960 havia 308 pessoas e estavam registados 8 produtores de azeite, 1 médico, 1 mercearia e 1 professora que ali exerciam a sua profissão. Em 1991 somavam 172 habitantes. No censo de 2001 apresentava 123, sendo 57 do sexo masculino. A agricultura continua a ser quase a única actividade praticada e de subsistência. Poucos tractores e muitos instrumentos tradicionais e carroças, bem como muares, o arado e a enxada. Destaca se uma casa brasonada do lado debaixo da Igreja, e muito próximo desta, virada para a estrada, onde as janelas e varanda com grade de ferro forjado sobressaem do conjunto pouco cuidado. O resto das habitações tradicionais são em xisto, com varandas em madeira. A festa principal é a Santo André, padroeiro da paróquia, mas só a realizam quando arranjam meios, chegando a estar aos 5 e 6 anos sem se realizar. Avantos mostra nos assim ser uma terra pequena, a despovoar se, mas acolhedora, e valendo se da estrada que lhe passa pelo meio, bem como da anexa Pousadas que fica a 3 km.
Pousadas é uma anexa, a três quilómetros para norte, que em 1996 ainda tinha 1 carpinteiro, 2 pastores, 1 alfaiate e 3 pessoas com Curso superior. E eram 6 estudantes que foram para fora da freguesia estudar. O Ribeiro das Pousadas, a sua típica e horizontal Igreja de granito já bastante tosco, o seu largo e ainda a boa água da sua fonte, são referências importantes da localidade. Por outro lado, em Avantos havia 1 carpinteiro, 2 pastores, 1 padeiro, 2 negociantes, 1 ferreiro, 1 ferrador, 1 barbeiro, e 4 pessoas com Curso superior. Os seus jardins floridos, muitos particulares junto da estrada, dão um ar romântico à aldeia.

AVIDAGOS Dista cerca de 18 quilómetros de Mirandela, para poente, e fica situada num planalto, na estrada que segue de Lamas de Orelhão para Abreiro, antes de descer as encostas até ao rio Tua. Até 1853 era do concelho de Lamas de Orelhão, passando nessa data a integrar o de Mirandela. O seu nome deriva de Vidago, do latim vulgar Vitacum, derivado de Vitis, como Vinhago de Vinea. Foi Vigararia da apresentação do reitor de Lamas de Orelhão. A estatística paroquial de 1862 refere” a apresentação era do Mosteiro de Santa Clara de Vila do Conde”. Tem como orago S. Miguel. Em 1825, ao plantar uma vinha, surgiu uma sepultura romana. E, no Monte da Gralheira há vestígios mineralógicos. A Fraga do Corvo guarda restos de Arte Rupestre. Pelo que se pode dizer que o seu povoamento remonta a épocas pré romanas. Em 1862 passou a ter escola primária. Em 1950 possuía 683 habitantes, para em 1991 ter 405 residentes e em 2001 só 343, sendo 171 homens. As actividades a que se dedicam as suas gentes são a agricultura, pecuária e silvicultura. Com produções abundantes de cereais, vinho, azeite, muitas florestas. A apicultura tem sido uma alternativa e intensificou se ultimamente. Aliás, os montes e encostas até às aldeias de Navalho e Carvalhal, estão agora quase exclusivamente plantadas de eucaliptos. Em 1995 identificámos a existência de 1 barbeiro, 1 carpinteiro, 1 ferreiro, 4 pastores de ovelhas, 4 negociantes, 2 cafés, 3 comércios mistos. Há muitos fornos de cozer o pão, mas particulares, 1 lagar de azeite e também vários lagares de vinho individuais. Mas no Anuário de 1960 estavam registadas: 1 ferrador, 3 mercearias, 1 aluguer de camionetas, 2 proprietários, 1 padaria, 1 ajudante do Posto de Registo Civil e 1 professora. Ainda usam os bois e também os carros antigos puxados por eles, a par das carroças dos muares e de alguma mecanização. A estrada que de Abreiro liga à 1P4 e a Mirandela passa lhe pelo meio, tendo o povoado crescido à sua volta e à qual chamaram R. Joaquim Trigo de Negreiros. Por isso, começa se por ver a Escola Primária e a Casa do Povo construída em 1980, o Cemitério, a Igreja Matriz, a Capela dos Milagres e a Sagrada Família. A Capela da Sr.ª da Conceição está no centro da povoação. É ali, junto ao café que os locais se costumam juntar para ocuparem os seus tempos livres. Têm uma fonte com a data de 1946 por perto. Há ainda mais duas fontes, a da Espadana, no fundo do Povo, e a Fonte Nova. A Igreja é o monumento de maior destaque, e está virada para a estrada. Tem torre sineira central, com 2 sinos. Possui 2 pináculos laterais frontais, 2 a meio e dois atrás, também laterais. À frente tem azulejo branco e granito nos portais e esquinas. É baixa, mas longa. O adro, calcetado, tem várias pequenas oliveiras. Carvalhal e Palorca são suas anexas.
Carvalhal tem apenas uma dezena de casas, metade das quais estão em ruínas. A viver permanentemente há um casal, e flutuando, vão lá de quando em vez, mais meia dúzia de casais. Ali existe uma capela incendiada há uns anos atrás, mas recuperada há 7 anos. A povoação fica situada no fundo da encosta oriental da freguesia.
Quanto a Palorca é um pequeno povoado, já mais virado para o Tua, no cimo de um monte, onde a pequena Capela, à entrada das habitações demonstra uma mistura do rústico com o cimento moderno. Um grande colmeal nas suas imediações e os sobreiros e outras árvores de montanha, mostram que a agricultura, silvicultura e apicultura caminham de mãos dadas servindo a economia dos locais.

BARCEL Está junto do Rio Tua, na sua margem direita e fica no extremo Sudeste do concelho de Mirandela, já no limite com o de Vila Flor. Inclui como anexa a povoação de Longra, um pouco mais a baixo, na estrada para Abreiro. É uma povoação aberta, constituída por uma considerável extensão, e estendida por duas elevações com um vale que as ligue numa continuidade de habitações. Ali viveram seres humanos já há muitos milhares de anos. E para reforçar esta ideia tem edificações dolménicas, como uma anta referida pelo Abade de Baçal no local dos Trochos, e da qual agora já não resta nada. A designação toponímia de Cabeço da Anta, mostra nos algo relacionado com a pré história. As Fortificações castrejas da zona também asseguram um primitivo povoamento pré romano. Nas Inquirições de 1258, Barcel surge como fazendo parte do Julgado de Lamas de Orelhão da “Terra de Ledra “. Foi Comenda de Freixiel e de Abreiro, e Vigararia da Ordem de Malta no termo da antiga vila e concelho de Lamas de Orelhão extinto em 1853. Nesta data é transferida para o concelho de Mirandela. Pinho Leal diz que o Baldio de Leça apresentava ali o Vigário. O orago é S. Ciríaco. Foi Barão de Barcel, João Firmino Teixeira, por decreto de 4 de Setembro de 1879, que nascera em Barcel em 16 de Setembro de 1801 e faleceu em Abreiro em 18 de Julho de 1884. Era um antigo tenente do regimento de milícias e um abastado proprietário de Abreiro, Barcel e Navalho. Em 1960 tinha 246 habitantes, mas em 1991 apresentava 227 residentes e no censo de 2001 eram 171, sendo 91 homens. Com o rio Tua e diversos ribeiros a passar lhe nos seus terrenos, (é o caso do Ribeiro de Orelhão, dos Trochos ou do Carvalho), Barcel mantém a prática agrícola como a actividade principal. Usam alguma mecanização, misturada com instrumentos tradicionais. Produzem azeite, vinho, cereais, mel, hortaliças e frutas diversas. Não faltam ainda um barbeiro, 1 pastor com um rebanho de ovelhas, 4 negociantes, 3 pedreiros, 1 barqueiro, 11 alunos a estudar fora e 17 na primária. Tem uma fonte, cuja lenda refere que ali iam levar os meninos quando estavam doentes, e, dentro do espaço de 8 dias, ou ficavam com saúde, ou morriam. As suas ruas estão calcetadas e a Av.ª da República liga o Largo do Cabeço, (antiga rua da Moca) ao Largo do Campo da Bola, na outra elevação para nascente, e junto da Igreja. Há também o Largo do Meio da Rua, Largo da Capela (antigo Largo da Terrincha), e o Largo do Café. O Cruzeiro é também um local público de muita afluência de pessoas. Além disso tem diversos equipamentos colectivos e sociais importantes, além os já referidos, a Casa do Povo, Grupo Desportivo, Campo de Futebol, escola Pré primária e Primária, Tanques de lavar roupa, Jardim. A Capela de Santa Marta tem a data de 1695 e fica no meio do povo, junto de uma casa brasonada e da Rua de Sá Carneiro que dá para o rio. A Rua da Fonte e a Rua do Tronco dão mais um ar típico rural à povoação, mas de forma arranjada. A Igreja Matriz data de 1795 e tem uma inscrição na sua fronte, relacionada com a sua construção. Foi reparada há poucos anos, por isso tem um aspecto novo, misturado com as suas características originais. Torre sineira central com escadas interiores de acesso. Tem o altar-mor em Talha dourada. No chão deitaram lhe tijoleira e nas paredes azulejos floreados. Para nascente, tem uma sacristia nova, com a data de 1995. Atrás da Igreja, virado para o rio está o cemitério. No adro, vemos uma fila de oliveiras de pequeno porte.
Longra que é uma pequena e acanhada rua com pequenos recantos iniciando ruelas, tudo envolto num misterioso ambiente granítico campesino. É um passeio muito reconfortante e inspirador para qualquer escritor que goste da natureza e do campo transformado rudemente pelo homem, num tradicionalismo muito apurado.

BOUÇA Esta aldeia e freguesia com o mesmo nome, pertencente ao concelho de Mirandela, fica para o seu lado NNO, e dista cerca de 22km da cidade, a pequena distância da margem esquerda do Rio Rabaçal. A origem da palavra Bouça anda ligada à existência de um povoado maior (talvez Ferradosa?), e, não muito distante, umas duas ou três habitações, numa zona destinada ao cultivo do mato e outras culturas. “Bouça” seria a designação dada ao lugar onde ficavam essas habitações. Em documentos do século XVII aparece como Bouça do Nuno, enquanto que na Estatística Paroquial do século XIX é designada por Bouça do Nunes. (Talvez por ligação a algum habitante com aquele nome.) Depois o local foi sendo aumentado com a vinda de mais população dos arredores. Ali houve habitantes já antes da nacionalidade, como nos mostra a arqueologia romana e pré romana, da qual se destaca a “Estátua Menir” da Bouça, estudada por Maria de Jesus Sanches e Vítor Oliveira Jorge. É um belo exemplar fálico usado na pré-história para assinalar a homenagem aos mortos. As Inquirições de D. Afonso 111 também nos falam da Bouça. A 4 de Abril de 1827 por ali se encontravam os “artilheiros” de António da Silveira, aquando das lutas liberais de então. Pertenceu ao concelho de Torre de D. Chama até 24 X 1855, data em que passou para o de Mirandela. A Paróquia era curato da apresentação do abade da freguesia de Santa Valha, no termo da Vila de Monforte do Rio Livre, passando mais tarde a reitoria. Em 1861 é ali instalada uma destilaria de vinhos para aguardente. E, a 13 de Dezembro de 1900 passa a ter escola primária mista. Há ainda mais alusões a esta terra a propósito dos Viscondes da Bouça, dos quais o 2.° foi nomeado Governador Civil de Bragança ao entrar no nosso século. O Dr. José Bacelar, também um dos Viscondes da Bouça, foi um dos grandes beneméritos da Associação de Socorros Mútuos dos Artistas Mirandelenses na 1.a metade do século XX. Aliás, nas primeiras décadas desse século, o Visconde da Bouça manteve ali uma Banda de Música, depois extinta e cujos instrumentos serviram para iniciar a de Mirandela em 1945. Por volta de 1960 tinham registado ali uma farmácia, 1 médico na Ferradosa, 4 lavradores/agricultores, 4 mercearias e 2 professoras. A nível de população, a freguesia de Bouça tinha 836 habitantes em 1950, diminuindo até aos nossos dias. Em 1991 eram 477 os residentes e, no censo de 2001 baixou para 360, dos quais 163 eram do sexo masculino. Estas gentes ocupam se com a agricultura e a pecuária produzindo vinho, azeite, batata, feijão, hortaliças, fruta em abundância. A construção habitacional tem se aproximado do cruzamento das estradas Valpaços/Torre D. Chama e Mirandelafnhais. É ali que se vê o maior desenvolvimento com serralharia mecânica, serração de madeiras, padaria, restaurantes, bombas de gasolina, lagares de azeite e outros serviços/indústrias. Designa se inclusivamente por Cruzamento da Bouça. Porém, deixando a estrada e entrando na povoação, destaca se de imediato um conjunto de edifícios: a escola Primária, a Igreja Matriz, (arranjada e com escadas exteriores para a torre sineira), a Casa do Povo. Mais abaixo, e do lado oposto, esquerdo quando se entra na povoação, está a casa dos Viscondes da Bouça, com Capela e uma Quinta . É no Eirô, no Café, no Largo da Capela, na Rua Visconde da Bouça, ou na estrada nacional atrás referida que as pessoas gostam de se juntar para conversarem ou ocuparem os tempos de lazer. Ou ainda a Associação Cultural e Recreativa.
Ferradosa é uma anexa de Bouça, em fase de despovoamento, pois actualmente as casas vazias são em grande número. Fica situada para Nordeste da freguesia, junto da estrada que segue para a Torre D. Chama, e a cerca de 2 quilómetros. Nesta aldeia com tradições rurais bem próprias, mostra se ainda a importância de alguns casais rurais abastados, cujas construções graníticas se manifestam à vista, dando lhe um bucolismo exemplar. O silêncio e as formas aparelhadas das pedras causam admiração a quem visita esta aldeia. O casario sobre a estrada com seus quintais bem tratados Agricolamente é a renovação das construções em pedra mais antigas do povoado. A Igreja Matriz destaca se na zona histórica, representando a ligação entre as várias gerações que ali têm passado.

CABANELAS situa se para NNO do concelho de Mirandela, donde dista pouco mais que uma dúzia de quilómetros, entre-os-rios Tuela e Rabaçal. A palavra Cabanelas pode muito bem ter a ver com o diminutivo medieval de “Cabana”, com o sufixo ” ella”. O que indica ser o povoamento da área da freguesia muito antigo, talvez de épocas romanas, já que na região há muitos vestígios de romanização. Começou por pertencer ao termo de Lamas de Orelhão, embora depois do período medieval apareça já no de Mirandela. A Paróquia estava associada à de Mascarenhas, cujo reitor apresentava, do século XII até ao XVIII, o cura anualmente. Foi uma terra da posse da família dos Távoras até 1759, data em que, por confisco de rei, passou para a Coroa. Foi em 1950 que Cabanelas atingiu o maior número de habitantes: 696.E na década de 60 estavam registados 7 produtores abastados de azeite, 3 de batata, 1 de cereais, 6 de frutas, 3 mercearias, 5 vinicultores, e tinha uma professora e um Juiz do Julgado de Paz. De então para cá a diminuição é uma realidade, com muita emigração nas décadas de 60 e 70. Em 1991 tinha 475 residentes, para em 2001 só ter 418, e destes 205 eram homens. Tem como ocupação quase exclusiva a agricultura, com alguma pecuária. As pessoas gostam de ter abundância de produtos em suas casas, e, se possível, venderem trigo, centeio, batata, feijão, hortaliças, frutas, mas também azeite e vinho. Além da carne leite e lã do gado que pastoreia os seus terrenos. Nos tempos de lazer, é o costume: ou vão até ao rio, ou conversam no Largo do Prado ou junto das soleiras das portas de casa. Os mais jovens aproximam se da estrada que vem de Mirandela para Vinhais, e sentam se à sombra das árvores por ali existentes, sempre pensando encontrar os seus amigos ou até o par dos seus “sonhos”. Já tem Jardim infantil desde 1998. A Igreja Matriz tem rústica cantaria e a torre sineira simples mas apresentável. Foi recuperada com gosto na traça original há cerca de 5 anos. E tem no adro aspectos rústicos de simbolismo como as pedras de um lagar de azeite. A Casa do Povo, a Escola Primária, ou as ruas, muitas delas com calçada à antiga portuguesa são referências obrigatórias. Tal como o Solar da família Doutel de Andrade do século XVIII, doado pelas duas irmãs actuais proprietárias ao Seminário/Diocese de Bragança. E aguardando as obras que se impõem para não se perder o seu alto valor histórico que inclui uma capela privada. Das suas anexas, destaca-se Chelas por ser a mais falada nos últimos tempos, e ter ficado mais perto da cidade de Mirandela ( 3 km) com a ponte sobre o rio, ali nas imediações da Maravilha. Uma obra da iniciativa de José Gama e alguns naturais. Demonstra um surto de recuperação, graças a algumas habitações que estão a ser reconstruídas, onde o Turismo de Habitação Rural já se pratica. Fica situada mesmo junto da união dos rios Tuela e Rabaçal, e entre eles. Mas ainda se vêem muitas em ruínas, com o xisto evidente e os patamares de escadas exteriores. A sua Igreja cujo orago era Santa Maria Madalena, e a panorâmica que dali se observa sobre o rio Tuela e sobre as aldeias dos Eixos e Golfeiras da outra margem, são bem dignas de admiração. Ali existe um Centro de Hipismo, servindo de apoio para o lazer que na área se instalou: o Parque de Campismo e as Piscinas Municipais.
Valongo das Meadas é outra anexa, um pouco maior, e tem estagnado no seu decréscimo, apesar de se situar junto da estrada Mirandela/Bouça.

CARAVELAS situa se já na Serra de Bornes, para os lados da estrada que vai de Macedo para Moncorvo pela Vilariça. Fica a mais ou menos 18 km para ESE da cidade de Mirandela, a cujo concelho pertence. A arqueologia dolménica e castreja que ali tem sido posta a descoberto nos últimos anos leva nos a concluir que o povoamento do local é, pelo menos, pré-romano. Teria pertencido ao `Filar de Ledra’, mas estava praticamente despovoada nos começos do século XII. Só depois se reiniciou o repovoamento. Como paróquia foi instituída depois da Idade Média, desmembrada da de Santa Marta de Bornes, e tendo como orago S. Brás. Foi sempre do termo de Bornes, aparecendo no século XVIII como pequeno concelho, onde passou a haver Juiz de Vara, homens de “acordo”, quadrilheiro e jurados, dependente do de Mirandela. Até 31 de Dezembro de 1853 pertenceu ao concelho de Cortiços, e, com a extinção deste nessa data, é transferida para o de Macedo de Cavaleiros. Em 24 de Outubro de 1855 passa finalmente para o de Mirandela. Foram seus donatários os Marqueses de Távora até 1759, data em que a posse é da Coroa até 1834. Em 15 de Março de 1864 é lançado um decreto que cria uma escola primária. Foi em 1950 que atingiu o maior número de residentes com 467 pessoas. Em 1960 tinha I professora, 4 proprietários e 2 mercearias registadas. Em 1991 tinha 371 e em 2001 só eram 269 habitantes, e, destes, 134 pertenciam ao sexo masculino. Como ocupação, são tradicionalmente agricultores e usam ainda processos tradicionais de cultivo das terras, embora já haja alguma mecanização. A pecuária ajuda nos trabalhos e nos proventos para que a vida se torne mais remunerada. Azeite, algum, mas sobretudo a castanha e os cereais, são os produtos que mais lucro dão. Ultimamente algum gado e algumas árvores de fruto, bem como explorações hortícolas têm ajudado bastante a economia dos locais. A Igreja Matriz, as casas tradicionais transmontanas, o Largo Principal onde se juntam e conversam para descansarem um pouco, e onde está uma fonte jorrando abundante água fresca, com um tanque/bebedouro dos animais ao lado, tudo com granito, a Escola Primária, são localmente pontos de referência obrigatórios. Como também a Associação Cultural, a Casa do Povo, o Lavadouro público e as largas varandas em madeira de muitas das suas habitações. Em 1995, em Caravelas existiam ainda: 1 barbeiro, 1 carpinteiro, 1 ferreiro, 1 ferrador, 4 pastores, 1 negociante, 4 pedreiros e 2 artesãos. Uma tecedeira fabricava mantas nó tear, e um carpinteiro fazia arados e jugos para os bois. Tinha 12 estudantes a partir do 5° ano, e, na primária, 4 alunos do 1 ° ano, 5 do 2.°, 4 do 3.° e 5 do 4 °.

CARVALHAIS é sede de uma freguesia nas imediações da cidade de Mirandela, que inclui as seguintes povoações anexas: Contins, Vila Nova das Patas e Vilar de Ledra. Fica a cerca de 4 km dó centro da cidade, na estrada nacional Bragança/Porto. O orago é o espírito Santo. Tem um passado arqueológico rico em cultura castreja e dolménica, e com uma toponímia ligada ao alto valor histórico que possui. Deste modo, Vila Nova estaria ligada ao arcaico “Villa”, que era uma zona territorial agrária. Vilar de Ledra seria a “Terra de Ledra” tão antiga quanto falada e importante em tempos muito remotos. Contins teria origem germânica. Alguns historiadores são de opinião que seria em Carvalhais que se situava a ‘Ledra” inicial, sendo cabeça de um “pagus” romano germânico, com uma “civitas” castreja. Para outros o local da sede da “Terra de Ledra” era a actual povoação de Vilar de Ledra, ou ali muito próximo. Em ambas as opiniões surge como dado adquirido o facto de ser na freguesia de Carvalhais a situação da capital da antiga “Terra de Ledra”. Mas Carvalhais foi lugar da antiga paróquia de Vilar de Ledra, que, depois do século XV se subdividiu em pequenos curatos. No século XVIII era curato da apresentação do reitor de Mascarenhas, passando mais tarde a reitoria independente. A sua população em 1950 era de 1609 pessoas. Porém, em 1991 somava 1033 e em 2001 havia 1337 residentes, sendo 664 do sexo masculino. Como se vê, é uma freguesia em crescimento, pois beneficia das proximidades da cidade de Mirandela cujas construções dão continuidade ao centro urbano já não despegando umas das outras. Mas também devido à fertilidade dos seus terrenos, à planura dos mesmos e aos serviços que ali têm vindo a ser instalados, nomeadamente no domínio do Ministério da Agricultura. Actualmente, a população desta freguesia tem como actividade básica a agricultura e a pecuária, onde a mecanização e as técnicas modernas de cultivo ou tratamento do gado são cada vez mais. Ao longo do Vale de Carvalhais vêem-se muitas terras em parcelas de exploração intensiva de hortaliças, frutas, viveiros diversos, estufas , árvores de fruto, oliveiras, vinha e batatal. E é frequente ver as manadas e rebanhos de gado pastando nas respectivas explorações, muitas com carácter ainda familiar, mas produtivas. São terrenos de autênticos tesouros, onde se produz um pouco de tudo, que abastece a população local e a cidade de Mirandela, bem como ainda envia para outras zonas do país. Os cafés e restaurantes, bem como outros estabelecimentos comerciais vão surgindo e situam se junto da estrada que segue para Bragança, ou na que vai para a Torre D. Chama, ou ainda na que vai para a Bouça. A rua da Igreja e suas imediações tem se transformado numa zona de muitos serviços nomeadamente comércios. Tem escola infantil, primária, Casa do Povo nova e com boas instalações, bem como uma padaria com alguma dimensão produtiva, um técnico de caleiras, a sede da Junta de Freguesia. O desenvolvimento é notório, pois tem a Escola Secundária de Carvalhais, e a Escola Técnico Profissional de Agricultura. Em Vila Nova das Patas situa se o Valongo, estação experimental com viveiros de plantas. Nesta povoação anexa, há também uma cerâmica de tijolos e outra de telhas que encerrou há três anos, há uma serração, fábrica de móveis, 2 empresas de materiais de construção civil, bem como fábrica de mármores, de blocos, serralharia mecânica e muitos outros serviços de utilidade para o consumidor. Não faltam dois negociantes, 2 pastores, 1 sapateiro, e explorações agro pecuárias, nomeadamente de gado bovino.
Vila Nova das Patas é uma aldeia cujo nome leva muitas pessoas locais a criarem uma expressão de humor, pois dizem, que é a “terra das 3 mentiras”: não é Vila, não é Nova e não tem Patas. A parte antiga da povoação situa se entre a Igreja e a Ribeira de Carvalhais, mas actualmente as construções estendem se para as outras direcções, transformando o Largo da Igreja na zona Central do casario. Com efeito, a estrada que vem de Mirandela, a partir da Rotunda da Pirâmide e que continua para Carvalhais, ou a que dá acesso para a Bouça, têm visto aumentar a construção civil, prolongando se inclusive para além do Bairro de S. José e até às imediações do cemitério, a norte. Este, ampliado recentemente estava muito afastado da povoação há uma dúzia de anos atrás. Para além da Igreja e seu adro, da Fonte e tanques que estão defronte, dos ninhos de cegonha nas chaminés da antiga cerâmica, podemos observar algumas das suas humildes construções antigas em xisto miúdo, pequenas, mas singelas e com história.
Vilar de Ledra, situada na berma da estrada que segue para Bragança, a cerca de 2,5 km, já a caminho do Romeu, é uma povoação anexa cuja via a fez crescer ao longo das suas margens, transformando se num centro de convívio para onde convergem os locais. A parte antiga da aldeia fica para nascente da referida estrada, tendo de se atravessar o ribeiro. O orago é o S. Miguel festejado todos os anos e com uma Capela a ele dedicada. É também uma terra que tem tido alguma procura para viver já que a distância parta a cidade éreduzida, pelo que as edificações aumentam gradualmente. Em 1995 ali havia 2 cafés, 2 carpinteiros, 1 alfaiate, 1 padeiro, 3 pastores, 1 ferreiro, 1 serralheiro, 1 lagar de azeite, 1 moinho e 2 pontes. A Ribeira do Vale das Pereiras, a Ribeira da Olga, algumas noras de tirar a água e um pombal próximo da povoação, dão um óptimo aspecto de ruralidade bem encaixada no ambiente natural que a rodeia.
Contins é outra anexa de Carvalhais, bem perto do rio Tuela, e para o lado oposto a Vilar de Ledra, torna se igualmente típica, mas diferente, dada a sua situação na natureza. Fica a cerca de 5 quilómetros de Mirandela cidade, facto que tem provocado um efeito contrário ao abandono do local que se vinha verificando. É que o desenvolvimento da sede do concelho e a melhoria dos acessos permitiu que haja já muitos dos seus habitantes a quererem continuar ali a viver, mesmo trabalhando em serviços na zona urbana. Foi sede de uma freguesia cujo orago era S. João Baptista. Tinha em 1995 cerca de 14 alunos a estudar fora, e 11 na primária, 1 alfaiate, 5 pastores, 2 padeiros, 8 negociantes, 10 trolhas e alguns agricultores, apesar de ser um povoado de escassas dezenas de habitações.

CEDÃES é uma freguesia que dista cerca de 8 km de Mirandela, estando a igual distância da margem esquerda do rio Tua. Situa se a Este da Sede de concelho, num vale formado por uma ribeira que tem o mesmo nome, e que vem da Serra de Borres desaguar na Ribeira de Carvalhais. Pertenceu à Ordem de Cristo, sendo Curato da apresentação do reitor de Mirandela e cabeça de Comenda dessa ordem, da Casa do Conde de Arcos. O orago é Santo Ildefonso. Estão lhe anexas as então freguesias de Vale de Lobo e Vila Verdinho. Foi sempre do termo de Mirandela. Em 1950 atingiu 908 habitantes. E na década seguinte havia lá 2 mercearias, 2 professoras e 5 proprietários de algum vulto. Porém, em 1991 só ali residiam 599 e, em 2001 ficava se pelas 455 pessoas, sendo 236 do sexo masculino. A sua população sempre se dedicou à agricultura e à pecuária, actividades que ainda hoje praticamente únicas e dão para o sustento local. É frequente verem se noras, mas há também alguns carros de bois que ainda circulam e cumprem a sua missão. As produções principais são: produtos hortícolas variados, algum azeite e vinho, e diversa fruta e cereais. As casas têm ainda largos portões agrícolas, escadas exteriores normalmente em xisto e algum granito. A Igreja Matriz, imponente, de frontaria em cantaria e torre sineira central, tem uma clarabóia para a sacristia, encimada por um elegante e trabalhado protector (mini torre), também de granito. O seu interior tem riquíssima talha dourada nos altares. A Capela de N.ª Sr.ª de Fátima, ou a da Sr.ª da Piedade, um Pombal da povoação, a Ponte da Ribeira, a Escola primária são outros aspectos de destaque. O cemitério fica na encosta oposta, do outro lado do vale e para nascente, num monte mais elevado. Como lugares de encontro, têm o Largo da Rua da Fraga, ou a Rua Direita, ou ainda o café e as tabernas. É na estrada que liga Mirandela a Bornes que a juventude gosta de passear nos domingos. Cedães é formada por vários bairros que se aproximam dessa estrada, e em ritmo de crescimento como o Bairro do Porto, ou o do Cancelas ou ainda o da Lousa.
Vale de Lobo e Vila Verdinho são suas anexas. Ambas se ficam por algumas dezenas de casas rurais. Contudo há diferenças que têm a ver com a sua situação.
Vale de Lobo tem crescido para junto da estrada nacional para Bragança, onde até há um café, deixando a povoação do outro lado do ribeiro, na sua antiguidade e até tendência a despovoar se. O orago era S. Gonçalo quando foi suprimida a Paróquia na 1.ª metade do século XIX, passando depois à de Mirandela e mais tarde à de Cedães. O povoamento de Vale de Lobo dá se sobre o Senhorio de D. Nuno Martins “de Chacim”, mas o topónimo é anterior. É uma aldeia pequena mas aconchegada e interessante, com o Largo da Fonte de mergulho a ser o centro cívico local, e à volta dele crescera o povoado. Tem um lagar de azeite comunitário ao lado, paredes meias com a casa do Padre Bom, recuperada e transformada em Museu tipicamente transmontano com uma cozinha tradicional peculiar. Naquela povoação há ainda um moinho de água que podia ser recuperado pois possui todas as estruturas de quando funcionava.
Vila Verdinho, encaixada no meio da montanha, tendo por companhia as fragas e as enormes manchas de sobreiros, aglomera se mais, protegendo se uns aos outros. Não deixa, contudo, de ser típica e bem rural, com as casas a condizer, protegendo a boa relação meio ambiente. Chamada também “aldeia melhorada transmontana”, tem uma sinuosa e íngreme estrada de acesso por entre matas de sobreiros, campos de vinhas e olivais, a partir do cruzamento que deixa a estrada Mirandela/Bragança e onde estão os casarios da Quinta dos Meneres Pimentel. No povoado todas as construções estão bem arranjadinhas com cuidado e gosto, não são muito grandes e estão bem enquadradas na natureza montanhosa e florestal envolvente. Parece uma aldeia construída em maquete para um museu vivo de Trás os-Montes.

COBRO Situa se num vale, encravada em pequenas elevações, para SO da sede de concelho e a cerca de 15 quilómetros de Mirandela. É uma freguesia que tem como orago S. Sebastião. Sobre a origem do seu nome, há várias versões. Para uns, teria sido uma grande” cobra”, espécie de Herpes, que lhe deu o nome, e por ali deverá ter existido ou passado. Para outros vem da “tira larga de toucinho que sai da barriga do porco”, como Viterbo diz: “chama se Cobro ao fôro de certa porção de carne de porco paga pelos reguengueiros ao Senhor”. Outros ainda, como o Abade Pedro A. Ferreira, dizem que “Cobro e Cobrosa são forrnas arcaicas de Sobro e Sobrosa “, e neste caso, terra de Sobreiros. Nas Inquirições de 1258 aparece com o nome de Colubro. Pertenceu ao extinto concelho de Lamas de Orelhão até à extinção deste em 31 12 1853, sendo um dos 21 lugares que faziam parte deste concelho, passando a seguir para o de Mirandela. Fez parte da Comarca de Torre de Moncorvo, mas em 1839 figurava na de Chaves, e em 1852 na de Mirandela. Foi uma Vigararia da apresentação do Convento de Santa Clara de Vila do Conde, e era sua donatária a Casa do Infantado. Era vigararia da apresentação do mosteiro de Santa Clara de Vila do Conde. Ficando em situação menos privilegiada para o seu desenvolvimento, `fora de mão” das grandes vias de comunicação e até municipais, e não tendo recursos que pudessem colmatar essa situação, o Cobro, como aldeia tem se despovoado muito, e hoje, restam meia dúzia de casas, uma pequena capela, o cemitério e a sua Igreja Matriz ao lado. Esta é uma Igreja grande, em contraste com o povoado, com muito granito à vista, e o adro rústico e pouco usado, com algumas árvores onde não falta o Sobreiro! A Fonte do Cobro é uma fonte de arco românico, cuja tradição dizia que era milagrosa para quem nela se banhasse quando estava com o “mal”. Há uma pequena ponte de arco idêntico sobre um dos ribeiros que ali passam, ao começar a subir a encosta para Rego de Vide. A população da freguesia de Cobro era de 338 pessoas em 1950, altura em que ali havia 5 lavradores/agricultores com grandes produções e 1 professora a leccionar. Mas em 1991 descera para 265 residentes, sendo apenas 248 em 2001, e, destes, 125 eram do sexo feminino. É no amanho dos seus áridos e agrestes terrenos, nalguma silvicultura, apicultura e também algum gado que as suas gentes vão teimando em ocupar o seu tempo e tirar o sustento da sua sobrevivência. Ainda vão produzindo cereais e azeite, e criando ovelhas, cabras, bois e vacas.
Rego de Vide é anexa da freguesia de Cobro, fica a cerca de 1,5 quilómetros, tendo desenvolvido com a deslocação natural do Cobro, pois a sua situação e os seus terrenos favorecem a subsistência. Situa se ao longo de uma íngreme encosta, com as habitações prolongando se até à parte mais alta, onde está a Capela e o Largo com boas frondosas árvores e flores. Nos tempos dominicais ou de dia Santo, costumam reunir se no Largo da Capela, ou vão até à estrada ou ainda até ao Cobro de baixo junto à Igreja.

FRADIZELA é uma aldeia e freguesia que pertence ao concelho de Mirandela, para Norte, a uma distância de duas dezenas de quilómetros. Nas Inquirições de 1258, aparece escrita com o nome de ” Fradezela”. Pensa se que o seu topónimo anda ligado a doações que devem ter feito aos mosteiros e conventos: Fratissela é uma pequena Fratissa ou familiar de algum mosteiro (ou frade?) No sítio chamado Coutada tinha bens a Ordem do Hospital. A antiga freguesia era um curato da apresentação do Abade de Guide, tendo passado mais tarde a reitoria independente. O seu orago é o S. Lourenço. Fez parte do extinto concelho de Torre D. Chama até 24 10 1855. A partir desta data passou a integrar o de Mirandela. Em 1839 figurava na comarca de Bragança. Em 1852 já estava na de Mirandela. Em 1857 passa a ter escola primária, transferida de Vale de Telhas. E, também no principio desse século, ali se encontravam dois esquadrões para defrontarem as célebres lutas liberais. Atingiu o número mais elevado de população em 1950 com 723 habitantes. Nos anos 60 tinha 3 mercearias, 2 lojas de fazendas, 1 professora e 17 agricultores/lavradores. No censo de 1991 tinha 318 residentes e, em 2001 eram 298, dos quais 140 pertenciam ao sexo masculino. Sendo uma povoação à margem da via principal que de Vinhais dá acesso à Bouça e a Mirandela, a sua ruralidade é marcante e as actividades das pessoas têm por base a agricultura e a pecuária, com produção abundante de batatas, azeite, vinho, figos, nozes e cereais, entre outros produtos, a par de alguns rebanhos de gado. Dos seus equipamentos e património cultural registamos a Casa do Povo, a Associação Cultural com Casa de Cultura, Campo de Futebol, Igreja Matriz grandiosa e granítica, a capela de N.ª Sr.ª da Piedade que fica logo na entrada da povoação. É junto desta capela que, nos tempos de lazer, encontramos muitos locais conversando. O mesmo acontece na Rua Direita, em S. Lourenço bem perto da Igreja, ou junto dos poucos estabelecimentos comerciais. A esta freguesia pertence o Lugar da Ribeirinha, que já foi sede de uma freguesia com o mesmo nome.

FRANCO é uma freguesia que fica situada no extremo Ocidente do concelho de Mirandela, donde dista cerca de 16km, e fazendo limite com os concelhos de Murça e de Valpaços, mesmo junto do nó do IP4. O nome Franco poderá estar relacionado com “franquia” de algum posto aduaneiro, ou então com “franqueza”. Abrigado por algumas respeitosas elevações, como o Cimo do Colado, a Serra do Pinheiro ou a Fraga do Rei Orelhão, dispõe se na perpendicular de um pequeno planalto em declive para a IP4, e antiga estrada nacional Porto/Mirandela. Assim, deixando esta via, sobe se uma pequena encosta, e depara se com um grandioso largo, à volta do qual há várias habitações, algumas delas de antigas casas rurais abastadas, em cantaria e de aspecto semi nobre. Mas também a Escola Primária, a Casa do Povo, o Infantário e imponente Fonte dos Diamantes e um típico restaurante. Depois, a rua de Cima dá seguimento para Vales, Zevras e Valpaços com ligação pela serra recentemente aberta e pavimentada. Na oblíqua desta, estão outras ruas para ocidente, destacando se a que vai ter à Capela de S. Roque, e se reúne com a de Cima, junto à Igreja. O povoado é “franco” e acolhedor, quanto airoso e digno de melhor se conhecer. O orago é N.ª Sr.ª da Expectação. É referenciada nas Inquirições de 1258. Fez parte do extinto concelho de Lamas de Orelhão até 31 12 1853. Depois é integrado no de Mirandela. Judicialmente aparece em 1839 pertencente a Chaves, para depois, em 1852 passar para Mirandela. Teve feira criada em 1796 a 21 de cada mês. Em 1865 é criada a escola primária. Em 22 4 1957 deixou de ter Vila Boa como anexa. Em 1950 residiam na freguesia de Franco 1.025 pessoas (que incluía Vila Boa). No conjunto havia 2 professores, 7 proprietários/agricultores, 2 talhos, 2 pensões, 2 mercearias, 2 lojas de fazendas e 1 depósito de Adubos. Em 1991, só na aldeia de Franco estavam 308 e, em 2001 eram 295, sendo destes 143 do sexo masculino. Os seus habitantes dedicam se essencialmente àagricultura, com abundante produção de azeite, amêndoa, cereal, vinho e cortiça. Algum gado à mistura, ovelhas, cabras, bois e vacas leiteiras, vão ajudando nos trabalhos agrícolas e no orçamento familiar. Técnicas e instrumentos antigos, usam nos a par de alguma mecanização, mas limitada pelos terrenos inclinados, montanhosos e de pequenas dimensões, por vezes. Tem Centro de Dia desde Maio de 1997 e gerido pela Santa Casa da Misericórdia de Mirandela. A Associação Cultural organiza torneios de futebol 11 e 5, jogos tradicionais, e está instalada num R/C do Jardim de Infância. Há também o grupo dos Zés Pereira, e tem o seu Grupo Etnográfico quando querem representar a freguesia. Pode se admirar a Igreja com a data de 1801, a Ribeira da Pousada, a Ribeira dos Moinhos (onde ainda há alguns engenhos desses de moer o cereal), a ponte dita romana, a Capela de S. Roque com arco lateral que a liga a uma apalaçada casa de habitação do século XIX. Os lugares de encontro em tempo de lazer são: o Largo da Feira, a Igreja Matriz, junto à estrada, ou nas soleiras das suas típicas habitações. De salientar a Associação Cultural, que tem um grupo de teatro amador, e com o apoio do Inatel, tem dada a conhecer o nome do Franco em vários locais, bem como o seu grupo de Bombos.

FRECHAS Banhada pelo rio Tua, na sua margem esquerda, a cerca de uma dezena de quilómetros e para SSE da cidade “Princesa do Tua”, há uma aldeia que tem o nome de Frechas. É também sede de uma freguesia formada por mais duas anexas: Cachão (ou Vila Nordeste) e Vale da Sancha.
Frechas foi Vila e teve concelho próprio, extinto em 1836, passando nessa data para o actual. D. Manuel I deu lhe foral em 10 3 1513. Faziam parte do Governo local (civil), dois Juizes ordinários, vereadores com seus oficiais, subordinados ou ouvidores de Vila Flor. Ao Governo militar assistia o capitão de uma Companhia de Ordenanças, subordinada ao capitão de Vila Flor. Foi seu donatário, de juro e herdade, o Sr. da Casa de Vila Flor, que na vila de Frechas apresentava o ofício de tabelião. Entrava nela em correição o Corregedor de Torre de Moncorvo. Eclesiasticamente, a antiga freguesia era uma Vigararia ad nutum da apresentação do reitor de S. Lourenço de Libela. O seu orago é o S. Miguel. O povoamento do seu termo perde se no tempo, pois os vestígios arqueológicos são variados, e testemunham diferentes épocas de ocupação. É o caso do povoado fortificado chamado Fraga do Castelo em Vale da Sancha. Em 28 de Janeiro de 1875 passou a ter escola primária, embora já o Diário de 1852 deixa supor que já a tinha. Reparemos nos dados sócio económicos em 1796 com algum interesse: 224 homens, 203 mulheres, 2 barbeiros, 3 eclesiásticos seculares, 1 pessoa literária, 3 sem ocupação, 2 negociantes, 1 cirurgião, 26 lavradores, 24 jornaleiros, 3 alfaiates, 5 sapateiros, 5 carpinteiros, 1 ferreiro, 4 moleiros, 1 barqueiro arrais, 12 pastores, 10 criados e 9 criadas. Em 1950 tinha 823 habitantes. Na década seguinte tinha 8 produtores de azeite abastados, 2 armazéns de azeite, (no Cachão), Casa do Povo, 4 mercearias e 2 minas de arsénio, ouro e prata, e 1 professora. Mas em 1981 eram 1794, o que não se pode separar de dois factos importantes: o desenvolvimento do Complexo agro Industrial do Cachão e o regresso de ex colonos africanos após a independência dos territórios portugueses em 1974/75. Depois, em 1991 eram 1.471 residentes e, em 2001 ultrapassava ainda o milhar: 1139. Destes 543 eram homens. A grande maioria destas pessoas dedicam se à agricultura e um pouco à pecuária. Noutras actividades, apenas alguns na área do Cachão ou na cidade. Tem bons terrenos lateralmente ao rio Tua, atravessados pela Ribeira que vai desaguar ao rio ,bem perto da povoação, para o seu lado sul. Por isso, a par de uma agricultura aprendida de geração em geração, também se vê alguma mecanização. Carroças e tractores ou carrinhas. Charruas e arados, enxadas, mas também estufas e técnicas agrícolas mais modernas. Produzem abundantemente azeite, vinho, hortaliças, frutas e cereais. Há alguma pecuária: 5 rebanhos de ovelhas e um de cabras, bem como alguns muares para os trabalhos rurais. Em 1995 tinha 5 cafés, 3 mercearias, 1 sapataria, 2 negociantes, 1 marceneiro, 1 alfaiate, 1 ferrador, 1 sapateiro, 1 padeiro, isto na aldeia de Frechas. As casas da freguesia apresentam, em muitos casos, o seu tipicismo regional, com xisto, rés do chão e primeiro andar, escadas exteriores. Sobressaem algumas construções apalaçadas, como as do Turismo Rural para o fundo da povoação, na rua virada para o rio, ou no Terreiro de Santa Ana, uma Casa Brasonada com capela lateral nascente e a data de 1768. Outras Casas Transmontanas apalaçadas e ricas, como a Casa dos Araújos junto à Capela de S. Sebastião com a data de 1961, ou a outra do lado, pela Rua de S. Sebastião cuja data de 1957 mostra bem o seu estilo. Logo na Rua da Estação, que dá acesso à aldeia, a partir da E. N. MirandelaNila Flor, encontramos à direita: um cruzeiro, a escola pré primária e primária com o seu jardim fronteiriço, a sede da Junta de Freguesia. Lá mais à frente, depois de passarmos por entroncamentos de várias ruas que vão dar a esta principal, como a rua das Alminhas com nicho em azulejo, chegamos ao Largo do Pelourinho. Àquele Largo vão ter e partem outras ruas que também são fundamentais para o movimento local: a de S. Miguel que segue para a Igreja e para o Bairro de N.ª Sr.ª de Lurdes, e a outra que parte em direcção contrária e dirigida à Rua do Rio e Rua de Santa Ana. A juntar a outras secundárias para outros sentidos que vão embocar nestas, ficamos com a forma como se estendeu o seu povoamento. O Pelourinho, indiferente aos dias que passam, ostenta bem o símbolo da autonomia judicial que Frechas tinha quando era concelho. Tem 5 degraus também em granito, de forma quadrada, onde assenta o Corpo do Pelourinho. Depois, tem forma octogonal com esquinas quebradas, e flores esculpidas por elas acima, numa altura de 4,60 metros. O capitel, em forma de cruz grega, termina em 4 braços: dois em carantonha, um em florão e o 4.° em furo. Sobre o capitel assenta um paralelepípedo ornado na parte norte por duas caras, uma das quais barbada e coroada: nele está uma figura feminina, o escudo nacional orlado por 5 castelos, e na outra face o escudo dos Sampaios. Completa o conjunto, um cilindro de vários ornatos, dispostos em 4 faixas. A Igreja é imponente, com Torre Sineira de 4 sinos, lateral esquerda, para o lado que dá acesso do adro para o cemitério. Do outro lado, um bonito pináculo frontal, contrabalança o desequilibro harmonia] de formas da estética do edifício. Sobressaem ali os portais, as esquinas e os cunhais em granito bem aparelhado. Bem como duas pequenas aberturas ovais, com conchas a ornamentar nas partes superior e inferior, como se fossem dois olhos por onde os santos do seu riquíssimo altar mor e laterais com a talha dourada recebessem a luz do dia ou o luar das noites quentes de Agosto. O relógio vê se que é mais recente, mas não estraga a estética. De resto, as árvores do adro e o portão de entrada, dão um ar de local de culto e de respeito. Já na rua, mas paredes meias com a entrada, fica a Casa Paroquial com rústica escada exterior em granito. Frechas possui ainda outras estruturas e aspectos dignos de registo. A saber: a Capela da Sr.ª de Lurdes lá no cimo da povoação, as pontes da C. P. e da Ribeira. Esta, tipo românico, em pedra e de arco redondo, foi alargada há 6 anos. A Fonte do Rio, o Campo de Futebol, a Associação Cultural. O grande lavadouro público que ainda continua a ser o rio Tua, com as pedras de esfregar a roupa bem limadas. Nele, estão os restos de uma azenha junto do povo, já que a das Latadas foi destruída completamente há pouco mais de cinco anos a esta parte. As outras também já se não notam: eram mais 3 até ao Cachão e uma até às Latadas. Pelo que, em tempos ainda não muito distantes, os moleiros abundavam por ali, a par de alguns pescadores que iam vender o peixe na região. A Festa principal é ao S. Miguel, e costuma realizar se a 11 de Fevereiro. Fazem parte desta freguesia as aldeias de: Frechas, Cachão e Vale da Sancha. Nas Latadas, lugar que lhe pertence, já viveram algumas famílias que se dedicavam à transformação do cereal na Azenha que ali estava. Era um apeadeiro da C. P, e tinha as casas dos celeiros, as casas dos animais e as residências, para além de uma casa pequena mas bem arranjada, para o funcionário da C. P. Culturalmente existe a Associação Cultural de Frechas, a de Vale da Sancha, o Grupo Etnográfico de Frechas e a Casa de Cultura e Recreio de Cachão.
O Cachão, sua anexa, ou Vila Nordeste como lhe chamou o Eng.º Camilo Mendonça que a fundou, é um local que gravita à volta das indústrias do Complexo Agro Industrial. Só que este, após o 25 de Abril entrou em declínio, em crises sucessivas, em desemprego dos seus milhares de trabalhadores, até que parou por completo. Agora estão ali instaladas outras indústrias que arrendaram as diversas instalações do antigo Complexo, administrado pelas Câmaras de Mirandela e Vila Flor. Ali há indústrias de lacticínios, de azeitona de conserva, de azeite, de sapatos, de tintas, óleos, mecânica. Contudo é o Matadouro da PEC o mais complexo e importante, pois ali são abatidos animais com carne de qualidade exportada para a Comunidade Europeia. Tem também um restaurante típico perto da Igreja que funciona numa casa adaptada, e junto do cruzamento para Vale da Sancha. O aglomerado de habitações cresceu à volta das construções industriais. O Bairro social, com as suas vivendas iguais, a rua principal com 4 estabelecimentos comerciais que é a estrada, a estação ferroviária, e a barragem agrícola que lhe fica perto, são os aspectos mais relevantes desta aldeia. Tem Jardim Infantil oficial desde 1998.
Vale da Sancha fica numa elevação para nascente de Frechas, e é composta por algumas dezenas de habitações, a maioria das quais de cariz rural, onde o granito surge com frequência. Tem lá no cimo do monte uma Capelinha vigiando toda a freguesia e não só. Em 1995 ainda havia 2 barbeiros, 1 ferreiro, 1 ferrador, 4 pastores, 2 negociantes, 2 sapateiros. A sua fonte logo à entrada é de granito e forma um recanto rústico. É nesse largo que se junto os locais nos tempos de lazer. Porém, em 1960 havia em vale da Sancha 2 lavradores/agricultores mais abastados, 1 mercearia, 1 minas de ouro e volfrâmio, 1 professora.

FREIXEDA é uma freguesia situada já na fronteira com o concelho de Vila Flor, para os lados da Trindade. Dista cerca de 15 km da cidade a que pertence, para Sudeste. O seu termo faz fronteira com as povoações de Caravelas, Macedinho, Vale da Sancha, Frechas, S. Salvador e Vila Verde, além da Trindade já referida. A abrigar a freguesia dos ventos invernosos há os Cabeços do Covo, Vale de Mouro e Alto da Espadana. O seu povoamento remonta à época mourisca e romana. Em Vale de Mouros há ruínas de fortificações, e em Figueiro restos de minas exploradas pelos romanos, donde extraiam prata. Em 1706 as Minas do Cabeço de Figueiro ainda eram exploradas. Mais recentemente foram objecto de prospecções. Lá estão os amontoados das terras extraídas do subsolo, como casarões e armazéns abandonados. Sob o ponto de vista religioso era Curato anual do Reitor de Mirandela, Cabeça de Comenda da Ordem de Cristo, sendo comendadores os senhores da Casa do Alvor. O orago é Santo André. A 19 de Julho de 1901 passou a ter Escola Primária. Na década de 60 do século XX havia ali 2 mercearias, 1 minas de arsénio, ouro e prata, 1 professora e 6 proprietários. Em 1950 a Freixeda tinha 372 habitantes e em 1991 eram 152. No censo de 2001 foram registadas 116 pessoas, das quais 59 eram do sexo masculino. A grande maioria destas gentes dedicam se à agricultura, com produções de vinho, batata, trigo, castanha, azeite e amêndoa com certa abundância. Em termos pecuários há vacas, ovelhas e cabras. De resto, a vida económica tem menos significado, com 1 supermercado, 1 café, 2 lagares de azeite, 1 caldeireiro. Os teares já estão parados há muitos anos. Muitas das casas estão em ruínas, e as novas construções aproximam se da estrada que vai de Mirandela para a Trindade, para os lados da Capela de S. Sebastião. Porém, a rua mais tradicional é a Rua Central onde se situa o Largo da Bebereira junto ao Lavadouro. É neste local e junto do café da estrada, nos domingos e dias santos, que se reúnem e convivem os Freixedenses. Era naquele largo que se jogava ao ferro e ao fito. Pontos de interesse em estudo e observação, há a Igreja matriz com pináculos laterais e frontais, e um altar-mor encantador de talha dourada bem conservada. Como se situa no começo da encosta do Souto, tem dois escadarios em granito também, que dão acesso ao adro. Tem uma figura muito típica, que afirmam ser a Freixeda. É uma Cara/face esculpida em pedra, que se encontra na parede de um quintal ao descer a Rua das Fraguinhas. Casas de lavradores abastados, 2 moinhos de água que não funcionam no Ribeiro dos Capelinhos, o Ribeiro do Povo que passa ao fundo da povoação, a Fonte do Pontão, a Casa do Povo e a Escola, são pontos de referência obrigatória.

LAMAS DE ORELHÃO é uma típica aldeia e também freguesia do concelho de Mirandela, donde dista cerca de 12 km. Situa se nas fraldas da Serra de Santa Comba, junto da estrada nacional que liga Mirandela ao Porto e logo a seguir à aldeia de Passos. É uma terra com tradições medievais, pois foi vila e sede de concelho com foral dado por D. Afonso III em 13 7 1259, e mais tarde outro dado por D. Manuel em 15 7 1515. Pertenciam ao seu termo os seguintes lugares: “Gulfeyras, Eyvados, Eixos, Sucais, Fonte de Anes, São Pedro, Marniellos,Valuerde, São Silvestre, Cobro, Carapano, Avidagos, Rego de Vide, Carvalhal, Boral, Pereyra, Villa Boa, Franco, Passos, Bom Regalo e Ribeirinha”. Nas Inquirições de 1258 vem escrita da seguinte maneira: Lamas de Oreliam. Foi sua donatária a Casa do Infantado, embora a antiga freguesia fosse uma Vigararia da apresentação do Mosteiro de Santa Clara de Vila do Conde. O orago é Santa Cruz. Dados curiosos relativos à vida sócio económica do século XVIII, são os seguintes: tinha a vila e o concelho 1387 homens, 1441 mulheres, 3 barbeiros, 44 eclesiásticos seculares, 2 pessoas literárias, 114 sem ocupação, 2 cirurgiões, 242 lavradores, 238 jornaleiros, 2 alfaiates, 19 sapateiros, 27 carpinteiros, 9 pedreiros, 2 ferreiros, 4 ferradores, 28 pastores, 75 criados e 79 criadas. O concelho é extinto em 31 12 1853, passando para o de Mirandela. Da antiga nobreza e importância tudo se foi esvanecendo com o tempo, pouco restando actualmente. Mesmo assim, lá está o Pelourinho em granito e de escadório octogonal de 4 degraus; o Lugar da Forca (por cima da Capela da Sr.ª do Amparo); a Cadeia e o Tribunal em ruínas mas ainda com decorações esculpidas na pedra frontal da porta e da janela; alguns brasões em casas apalaçadas completam os vestígios da sua importância de outrora. Em 1960 tinha 1 lagar de azeite, 1 aluguer de camioneta de passageiros, 4 fábricas de xailes, cobertores e mantas de lã, 1 hospedaria, 8 lavradores/agricultores como bons produtores, 1 apicultor, 2 mercearias e 3 talhos. Em 2001 foram recenseados 466 residentes, sendo 233 do sexo masculino e outros tantos do feminino. Mas em 1991 tinha 594 pessoas, das quais 299 eram do sexo masculino e 295 do feminino. Em 1950 tinha 798 habitantes. A actividade principal é a agricultura com alguma pecuária, onde a mecanização é notória, com bons terrenos de vales e encostas para a oliveira, a figueira, a amendoeira, sobreiro, mas também hortaliças, batatas, avelãs, ou para a criação de ovelhas e cabras. Tem uma britadeira de pedra na serra, 1 fábrica de blocos junto à estrada, lagar de azeite, serralharias, carpintaria, bombas de combustíveis e estação de serviço na IP4, os tempos de lazer juntam se no Largo do Adro onde se situa a Igreja Matriz, o Coreto, o Pelourinho, uma Casa Senhorial com Brasão e a casa do Povo. É ali que conversam, jogam ao pino ou convivem doutras formas, um verdadeiro centro cívico de Lamas. Têm Escola Primária e Pré primária, Lavadouro, e o Muro ou Praça Murada onde se situa o cemitério. De registar que, na estrada nacional, surgem algumas tendas de venda de produtos regionais, donde sobressai o mel, o queijo, o presunto e os enchidos. Aliás, é nesse sentido da estrada que se situa o crescimento de Lamas de Orelhão e o Campo de Futebol.
Fonte da Urze é uma pequena povoação anexa, completamente ruralizada, onde as construções pouco abundam e já fica para os lados do Cobro (a sul da freguesia). Com poucas habitações, vê se que a agricultura e a pecuária dominam o meio. Com muita natureza à volta, e as terras planálticas boas para cereais por perto, mantém se o aglomerado de casas que é apenas prolongado para a via alcatroada por meia dúzia de habitações mais modernas.

MARMELOS é o nome de uma povoação Sede de uma freguesia que pertence ao concelho de Mirandela. Situa se para Sudoeste, na margem direita do rio Tua, encaixada na Serra do Cubo que tem cerca de 550 metros de altitude. O povoamento de Marmelos é muito antigo e, nos dias de hoje há indicações do seu nome desde os tempos da Fundação da Nacionalidade, pelo menos. Contudo, as Mamoas da Pedreira ou Vestígios pré históricos no Vale da Arca ou Arcanha, vêm confirmar nos que ali o homem terá vivido há alguns milhares de anos, por isso anterior à Formação de Portugal. Em 1758 ainda não tinha feira. Mas em 1796 havia já sido instituída, e realizava se uma, embora pequena, a 25 de Agosto. Já no século XX fazia se uma pequena feira anual no dia de S. Gens, seu orago, 4 de Fevereiro. A festa de 25 de Agosto, é uma tradição antiga, mas só a fazem alguns anos. E já há muito tempo que não é feita. Mas todos os anos, nessa data, pelo menos juntam se sempre os habitantes da aldeia, têm a sua missa, e depois, no Terreiro ou junto aos pontões conversam, bebem uns copos, comem um naco de presunto ou salpicão, mesmo sem música nem foguetes. Há referências de que havia 10 fontes no seu termo, e uma era medieval. Curiosamente, o Padre Carvalho indica a existência de uma fonte com características curativas. Era o 1.° que nela se banhasse no domingo, de manhã, antes da missa, que iria usufruir desse “milagre”. Os enfermos deviam deixar no local as suas vestimentas. Hoje têm a Fonte de Mergulho do Prado, donde vem a água canalizada para o povo, e para os dois fontanários que estão junto aos pontões. Estes, atravessam o ribeiro que passa entre o aglomerado maior para norte, e o menor e mais antigo para sul, no monte defronte do outro, e onde está a Igreja. Conforme a situação, assim lhes chamam Pontão de Cima ou Pontão de Baixo. Pertenceu ao concelho de Lamas de Orelhão até 31 12 1853, data em que passou para o de Mirandela. Tem anexa o lugar de S. Pedro de Vale do Conde. Foi terra da Comenda de Malta, por isso com privilégios de Vigararia. Em 1950 tinha 605 habitantes, e por volta de 1960 havia ali um ferrador, 6 lavradores/agricultores destacados, 2 mercearias e 1 professora. Só que em 1991 só tinha 257 residentes na freguesia. No censo de 2001 eram 203 pessoas, sendo 92 homens e 111 mulheres. É agricultura quase a única actividade local, usando muares, carroças e utensílios tradicionais. Têm um apicultor, um viveirista de oliveiras, um pastor de ovelhas, 6 fornos de cozer o pão mas todos particulares. Para se chegar lá, tem que se deixar a estrada que vai para Vale Verde e Vilarinho das Azenhas, e andar 1,5 km. São cerca de 16 quilómetros até Mirandela, numa volta que passa por S. Pedro de Vale do Conde e campo da aviação. No entanto, os seus habitantes podiam chegar mais depressa a Mirandela e ficarem apenas a 6 km! Era só abrirem uma estrada em direcção ao rio Tua, por um caminho já existente, pelo Choupim, e pela Ribeira de Bronceda, Estanca Rios, e estavam na sede de Concelho. De facto, a povoação de Marmelos é uma aldeia parada no tempo, com pouco desenvolvimento e nenhumas perspectivas de melhor futuro e numa fase de desertificação preocupante. Em contraste com a sua anexa, S. Pedro de Vale do Conde, que, dado ficar numa estrada de passagem e numa zona planáltica, mais próxima de Mirandela, não tem tido tanto abandono. É no Largo do Terreiro, que de largo pouco tem, que se juntam os locais, principalmente no verão, para passarem o seu tempo de descanso e convívio, fora das horas de trabalho. Não há transportes públicos, nem táxi sequer. Só em S. Pedro, ou às vezes, a carrinha de Barcel passa por lá. Havia uma azenha no rio, abaixo do Choupim, que pertencia a Marmelos. Mas, na sua área há ainda um pombal em ruínas, no cimo da povoação, uma casa rural rica feita de xisto, qual tipo convento com claustro a que um largo portão dá acesso a partir da rua. Era da família Pessanha. Era tradição, aqueles que estavam sobre a alçada da justiça, correrem até àquela casa, agarrarem se a umas argolas de ferro que tinha na parede para ficarem livres, não lhes podendo fazer mal algum. Atrás deste enorme casarão, fica a Igreja, semi escondida. É baixa e horizontal, e tem um adro cujo acesso se faz por umas escadas de cantaria, entre a Casa Paroquial abandonada e em decadência, e outras habitações também em xisto.
S. Pedro do Vale do Conde é anexa de Marmelos e ali funciona a sede de Junta de Freguesia. Fica à margem da estrada Barcel/Mirandela, e mais perto desta cidade, a cerca de 11 quilómetros. Esta aldeia tem a Capela da Sr.ª da Conceição que era da Casa dos Viscondes, o cemitério à passagem da estrada, e bonitas casas típicas. No alto da povoação está a Capela de Santa Catarina, onde costumam fazer a festa, e a do meio do povo é a Capela de S. Pedro. Tem um palacete com espaço ajardinado e anexos onde vestígios do passado, nomeadamente pertencentes ao Solar dos Pessanhas de Marmelos (como a pedra com a quadra que estabelece a ligação daquela família com Trindade Coelho) dão mesmo a impressão de se estar num Museu vivo de Casa Nobre transmontana.

MASCARENHAS é cabeça de uma freguesia com o mesmo nome, e que inclui as aldeias anexas de Paradela, Valbom dos Figos, Vale de Pereira e Guribanes. Situa se na margem esquerda do rio Tuela, na estrada que de Mirandela segue para Torre D. Chama, e dista cerca de 9 km da sede de concelho. Rodeada de elevações como o Alto da Mina, a Porqueira, o Penedro, o Papa Dinheiro, situa se a meia encosta e encontra uma situação privilegiada como ponto de passagem e bons terrenos agrícolas. As suas referências antigas e arqueológicas são frequentes e em abundância, destacando se o registo que aparece nos forais de Mirandela ou nas Inquirições de D. Afonso 111. Foi uma reitoria da apresentação do Bispo de Bragança e Miranda e cabeça de uma Comenda da Ordem de Cristo. Orago N.ª Sr.ª da Assunção. Em plena Idade Média, quando se formou Portugal, Mascarenhas já existia como povoado e vai servir de apelido ao nobre cavaleiro de D. Sancho I, Estêvão Roiz. De facto, D. Sancho vai recompensar esse cavaleiro, da ajuda preciosa que lhe dava nas guerras contra os mouros, doando lhe o lugar e passando então a ser conhecido pelo Cavaleiro de Mascarenhas, acabando por ser ele que vai fundar a Igreja Matriz. Segundo alguns historiadores e genealogistas, Estêvão Roiz era filho herdeiro de Rui Mendes. Este, irmão de D. Fernando Mendes Bravo, senhor de Bragança, cuja cidade reedificou em 1130, e que era casado com D. Teresa Afonso, filha d’El Rei D. Afonso Henriques. Vestígios de épocas mais remotas, podemos encontrá los no lugar chamado Cidade, com restos de casas circulares e muros que parecem defensivos. Ou no sítio da Coutada, onde tinha bens o Mosteiro de S. Pedro de Águias . Ou ainda no lugar de Pereira de Anta, que outros chamam de Pericoto de Anta. Em 1857 passa a ter Escola Primária, por decreto governamental, que viera transferida de Abambres. A população da freguesia de Mascarenhas era de 1.327 pessoas em 1950 e nas anos 60 ali havia 8 lagares de azeite, 15 produtores bastados desse produto, Casa do Povo, 6 produtores de frutas, 1 hospedaria, 3 mercearias, 1 mina de antmónio, 3 professores e era Julgado de Paz. Para em 1991 ter 763 residentes e em 2001 somarem 671, sendo 314 do sexo masculino. As actividades principais são a agricultura e a pecuária, embora o gado seja pouco, mas já usa alguma mecanização. Produz principalmente: cereja e outras frutas, azeitona e azeite, cereais, vinho, figos e alguma amêndoa. No domínio das outras actividades, há, por exemplo: 3 lagares de azeite, 1 padaria com forno de cozer o pão, 1 moagem, 1 sapateiro, 2 barbeiros, 2 ferreiros, 3 cafés, 2 tabernas e duas casas comerciais. Tem uma Capela datada de 1520 e pertencente a figuras ilustres de Mascarenhas, a Igreja Matriz com a data de 1721, imponente, inscrição na Torre Central, restaurada, adro bem arranjado e casa paroquial à esquerda, onde o Sr. Padre Vaz habita, dá-nos um interessante conjunto de estudo. O interior da Igreja é riquíssimo, com coro, pia baptismal, altar mor e dois laterais com valiosa talha dourada, o seu belo púlpito, arco tipo românico, toda ela em granito, incluindo o chão com sepulturas e com gravuras esculpidas: é uma jóia de monumento. Aliás, ali à volta da Igreja, está um lugar de excelência de Mascarenhas: ainda no adro e defronte dela, está um Cruzeiro, com Cruz de Cristo e datado de 1721, mas mudado para aquele local em 1934. Mais à frente, a Escola Velha, transformada em Centro Médico e sede da Junta de freguesia. Defronte desta encontra se uma fonte datada do Estado Novo, 1937. E, para a parte lateral direita, o Bairro Padre José Joaquim Vaz (25 anos de sacerdócio), natural de Mirandela. Mas há muitos outros locais característicos de Mascarenhas: o largo do Tanque, central, que tem fonte de duas bicas e a data de 1902, junto da estrada; a Rua Conde de Feijó, onde está a Casa do Povo; a Rua Olímpio Cabral que dá seguimento para Paradela com casas apalaçadas e brasonadas, como o Casal do Dr. Salgado. O bairro do Castelo, a seguir ao do Passal de Baixo, cujo terreno era da Paróquia. Tem também Associação Cultural para a parte desportiva. Recentemente foi dotada de um típico restaurante aproveitando as antiguidades de um Lagar de Azeite. Mascarenhas orgulha se de ser uma terra de progresso e futuro, com a nobreza de famílias ilustres, como os Barrosos, os Pimentéis, ou a do Solar de Mascarenhas, dando lhe um suporte de um passado histórico rico e importante. Era natural desta aldeia o Dr. José Gama, falecido recentemente, autarca e deputado mediático. As suas anexas têm também referências interessantes, cada uma com a sua própria história. Guribanes, até só o nome dá um ineditismo e um interesse aguçado em estudar e visitar. Porque o seu presente se mistura com o passado num aglomerado de habitações bem específicas para a agricultura e pecuária.
Valbom dos Figos tem de igual modo a sua própria identidade. Cresceu na encosta e no vale, mesmo ao lado da estrada para Mirandela. Casario xistoso, o Largo da Capela, a sua Fonte e uma casa rural abastada realçam no seu conjunto.
Vale de Pereira tem um Santuário bem arejado no cimo da Serra ao lado da estrada de terra batida que a liga a Valbom dos Figos, toma um ar muito identificativo. A povoação cresceu no sentido Sul /Norte numa bem inclinada encosta que parte do Ribeiro para o cimo de outra elevação defronte à do Santuário. Além das suas varandas de madeira, do xisto bem à mostra, dos largos portões para os Carros de bois, carroças e animais, tinha especial atenção o seu tanque e bebedouro. Situado no meio da povoação, com uma bica a correr permanente e abundantemente, jorrando água fresca e saborosa, ali tinham lugar para tirar água para as pessoas, ao lado o tanque para os animais, e também para lavarem a roupa. Só que, recentemente foi retirada do local, tendo sido construído um tanque em cimento no fundo do povoado.
Paradela fica já perto de Mascarenhas quando se vai de Alvites, mas numa serra, mostrando ser uma povoação com algum movimento e casas e população que nunca a podem considerar como Quinta. Efectivamente, basta ir lá e passar por uma ou outra casa rural rica e grande, ou ver o aglomerado em volta do seu largo principal, que é o pulsar da aldeia. Largo este que é espaçoso, e onde os carros e pessoas procuram a sombra das frondosas árvores que ali se encontram, tendo a Igreja, e estabelecimentos comerciais em volta. É ali também que se fazem os negócios, que se juntam os mais velhos para conversarem e passarem o tempo livre ou de descanso nas horas de calor, e também a juventude procura os amigos para se divertirem à sua maneira.

MIRANDELA A freguesia de Mirandela fica situada bem junto do rio Tua, na sua margem esquerda, a cerca de 55 km de Bragança e 65 de Vila Real, no centro da Sub Região da Terra Quente. Sendo sede de um concelho com o mesmo nome, é natural que muitas das suas referências e características já tenham sido ditas no início deste trabalho. No entanto há aspectos que julgamos oportuno aqui incluir e que têm mais a ver directamente com a freguesia de Mirandela como unidade territorial administrativa mais limitada que o concelho. O seu povoamento é muito antigo, até porque fica perto do rio, com diversas ribeiras que a ele vão desaguar, e terrenos semi planos, vales alargados, permitindo lhe atrair os povos antepassados com abundância de produtos agrícolas que lhes garantiam a sua subsistência. Daí se encontrarem diversos vestígios arqueológicos da presença humana em diversas épocas. Como por exemplo, a presença Romana no Castelo Velho ou Mourel, no Prado pequeno ou no Monte de S. Martinho. Por sua vez, Mourel não terá a ver com Mouros? Mas é a partir da Formação de Portugal que a freguesia de Mirandela começa a ser mais referida, e a ter um embrião de desenvolvimento que vai demorar a vir à tona. Mesmo não sendo a sua localização no lugar onde é hoje, quer no Castelo Velho, quer noutro monte da área da freguesia, os reis portugueses foram obrigados a dar lhe atenção. Porque a sua posição geográfica neste interior transmontano, ao tempo certamente necessitava de povoamento, cultivo de terras e defesa das mesmas. Por isso há citações dela nos reinados de D. Sancho I, D. Afonso II e D. Afonso JII. Por aqueles motivos e também pela simpatia de intimidade de El Rei por D. Brites, uma abastada Senhora de Mirandela, D. Dinis concede lhe Foral em 1291, elevando a a concelho definitivamente. Já antes, D. Afonso III lhe dera Carta de Foro em 25 5 1250. Passados três anos, este Rei esteve em Lamas de Orelhão, o que leva a pensar se que poderia também ter chegado a Mirandela. É a 2 de Setembro de 1282 que D. Dinis, na cidade da Guarda, faz uma Carta de transferência da Villa de Mirãdella do sítio do Castelo Velho para o Cabeço de S. Miguel. Tinha as Quintas de: Carvas, Choupim, Cotas, Barca, Lhorense, Mourel, vale de Freixo, Vale de Meões e Vale de Sardão. Porém, actualmente a freguesia de Mirandela estende se por um perímetro alargado e composto pelas seguintes anexas além da cidade : Bronceda, Freixedinha, Golfeiras e Vale de Madeiro. Já no regime liberal, Mirandela ocupava lugar privilegiado na província, por isso, foram criadas oficialmente na freguesia: um distrito de recrutamento e reserva, uma companhia de infantaria, uma carreira de tiro, uma Escola complementar superior masculina e outra feminina ,uma subdirecção das Obras Públicas, uma delegação Electrotécnica, Escola de Arte e Ofícios e uma Escola Agrícola. Depois, segue se uma fase menos impulsiva, embora durante a 1.ª República e até 1974 fosse ganhando outras estruturas. Contudo, é após o 25 de Abril que a freguesia de Mirandela ganha novo fôlego, vendo aumentar a sua população com o regresso dos portugueses das ex-colónias. E faz aumentar as estruturas e os edifícios, estendendo se por vários bairros, proporcionando novos investimentos, lutando contra a desertificação desta zona interior. Nesta altura surgem áreas urbanizadas novas, o que tem vindo a acontecer continuamente nos nossos dias, em lugares que eram Quintas ou bons terrenos agrícolas: Pereiros, Preguiça, Boavista, Sardão, Urbimira, Conde de Feijó, Castanheiros, Convento, Zona Industrial, Entre Vinhas, S. João, S. Sebastião, Fundo de Fomento, Salesianos, Conde Redondo, Fontes Frias, Vale da Azenha, estanca Rios, peleiros, Boavista, Sardão, S. Bento, Salesianos, da Preguiça, do Pinheiro, do Convento, Fundo de Fomento. Recebe vários organismos públicos e, com este alargar de horizontes, é elevada a cidade a 16 de Maio de 1984. Quanto à sua população, claro que já dissemos que sofreu as condições diversificadas normais das conjunturas portuguesas ao longo dos tempos. Em 1258 tinha 160 moradores, para, em 1530, ter 77 moradores na vila e arredores, num total do termo de 1132. Destes, 176 eram viúvas, 12 clérigos e 56 eram mulheres solteiras. Em 1645 a vila contava 250 vizinhos. Em 1950 eram 5.108 residentes e em 1991, já cidade, atingia os 8.189 habitantes. No Censo de 2001 contava com 11.161 residentes, sendo 5.416 do sexo masculino e 5.745 do sexo feminino. Num Anuário Comercial de 1960 aparecem ali registados na freguesia de Mirandela: 7 barbeiros, 9 produtores de azeite sendo 2 sociedades, 9 alugueres de automóveis, 7 alfaiates, 6 médicos, 5 cafés, 11 lojas de fazenda, 2 ferradores, 4 lojas de ferragens, 2 agentes de gasolina, 2 hospedarias, 5 pensões, 5 latoeiros, 22 lavradores/ agricultores, 2 livrarias, 6 papelarias, 3 estâncias de madeiras, 1 cerâmica mirandelense, 2 negociantes de mel, 12 mercearias, 2 moagens, 4 padarias, 9 professores primários, 3 relojoeiros, 1 restaurante, 7 sapatarias, 4 serralharias mecânicas, 2 talhos e 2 tipografias. Se tradicionalmente a agricultura constituiu a actividade quase exclusiva, ligada a alguma pecuária, outros sectores importantes foram surgindo, até porque a cidade e o seu crescimento das últimas décadas, a par de uma modernização evidente, assim o exigiram. Em 1981, 40% da população ainda se dedicava ao sector primário, enquanto que 29% era ao secundário e 31% ao terciário. Tem, na sua área, criações de ovinos, caprinos, suínos, bovinos e muares/cavalares. Várias explorações agrícolas já modernizadas e outras semi tradicionais produzem abundância de produtos nomeadamente hortaliças, frutas e batata, cereais, que dão para abastecer a cidade e não só. Azeite, vinho e amêndoa também são produções de enorme riqueza. Há estufas de produtos variados e viveiros. Os bons terrenos nas margens da Ribeira de Carvalhais e do rio Tua, bem como as encostas das suas elevações são fonte de riqueza agro-pecuária de gerações e gerações. Ainda se vê, por exemplo, as leiteiras distribuindo porta a porta, na cidade, aos clientes que o querem, o leite acabado de tirar das ovelhas e vacas. No sector dos serviços a freguesia está bem servida como verificamos (ver a parte sobre Equipamentos)., bem como ao nível da comunicação social: três Jornais, sendo um semanário, “Voz do Tua”, fundado em Abril de 1998, e dois quinzenais: “Notícias de Mirandela”, fundado em 01/01/1957, o “Terra Quente” fundado em Novembro de 1989. A Rádio Terra Quente é outro órgão de informação importante na região, e foi fundada em 1990. Para as feiras mensais há um espaço condigno que é o da Reginorde. Possui uma Zona Industrial com várias indústrias já de alguma dimensão, nomeadamente de enchidos, mármores e granitos, oficinas de automóveis, Centro de Inspecção de Veículos, sofás, serração, serralharias de alumínios, e outras fábricas como as de blocos, cerâmica, lixívias, produtos regionais. Um Ninho de Empresas ali nasceu (NACENT), apoiada pelo Institutos de Emprego e Formação Profissional, com várias empresas. Armazenistas, Grandes superfícies ao serviço dos Retalhistas, 1 Hipermercado. 5 Bombas de Gasolina e muitos comércios de diferentes ramos têm aberto as suas portas nos últimos anos. Por exemplo: padarias, fábricas e comércio de enchidos, pão quente (4), Pizarias (5), stands de automóveis (25), bares, cafés e restaurantes, livrarias, casas de móveis, escritórios, consultórios. A nível de monumentos, espaços histórico culturais e turísticos são de referir a título de exemplo e além dos indicados em Equipamentos, o Palácio dos Távoras, a Zona Histórica e todo o seu conjunto urbano de casas e ruas medievais, que se estende até às Amoreiras e até ao cabeço de S. Miguel onde está a Capela do mesmo Santo e a actual Residência de Estudantes aproveitada bem dum Palacete. O Arco ou Porta de Santo António, a Ponte Românica, e, do outro lado, o Santuário da Senhora do Amparo, prolongam essa zona histórica da antiga Vila. A Maravilha com o Parque de Campismo do Clube de Caravanismo, as Piscinas ao lado, e a ponte de ferro que dá acesso à aldeia típica de `.
Chelas. O Centro Juvenil e a Igreja dos Salesianos, o Monte de S. Bento com o novo e imponente templo de Culto, e escadarias de acesso, na margem direita do Tua, lindo miradouro sobre a cidade da margem esquerda! Mas a freguesia de Mirandela tem também costumes e tradições em abundância, alguns únicos. É o caso da gastronomia onde não faltam as Alheiras de Mirandela. Ou do artesanato com 2 latoeiros ainda, 1 correeiro. Terra de pessoas ilustres que aqui nasceram, viveram ou têm passado; de campeões desportivos em diversas modalidades; de novas apostas no Turismo Cultural, rural, de desportos como a canoagem, Jet Ski, pesca desportiva e animação do rio Tua, Mirandela é ponto obrigatório de roteiro turístico e cultural e até económico nacional, que se afirmou no coração da Terra Quente Transmontana, e que é conhecida nos quatro cantos do mundo. A freguesia de Mirandela é constituída também por algumas anexas:
Golfeiras era uma aldeia que foi absorvida pelo crescimento da cidade, a ponto de já não ser considerada anexa, mas um bairro do perímetro urbano, situada na margem direita do Tua, com apenas o rio a separá la da zona central da cidade. Outros bairros ali surgiram e colocaram na já integrada plenamente no burgo: Peleiros, Sardão, Boavista, S. Bento, Entre Vinhas. Apesar disso tem a Capela da Sr.ª do Ó no Largo principal da antiga aldeia, onde está o Coreto e onde se fazem as festas locais, agora mais arranjado e alargado com novas construções. Por outro lado, o Santuário da Sr.ª do Amparo com a Capela ficou igualmente entre o casario que só não o envolveu por completo porque a sua frente dá para a avenida e para o rio. A Igreja de S. Bento é uma construção dos fins dos anos 80 e inícios dos 90 do século XX que foi bem concebida numa elevação sobranceira a Golfeiras e ao rio. É nessa margem que fica o Hospital Distrital, o Hospital recentemente inaugurado, o Jardim Escola “O Miminho” da Santa Casa da Misericórdia, vários restaurantes, cafés, empresas de construção civil, o Parque de Lazer Dr. José Gama, e muitas estruturas que também fazem parte do desenvolvimento da freguesia de Mirandela.
Bronceda, junto ao Tua e para o lado da sua Foz, mas também na margem direita deste, continua a ser um pequeno povoado essencialmente rural.
Vale de Madeiro fica mesmo no cimo de um monte, na parte oriental do concelho, cujas casas se espalharam para a encosta nascente e ali foram sendo renovadas. Está na margem esquerda do Tua e da Ribeira de Carvalhais. Não deixando de ser tipicamente rural, tem-se mantido e até aumentado no seu crescimento habitacional.
Freixedinha é uma aldeia anexa muito típica quanto pequena, também situada numa elevação sobranceira à cidade, mas para o lado da estrada da Trindade, igualmente na margem esquerda do Tua. É um dos melhores miradouros sobre a cidade e vale alargado do Tua, Tuela e Rabaçal unindo se e das ribeiras que ali desaguam. Além de ter um ar saudável e fresco! A Freixedinha é um aglomerado pequeno que estava quase deserto ainda há poucos anos. As suas casas simples de xisto iam caindo e raramente eram reconstruídas. Contudo, alguns habitantes de Mirandela resolveram fazer ali as suas casas de campo. E tiveram bom gosto, pois aproveitaram o xisto e a traça de que eram feitas, deram lhe algumas alterações estéticas propositadas e bem enquadradas, e temos agora um típico.

MÚRIAS é uma freguesia do concelho de Mirandela, situada a cerca de 16 km da sede de concelho, e a 8 km da Torre de D. Chama. Tem como orago o S. Martinho. Pertenceu a este concelho até 24 10 1855, data em que passa a ser administrada pelo de Mirandela. Religiosamente foi da apresentação do Reitor de Ala e pertenceu à Comenda do mesmo título, passando a Reitoria. No Diário do Governo de 1902 vem a portaria que aprova o plano de lavra de uma mina de chumbo naquela freguesia. O termo desta freguesia é isolado das vias mais movimentadas do concelho, como é o caso da estrada Torre /Mirandela, pelo que a sua interioridade e abandono são facilmente identificadas. Na década de 60 havia ali 2 lagares de azeite, 1 fabricante de telha e tijolo, 2 mercearias, I minas de estanho, 2 professores e três proprietários abastados. Vejamos por exemplo a diminuição das suas gentes: em 1950 somava 673 habitantes, em 1991 eram 453 e em 2001 apenas 353, sendo 178 do sexo masculino. Os que ali residem trabalham os seus terrenos, e produzem abundantemente azeitona, batatas, frutas, algumas hortaliças e vinho. Em termos pecuários há 4 rebanhos de ovelhas e 1 de cabras. A sede de freguesia, Múrias, tem um edifício da Junta que é novo, e situa se ao lado da Capela da Sr.ª dos Anjos, que tem um alpendre aprazível. A rua principal atravessa a pelo meio, e tem o Largo de Terreiro onde se juntam as pessoas aos domingos e dias santos e onde costumam ainda jogar o chino. A rua dá seguimento para o povoado de Regodeiro. A Fonte do Povo ou não funciona ou não dá água suficiente, o mesmo acontecendo com as torneiras do chafariz que andavam sempre avariadas, tal como a bomba de água em meados dos anos 90 do século XX. Têm escola primária, o campo de futebol, um único café, realizam bailes domingueiros, principalmente a juventude. A Capela de S. Paulo degradou se com o tempo e o desprezo das gerações. A sua Igreja Matriz é o monumento que mais se destaca no meio do casario, para a parte superior da povoação. É simples, rústica, granítica e de torre sineira simples. As suas anexas são todas de poucas habitações e pessoas. Couços, Regodeiro, Gandariças e Vale de Prados, não passam de reduzidos aglomerados exclusivamente rurais que se mantiveram graças a uma agricultura de subsistência.
Vale de Prados de Ledra chamava se assim porque existia na Terra de Ledra e para distinguir de Vale de Prados de Macedo de Cavaleiros. O Orago era Santo André. O povoamento local é muito anterior à nacionalidade. A Paróquia foi instituída pela abadia de Guide depois do século XV na ermida local dedicada ao apóstolo. Foi unida a Múrias depois da extinção da paróquia (cerca de 1834).

NAVALHO fica situada a cerca de 22 km de Mirandela, a cujo concelho pertence, para o seu lado Sudoeste. Dista 5 km da estação de Abreiro, e fica num Vale a 3 km a Noroeste da margem direita do Rio Tua. O nome de Navalho poderá ter origem em Nabo, Nabalho, e o seu termo foi habitado pelo homem da pré história há já milhares de anos, como nos leva a acreditar o sítio da Anta. Tem como orago N.ª Sr.ª da Purificação, e o Vigário, era da apresentação do Comendador de Malta de Poiares, no Termo da Vila de Abreiro. Pertenceu, contudo, ao concelho de Lamas de Orelhão, até que este acabou em 31 12 1853, passando então para o de Mirandela. A sua população em 1950 era de 267 habitantes. Só que em 1991 ficava se pelos 119, mas, no censo de 2001 apresentava 130 residentes, o que é de surpreender dadas as suas características de localização no fundo de um vale de íngremes encostas e ainda algo distante da cidade de Mirandela. A agricultura é bastante tradicional, dada a constituição dos seus terrenos, praticamente distribuídos por montes, vales pouco alargados e encostas. Têm muita batata, hortaliças, pessegueiros, azeite. Contudo, a floresta domina o seu termo, com plantações de eucalipto a multiplicarem se a olhos vistos. Em 1995 ainda se via por lá: 1 pombal com pombas, 3 pastores sendo 1 de cabras e dois de ovelhas, 1 forno de cozer o pão que parece condenado a desaparecer para dar lugar a outro edifício público, 1 lagar de azeite, 1 café, 1 mercearia, 3 lagares de vinho, 3 carroças e outros tantos tractores. Tinha Escola Primária com duas salas e duas casas de banho. Um professor leccionava lá os 9 alunos distribuídos por todas os anos (classes): no 1.° eram 3 alunos, nos restantes anos, dois alunos em cada. Possui no seu termo o lugar da Quinta onde não vive ninguém, bem como a Quinta do Bairral, e ainda outra, a Quinta da Figueira Alba, onde habitam 2 pessoas. A Rua da Figueira Alvar que vai ter aos tanques, os baloiços das crianças, as ruas do Fundo do Povo cimentadas, as outras empedradas, com pedra miúda irregular, caracterizam o povoado. A rua principal, desde a entrada até ao fundo da aldeia, é o único núcleo central da vida local. Lateralmente tem, logo à entrada, a Igreja Matriz, baixa, com Torre sineira simples de dois sinos. Defronte, e após passar uma espécie de portão aberto como se fosse uma quinta nobre com uma ave em cima de cada muro lateral, está um pequeno jardim com umas rodas graníticas: as mós de um moinho de azeitona. A seguir, mais à frente, fica o Cruzeiro, e, ao fundo a Capela do Santo António. Mas o Ribeiro, a Fonte do Paço (em baixo), a Fonte da Frieira (em cima), o Tanque do Cruzeiro para os animais, dão lhe um ar mais rural. É no Largo do Cruzeiro ou junto do café que se reúnem os locais para conviver nos tempos de lazer. Às vezes, sentam se nos bancos de pedra que há nalgumas casas, virados para a rua. O Fundo da Aldeia, junto da Capela, é outro local frequentado. A Festa do Cristo Rei só é feita de quando em vez. Em 1995 já há cerca de 4 anos que não era realizada.

PASSOS é uma freguesia do concelho de Mirandela, donde dista cerca de 8 km , e situa-se no sopé da Serra dos Passos, junto da estrada nacional n.° 15, e agora da IP4, que de Vila Real vai para Bragança. O seu orago é Nossa senhora da Graça. Pode se afirmar que o seu termo foi habitado já no 3.° Milénio antes de Cristo, já que foram descobertos vários vestígios da presença humana no chamado Buraco da Pala, na referida Serra. Além deste abrigo pré histórico, muitos outros têm sido identificados e estudados pela arqueóloga Maria de Jesus Sanches e respectiva equipa, há cerca de 15 anos a esta parte. E estão à observação de todos: fragmentos de cerâmica, sementes de fava, bolota, cevada e trigo dessa época. São imensos os testemunhos da presença humana nos terrenos desta freguesia, a que não era estranha a proximidade do Rio Tua, margem direita, e os ribeiros que correm lá. Depois desse período, as referências aos Passos tornam se mais frequentes. Aparece nos em forais de Lamas de Orelhão, a cujo concelho pertenceu até 31 12 1853, data em que passa para o de Mirandela. Era, por isso, da apresentação do Vigário da paróquia de Lamas. Em 30 de Setembro de 1881, por ordem papal, deixa de ser membro do arcebispado de Braga, integrando se na diocese de Bragança Miranda. Na década de 60 havia lá 2 lagares de azeite, 7 produtores de azeite, 1 hospedaria, 1 médico, 4 mercearias, 2 talhos e 1 professora. Em 1950 contava 685 habitantes e em 1991 ali residiam 485 pessoas. Em 2001 registavam-se 481 residentes, sendo 243 do sexo masculino. Actualmente, os habitantes dos Passos continuam a dedicar se à agricultura e à pecuária. O tractor existe, mas não dispensam a carroça que foi substituindo o carro de bois. As produções de azeite, vinho, cereais, batata e fruta são abundantes. Gado, vacas, ovelhas e cabras também não faltam. Empregos noutros sectores, só em Mirandela, já que apenas há um barbeiro e um alfaiate, sendo nulas as indústrias, e a emigração sentiu se bastante. A aldeia é constituída por várias e longas ruas, como a Rua do padre João, a do Dr. Arnaldo Guedes que segue para a Serra, a Rua Direita, a da Fonte Moreira. As casas são típicas, de patamares e escadas exteriores para o primeiro andar, muitas das quais com largas e compridas varandas de corrimões em madeira ou ferro forjado. São usadas para estarem à fresca no verão, aos serões, ou para se aquecerem à soalheira do sol de Inverno. Os locais de encontro habitual são o Largo do Terreiro, a estrada junto ao café, as soleiras das portas quando o tempo o permite. Jogam ao fito, e conversam dos seus anseios e preocupações. Do seu Património, além do Buraco da Pala, deve se indicar: os restos de um moinho na Ribeira, as Fontes da Moreira, quer a Limpa quer a Frieira coberta com arco de pedra, o Cruzeiro no alto da Serra dos Passos donde se vislumbra uma ímpar e inigualável paisagem natural das redondezas. A Igreja Matriz tem no interior talha dourada nos altares mor e laterais. E, no adro, um autêntico Jardim museu com talhões de barro, arado e carro de bois oval e em madeira, gadanha, pipo para o vinho, charrua, cantoneira das antigas cozinhas, pedras graníticas de várias representações, entre outros objectos. Ao lado, uma pequena casa que completa o Museu de S. Bento da Pala.

PEREIRA é freguesia independente e pertence ao concelho de Mirandela, donde dista cerca de 18,5 km, para NO da margem direita do Tua, mesmo numa encosta, após o Planalto do Alto de Lamas. Foi criada por decreto de 7 X 1933, e desanexada da freguesia de Avidagos, que lhe fica a pouco mais de quilómetro e meio. Eclesiasticamente, continua a depender ainda de Avidagos. Tem como orago S. Miguel. Em 1950 tinha 388 habitantes, sendo 179 do sexo masculino e 209 do feminino. Mas em 1991 eram apenas 269 pessoas, e em 2001 ficava se pelas 245, das quais 90 eram do sexo masculino. A actividade dominante é a agricultura quase de subsistência, a par de alguma pecuária, apicultura e floresta. Em 1995 havia ali 2 barbeiros, 3 carpinteiros, 2 negociantes, 1 artesão em madeira e ferro, 6 rebanhos sendo 1 de cabras e os restantes de ovelhas, 5 freiras, 2 professores e 2 salas de escola primária, 8 pedreiros, 2 cafés/comércio, 1 lar de freiras onde se educam crianças necessitadas: é a Casa do Menino Jesus de Pereira. Fundada por D. Maria Augusta Fernandes Martins, e Alzira da Conceição Sobrinho a partir de 1927 quando recebem 2 meninas mais pobres da aldeia. Aquelas duas senhoras entram na vida religiosa e a Obra é entregue à Congregação das servas Franciscanas reparadoras de Jesus Sacramento. Desde aí essa obra de solidariedade social foi se desenvolvendo. Em 1976 é enriquecida com um posto de telescola que também serve a vizinhança. Em 1991, mercê de apoios diversos (autarquia, Governo e Segurança Social) dotam a instituição de instalações condignas. No fim dos anos dessa década tinha em regime de internamento 60 crianças, sendo a telescola frequentada por 32 alunos. A distribuição de água domiciliária é uma realidade. Possui lavadouro público, Campo de Futebol, Associação Cultural, Casa do Povo, ruas calcetadas, cemitério. Lugares típicos e tradicionais que caracterizam o passado da freguesia: a Eira da Igreja, a Rua da Igreja, o Largo do Peso, a Rua Central a descer até ao fundo da aldeia, a Fonte de 1938 com escudo em pedra, a Fonte das Nogueiras, Ribeiro e Fonte das Chousas, a Fonte do Prado. O Largo do Peso, junto ao café, é o local preferido pelos seus habitantes, para se reunirem nos tempos livres, ou em domingos e feriados. Nesse largo, havia um peso de pisar o vinho e por isso ficou com o seu nome. No dia de Corpo de Deus, a religiosidade dos locais é grande, sendo a Missa desse dia muito frequentada, e a procissão percorre as ruas estreitas e sinuosas da povoação que são previamente enfeitadas com vasos de flores, ramos de plantas verdes e arcos floridos, num autêntico ambiente de alegria, cor e fé.

ROMEU é uma freguesia do concelho de Mirandela, bem conhecida em vários pontos do País e estrangeiro. Dista da cidade cerca de 17 km, situando se na margem direita da Ribeira de Lobos, que é um afluente do rio Tua. Não se pode dizer nada sobre o povoamento anterior ao século XIII sobre Romeu. Seria uma Quinta medieval que daria origem ao povoado. Um dos descendentes de Estêvão Rodrigues de Mascarenhas doou Romeu com Vale de Couço aos hospitalários em fins desse século. Até ao século XV anda ligada e incluída na Terra de Ledra, e pertencia à Paróquia de Mascarenhas. D. Sancho I, o segundo rei de Portugal, doa a “Villa” de Mascarenhas ao cavaleiro fidalgo Estêvão Rodrigues, que incluía o local do Romeu. Acabou por ser aquele fidalgo a mandar povoar o local. Antes do século XVI, os seus descendentes doaram o Couto juntamente com Romeu à Ordem do Hospital, cujos cavaleiros fundaram ali, então, sobre um monte, a Ermida de N.ª Sr.ª de
Jerusalém. Apesar disso tem como orago o Santo António. Em 31 12 1853 deixa de pertencer ao concelho dos Cortiços, então extinto, para passar ao de Macedo de Cavaleiros. Porém, em 1885 já fazia parte do de Mirandela. A sua população era de 509 habitantes, sendo 251 do sexo masculino e 258 do sexo feminino em 1950. Em 1960 tinha 547 habitantes, mas em 1991 eram 420, e, em 2001 ali residiam 303 pessoas, das quais 152 eram do sexo masculino. A principal actividade de quase subsistência é a agricultura. Produções abundantes, só de cereais, vinho, azeite e cortiça. Romeu surge mais divulgado graças a Clemente Joaquim da Fonseca Guimarães Meneres, nascido na Vila da Feira em 19 de Novembro de 1843, mas que se instalou no Romeu onde se transformou num grande Proprietário Rural e comerciante. É graças à benemerência dele que o Romeu passa a ter escola primária, pois oferece ao estado uma casa para isso. Ali construiu o seu palacete, ficando conhecido por todo o País, como sendo as suas matas de sobreiros das maiores de nordeste e não só. Em 1897 faz reconstruir a Capela de N.ª Sr.ª de Jerusalém. De melhoramento em melhoramento, ali foram passar férias figuras ilustres como Oliveira Salazar e Américo Tomás. Mas também após o 25 de Abril se tornou muito procurada para almoçar no seu típico restaurante chamado “Maria Rita” que tem um Museu de Curiosidades interessante. Na aldeia de Romeu, pequena mas aconchegada, encravada no meio de matas de sobreiros, algumas hortas e pura rocha granítica, vamos encontrar ainda outros pontos de interesse: as típicas casas transmontanas, a Capela no meio da povoação, o lavadouro, a Fonte, o Jardim com bancos e mós de moinho em granito. Deixando a aldeia, e atravessando o Ribeiro, com o Monte Chedo na parte esquerda, bem assim o caminho velho, passamos pela Carriça e pelo Vale Murganho, monte onde está o cemitério. Junto à estrada que de Mirandela vai para Bragança, encontramos os aglomerados Jerusalém do Romeu e Vale Couço (aldeia Transmontana melhorada). Vemos o Palacete dos Meneres bem assim as suas divisões de casarios, cada um com sua função, e os armazéns. Na parte de Vale Couço, está a Casa do Povo junto ao Ribeiro, a Capela mais acima e o Largo da Alegria, a Rua Marcelo Lago, o arco de passagem de comboio, o café no Largo do Terreiro do Paço e o Centro de Dia. A velha estação de comboio da linha do Tua/Bragança está há muito abandonada.
Vimieiro é uma aldeia anexa que tem poucas habitações e poucos habitantes. Totalmente ruralizada, o aglomerado cresceu à volta da Capela que data de 1790, e das casas apalaçadas da Sr.ª da Capela, para o lado de baixo, e dos Morais Sarmento para a parte de cima. Nesse Largo enorme é que se passa o essencial da aldeia: é ali que se juntam debaixo da sombra de uma frondosa árvore; é ali que passam com os animais e lhes dão de beber; é ali que as senhoras vão lavar a roupa nos lavadouros apropriados; é também ali que vão buscar água muito fresca e de um paladar agradável. Pois lá está a Fonte granítica com a data de 1744 e os tanques na parte de baixo. Mas, apesar de pouca gente, são muito acolhedores, e ainda tinham entre eles em 1996:1 carpinteiro, 10 jornaleiros, 6 negociantes, 3 pastores, 1 padeiro e 1 sapateiro. Acrescente se que Vimieiro cresceu e construiu as suas novas habitações junto da estrada que vai para Bragança, e que agora ficou mais sossegada com a construção do IP4.

S. PEDRO VELHO é uma freguesia do concelho de Mirandela, donde dista cerca de 30 km. Situa se na margem direita do rio Tuela, a 5 km da Torre de D. Chama, numa zona montanhosa irregular e de boas matas de sobreiros. O seu passado é remoto, pois é uma área onde viveram os povos pré históricos e outras civilizações bastante distantes de nós no tempo. Foi um Curato anual da apresentação do Abade de Guide, no termo da Vila de Torre de D. Chama, tendo pertencido a este concelho até 24 10 1855. Ali possuía fazendas a Ordem do Hospital. Compreende as anexas de Ervideira e de Vilar de Ouro. O orago éS. Bartolomeu. Em 1950 contava com 1.233 habitantes, sendo 626 do sexo masculino e 607 do feminino, altura em que tinha 2 professores, 4 mercearias e 5 lavradores/agricultores. Em 1991 eram 520 residentes, e, em 2001 somavam 413, dos quais 202 eram do sexo masculino. A ocupação básica é a agricultura, com produções abundantes de azeitona, vinho, batata, trigo, centeio, frutas. Os quatro ribeiros (Carvalhelha, Povo, Pavão e Forno), que atravessam a zona do povoado, ajudam a tornar mais férteis os seus apertados vales. Tirando alguns rebanhos e uma pecuária caseira, poucas outras actividades existem, conservavam ainda em 1995: 2 lagares de azeite, 1 padaria e Forno, 3 cafés, 1 taberna, 1 supermercado, 1 sapateiro, 2 barbeiros, 1 carpinteiro. Por isso, lá se vão contentando com as suas estruturas, pois já têm saneamento, ruas calcetadas e água canalizada. Deixando a estrada da Torre para a Bouça, e virando para Rebordelo, encontramos os Montes da Urreta, do Calvário, do Cabeço, que parecem abrigar o aglomerado das casas Na verdade, descobrimos S. Pedro Velho como uma povoação de características bem próprias. A Rua do Bairro, o Largo da sede da Junta, a Rua do Outeiro, ou a Rua do Cruzeiro, a Rua da Igreja, são pontos obrigatórios de passagem e de convívio. Aliás, para isso e ajudar a passar os tempos de lazer, têm uma enorme Casa da Junta, com um grandioso salão, onde fazem convívios e até bailes frequentes. Outros pontos de realce são o campo de Futebol, a Escola Pré primária e Primária com seu imponente edifício. S. Pedro Velho mantém algumas casas rurais ricas, em cantaria, com varandas em ferro forjado. A Fonte do Souto, o Lavadouro, o Monte do Calvário (cuja festa é a 24 de Agosto), a sua Capela, escadaria pela encosta íngreme e os seus típicos nichos, são dignos de serem visitados. A Igreja de S. Pedro Velho, é um templo que tem o S. Pedro com as Chaves na mão na parede fronteira com campanário e 2 sinos. Foi restaurada, ostentando o seu belo granito, tornando se mais rústica e agradável para a vista. Na parte interior conserva o Coro em madeira, talha dourada no altar-mor, e piso com pedra aparelhada. O tecto é belo e em madeira, com pinturas e desenhos de vários Santos, que inclui a data de 1850 como da sua realização. No adro, ao lado nascente, a Casa Paroquial.
Ervideira, aldeia anexa de S. Pedro Velho, apresenta as suas ruas estreitas, o casario envelhecido pelo tempo, ou as suas hortas que dão um pouco de tudo para a subsistência dos locais. A Igreja destaca se entre as habitações
Vilar d’Ouro Deixando a estrada que da Bouça segue para Vinhais, mesmo na proximidade de Soutilha, curva se à direita por uma via estreita, mas alcatroada. A pouco mais de 1.5 km, surgem várias habitações para a direita da via, com um acesso directo. E, depois, uns metros mais à frente, outro de saída (ou entrada, conforme os casos). Chega se assim a Vilar d’Ouro. Uma aldeia que pertence à freguesia de S. Pedro Velho cerca de mil e oitocentos metros. É um povoado bem agrupado, ruas estreitas, muitas casas em xisto e em granito, com varandas de madeira, parte delas em ruínas e desabitadas. O Largo do Prado é espaçoso, com algumas árvores e uma mesa feita de uma mó granítica de um lagar de azeite. Os seus moradores não atingem mais de meia centena, e todos se dedicam à agricultura, mais ou menos a tempo inteiro. Dois destaques: a pequena Capela à saída pela via de acesso nascente, com a data de 1918, alpendre, púlpito à porta de entrada. O outro realce vai para duas casas brasonadas, na ponta sudeste da aldeia, uma frente da outra. Distintas e contrastantes. Uma, mais baixa, caiada, escadas e patamar exteriores. A outra, maior, de varandas em ferro forjado, cantaria à vista, e Brasão aposto. Ambas pertencem agora à família Romano, embora a última através de aquisição ainda não muito distante.

S. SALVADOR é uma aldeia, paróquia e também freguesia do concelho de Mirandela, donde dista 5 km para Sudeste, perto da antiga estação de Latadas, na margem esquerda do rio Tua. A antiga freguesia era da apresentação do Reitor da Paróquia de Mirandela, passando mais tarde a Reitoria. Há quem lhe chame S. Salvador do Adro ou simplesmente S. Salvados. Tem como orago N.ª Sr.ª da Transfiguração. Foi escolhida nos princípios do século XIX para residência do Bispo de Bragança e Miranda, D. António da Veiga Cabral e Câmara, já que aquela povoação seria de “clima mais benigno” para a cura de uma ferida grave que tinha na perna. Ali acaba por morrer a 13 de Junho de 1819 com fama de Santo. E com o povo local do lado dele, pois chega a juntar se todo para matar o “mestre escola da Cathedral de Bragança, Mathias da Costa Pinto e Albuquerque”, que pretendeu apoderar se do cadáver após ser maltratado o Capelão do prelado, o Padre Pedro Nolasco. Aliás, a Fonte do Bispo seria aberta com a ajuda da Bengala do referido prelado, e ganhou fama de boa para fins curativos. Já no século XVII, durante a Guerra da Restauração, o Pároco de S. Salvador, Padre Gonçalo Lopes alistara se para defender a Pátria. A 30 de Outubro de 1902 é criada a sua escola primária, por decreto régio. No censo de 1950 tinha 391 habitantes. Nessa altura tinha, na sua área, 4 minas de ouro, arsénio e prata: Vale de Pereiro, latadas, Moinhos da Videira e Portela n.° 1. Tinha também 1 professor, 2 mercearias e 17 proprietários referenciados. Em 1960 eram 404. No de 1991 tinha 275 residentes e em 2001 eram 293, dos quais 148 eram do sexo masculino. Repare se que contraria a tendência de diminuição populacional das nossas terras do interior transmontano, aumentando 18 pessoas nos últimos 10 anos. O facto de ficar próximo da cidade de Mirandela, com acesso melhorado, tem ajudado à fixação das pessoas e combatido a desertificação. É a agricultura o trabalho diário da maioria dos seus habitantes, com produções de vinho, azeite, batata, feijão, alguma amêndoa e frutas. Gado, pouco: apenas 6 rebanhos de cabras e de ovelhas e 2 juntas de vacas. O gado muar e os tractores são usados lado a lado, sendo muito utilizadas as carroças. Mas há também muita gente que procura seus empregos em Mirandela ou no Complexo do Cachão, indo dormir à sua aldeia. Em 1996 ainda havia lá 2 barbeiros, 2 ferreiros, e alguns comerciantes, três cafés. Alunos da Escola Primária eram 4 do 1.° ano, 1 do 2°, 4 do 3.° e 1 do 4.°. Outros filhos da terra foram para mais longe, destacando se médicos, jornalistas, ou juizes e professores que S. Salvador tem dado ao país. Os lugares de encontro são a Rua do Cruzeiro, o Largo de S. Sebastião. Às vezes ainda jogam por lá o “cltiito” com patacos antigos. É servida pela estrada que vai de Mirandela para a Trindade e Vilariça, tendo transportes públicos diários. É rodeada pela Serra do Prado logo à entrada, e a Serra do Mogadouro para os lados de Frechas, parecendo escondida das outras povoações e do mundo, pois só se vê de perto. Como pontos de interesse, salientamos: o Campo de Futebol, a Escola Primária, as Casas típicas de xisto, com portões largos e escadas exteriores. A Igreja Matriz com altar mor de rica Talha Dourada, de confessionários antigos, com coro e púlpito de pedra e muito bem conservada. A casa do Dr. Alves com Capela (autêntico Solar rural). A Capela de S. Sebastião, alguns pombais, a Casa Paroquial com um portal de granito, tendo em cima dois pináculos e uma cruz a meio, e com a data de 1752.

SUÇÃES é uma aldeia e também freguesia do concelho de Mirandela, donde dista cerca de 10 km para noroeste. Situada entre a Serra de Passos e o Rio Tua, e na margem direita deste. Nesta freguesia existem várias lendas e lugares identificados com os Mouros, levando nos a verificar que o seu povoamento é anterior ao século VIII. Aparece referenciada nas Inquirições de 1258 (com o nome de Suxães) e de 1280, e nos forais quer de Mirandela quer de Lamas de Orelhão a cujo concelho pertenceu. A sua história passa um pouco pelas leis da época, e, mais tarde, à volta da família Pavão, cuja casa Brasonada ainda lá se encontra, bem assim as suas extensas propriedades rurais. A Ordem do Hospital tinha lá também algumas das suas terras. Tem como orago N.ª Sr.ª da Assunção. Segundo alguns autores, a freguesia de Suçães não existia no século XII, mas aparece já no seguinte, filial de Santa Luz de Lamas, cujo abade devia apresentar até à doação a fidalgos por D. Sancho e por D. Dinis. Ainda no século XVIII o padroado não era da coroa, pois o Vigário de Suçães era apresentado pelo Colégio de S. Jerónimo de Coimbra. O decreto de 27 de Março de 1867 cria ali a sede de uma escola primária. A sua população atingia os 1.292 habitantes em 1950, sendo 685 do sexo masculino e 607 do feminino, altura em que ali havia 1 professora, 1 mercearia e 5 lavradoreslagricultores registados. Em 1991 eram 918 residentes, para no censo de 2001 serem 766 pessoas, das quais 382 eram do sexo masculino. Claro que nestes dados se inclui a sede de freguesia e as anexas, ou seja, respectivamente, Suçães, Eivados, Eixes e Pai Torto. Em todas estas aldeias, a base da economia é a agricultura e a pecuária, com terras de cereais, oliveiras, vinha frutas e algumas amendoeiras. Em Suçães há até um viveiro de estufas de diversas plantas, já em moldes modernos, onde não faltam as futuras oliveiras, e que muito contribui para o emprego diário de alguns trabalhadores. A juventude costuma reunir junto de Casa do Povo e da escola primária e telescola, à entrada do povoado. De resto, é a rua que atravessa a aldeia e segue para Pai Torto, o centro do viver das suas gentes. No Largo do Eirô estão as casas apalaçadas, símbolo da enorme riqueza rural de outros tempos. A seguir está o tanque construído em 1948, junto do bairro do seixo. Depois é a Sede da Junta de freguesia, o Lavadouro, a Igreja Matriz. Esta, em linda cantaria, é horizontal, simples mas cheia de características rústicas. Ali perto jogam à malha ou conversam das suas vidas calmas e de trabalho. Continuando rua abaixo, no sentido norte, casas modernas misturam se com as antigas, em xisto, escadas e patamares exteriores. Carroças a lembrar carros de bois, um Cruzeiro onde está o Sr. dos Aflitos. Depois são os campos de cultivo e a ligação para outras aldeias da freguesia. Nas soleiras das portas, as senhoras ainda vão fazendo as suas colchas de renda. Jogando às cartas, brincando à sua maneira, fazendo a renda, jogando à malha, passeando pela estrada, é assim o pulsar das gentes de Suçães nos tempos de lazer. O mesmo acontece com as anexas. Não podemos deixar de indicar o Lar da Terceira Idade, o Polidesportivo e campo de ténis, e o Museu Rural instalado nos baixos da Sede da Junta de Freguesia, imensamente rico em materiais etnográficos e ligados à vida social, económica e cultural das gentes de Suçães.
Pai Torto tem um núcleo de casas já comidas pelo tempo donde sobressai uma ou outra mais recente e de materiais modernos.
Eixes foi freguesia independente, pertencente ao mesmo concelho, Lamas, até este ser extinto em 1853. Parece ter origem árabe e teve o culto local a S. Frutuoso, seu orago na altura. Esta povoação junto do rio Rabaçal e da estrada para Valpaços tem crescido nas margens dessa via, pois torna se um local mais aprazível e de mais fácil acesso para a cidade de Mirandela, donde dista pouco mais de três quilómetros.
Eivados é uma aldeia com cerca de 40 moradores, tem o Largo do Prado ao fundo do povo com boas árvores, ou mais acima o Largo do Terreiro. É aqui neste que os locais gostam de estar à sombra ou nas soleiras e escadas das habitações, passando os tempos de calor ou domingos e feriados. A rua principal é a Rua do Fundo do Povo, onde se podem admirar as suas casas rurais típicas em xisto.

TORRE DE D. CHAMA é uma Vila sede da maior freguesia rural de Mirandela, que ocupa uma extensa área. Dista desta cidade cerca de 24 km. Situa se na margem esquerda do rio Tuela, a pouco mais de 3 km, a NNE da sede de concelho. Tem defronte a mole verde da Serra da Nogueira, e a Sul as férteis terras de Macedo de Cavaleiros. É atravessada por diversos ribeiros. A sua História é riquíssima, e, só por si, não cabia neste apontamento. Contudo, cabe nos aqui dar algumas indicações importantes sobre esta terra transmontana. Existindo já antes da Formação de Portugal, este nome de Torre de D. Chama evidencia claramente a sua indicação de uma “Torre”, e uma senhora local “Dona” do lugar, que se chamava “Chama “, proveniente de “Flamula” que deu “Chamôa” e depois “Chama”. Esta ligação de palavras é tão identificativa, que existe uma lenda local que nos mostra a relação dessas palavras com clarividência. O Dicionário Geográfico do Reino de Portugal vol. 37, folhas 73, assim o indica. (ver lendas). Nas chancelarias medievais surge com a designação de: Turris de Domina Flamula. Já no século XIII , no Foral de D. Dinis, aparece com o nome de Torre de Dona Cliâmoa. Alguns historiadores indicam até uma certa coincidência com a lenda atrás transcrita, que uma nobre dama, Dona Châmoa Rodrigues, que ali teria vivido pelo ano de 960, e por isso consideram na a fundadora da localidade. Tem vastos achados arqueológicos, e vestígios que ainda hoje podemos testemunhar no local como o monumento tipo berrão “a Ursa” de pedra junto ao Pelourinho que nos fazem pensar em povoamento muito remoto. No Monte de S. Brás existe uma ermida àquele santo, cuja capela está rodeada dos restos da muralha de um forte Luso romano. Pensa se que o próprio culto de S. Brás tenha sucedido após a ruína de um outro templo pré existente, a outro culto (talvez Santa Maria que é o orago local). É que, entre nós, o S. Brás não era dos favoritos da Alta Idade Média. Estes muros castrejos sofreram as diferentes passagens de povos, dos romanos, dos mouros e dos cristãos entre outros. O próprio Pároco local de 1758 é de opinião que aqueles restos de povoado no Monte de S. Brás, teriam sido a primitiva povoação da Torre, que depois se transferiu para o sopé daquele mesmo monte. Vários utensílios de cobre e bronze, além de alguma cerâmica, têm sido até encontrados. Em Plena Idade Média, Torre de D. Chama começa a ganhar mais importância, inclusive estratégica. Nesse sentido, e para a repovoar, o rei D. Dinis dá lhe Foral em 25 4 1287, renovando o a 25 3 1299. Mais tarde, D. Manuel I concede lhe novo Foral a 14 5 1512. Contudo, a sua tradição municipalista deverá ter começado antes do século XIII. No tempo de D. Fernando, o senhorio da vila passa para um fidalgo Castelhano, por este considerar o rei de Portugal como seu rei. Só que, com a Regência do Mestre de Avis, Torre de D. Chama passa para um português fiel, Gonçalo Vasques Guedes, ao mesmo tempo senhor de Murça. Mantevese nessa família de geração em geração. A Paróquia, no século XVIII tinha pároco, provido pela Abadia de Guide. O concelho é extinto a 24 X 1855, e era composto por várias freguesias dos actuais concelhos de Vinhais, Macedo de Cavaleiros e Mirandela, como Espadanedo, Ervedosa, Ferreira, Fradizela, Lamalonga, Guide, S. Pedro Velho. Porém, devido a um bairrismo intenso, e a um desenvolvimento crescente, torre de D. Chama passa a Vila de novo em 1991. Mesmo sem ser concelho, como defendia o abade de Baçal e muitos dos seus habitantes, a Vila da Torre impôs se no conjunto das freguesias rurais de Mirandela. Em 1530, segundo o numeramento dessa época o seu termo tinha 317 moradores distribuídos assim pelas suas aldeias de então: Lama Longa e Argana com 10 cada, Vilar d’Ouro, Ribeirinha com 6, Ferradosa, Mosteirô e Seixo com 7, Vai D’Amieiro 3, Couços, Regadeiro, Vai de Navalho com 9, Vilares 12, S. Pedro Velho 21, Fornos 18, Melles 25,Guide 37, Vale de Gouvinhas 17, Fradizela 26, Vale de Prados 14, Múrias 24 Gandariças 4, Vale Maior 11, Vila Nova 6. Em 1796 o concelho tinha 1391 homens, 1289 mulheres, 4 barbeiros, 17 eclesiásticos seculares, 3 pessoas literárias, 41 sem ocupação, 6 negociantes, 4 cirurgiões, 2 boticários, 290 lavradores e 140 jornaleiros, 24 alfaiates, 20 sapateiros, 7 carpinteiros, 14 pedreiros, 4 ferreiros, 5 ferradores, 1 chapeleiro, 7 almocreves, 56 criados e 47 criadas. Já em 1960 podemos indicar na Torre carreiras de camionetes para Bragança e Mirandela, sendo o principal comércio o azeite, cereais, fruta e vinho. Ali estavam instalados vários serviços económico sociais: 1 depósito de adubos. 2 agências bancárias, 1 agência funerária, 1 agência de jornais, 4 agentes de seguros, 4 albardeiros, 7 alfaiates, 1 grupo desportivo e Casa do Povo, 1 garagem de automóveis, 1 lagar de azeite, 1 negociante deste produto, 4 barbeiros, 2 cafés, 1 farmácia, 1 ferrador, 1 filarmónica da Casa do Povo, 1 depósito de gasolina, 4 latoeiros, 1 agente de máquinas agrícolas, 3 médicos, 7 mercearias, 4 fábricas de moagem, 3 pensões, 4 professores, posto de Registo Civil, 3 serralharias civis, 3 talhos, 2 tamanqueiros e três transportes de mercadorias. Em 1950 tinha 2120 habitantes sendo 1.050 do sexo masculino e 1.070 do feminino. Em 1960 tinha 1.890 pessoas e em 1991 eram residentes 1.587. No Censo de 2001 a sua população ficava se pelos 1.386 habitantes, sendo 654 do sexo masculino. A freguesia da Vila de Torre de D. Chama tem vastos recursos, e os seus habitantes não se dedicam só à agricultura. Embora esta seja a actividade preponderante, a pecuária, o comércio, o ensino e outros serviços têm prosperado na localidade. A que, certamente não será estranho uma triplicidade de condições: a sua situação geográfica, ficando a 25 km de Mirandela, ou de Macedo de Cavaleiros ou de Valpaços, 50 km de Bragança, no coração da Terra Quente; a sua extensão de território; as suas potencialidades que a dinâmica dos habitantes e residentes sabem aproveitar. A agricultura tem a servi Ia um comércio relacionado com as sementes, os enxertos, os adubos, calagem, rações e derivados, alfaias e máquinas etc. Produz abundantemente azeite, vinho, frutas diversas e cereais. A mecanização já vai sendo uma realidade, a par de muito tradicionalismo, onde não faltam os muares e as carroças, os arados, charruas, enxadas e por aí fora. Na pecuária há explorações de gado bovino, ovino, caprino e suíno. Industrialmente também já tem algum peso. Fábricas de moagem de farinhas, de pastelaria fina, padarias com fornos de cozer o pão, extracção de azeite, blocos e vigas de cimento, préesforçados, areias, gravilha e brita, cerâmica, transformação e tratamento de mármores e granitos. Como também a adega, oficinas de alumínios, ferragens, serrações, carpintarias mecânicas e unidades agro pecuárias. Tem estações de serviços e reparação de automóveis, farmácia, barbearias, relojoarias, alfaiatarias, cafés, restaurantes, bares, armazéns e retalhistas diversos, supermercados, talhos, peixaria, fazendaria, mercearias e miudezas, pronto a vestir, perfumaria, sapatarias com consertos rápidos, electrodomésticos, móveis, construção civil, alcatifas e artigos de decoração. As duas feiras, a 5 e a 17 de cada mês e as anuais de 5 de Novembro (Santos) e 5 de Janeiro (Reis), dão um ar de feiras francas e romarias, principalmente as duas últimas, atraindo muita gente vendendo ou comprando, e até convivendo. No aspecto sócio cultural a Torre marca bem a diferença em relação às restantes freguesias rurais do concelho. Tem Casa do Povo e Delegação da Segurança Social com corpo médico, enfermagem e diversos serviços, que inclui ambulância. Agências Bancárias, Estação dos CTT, Posto da GNR, Bombeiros Voluntários fundados a 16 de Março de 1978. Possui uma Associação Cultural que já pretendeu recriar uma Banda de Música. O Grupo Desportivo foi fundado também em 1978. A Festa dos Caretos a 26 de Dezembro representa a luta entre cristãos e mouros. Deriva das festas pagãs entre o bem e o mal, a luz e as trevas, o sagrado e o profano. Segundo o povo é esta luta que está na origem da povoação de Torre de D. Chama em que os cristãos tomam o castelo de assalto aos mouros. No ensino orgulha se de ter vários níveis: pré primário, primário, preparatório e secundário, este particular. O 1.° desde 1985/86 com 2 estabelecimentos, o segundo com cerca de 100 alunos, o 3° criado em 1977 e com novas instalações inauguradas em 1986, e o último um Colégio. O ensino Secundário foi a partir de 1977/78, e a partir de 1985/86 passou a ter curso complementar nalgumas áreas. A Torre tem também muitos pontos de atracção turística. desde a gastronomia ao artesanato, passando pelos lugares típicos, monumentos, romarias e festas e tradições. Vários pratos relacionados com os enchidos e o presunto; no artesanato a latoaria, albardaria e tecelagem. A Ponte Romana sobre o rio Tuela, o Monte de S. Brás, o Pelourinho e a sua “ursa” no Largo da Berrôa, A Igreja Matriz, o Santuário do Senhor dos Aflitos. As festas típicas e tradicionais são: S. Brás, à volta de 3 de Fevereiro, sendo precedida pela festa de N.a Sr.a das Candeias que tem carácter regional e termina com a partilha das merendas que levam nos farnéis. Festa do Divino Senhor dos Passos, no 2.° fim de semana de Agosto, é a Festa da Vila, de carácter cultural, recreativo e religioso. Depois, a 14 de Setembro, há a festa do Divino senhor dos Aflitos com a sua pequena Capela. A 25 e 26 de Dezembro é a festa de Santo Estêvão e dos Caretos. Esta última ganhou um tipicismo peculiar, embora com algumas alterações ao sabor dos tempos e da organização. Porém, ultimamente consta das seguintes partes: “Deitar os jogos à Praça” no dia 25, sobre a tarde. Ao escurecer é o “roubar dos burros”. Depois “a Fogueira”. A 26 “a passagem da cigarrada “, pelas 10 horas é o Carnaval antecipado com rapazes vestidos de raparigas e vice versa. Chamam lhe “as Madannas”. Após o almoço é a “bênção do pão” no adro da Igreja. E, finalmente é o “Correr a Mourisca”. Não faltam os reis mouros e cristãos, os caçadores e as mouriscas. É a apoteose da festa, com jogos próprios, gritos, caixas e bombos.
Mosteirô tem bons terrenos agrícolas e casas antigas xistosas, bem como uma Igreja interessante em cantaria regional.
Guide possui uma grandiosidade ancestral no campo paroquial, mas agora destaca se a Igreja, largo principal e casas bem agradáveis demonstrando algum cuidado de construção antiga, a par das modernas que não ligam muito bem.
Vilares fica na estrada que de Mirandela dá acesso à Torre, a cerca de 4 quilómetros, e são apenas escassas dezenas de casas, com destaque para a Capela e Casa Rural rica também com capela, em linda cantaria bem aparelhada e com várias saliências.

VALE DE ASNES é uma freguesia de nome bem típico, que dista cerca de 15 quilómetros, para ESSE de Mirandela, na margem esquerda do Tua. O Orago é S. Pedro, e era Curato da apresentação do reitor de Bornes. Fica num Vale das fraldas do antigo Monte Mel (Serra de Bornes). O seu nome aparece designado por “Vallis de Asinis” nas Inquirições de 1258. Cedães, que lhe fica próximo, seria um nome que indica “Villa” rústica pós romana. Fazia parte da terra Suévo Visigótica de “Pagani” chamada Letera, mas no inicio da nossa nacionalidade subdividida em 3 julgados: Lamas de Orelhão ao SW Torre de D. Chama ao Norte e Mirandela a SE. Incluía se neste último, embora ligada à Terra de Lampaças pela Paróquia de Santa Maria de Bornes. Esta era uma Igreja anterior a D. Afonso Henriques e os homens de Vale de Asnes eram seus fregueses. É povoada desde muito antes do século XII. No entanto, o território da freguesia é de instituição posterior ao século XIV administrativamente. Basta a sua toponímia para se verificar que assim era. A Coroa era sua donatária. Chegou a ser concelho. Cabeça de um Couto e Vila, recebeu Foral de D. Manuel I em 11 7 1514: “Foral de Vale de Asnes da Ordeni de S. João” (Hospital ou Malta). Nas inquirições de 1258, no Julgado de Mirandela, citam se villas “reguengas de Caravelas, Cedainhos, Frechas e Vale de Asnes” como sendo de Nuno Martins de Chacim. O seu concelho esteve incluído no de Cortiços até 31 12 1853, passando depois para o de Macedo de Cavaleiros. Em 15 11 1871 é transferida para o de Mirandela. A paróquia parece ter sido criada pela abadia de santa Maria de Borres depois do século XV ficando com Igreja Parioquial a ermida de S. Pedro de que não se sabe a fundação. O Cadastro de 1527 diz: “O Concelho de Vale de Asnes é concelho chão, sem cerca nem castelo; tem forca e picota: e é d’El Rei N.° S.° com toda a jurisdição. Só tem aquele lugar com 44 fogos, meia légua de comprido e outra meia de largo, partindo com os termos de Bragança, Mirandela e Cortiços”. Reparemos agora nos dados sócio económicos de 1796, em que Vale de Asnes tinha: 170 homens, 192 mulheres, 1 eclesiástico, 6 pessoas sem ocupação, 25 lavradores, 6 jornaleiros, 1 alfaiate, 2 sapateiros, 1 pedreiro, 1 ferreiro, 4 criados e 2 criadas. A 2 de Outubro de 1879 passou a ter escola primária. Em 1960 tinha 3 mercearias, 1 professor e 3 proprietários abastados. A sua população em 1950 era de 646 habitantes, sendo 336 do sexo masculino e 310 do feminino. Em 1991 tinha 485 e em 2001 412, sendo 202 do sexo masculino. Quase todos trabalham na agricultura de forma tradicional, embora já haja meia dúzia de máquinas agrícolas mais modernas. Usam os carros de bois mas puxados por muares, pois o gado bovino já acabou por ali. Têm produções abundantes de: batata, feijão, cebolas, frutas, azeite e vinho. Tinha 2 rebanhos de ovelhas e outros tantos de cabras em 1995. E ainda havia ferrador, fornos de cozer o pão a particulares, e 4 lagares de azeite, mas só um é que trabalhava. Já possuíam água domiciliária, esgotos, recolha de lixo, campo de futebol, 2 comércios, 2 barbeiros, 2 carpinteiro e 3 negociantes. A nível de ensino, têm um infantário, 2 salas de escola primária e telescola.
Vale de Asnes tem uma rua principal que da capela de S. Roque, lá no cimo junto da estrada que vai para Bornes e para o cruzamento do Mouco que liga para Macedo e para Alfândega, desce pelo meio da povoação até ao Ribeiro do Fundo do Povo. É nessa encosta que se distribuem as habitações lateralmente à dita rua. A Igreja é em granito, horizontal, torre sineira central com 2 sinos que têm a data de 1914. O adro é limitado por muros em cujas esquinas estão algumas pedras esculpidas e trabalhadas do antigo Pelourinho, que se situava um pouco mais abaixo, no lugar chamado Sítio do Pelourinho. O Largo da Igreja, a Praça, a Rua da Escola que antigamente se chamava Gricha, a Casa do Povo, o cemitério, a capela de N.ª Sr.ª de Fátima, são bem representativos da povoação. Bem como a Fonte da Praça, da Gricha e da Regueiradas (esta na estrada), ou a lembrança dos moinhos no ribeiro. O Fundo do Povo é chamado Fundo da Vila, em referência ao seu passado de concelho. Ali havia uma ponte de madeira sobre o ribeiro, que as invernias destruíram há mais de 20 anos.

VALE DE GOUVINHAS A cerca de 20 km para NNO de Mirandela, encontramos uma freguesia deste concelho, com o nome de Vale de Gouvinhas. Está na margem direita do Rio Tuela, a 12 km de Torre de D. Chama. O seu repovoamento data, pelo menos, do século XII, na Terra de Ledra. Só o lugar de Vale Maior tem referências documentais antigas remontando ao século XII. A Instituição paroquial é do século XV. Todos os seus lugares foram da vasta paróquia de S. Mamede de Guide. O orago é Santo André. Nas Inquirições de D. Dinis (em 1290) refere se o repovoamento de Vale Maior que havia sido dos Bragançãos. Fez parte do antigo concelho de Torre de D. Chama, até à extinção deste em 24 10 1855, passando, nessa data, ao de Mirandela. Foram lhe anexadas as seguintes Paróquias: Valbom Pitez, Vale Maior e Quintas, que já foram extintas. No entanto, estas aldeias, administrativamente, ainda continuam a pertencer à Junta de Freguesia de Vale Gouvinhas. Todos estes lugares, originariamente foram da vasta Paróquia inicial de S. Mamede de Guide. Por isso são criações paroquiais daquela abadia, posteriores ao século XV Quando o concelho da Torre foi extinto, aqueles lugares já não eram freguesias. Em 1863 é instalada ali uma máquina de destilação de vinhos. A 19 de Julho de 1901 passou a contar com escola primária. No censo de 1950 a freguesia de Vale de Gouvinhas tinha 942 habitantes, dos quais 477 eram do sexo masculino e 465 do feminino. Na década seguinte havia lá 2 barbeiros, 1 ferrador, 3 camionetes, 3 ferreiros, 3 mercearias, 7 lavradores/agricultores, 2 professores. Em 1991 lá residiam 515 pessoas. E, em 2001 a freguesia tinha 380, sendo 180 do sexo masculino. Esta população inclui as aldeias de Vale de Gouvinhas, Valbom Pitez e Vale Maior, e ainda as Quintas. Todas elas têm como base os trabalhos do campo, com produções abundantes de figos, azeite, vinho, hortaliças e batatas, feijão e frutas diversas, nomeadamente a maçã, pêra e cereja. As técnicas de cultivo ainda são as mesmas de gerações anteriores, embora haja alguma mecanização. Quanto à pecuária, usam os muares nos trabalhos do campo, e existem alguns rebanhos. De resto, podemos verificar a existência de 1 barbeiro, 1 tanoeiro que faz grades, charruas, arados e às vezes pipos em madeira. Como 1 serralheiro, 1 fabricante de foles, 3 negociantes, 2 pedreiros, 1 sapateiro, muitos trolhas e camponeses, e também uma forneiro com Forno de Cozer o Pão. A nível industrial, reduz se praticamente a uma fábrica de blocos, junto ao entroncamento da estrada da Bouça. Bem como um lagar de azeite, e muitos de vinho, mas particulares. Tem 2 cafés/comércios e uma loja onde se vende um pouco de tudo. À chegada à povoação de Vale de Gouvinhas, deparamos logo com duas habitações rurais em granito tipicamente transmontanas. Uma delas tem na pedra da janela a seguinte inscrição: D iiiDCCCLi (sic). Logo a seguir, curvando se à esquerda, junto de uma casa apalaçada com a data de 1888, entra se na Rua do Adro que vai ter ao Largo da Fonte e dá seguimento para a outra saída da terra. A meio da pequena rua, está a Igreja. Esta, envolta pelo casario, é simples mas toda em cantaria renovada e campanário central com 2 sinos. Dá se a volta à Igreja e percorre se o aglomerado de casas. Se quisermos ir para nascente, vamos em direcção a Vale Maior. Do conjunto da aldeia, retiramos alguns pormenores interessantes. A Fonte Nova, tapada e a seguir à Igreja, tem um arco redondo de pedra. Aliás, o mesmo tipo que tem a Fonte do Prado. Vários fontanários e a Capela de Santo André com seu largo. Mas, é no Largo do Santo António que habitualmente se encontram e reúnem as suas gentes nos tempos livres. Neste Largo, o povo diz que havia uma Capela ao Santo António, há muito desaparecida. Tem distribuição de água, esgotos, posto médico, escuteiros, Casa da Junta de Freguesia, recipientes do lixo e campo de futebol e lavadouros junto da Fonte do Prado. O cemitério fica a nascente. Acrescente se que, ao ir para Valbom Pitez, fica, à esquerda, a Escola primária, e à direita uma pequena elevação com o nome de Monte da Senhora do Rosário. Ali está uma capelinha àquela Santa, com Coreto, e espaço alargado com sombra de árvores frondosas para a Festa de 15 de Agosto, aliás muito concorrida.
Valbom Pitez fica na estrada que de Vale de Gouvinhas segue ao Cruzamento da Bouça quase directamente, e saindo pela via a norte . É um agrupado de cerca de meia centena de habitações. Quer entre as duas povoações, quer para a Bouça, as casas vão surgindo bem perto umas das outras, dando ideia de uma povoação enorme, no seu conjunto. O xisto das suas casas rurais com largas varandas em madeira denotando algum abandono predomina nesse quadro natural humanizado.
Quintas é uma aldeia anexa que tem cerca de 25 a 30 casas dispõem se junto da Capela. Ambiente profundamente rural, não deixa de ser agradável fazer lhe uma visita e contemplar todo aquele planalto, vales e montanhas circundantes, ou as suas hortas bem arranjadas. Ou então ir à Festa do Espírito Santo, que no ano de 1996 calhou dia 26 de Maio.
Vale Maior é outra povoação mesmo junto da sede de freguesia, para nordeste, onde se pode admirar a natureza e a mão do homem numa harmonia encantadora.

VALE DE SALGUEIRO é uma freguesia de Mirandela, distando desta cerca de 15 km, para NNO. Em termos de povoação é muito antiga e deve ter sido povoada antes do século XII. Não é difícil relacionar o seu povoamento pré e proto histórico com Vale de Telhas que lhe fica próximo, e onde há vestígios abundantes da presença clara dos Romanos. A actual freguesia de Vale de Salgueiro já pertenceu a Torre de D. Chama, e é composta pelas antigas paróquias de S. Sebastião de Vale de Salgueiro e de Santa Maria de Miradezes sua anexa. Miradezes pode relacionar se com Mirandelenses, Mirandezes e com desnalazação daria Miradezes. Em 1857 passa a ter escola primária. Situada na estrada que vai de Mirandela para Vinhais passando pela Bouça, com desvio de 500 metros que em 1992 ainda não estava alcatroado, Vale de Salgueiro é uma freguesia e povoação com as próprias tradições e costumes, bem como cultura. A Igreja Matriz tem à sua volta, quer para nascente quer para poente, o casario da povoação e o aconchego da sua população ali residente. Os altares têm bonita talha dourada, o coro é em madeira e vêem se várias pinturas com os apóstolos, no tecto do Altar Mor. O púlpito, à esquerda quando se entra, mas mais para perto do altar mor, tem bonitas escadas em cantaria. Tem também 1 escola pré primária, 2 salas de primária e telescola. A Associação Cultural com a sua sede, a Junta de Freguesia, a Casa Paroquial em frente com varanda em madeira e várias colunas redondas em granito, dão um aspecto mais agradável ao meio. No Largo da Feira a casa brasonada do Coronel Xavier, várias construções de casas rurais abastadas, todas em pedra, tornam a povoação com uma certa nobreza. O Cruzeiro com o Largo e fontanário junto à Ponte Romana. Esta, o Ribeiro que lhe passa ao fundo do povo, a Casa brasonada e a estrada de acesso com casas até ao cruzamento mais para nascente são pontos de referência obrigatória. Em 1950 a freguesia de Vale de Salgueiro tinha 775 habitantes, dos quais 390 eram do sexo masculino e 385 do feminino. Na década seguinte ainda havia posto de registo civil e tinha 1 ferrador, 1 agência de seguros, 3 lavradores/agricultores abastados, 1 médico, 2 mercearias, 2 professores. Em 1991 possuía 525 e em 2001 eram 422 os residentes, dos quais 216 eram do sexo masculino. No campo das actividades, destaque para a agricultura e para a Cooperativa vinícola particular com as suas cubas bem à mostra. O vinho, azeite, cortiça, frutas diversas e cereal são abundantes na freguesia, e constituem a única riqueza para muitos. Apesar de mecanizada, ainda se usa bastante a tradição. É o caso das carroças que abundam pelas ruas e caminhos da povoação, para cumprimento das suas funções. A Rua principal é a Rua Direita ou Central, e é no Largo do Eirol ou da Feira que se costumam juntar, ou ainda nas imediações do Largo da Igreja, conversando, trocando experiências da sua vida, preparando o futuro. Podemos acrescentar que, além da Cooperativa, tem também uma fábrica de azeite, vários fornos de cozer o pão, duas serralharias, 2 barbeiros, 2 sapateiros, 2 ferradores, 1 supermercado, 1 taberna e 3 cafés.
Miradezes é uma aldeia anexa de Vale de Salgueiro que fica mesmo junto do rio Rabaçal, a cerca de 3 quilómetros da freguesia. Tem um enquadramento peculiar, fazendo vida com o rio, onde as pedras de as mulheres lavarem a roupa, a azenha, o açude e os areais marcam a vida do povoado. Uma agricultura fértil, pois o rio dava a água suficiente para regar os seus terrenos, pelo que a abundância da mesa em Miradezes é uma realidade. Embora se vá despovoando, verificamos que cada vez fica mais bonita com o interesse que seus filhos que vão teimando em lá viver ou frequentá la quando podem. Exemplo disso é a obra que o Cónego Silvério Pires tem feito no campo cultural em volta da sua Capela que já foi Igreja Paroquial, bem como dentro da mesma. Não há dúvida que está ali a nascer um Museu da Pedra, único na região, que conta já com imensas pedras que falam com o seu silêncio e simbolismo, dando a quem o visita uma possibilidade de lembrar a vida dura mas rija dos transmontanos. Mós de lagares, bancos de pedra, esteios, colunas, arcos, relógios de sol, pias, são muitas as peças que já o compõem. Aliás, no adro está também escrita na pedra uma mensagem: “Os Engomadinhos”. Para lembrar que afinal era o nome que chamavam aos de Miradezes por andarem na vila ou nas feiras, ou nas festas e romarias sempre bem arranjadinhos, lavadinhos e apresentados, em oposição aos outros povos de outras terras que não tinham o rio perto, e por isso a água escasseava, pelo que não andavam tão limpos. Seria assim nos tempos idos da Idade medieval. Resta acrescentar que Miradezes é um local procurado no verão por muitos que querem fazer praia nos areais do rio que quase chega a secar. Nesta freguesia há uma festa tradicional no dia de Reis, 6 de Janeiro, que tem como protagonista “o Rei ‘ que é o líder de todos os rituais festivos. Como rituais típicos nesta festa dos reis há: o Cantar dos Reis, A Visita Protocolar a todas as casas da aldeia, a distribuição de tremoços, a prova de vinho, e as danças tradicionais ao som de gaitas de fole.

VALE DE TELHAS é uma freguesia do concelho de Mirandela, situada entre os rios Rabaçal e Tuela, a cerca de 15 km da sede de concelho e a 12 de Torre de D. Chama. O orago é Santo Ildefonso e foi um dos centros arqueológicos mais fecundos da província transmontana, acabando por concluir que o povoamento no termo da freguesia é anterior ao século XII, abrangendo épocas pré e proto históricas. O Cabeço poderá ter sido um Castro. Outros lugares relacionados com essas épocas: Sainça, S. Pedrinho, Cabeços de Monchicara e da Muralha. Miliários, Fonte dos Mouros com arco Romano, restos de edifícios e até restos de telhas, indicam nos uma presença romana abundante. Por outro lado, o itinerário Antonino refere que havia o caminho romano de Braga para Astorga, passando por Chaves, Vale de Telhas, Vinhais, e por aí fora. O nome de Vale de Telhas está também relacionado com as telhas que apareciam abundantemente, e com a situação do terreno, isto é num vale profundo protegido por várias encostas dos cabeços atrás referidos. O local poderá ter sido um Villar do Tua pertencente à Terra de Ledra do século XII e XIII. A paróquia já estava constituída no século XIII para o XIV. D. Dinis concede lhe Carta de Foral a 22 de Junho de 1289, mas nunca chegou a ser concelho. Apesar da sujeição inicial a Mirandela, surge depois ligada ao concelho de Torre de D. Chama, até à extinção deste em 24 X 1855, passando desde então a pertencer ao actual. Em termos de progresso, não teve grandes alterações. Em 1865 tinha 116 fogos, e, por essa altura, passou a ter escola primária. Quanto à sua população verificamos que em 1950 possuía 593 habitantes, sendo 289 do sexo masculino e 304 do feminino. Mas em 1991 eram 320 pessoas ali a residirem.
Para em 2001 atingirem as 363, sendo 181 do sexo masculino. A actividade principal é a agricultura e em simultâneo alguma pecuária. Produções abundantes de azeitona, pêssegos, amêndoa, vinho, frutas, cereal, figos. Ainda têm três rebanhos e uma vacaria. Usam a carroça, e alguns tractores. Têm a Casa do Povo, logo à entrada, a Capela de S. Sebastião com Cruzeiro encimado por um globo. A seguir está a Rua Direita com casas em cantaria e mostrando que pertenceram a senhores rurais ricos. Depois, o casario estende se pela encosta até ao fundo do vale, passando pela Igreja Matriz. Esta é em granito, com campanário de 2 sinos. Dentro tem um coro e altares com alguma talha dourada. O tecto é em madeira e ostenta a data de 1730. O púlpito, bonito, também granítico dá um aspecto de antiguidade, riqueza e beleza ao monumento. No fundo do Vale tem um Largo com uma casa Brasonada e capela, e, defronte, a Fonte Romana. Aqui há uma casa tipicamente transmontana, onde sobressai para a retaguarda da mesma, uma larga e comprida varanda em madeira que no verão está cheia de figos e outros frutos a secarem. As ruas estão calcetadas, tendo já saneamento e água canalizada. Têm campo de futebol, e querem sempre mostrar nos a Capela da Sr.a do Barreiro, cuja festa é a 2 de Fevereiro. Costumam juntar se no Santo, Fundo do Adro ou na Rua da Figueira, naqueles tempos de lazer.

VALE VERDE é uma freguesia do concelho de Mirandela que se situa na margem direita do rio Tua, a 2 km deste, e a 17 km da cidade, para Sul Sudeste, e ainda a 2,5 km da estação ferroviária da Linha de Tua chamada Vilarinho das Azenhas. Há vários indicadores de que Vale Verde (conhecida também como Valverde da Gestosa) é já muito antiga. Na sua área encontravam se fortificações castrejas. Sendo anterior à nacionalidade pois terá ali existido um `Villar’ originário do século XII e XIII. Já nesta altura se chamava Vale Verde e estava povoada com propriedades fidalgas. Está referenciada nas Inquirições de 1220. Fez parte do Concelho de Lamas de Orelhão até 31 12 1853, transferida de seguida para Mirandela. Esteve, em 1840, temporariamente, anexa a Marmelos que fica ali perto. Senhorialmente, depois do século XIII, foi do Mosteiro de Santa Clara de Vila do Conde. O Orago é N.’ Sr.a da Expectação. Foi Vigararia da apresentação do Vigário de Lamas, antes de se tornar vigararia independente. A povoação de Vale Verde fica à margem direita da estrada que vai de S. Pedro Vale do Conde para Vilarinho das Azenhas ou Barcel. Atravessa se o Ribeiro à volta do qual verdejam diversas hortas e alguns pastos para os animais, e depara se com 1 lagar de azeite. Depois as casas vão se amontoando, com uma rua no meio, sinuosa, sempre a subir até ao cemitério, ou, um pouco antes até à Igreja. Está abrigada por várias serras, como a da Fonte Longa, a do Faro de Vilarinho, ou para nascente da Igreja, a do alto da Touca Rota. A nível de população encontramos 323 pessoas sendo 161 do sexo masculino e 162 do feminino, isto em 1950. No censo de 1991 eram 213 e em 2001 somavam 198, das quais 104 eram, do sexo masculino. A agricultura domina as ocupações locais, mas é uma actividade de subsistência, embora com um pouco de tudo. A pecuária ajuda os rendimentos, com 1 rebanho de cabras e 6 de ovelhas, e ainda uma exploração de vitelos. Há muitos fornos de cozer o pão, mas são particulares e a maioria não tradicionais. Dos artesãos doutros tempos, já quase nada resta, nem equipamentos, nem pessoas. Isto na opinião da D. Cesaltina de Jesus Rodrigues, 87 anos em 1995, uma tecedeira que ainda aprendeu o ofício nos tempos de juventude. Havia também duas azenhas, a da quinta e a da ponte. O crescimento da povoação deu se certamente de cima para baixo. Ou seja, as casas mais recentes ficam para as proximidades do Ribeiro. A comprová lo, estão, no meio da povoação, um núcleo de cerca de uma dúzia de habitações rurais bem típicas, mais perto da Igreja que do Ribeiro. Todas elas têm xisto nas paredes, varandas em madeira e poucas aberturas. Telhado inclinado, escadas exteriores e patamares de acesso. É um museu vivo da zona histórica da aldeia. É no largo do Terreiro, precisamente entre essas habitações tradicionais e o Fundo do Povo, que se costumam reunir as pessoas para passarem os seus tempos de lazer e conviver. E o nome das ruas é mesmo elucidativo: Rua do Cimo do Povo, ou a do Fundo do Povo, ou a do Meio do Povo. Porém, é a Igreja o monumento de maior destaque a nível local. Tem a data de 1794, embora fosse pintada em 1985. É simples, Torre sineira lateral esquerda, 2 pináculos laterais arredondados defronte, 2 para a retaguarda e dois na sacristia. Quer os pináculos, portões, janelas e cunhais, são em cantaria. A Quinta do Silvestre é uma anexa de Valverde.

VILA BOA situa se entre os cumes de Palorca para Este, e do Castro para Oeste, a Sudoeste de Mirandela. É também freguesia deste concelho a cerca de 19 quilómetros para poente. Era um lugar da freguesia do Franco. Contudo, já se desmembrou da mesma, e tornou se freguesia independente, como ainda o é hoje, em 22 4 1957. O seu povoamento deverá ser anterior ao século XII, numa “Villa” agrária originada da “cividade” de Monte Orelhão. Os topónimos circundantes são elucidativos. Palorca, deriva de “Pala”, mais “Orca”, e são alusivas a estâncias arqueológicas, edificações tipo dolménico de povos préromanos. Castro, provavelmente virá de uma povoação fortificada. Outros nomes como, Cumes da Casinha, do Castelo, ficam perto. Vem mencionada nas Inquirições de 1258. Foi Vigararia da apresentação ad nutum da Vigário da Paróquia de Lamas de Orelhão, a cujo concelho pertenceu até 31 12 1853. Nesta data, passa para o de Mirandela. Em 1960 tinha 325 habitantes e em 1991 eram 171. No censo de 2001 ali residiam 118 pessoas, sendo 60 do sexo masculino e 58 do feminino. A sua população dedica se exclusivamente à agricultura e com o cunho muito tradicional ainda. Desde os utensílios até às técnicas agrícolas, aos muares, carroças, ainda se podem ali encontrar nos campos acidentados da freguesia. Produzem muito azeite, amêndoa, vinho e cereal, embora este, tenha vindo a diminuir no seu cultivo. Também há muitas manchas de sobreiros e giestais. A nível de outras actividades apenas algumas vacas e bois, um rebanho de ovelhas e pouca apicultura. Só há um comércio e um café, 1 lagar de azeite que não trabalha (as pessoas preferem vender a azeitona e pouco azeite fazem, indo aos lagares de outras aldeias vizinhas), 1 carpinteiro, e um alfaiate reformado. A povoação estende se por uma encosta íngreme que desce para a Ribeira de Vila Boa. E é a rua que se situa na espinha dorsal dessa encosta, que vai da estrada que lhe dá acesso a partir do Franco, e continuando através da aldeia para os Avidagos e Pereira, que marca o movimento e o ser de Vila Boa. A Ribeira vai ter a Monfebre e tem perto a Igreja com os sinos na Torre Simples, mostrando o granito apenas nos portais e nas esquinas. No seu interior, o chão é de mosaico antigo e o altar-mor tem talha dourada. De fora o adro e um muro separa a do espaço que é o cemitério. Subindo a rua, a que chamam de Santo António, muito sinuosa e com pequenas ruelas oblíquas, as casas vão se amontoando de forma irregular, e sem grandes ostentações, embora algumas mantendo a sua traça original. Passa se pelo Largo da Capela, onde está um café, e é o local mais concorrido para a sua população se reunir nos tempos de descanso. Mais acima outro Largo onde existia um tanque, chama se o Largo da Bica, pois tem uma bica pública. Ali, no Natal, fazem uma fogueira com os melhores troncos que a rapaziada conseguir juntar, fora do alcance do olhar dos donos. Logo a seguir está a Casa do Povo, de aspecto moderno, parecendo até uma habitação abastada. No rés do chão é o Posto Médico que, às vezes, funciona às quartas-feiras. No 1°. andar é a sede da Junta de Freguesia. E, logo àentrada da aldeia, lá está a escola primária, pequena: só tinha três alunos a frequentá la. O Campo de Futebol também não fica distante, assim como a Eira dos Herdeiros. Há 3 Fontes: a do Largo, a do Vale de Carro e a Fonte da Ribeira, já com a data de 1916. A Quinta da Gricha, onde só vive uma família composta por três pessoas, embora tenha 5 habitações pertence a Vila Boa. Às vezes, uma festa por volta de 22 de Julho, a Santa Maria Madalena, faz alegrar os filhos de Vila Boa espalhados por Portugal e pelos 4 cantos do Mundo.

VILA VERDE é uma freguesia de Mirandela donde dista cerca de dez quilómetros para Sudeste, e a 5 km a Este da margem esquerda do Tua. É povoação muito antiga, podendo referir que o seu povoamento é anterior ao século XII, indo às épocas pré romanas. Os vestígios arqueológicos provam nos tal, mas também os topónimos como Murado e Vale de Mouro. No entanto, como freguesia deve ter sido instituída pós Idade Média, pois não figura nas Inquirições do século XIII, nem no arrolamento paroquial de 1320/1321. Esteve incluída na Paróquia de Santa Maria de Mirandela. Na segunda metade de séc. XIX estavam anexas à freguesia de Vila Verde, as de S. Salvador e de Freixeda. A partir de 2 de Maio de 1878 passa a ter escola primária. Em 1950 tinha 300 habitantes, sendo 149 do sexo masculino e 151 do feminino. Em 1991 havia ali 115 pessoas e no censo de 2001 residiam em Vila Verde 102 pessoas, das quais 44 eram masculinas. As suas gentes dedicam se à agricultura, semi tradicional, com os muares ocupando lugar importante na ajuda dos trabalhos do campo, embora já haja alguma mecanização. Tem produções razoáveis de azeite, centeio, trigo, algum vinho, fruta, amêndoa. Rebanhos só há dois. Tem um Largo onde está a Fonte de mergulho antiga, com arco em granito. É nesse Largo que se juntam nos dias de descanso os seus habitantes. Ali estava o tronco onde o muar é metido para depois ser ferrado, protegendo o ferrador de algum “coice malandro”. É à volta deste largo que se dispõem as casas de habitação da aldeia. Na parte de entrada é a Escola Primária de um lado, e a Igreja Matriz de outro. Está pintada de branco, com a Torre Sineira simples, frontal, portais e esquinas em granito. O seu adro está muito bem arranjado. Do lado oposto à Igreja e também um pouco elevado em relação ao largo central, vemos a parte típica do povoado: a Rua do Cimo do Povo. Com efeito, esta rua é como que um museu vivo da casa regional e rural de Mirandela. Construídas em xisto, têm as suas escadas exteriores e alpendres/patamares, cujo telhado é sustentado por traves de madeira.

LENDAS

São várias as lendas que existem no concelho de Mirandela, perdendo se no tempo, esquecendo se com as gerações que vão passando, já que elas são quase todas orais, e, muitas ainda não estão registadas. O Abade de Baçal refere, no seu volume n.° IX das Memórias Arqueológico Históricas do distrito de Bragança, p. 495 e seguintes, uma listagem de lendas que ele teve conhecimento. Sem pretendermos ser exaustivos, mas apenas enumerando algumas, indicaremos outras mais em pormenor, na esperança de que, com o tempo se vá fazendo a recolha do que ainda se conseguir fazer. No termo das Aguieiras há uma lenda de moura encantada e de tesouros nos sítios chamados Pipéla Rigueirais e Fraga da Moura. Na Bouça sítio de Muralha há buracos nas fragas em duas filas onde, segundo o povo, os mouros espetavam as bandeiras. Em Cabanelas a lenda das duas panelas, uma de dinheiro e outra de peste. Na Freixeda, no Murinho, há uma galeria comprida, por onde cabe um homem de pé e no extremo escadas para descer para outra ou para um poço mais fundo. Dizem que esta galeria dá volta ao Cabeço e, no alto deste apareceram pias com muito dinheiro, das quais ainda se conhecia o sítio onde estavam. Nesta freguesia, e no sítio do Salto perigoso, diziam andar uma cabra encantada, pulando de umas fragas para outras. Em Romeu, na Horta de N.ª Sr.ª, no Lugar de Vale de Couço, diz se que fora ali que aparecera a imagem de N.ª Sr.ª de Jerusalém de Romeu, onde lhe erigiram uma Capela. Mas Ela, de noite, fugiu para o local da aparição, até que, por último, tantas vezes a levaram que lá se resignou a ficar na Capela. Igualmente em Santa Bárbara, Vale de Prados de Ledra apareceu a Senhora, que o povo levou para as Múrias. Mas de noite fugia para as ruínas, até que, tantas vezes a levaram que, por último, lá ficou.
Lenda de Abreiro No termo de Abreiro há um local com vestígios de civilização neolítica, a que chamam de Arcã. Na povoação está um elegante Cruzeiro com o brasão de armas de Diogo de Mendonça Corte Real, ministro de D. João V, que foi quem mandou fazer a ponte de Abreiro sobre o Tua, formada por dois arcos, um de grandes proporções.
Então diz a lenda local que a ponte, a arcã e o cruzeiro foram construídas de noite pelo diabo, que prometeu também fazer uma estrada da ponte à povoação a troco da alma que uma moça lhe entregaria para mais comodamente passar o rio, a fim de ir buscar água a uma fonte na margem esquerda. Conforme o acordo dizia, o diabo dava a ponte concluída numa só noite e antes de cantar o galo. Quanto mais intensamente trabalhava uma legião de demónios, carregando, aparelhando e assentando pedras, o galo canta.

Que galo é? perguntou o rei das trevas infernais.
Galo branco responderam lhe.
Ande o canto ordenou ele.
Em breve novo cantar do galo se ouviu.
Que galo é? perguntou de novo.
Galo preto. Pico quedo vociferou ele.
Faltava apenas uma pedra para assentar nas guardas da ponte e assim ficou, pois que, por mais vezes que os homens a tenham colocado no lugar, aparece derrubada pelo diabo no rio na noite seguinte.
Lenda de Aguieiras Em Aguieiras há um grande fraguedo onde assenta a Capela de Nossa Senhora dos Montes. Diz o povo que um homem da terra sonhou que havia lá um tesouro. Foi procurá lo. Mas aparece lhe o diabo que lhe promete dar lho se ele lhe desse a alma em troca. Então regressou a casa. No dia seguinte foi lá procurá lo de novo, mas levou um galego que se comprometia a dar a sua em troca de algumas moedas. Só que, quando apareceu o diabo em figura horrenda assustou se e disse: Valga me Dios”. Imediatamente desapareceu o diabo e o tesouro que os homens já tinham colocado à vista. Os homens saíram a “pés de cavalo”, isto é, com a velocidade máxima que puderam.
Lenda da Fonte do Bispo Em São Salvador existe uma fonte com o Nome da Fonte do Bispo. Foi aberta, segunda a lenda, com uma bengala do Bispo de Bragança, falecido naquela localidade em 1819, D. António da Veiga Cabral e Câmara. Como a fonte tem virtudes curativas extraordinárias em várias doenças, o povo atribui as à bênção especial que o bispo lhe lançou (considerado santo na terra). E, ainda em meados do século XX em grandes secas (falta de chuvas), ou nas grandes chuvadas, quando há crises agrícolas, o povo de S. Salvador recorre à intercessão do Santo (Bispo), atribuindo lhe a bênção dos frutos nas abundantes colheitas.
Lenda da Flor que nasceu na Lama No volume I de “Lendas de Portugal” de Gentil Marques, página 383 e seguintes vem registada em pormenor uma lenda que mostra a origem do nome de Lamas de Orelhão, freguesia de Mirandela, como vimos. Diz o seguinte resumidamente: Havia dois irmãos, um rapaz e uma rapariga que viviam em Trás osMontes, mas que ninguém sabia donde tinham nascido. Ela era jovem e bonita. Ele mais velho mas com muita sabedoria que deixava as pessoas embaraçadas. O passatempo preferido deles era andar pelos campos falando das coisas do Céu e namorando as coisas da Terra. O Rei Mouro que governava aquelas paragens quis conhecê los e foi ao encontro deles sem se aperceberem. Trocaram palavras, ficando ela a desconfiar desse Cavaleiro que lhe dirigia elogios, mas que não gostava que lhe falassem em Deus. Ele ficou a saber que os dois irmãos o tinham por tirano (ao Rei Mouro), porque `foi por ordem desse tirano que mataram nossos pais” diz o irmão. O cavaleiro deixou os mas não se afastara dali. E, em plena noite raptou a moça “que era tão bonita, tão fresca, que faz entoitecer o coração de qualquer homem”, como dizia o cavaleiro. Este levou a até uma pequena comba convencido de que ali ficava em segurança. Só que, de repente, não consegue ver a linda jovem e amaldiçoa a feitiçaria, gritando alto. Quando o irmão acordou ficou aflito, e foi à procura da irmã. Pelos gritos deu com o cavaleiro no fundo da pequena comba. Lutaram os dois tendo o cristão descoberto que o cavaleiro era o próprio rei mouro. Este levava a melhor e, nesse momento, aparece a irmã. O irmão acabou de morrer ali mesmo. O rei avançou para a jovem, enraivecido. Só que ela diz lhe “Nem mais um passo”… ” Se derdes um passo mais… ficareis atolado nesse lodo que está em vossa frente “. Era lodo o que o rodeava. Mesmo assim consegue decapitar a moça cristã… Depois, para esconder o crime que cometera afogou nesse lodo o corpo decapitado da jovem e o cadáver do o irmão. Convencido de que ninguém descobriria o crime, desapareceu. Só que alguém assistira à cena, pois no dia seguinte, gente que foi ao lameiro para recolher os corpos, viu que no lodo nascera uma flor lindíssima, viçosa e pura… A notícia espalha se de terra em terra, e, como se tinha passado numa pequena comba perto de uma terra que se chamava Orelhão, naquele sítio passou a ser conhecido por Santa Comba das Lamas de Orelhão. O povo encarregou se de santificar a jovem que morreu sacrificada às mãos bárbaras e sanguinárias do rei mouro.
Lenda de Lamas de Orelhão Na obra do Abade de Baçal, Vol. IX p. 448, vem esta lenda que tem certas semelhanças com a anterior: “E desta vila eram naturais S. Leonardo e Santa Comba de gente lavradora e pobre, que andavam no monte guardando o gado de seus pais. O Rei mouro que se chamava Orelhão quis entender com a moça. Eles foram fugindo até onde está um penhasco alto e a santa se meteu pela fraga e ali escapou, que milagrosamente lhe abriu a passagem para dentro. E dizem lhe tiraram as tripas, coração e as botaram a uni poço que está logo por baixo do penhasco, o qual nunca seca apesar de estar no alto da serra. E da parte de fora do cabeço está outra capela da invocação de S. Leonardo, que dizem ser aqui martirizado. Aqui acodem muitas povoações em procissão de vários povos a pedirem água aos santos e tudo Deus lhe concede por sua intervenção. A esta parte lhe chamam agora a Serra do Rei Orelhão e em um cabeço que está para sul da Capela dos santos está o refúgio onde morava o rei mouro”.
Lenda da Torre de D. Chama Segundo a lenda, o topónimo Torre de D. Chama terá vindo “pela Torre que nela havia no Castelo e que por isso se chamou Torre. E acrescentarase Dona Chama porque era a vila e a Torre de uma grande Senhora gentia, no tempo em que os mouros residiam nestas terras, chamada Dona Chamorra. Sendo inclinada ilicitamente aos cristãos mandava chamar aqueles de melhor perfeição e os metia na torre para satisfazer o seu apetite. Para que a não fossem descobrir não tornavam mais a sair por lhe fazer ir conhecer o mundo da verdade. Sucedendo ir um mais avisado diz se que satisfizera o seu apetite e adormecera se acostada a ele. Como a sentisse dormindo se retirou como pode levando lhe um anel que lhe tirara do dedo, coisa de grande valor, e bem conhecido dos criados (o dito anel). E o levara no dedo para sinal que a Dona Chamorra lhe dera para assim os enganar para que o deixassem passar as guardas, o que passou. Estando já livre, Dona Chamorra despertara, acudiu mandando o chamar para que voltasse ali que a “Dona Chama”. Pensando que ele a descobrira matou se a si mesma”. Daí se chamar a Torre de Dona Chamorra, passou a chamar se a Torre da Dona (que) Chama”. (Abade de Baçal, Memórias Arqueológicas…, vol. X, p. 265.)
Professor Virgílio Tavares/2001 Mestre em História Moderna e Contemporânea

In iii volume do Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses,
coordenado por Barroso da Fonte, 656 páginas, Capa dura.
Editora Cidade Berço, Apartado 108 4801-910 Guimarães – Tel/Fax: 253 412 319, e-mail: ecb@mail.pt

Preço: 30 euros

(C) 2005 Notícias do Douro

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