Concelhos

Vila Flor

Web Site da Câmara Municipal
www.cm-vilaflor.pt

LOCALIZAÇÃO E HISTÓRIA

O concelho de Vila Flor pertence ao distrito de Bragança no norte de Portugal, fazendo fronteira: a Norte com o concelho de Mirandela pelo rio Tua a separar os dois municípios numa área considerável; a Nordeste com o concelho de Macedo de Cavaleiros; a este e Sudeste com o de Alfândega da Fé e Torre de Moncorvo e a Oeste com o concelho de Carrazeda de Ansiães. Várias estradas atravessam o seu território, nomeadamente a de Chaves a Vila Flor, por Valpaços e Mirandela, (EN 213), do Tua a Trindade ligando à IP2 (EN 214), de Chaves a Vila Flor por Carrazedo de Montenegro e Murça (EN 314) e de Vila Flor a Sabugal (EN 324). A futura IP2, que atravessa a Vilariça, é, digamos que, a via importante que tem Vila Flor a apenas 4,5 quilómetros. Mas tem acesso ao IP4 através do Vieiro e Abreiro no nó de Lamas de Orelhão. Até ao século XIII o local onde actualmente se situa Vila Flor era habitado por poucas pessoas, pois que nas Inquirições de 1258 não é sequer citada. Seria um local semi anónimo. Nesta altura chamava se “Pobra de Aalém Saavor”. (Póvoa de Além Sabor). Segundo a tradição, D. Dinis dirigia se à fronteira de Miranda do Douro no sentido de se encontrar com a sua noiva, Isabel de Aragão. E passou pela “Póvoa d’Além Sabor” que o encantou com sua beleza natural. Por isso elevou a à categoria de concelho e muda lhe o nome para “Vila Flor”. Em 24 de Maio de 1286 concede lhe foral desmembrando a, com as suas terras, do concelho de Santa Cruz da Vilariça. Nesse foral indica que concede “a vós povoadores da nossa póvoa que se chama de Além sabor, o foro de Santa Cruz de Vilariça, e a essa póvoa pomos o nome de Vila Flor”. Vila Flor foi habitada desde os tempos das primeiras civilizações. Depois foi sendo procurada por diversos povos nomeadamente por Celtas e Romanos. A proximidade do fértil Vale da Vilariça influenciou a presença humana em Terras de Vila Flor. São vários os vestígios que nos comprovam esta ocupação, bastando referir os muitos castros nas suas elevações, ou então os restos das antigas “villae”, isto é, uma espécie de quintas romanas que pelo concelho vão sendo identificadas. Os privilégios foralengos passam para Vila Flor, assim como as seguintes terras/povoações: Roios, Sampaio, Santa Comba, Vale Frechoso, Benlhevai, Nabo, Samões, Assares, e uma parte da Trindade. Os moradores de Moncorvo não gostam desta atitude e queixam se ao rei desses prejuízos provocados pelo desmembramento do seu concelho. Só que Vila Flor, desde aí. foi ganhando prestígio e afirmação municipal. Candoso e Freixiel eram da Ordem de Malta e estavam sujeitos ao Comendador de Poiares. Vilas Boas com Vilarinho das Azenhas formavam um concelho a partir do século XIV, deixando o de Mirandela. Até ao século XIX, metade da Trindade era também de Mirandela. Por sua vez a aldeia de Sampaio teve foral em 1512 por D. Manuel, tendo com Lodões constituído, no século XV uma “Honra” dos Senhores de Sampaio. É só no século XIX que, com as reformas administrativas do liberalismo, o concelho de Vila Flor se constitui e engrandece tal como praticamente é hoje formado. Freixiel e Vilas Boas deixam de existir como concelhos a partir de 1836. Vilarinho da Castanheira é extinto em 1853 e Carvalho de Egas, Mourão, Seixo de Manhoses e Vale de Torno passam a integrar definitivamente o concelho de Vila Flor. Sampaio fica também a pertencer lhe. Assares vem do concelho de Alfândega. Entre 1895 e 1898, enquanto o concelho de Alfândega da Fé esteve extinto, Eucísia, Pombal, Santa Justa, Vilarelhos, Vilares da Vilariça e Alfândega da Fé chegaram mesmo a pertencer a Vila Flor. A Vila sede deste concelho, pertenceu à Comarca de Moncorvo cujo corregedor só ali entrava em correição. E, religiosamente foi sempre da diocese de Braga, passando para a de Bragança em 1882.

ÁREA GEOGRÁFICA E MORFOLOGIA

O concelho tem uma área aproximada de 266,76 quilómetros quadrados e inclui se na chamada Terra Quente Transmontana, uma sub região com características bem próprias a nível climático, geológico, de vegetação natural e de cultivo humano. Em hectares, o concelho possui cerca de 26.552, distribuídos da seguinte forma: Assares, 282, Benlhevai 1.234, Candoso 708, Carvalho de Egas 282, Freixiel 3.318, Lodões 783, Mourão 554, Nabo 1.045, Roios 1.351, Samões 1.355, Sampaio 802, S.ta Comba da Vilariça 1.183, Seixo de Manhoses 880, Trindade 1.350, Vale Frechoso 2.251, Valtorno 1.375, Vila Flor 3.220, Vilarinho das Azenhas 1.421, Vilas Boas 2.857. Os seus terrenos distribuem se por áreas de grandes montanhas com suas encostas e vales, com uma área distinta de planície fluvial junto ao Tua e um fértil Vale designado por Vilariça, em sentido oposto. Por isso o clima também varia um pouco, já que nas zonas montanhosas predomina o tempo mais identificativo de Trás os Montes, frio no inverno com neve e gelo, enquanto que junto ao Tua e ao Vale da Vilariça temos um clima mais quente. Entre as duas zonas ficam as encostas com clima de transição, mas considera se Vila Flor como Terra Quente, o que mostra que não é bem igual ao clima frio e gelado que caracteriza as terras frias mais a norte da região. A nível geológico o solo apresenta se nos numa zona transitória entre o xisto da Vilariça e do Tua e o granito dos montes que dominam o concelho.

ECONOMIA

A economia de Vila Flor é ainda baseada na prática do cultivo e amanho da terra, ou seja na agricultura. A interioridade e o subdesenvolvimento reflectem se no peso que esta actividade tem na economia do município, já que a maior parte da riqueza vem daí e constitui a fonte de emprego mais acessível. Apesar disso os Vilaflorenses produzem com abundância produtos genuínos e de qualidade procurados a nível do país e estrangeiro. É o caso do azeite de Vila Flor ou do vinho cuja Cooperativa lançou recentemente uma marca de vinho espumoso que está a ser bem aceite no mercado. Mas há outros produtos também suficientes para fornecerem o mercado local, e até servem o nacional: frutas diversas, desde a laranja à maçã, passando pela pêra, cereja, amêndoa, azeitona de conserva. Depois há a cortiça, madeiras de pinho, freixo e castanho e outras espécies florestais que têm algum significado na economia local, apesar dos incêndios destruírem partes dessa riqueza natural. A criação de gado é outra actividade importante, pois os rebanhos de ovinos e caprinos espalham se por todo o concelho com zonas de excelentes pastos. Em menor quantidade há também bovinos para abate. No que toca à transformação de produtos e indústrias, destacam se as estufas de cogumelos em Benlhevai já com alguma dimensão e a extracção e engarrafamento de águas de Bem Saúde em Sampaio, agora sob o nome da marca “Frize”. Há pequenas indústrias que também ajudam a economia, como a britagem de pedras, extracção de areias, transformação de vinho, de azeite, azeitonas de conserva, de lacticínios. Por isso Vila Flor tem uma zona industrial onde se situam algumas dessas indústrias e tendo também já alguns armazenistas. A nível de comércio e serviços, Vila Flor concentra os essencialmente na Vila. No comércio há insuficiência de oferta nos ramos de calçado e têxteis, mas têm estabelecimentos suficientes para abastecimento local no campo alimentar. Restaurantes, cafés, parte hoteleira também já satisfazem e, às vezes a oferta até ésuperior à procura. Quer na Vila, quer fora dela, há já unidades de restauração com algum nível de qualidade e apresentação que têm sido procurados imensamente pelos turistas internos e externos. É o caso de Santa Comba da Vilariça, do cruzamento que dá para Mirandela e Abreiro, das imediações de Carvalho de Egas, da Santa Cecília, da Sr.a da Assunção, ou até uma Casa de Turismo de habitação Rural perto de Meireles, que têm unidades de restauração interessantes. Contudo, é o sector do ensino, saúde, serviços administrativos e públicos aquele que maior número de empregos oferece para a Vila. Há ainda a Santa Casa da Misericórdia que, com os seus diferenciados serviços de apoio social a diferentes níveis etários emprega cerca de uma centena de pessoas. A Câmara Municipal tem a seu cargo cerca de 125 lugares ocupados. Depois há ainda o parque de campismo e a Piscina Municipal que sempre trazem alguns turistas ao concelho. Outras actividades são de reduzida dimensão, muitas delas ainda artesanais e estão intimamente ligadas às necessidades dos seus habitantes: pedreiras, serralharias, latoarias, carpintaria, padaria, sapataria, alfaiataria vão subsistindo. Não só a Vila mas também o concelho vai ganhando com a criação de condições para captar a presença das pessoas. E novas formas de economia vão surgindo. No fundo o objectivo é dar melhores condições de vida aos locais e àqueles que visitam Vila Flor.

ARTESANATO/GASTRONOMIA

A riqueza do artesanato de Vila Flor é ainda uma realidade observável, apesar das tradições caírem em desuso. São ainda muitas as pessoas que têm teares de família guardados em casa, embora sejam poucos aqueles que os sabem usar, e muito menos os que os usam mesmo. É uma arte praticamente em extinção no concelho. Porém, as rendas são um tipo de artesanato típico que ainda atrai muitas senhoras em diversos pontos do concelho. Na freguesia de Nabo ainda há quem faça Bordados, Colchas e Rendas. Em Roios, mantas e rendas com tear. Por outro lado há também cestas de verga em Freixiel, candeias e azeiteiras de latão em Vila Flor (funilaria, ainda há um latoeiro na vila), artistas da pedra, que dão continuidade a esta arte doutros tempos. Um sapateiro à moda antiga, o alfaiate, a costureira, as forneiras de cozer o pão são ainda possíveis de frequentar e obter deles produtos artesanais por medida e peso. A Gastronomia Vila Florense é uma arte principalmente na confecção das iguarias tradicionais e típicas. Mas é igualmente um cartaz turístico cativador. As alheiras de Vila Flor não se ficam atrás das de Mirandela. Outro fumeiro, chouriço de carne, presunto, salpicão, mas particularmente o chouriço doce, são alimentos bem confeccionados e saborosos. Há o pão centeio e o pão trigo caseiros. O cabrito assado no forno, principalmente na Páscoa, os folares deliciosos. Mas também azeitonas de conserva, figos secos, uvas passas, alcaparras. Outros pratos que são excelentes cartazes turísticos do concelho: Feijoada à transmontana, bacalhau cozido com todos, a marrã (carne de porco assada com alho), a açorda de espargos, milhos com carne de porco. Queijo de cabra e de ovelha, mel, vinho de consumo e também geropiga, doces diversos como os bolos de Samões, fazem aguçar o apetite a qualquer um que se preze.

EQUIPAMENTOS

Entre os exemplos mais significativos da vida social, económica e cultural do concelho de Vila Flor contam se: Adega Cooperativa de Vila Flor, Agências de Contabilidade e Seguros, Agrupamento de Defesa Sanitária de Carrazeda/Vila Flor, Águas Minerais Bem Saúde (agora Frize), Asilo da Santa Casa da Misericórdia, Associação de Agricultores do Nordeste Transmontano, Automóveis de aluguer, Confeitaria, Bombeiros Voluntários, Cabeleireiros, cafés, Caixa Geral de Depósitos, Caixa de Crédito Agrícola, grupo BCP, Câmara Municipal e seus serviços múltiplos; Casa Africana, Casa do Povo de Vale Frechoso, Centro de Cultura Municipal de Vila Flor, Centros de Dia de Vila Flor, de Vilas Boas, de Seixo de Manhoses, de Valtorno, Centro de Saúde de Vila Flor, Clínica de Medicina Dentária, Cooperativa Agrícola, Conservatória de Registo Civil e Predial, Serviços Notariais, Centro de Reabilitação Oral, CTT Correios, Direcção das estradas de Bragança, 8.8 Secção de Conservação, Discotecas, Casas de electrodomésticos, EN Electricidade do Norte (EDP), Empresa Portuguesa de Silvicultura, Escola Preparatória de Vila Flor, Escola Secundária, Estações de Serviço, Farm Marketing Portugal, Fábricas de Panificação, Farmácias, Floristas, gelataria, G N R, Instituto de Beleza, Jardins de Infância, Sedes de Juntas de Freguesia, Laboratório de Patalogia Clínica, Lacticínios Progresso, Lar N.ª Sr.ª da Lapa, materiais de Construção, Mini mercados, Stand de automóveis, Ourivesarias, Papelarias/Livrarias, Parque Municipal de Campismo, Pastelaria, Peixarias, Portugal Telecom (postos), Prodesporto, Recauchutagem, Centro de Dia de Vila Flor, Serviço Local de Segurança Social, Casa Paroquial, Snack bares, Sociedade de Transportes, supermercado, Tribunal Judicial, Tuareia, Turismo de Habitação, e Agro Turismo, Sociedade Agrícola de Santa Comba. Mas também o moderno Centro Cultural com belíssimo salão de espectáculos e auditório. Só por esta amostra se verifica aquela dinâmica típica de Vila Flor, mas que também está representada pelo seu Artesanato e Gastronomia, pelas associações e colectividades, cultura, património que se indicam neste trabalho.

ASSOCIAÇOES/COLECTIVIDADES

Associação Cultural de Artes Marciais de Vila Flor, Associações Culturais e Desportivas de Benlhevai, Freixiel, Nabo, de Samões e Seixo de Manhoses. Associação de Caçadores de Nabo, Associação de Desenvolvimento Social e. Cultural de S. Gens (Nabo), Associação de Estudantes da Escola E B 2e3 /S de Vila Flor, Associação Desportiva e Recreativa de Candoso, Associação Cultural e Recreativa do Vieiro, Associação Cultural e Grupo Desportivo de Vilas Boas, Associação Cultural e Recreativa do Arco, Associação Cultural e Recreativa de Vila Flor, Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Flor, Associação Liz Aventura de Vila Flor, Associação Vida Florida de Vila Flor, Clube de Caça e Pesca de Vila Flor, Clube de Ténis de Vila Flor, Clube de Xadrês de Vila Flor, Grupo Desportivo Cultural e Recreativo de Folgares, Grupo Desportivo de Róios, Grupo Desportivo de Santa Comba da Vilariça, Motor Clube de Vila Flor e Sport Clube de Vila Flor. Associação Cultural e Social da Freguesia de Santa Comba da Vilariça, Associação de Agricultores de Folgares.
CULTURA No campo cultural podemos afirmar que Vila Flor tem uma riqueza muito nobre e valiosa espalhada pelas suas aldeias, mas também ao nível da Vila. O seu Património comprova nos esta afirmação como se pode verificar mais adiante neste trabalho. O mesmo acontece com as dinâmicas ao nível desportivo, recreativo, quer a qualquer outro nível cultural. Há porém outros exemplos da cultura que vão marcando o quotidiano de Vila Flor. A Banda de Música local e o Grupo de Cantares da Associação Cultural de Vila Flor. Os serviços oferecidos pela Biblioteca Municipal integrada no edifício do Centro Cultural onde também se realizam exposições de pintura. As sessões de cinema no auditório, vários espectáculos musicais, teatrais e recreativos que ali têm lugar ao longo do ano. Ou os serviços de apoio aos jovens que estão disponíveis na antiga “Casa da Cadeia” e que passam pela oferta de jogos de computadores, internet, salas de música. Por sua vez, as feiras de artesanato e do livro no Verão são apreciadas localmente. As Festas tradicionais e romarias constituem igualmente motivos etnográficos e culturais de grande relevo no concelho, com praticamente todas as localidades a terem os seus próprios festejos. A tradição da Semana Santa em Vila Flor é outra manifestação cultural, esta de cariz religioso que tem características peculiares e que muito sensibiliza aqueles que ali acorrem para participar ou simplesmente observar.

FESTAS E ROMARIAS

Em Alagoa Dia de Reis arrematação do Ramo, Espírito Santo 7.° Domingo depois da Páscoa, Nossa Senhora de Fátima, 3.° Domingo de Agosto. Na aldeia de Arco S. Lourenço 10 de Agosto, em Assares o S. Miguel a 29 de Setembro, em Benlhevai o Espírito Santo no 7.° Domingo depois da Páscoa. Por Candoso há o S. Sebastião no 3.° Domingo de Agosto. Em Carvalho d’Egas é a Santa Catarina dia 25 de Novembro, em Folgares as Maias (ao S. Luís) no 1.° Domingo de Junho. Freixiel tem a Nossa Senhora do Rosário no 2 ° Domingo Agosto, mas em Lodões é o S. Tiago a 25 de Julho e em Macedinho a Santa Maria Madalena no 2.° Domingo de Agosto. Por Meireles festejam a Santa Marinha dia 18 de Junho e Santa Maria Madalena a 22 de Julho. No Mourão é a N.a Sr.a da Saúde e de S. Ciríaco no 2.° Domingo de Agosto; Nabo festeja a Nossa Sr.ª do Carrasco no 2.° Domingo de Agosto e por Ribeirinha é ó Santo António a 13 de Junho. Roios faz festa a Nossa Senhora das Graças no 1 ° Domingo de Agosto, Samões ao S. Brás a 3 de Fevereiro e Sampaio a Festa de Verão no 1.° Domingo de Agosto. Santa Comba da Vilariça festeja o S. Bernardo dia 20 de Agosto, Seixo de Manhoses a Santa Cecília no 3.° Domingo de Agosto e Santa Bárbara a 4 de Dezembro. Em Trindade a Santíssima Trindade é no 8.° Domingo depois da Páscoa, e em Valbom o S. Gregório no 1.° Domingo de Agosto. Por Vale Frechoso não é esquecido o S. Lourenço a 10 de Agosto e o S. Sebastião dia 25 de Janeiro. Em Valtomo a Festa é em honra de N.ª Sr.ª do Castanheiro no 2.° Domingo de Agosto e no Vieiro é a Santa Bárbara no 2.° Domingo de Setembro. Na freguesia de Vila Flor há a Semana Santa que antecede a Páscoa e o S. Bartolomeu a 24 de Agosto, altura das Festas da Vila e Concelho com animação durante alguns dias, quer a nível de feira de artesanato e do livro, quer musical. Em Vilarinho das Azenhas é N.ª Sr.ª dos Remédios no 1.° Domingo de Setembro e a Santa Justa dia 19 de Dezembro. Em Vilas Boas a Romaria da N.ª Sr.ª da Assunção dias 14 e 15 Agosto são das maiores da região, mas também têm festa a Santa Eufémia no 3.° Domingo de Setembro e a Assunção do Senhor no 6.° Domingo depois da Páscoa. Igreja Matriz

PATRIMÓNIO

O Património Cultural e Natural de Vila Flor não se fica pelo que já foi registado. Efectivamente a riqueza arquitectónica, muita dela de cariz religioso, outra também civil, as simples casas de aldeia com os seus materiais, as tradições e manifestações culturais que pelo concelho se vão fazendo, os hábitos e costumes locais, mas ainda a paisagem natural, a vegetação, o relevo assim como a fauna fazem deste concelho um local com um enorme potencial a preservar e a divulgar. Enumeramos uma síntese dos aspectos patrimoniais da cultura do concelho de Vila Flor mais representativos, mas podem ser encontrados mais exemplos já referidos noutros, locais deste trabalho, nomeadamente em cada freguesia: Em Assares o Cabeço da Mina (Santuário Calcolítico), Igreja Matriz, Lugar da Praça/Largo da Capela, Cume do Fiolho (provável Castro), Cova da Moura (estrelas e raios na rocha), Estalagem da Ribeira (ruínas). Benlhevai tem a Igreja Matriz, Rua do Poço Andrês, Largo do Terreiro, Encosta de S. Roque, Fonte do Terreiro, Fonte de granito no Fundo do Povo. Em Candoso a Rua do Forno / Rua do Navalho, Fundo do Povo, Igreja Matriz, Capelas à Sr.ª da Assunção, Fonte de Cima e Fonte do Ladrão, Largo da Fonte. Por Carvalho d’Egas a Rua da Igreja / Rua do Centro, Igreja Matriz (século XVIII), Capela da Senhora do Rosário, Típicas casas Rurais graníticas. Em Freixiel o Pelourinho, Portela da Forca, Rua do Concelho, Casas Brasonadas, Igreja Matriz e Capela anexa, Santuário da Senhora do Rosário, a aldeia de Folgares ou o Vieiro. Em Lodões há a Capela do Rosário (século XVI), Rua Central / Rua do Forno / Rua do Castelo, Igreja Matriz e seu adro, Fonte Romana, Casas em xisto tradicionalmente miúdo. Pelo Mourão vê se a Rua de Santa Bárbara, Largo da Castanheira, Jogo da Malha nas Lameirinhas, Igreja Matriz, Capela de S. Plácido, Fonte do Largo da Praça. Na aldeia de Nabo temos a Fontinha, Ponte do Cabo do Lugar, Rua do Rebentão / Eirô / Largo da Igreja, Capela de Nossa Senhora do Carrasco, Igreja Matriz. Na povoação de Roios há a Rua da escola /Largo do Eirô, Capela da Senhora da Graça, Casas Brasonadas, Igreja Matriz. Em Samões há a Igreja Matriz, Largo da Lameira / Largo do Fundo do Povo, Capela da Senhora do Rosário, Capela da Senhora de Lurdes, Capela da Casa Almendra, Palacete da Casa Almendra. Na aldeia de Sampaio a Casa dos “Vaz” de Vila Flor, Igreja Matriz, Capela da Senhora da Rosa, Capela de Santo André, Cruzeiro na Santa Cruz, Capela da Senhora da Conceição no Fundo do Povo, Águas Bem saúde, Restos de Moinho do Ribeiro de Roios. Santa Comba da Vilariça possui Capelas de Santa Rita e de Santo António, Igreja Matriz, Largo da Barreira / Largo das Eiras, Casas apalaçadas e Solarengas, 3 Cruzeiros, Típica Chaminé da casa Ochoa. Seixo de Manhoses tem o Santuário de Santa Cecília, Largo de Santo António, Igreja Matriz e seus azulejos exteriores, Várias fontes na aldeia, Capelas de Sr.ª do Rosário / de Santo António. Na freguesia de Trindade está a valiosa Igreja Matriz (românica), Capela de S. Gregório (Valbom), Restos de, Fortificações (Macedinho), Largo da Igreja. Por Vale Frechoso observamos a Fonte Nova, Coreto, Igreja Matriz, Capela de N. ª Sr.ª de Lurdes, Ruas, casas típicas. A freguesia de Valtorno tem o Largo da Praça / Largo da Capela, Igreja de Nossa Sr.a do Castanheiro (românica), Fonte da Arcada, Alagoa. A freguesia de Vila Flor enquadra um conjunto mais alargado de Património Cultural e arquitectónico: Câmara Municipal, Igreja Matriz do século XIX, Igreja da povoação de Arco, Rua da Fraguinha / Rua do Carvalhal, Casa Visconde de Lemos, Solar do Capitão mor, Solar dos Madureira (séc. XVII), Barragem do Peneireiro, Parque de Campismo, Piscinas Municipais, Santuário N.ª Sr.ª dos Remédios, Museu e Biblioteca Municipais, Fonte Romana, Casa da Cadeia, Igreja da Misericórdia, Largo do Rossio, Antigo Paços do Concelho, A Capela de Santa Luzia, de Nossa Senhora da Veiga (barroca), a de S. Sebastião (século XVI), Portas da Vila (do antigo castelo), Fonte Romana de D. Dinis. Vilarinho das azenhas possui as Azenhas do Rio Tua, Ponte para Barcel, Igreja Matriz (1716), Dois Cruzeiros, Capela do Espírito Santo, Santuário e Festas de Nossa Sr.a dos Remédios. Em Vilas Boas o Largo dos Sotos, Pelourinho e respectivo Largo envolvente com casas apalaçadas e graníticas de belas varandas com ferro forjado, Igreja Matriz, Capela da Misericórdia, Santuário da Sr.a da Assunção, Ermida de Santa Marinha (Meireles), Ermida de Santo António (Ribeirinha).

POPULAÇÃO/ELEITORES

O concelho de Vila Flor aumenta de população de 1864 até 1890 cerca de 2526 habitantes em 26 anos, mas diminui de 1890 para 1900 cerca de 2155, isto só em 10 anos. Quanto às freguesias, o aumento acontece em mais de 50% delas de 1864 para 1878, o mesmo sucedendo para 1890. Ao findar o século XIX há uma diminuição em 13 freguesias, e somente aumento em 5, (Assares, Santa Comba, Sampaio, Seixo de Manhoses e Vilarinho das Azenhas), com Valtorno a manter o mesmo número de pessoas. Em 1864 tinha 8.522 pessoas, em 1878 eram 9.902, em 1890 chegavam às 11.048 e em 1900 ficavam se pelas 9.893 pessoas. Na passagem do século XIX para o XX verifica se uma quebra no aumento populacional no concelho de Vila Flor. Na primeira metade do século XX há alguma quebra entre 1911 e 1920 cujas causas passam pela emigração, pela participação de Portugal na l.a Guerra Mundial, pelas dificuldades económicas aliadas à gripe pneumónica e outras enfermidades. Em 1911 o concelho tinha 10.358 habitantes, para em 1920 se ficarem por 9.130. Depois, em 1930 tinha 9.889 e em 1940 subiu para 11.353, chegando às 12.505 pessoas em 1950. Porém, o concelho sobe de população de uma forma mais acentuada até 1950 para depois descer até 1970. Todos sabemos que na década de 60 houve forte emigração que levou muitas pessoas do concelho de Vila Flor principalmente para a Europa. Em 1960 havia 11.834 habitantes e em 1970 eram 8.881. No censo de 1981 há uma leve subida (mais 838 pessoas) justificada pelo regresso dos portugueses das colónias que após o 25 de Abril de 1974 se tornaram independentes. Em 1991 o concelho apresentava 8.885 residentes, mas em 2001 tinha 7.904 habitantes. A tendência é para a estabilização populacional na Vila, em Santa Comba da Vilariça e Samões, localidades que têm beneficiado de condições particulares. Samões fica próxima do Centro Urbano e da estrada que vai para Foz Tua. Santa Comba junto da via da Vilariça, futura IP2 que tarda em chegar à região, mas que, apesar disso, é um ponto de grande circulação rodoviária. A nível de eleitores, em 1997 foram transferidos 91 eleitores do concelho de Vila Flor, faleceram 101, vieram transferidos 74 e inscreveram se 180 com mais de 18 anos e ainda 20 no recenseamento extra com 17 anos. Indica se o número de eleitores em 1997 e 1998 respectivamente, em cada uma das freguesias: Assares 183 / 184; Benlhevai 247 / 248; Candoso 236 / 236; Carvalho d’Egas 141 / 140; Freixiel 910 / 910; Lodões 163 /163; Mourão 202 / 202; Nabo 291 /292; Roios 209 / 209; Samões 395 / 396; Sampaio 210 / 210; Santa Comba 478 / 478; Seixo de Manhoses 558 /560; Trindade 183 / 180; Vale Frechoso 254 /256; Valtorno 410 /410; Vila Flor 1997 / 2001; Vilarinho das Azenhas 178 / 178; Vilas Boas 805 / 805.
Como podemos verifcar há uma leve subida de 1997 para 1998, cerca de 11 eleitores, o que representa muito pouco: 0,14 % enquanto que em 1997 tivera uma variação de 0,8%. Ou seja, em 1997 havia no concelho 8.050 eleitores, e em 1998 aumentou para 8061.

FREGUESIAS

Actualmente o concelho de Vila Flor é constituído por uma Vila que é sede Administrativa com Câmara e Assembleia Municipal, e por 26 aldeias distribuídas por 19 freguesias com as suas anexas entre parênteses: Assares, Benlhevai, Candoso, Carvalho de Egas (Gavião), Freixiel (Folgares e Vieiro), Lodões, Mourão, Nabo, Roios, Samões, Sampaio, Santa Comba da Vilariça, Seixo de Manhoses, Trindade (Macedinho e Valbom), Vale Frechoso, Valtorno (Alagoa), Vila Flor (Arco), Vilarinho das Azenhas e Vilas Boas (Meireles e Ribeirinha).

ASSARES Assares dista de Vila Flor cerca de 10 quilómetros. Situa se no Vale da Vilariça, na margem direita da Ribeira do mesmo nome, entre as freguesias de Lodões e Santa Comba da Vilariça e a cerca de 300 metros de altitude. O vocábulo Assares apresenta várias opiniões quanto à sua origem. Pinho Leal diz que vem da palavra árabe “aça”, cujo plural é “Açares”, significando povoação das lanças. Pedro Ferreira, Abade de Miragaia, diz que Assares deriva do nome hebraico “Azarias” que no plural deu “Assaries” na falta do “z” sibilante. Também a antiga escrita era “Açares” e deveria ser a legítima. Daí poder eventualmente a sua fundação ter estado relacionada com a ocupação árabe. O seu povoamento deve ter sido anterior ao século XII. No Fiolho (cume elevado e declivoso a sudoeste), há sinais de ter havido um dos Castros que ladeavam o Vale da Vilariça no tempo romano suévico. Por outro lado, e segundo o Foral de D. Sancho II a Santa Cruz da Vilariça, terá sido no século XI e XII o seu povoamento. Antes daquele foral, a sua área já aparece como incluída nos termos do concelho de Junqueira. D. Dinis retira parte do termo de Moncorvo para dar a Vila Flor. Assares passa para este concelho e ali se mantém durante o século XIII e XIV. Durante algum tempo, a freguesia foi do concelho de Alfândega da Fé, passando definitivamente ao actual em 31 XII de 1853. Paroquialmente, deveria ser inicialmente de Santiago de Lodões. O culto de S. Miguel é muito remoto, e a Igreja local surge da apresentação do Comendador de Freixiel. Em 1864 tinha 32 fogos em 120 habitantes, sendo 60 homens e igual número de mulheres. Em 1890 possuía 156 habitantes. Mas é em 1960 que atinge o maior número com 237 residentes, dos quais 8 residiam isolados no termo da freguesia. Embora em 1911 já tivesse 228. É em 1960 que atinge o maior número com 237 residentes em 82 fogos. Em 1991 tinha 192 pessoas e em 2001 eram 170 os residentes, sendo 87 do sexo masculino. Na década de 60 possuía 2 lagares de azeite em funcionamento, 6 lavradores/agricultores abastados, um Regente escolar (Maria Júlia Costa), o Pároco (Amadeu Rei), o Presidente de Junta (António J. Afonso) e o Regedor (Ilídio T. Mesquita). A agricultura é a actividade principal com produções abundantes de azeite, amêndoa, vinho e fruta diversa, principalmente laranja. As outras actividades são raras, com apenas uma serralharia, um lagar de azeite, um café e pouco mais. O Lugar da Praça e o Largo da Capela são os locais habituais onde se costumam reunir nos tempos de lazer, onde jogam ao ferro, e, às vezes o pino (raiola). Assares tem uma simples mas antiga Igreja Matriz, que em 1998 sofreu obras de recuperação, tem as ruínas da Capela de S. Sebastião, a Capela do Santíssimo Sacramento no meio do povoado, com altar do século XVII que caíra no século XVIII e que ostenta a data de 1777. Despertando para o futuro mas lembrando o passado com as ruínas da Estalagem da Ribeira junto à estrada medieval da Vilariça, tem as alminhas à entrada da povoação, o Cabeço da Mina (Santuário Calcolítico), além da capela do Santíssimo no meio do povo. A Avenida Principal (25 de Abril) que dá perpendicularmente para a estrada do Vale da Vilariça (futuro IP2) já está alcatroada, as ruas calcetadas em parte, têm água canalizada e saneamento, Campo de Futebol e também não falta a Escola Primária. É na avenida 25 de Abril que se nota o crescimento das novas habitações da povoação, quer de um lado e de outro, numa tendência para chegar à estrada da Vilariça que liga Bragança à Guarda.

BENLHEVAI A freguesia de Benlhevai fica a cerca de 13 quilómetros de Vila Flor sede de concelho e a 7 do Cachão. O seu orago é o Espírito Santo. Está situada a NorNordeste da sede de concelho, numa encosta virada para a Vilariça e na margem direita desta Ribeira. A estrada que liga Vila Flor ao IP2 na Trindade passa lhe na sua zona planáltica e bem no cimo do povoado. É povoação antiga, que apresenta vestígios castrejos. Foi curato da apresentação do Mosteiro Cistercense de Bouro. Era também dele o senhorio da freguesia, por doação de D. Pedro Fernandes (de como é indicado nas Inquirições de 1258). No entanto, a formação da Paróquia de Benlhevai só acontece depois do século XVI. A 22 de Maio de 1876 é ali criada a sua Escola Primária. Mas em 1864 já tinha 75 fogos e 350 habitantes. Depois de em 1878 ter descido para 309, apresenta um aumento para 432 em 1890. No século XX oscilou embora com pequenas variações, atingindo o maior número de habitantes em 1950 com 507. Desde aí até aos nossos dias a população diminuiu, pois em 1991 eram 244 residentes e dos quais 124 pertenciam ao sexo masculino. Em 2001 tinham 213 pessoas ali a residirem, sendo 111 masculinas. Na década de 60 havia 2 lagares de azeite, 1 encarregado do correio, 7 lavradores/agricultores, uma mercearia, umas minas de ouro, prata e volfrâmio registada; o presidente da Junta era Eduardo dos Santos Sousa, o Pároco Manuel trigo Lopes, a professora da escola primária era Etelvina de Jesus e o regedor José Manuel Fernandes. O trabalho principal efectuado actualmente pelos seus habitantes é a agricultura. Azeite, vinho, cortiça, castanha, bolotas, avelãs, laranjas, figos e alguma amêndoa são as produções principais, embora, como dizem os locais, Benlhevai vai tendo um pouco de tudo. Têm um negociante de vários produtos e outro que se dedica particularmente ao melão. Ali há dois cafés sendo um misto e um supermercado. Há um serralheiro, um barbeiro, dois ferradores mas um já não trabalha. Tem 8 pastores de ovelhas e alguns vitelos de criação. A nível artesanal fazem rendas, mas também o queijo e o requeijão. Nos últimos anos Benlhevai viu nascer duas indústrias de cogumelos que chegam a vários pontos do país e não só. A Igreja Matriz dedicada ao Espírito Santo é de construção granítica, com Torre sineira lateral e 4 sinos. O Portal é rectangular, simples e por cima tem uma abertura em arco redondo completo. No seu interior o altar-mor está coroado por um brasão. Com algum valor Patrimonial está a Capela de Nossa Senhora da Esperança que apresenta pórticos romanos, e segundo os locais, teria sido a primeira Igreja Matriz. Uma outra capela, a da Senhora do Carrasco fica no alto do monte para oeste da aldeia. Mas também a Rua da Igreja, Rua do Terreiro, Rua do Poço Andrês e Rua dos Valados, ou o Lagar de azeite que já não funciona. Do Largo do Terreiro na parte debaixo da Igreja onde está a paragem dos autocarros, encontra se a sede da Junta de Freguesia e um café. A Fonte de Baixo, de arco redondo e também em pedra, a Fonte do Terreiro ou Tanque e a Fonte da Mina ou de Cima. Têm ainda o Ribeiro do Prado ou de Cima e o Ribeiro do Paço. A Encosta de S. Roque é uma rua de acentuado declive que leva à parte cimeira do povoado, verticalmente, onde fica a Associação Cultural e o Campo de Futebol.

CANDOSO Candoso é uma freguesia do concelho de Vila Flor donde dista cerca de 7 quilómetros, situada no extremo sudoeste do concelho e a uma altitude planáltica de 760 metros. Faz limite com Mogo de Malta já do concelho de Carrazeda de Ansiães. Designações como a Fraga da Moura dão nos indicação de que o seu termo foi povoado em épocas muito remotas. Segundo a lenda, antigamente ninguém se podia aproximar daquele local porque andava lá uma fera que devorava tudo. O repovoamento é feito pelos Hospitalários nos começos do século XII até ao XIV. Como Paróquia é posterior à Idade Média, desmembrada da paróquia extensa de Santa Maria Madalena de Freixiel, pertencendo ao seu Comendador a apresentação do vigário de Candoso. Sob o ponto de vista administrativo foi sempre do ex concelho de Freixiel até á extinção deste em 1836, data em que passa a integrar o de Vila Flor. Em 1864 tinha 95 fogos e 295 habitantes. Com pequenas variações foi aumentando até atingir 427 pessoas no censo de 1940. A partir desta data, a população diminuiu até aos nossos dias, pois em 1991 havia lá 261 residentes, dos quais 123 eram do sexo masculino. E em 2001 havia 207, sendo 98 masculinos. Por volta de 1960 havia um lagar de azeite em funcionamento, um encarregado de correio, 8 lavradores/agricultores abastados, uma mercearia, sendo a professora primária de nome Maria dos Santos Delgado e o regedor José Esteves. É do trabalho no campo que as suas gentes vão tirando o sustento e também alguns proveitos. Produzem com alguma abundância azeite, amêndoa, vinho, batata e maçã. A nível de outras actividades há um negociante local de vários produtos da terra que inclui a britagem da amêndoa, frigoríficos para a maçã. Têm também 2 mercearias, um supermercado, 2 cafés, 1 sapateiro, 1 carpinteiro, 1 serralheiro, 1 pastor de ovelhas, 1 barbeiro e houve um ferrador. Também ainda há quem faça rendas à mão. A Escola Infantil tem 10 alunos a frequentá la, enquanto que a Primária com uma sala, bonita e elegante por cima da Capela do cemitério e numa pequena elevação, é frequentada por outros tantos. A povoação foi crescendo à volta da Igreja, prolongando se agora no sentido sul para a estrada que vai de Vila Flor a Carrazeda. Ali, as construções, os comércios e uma ou outra micro empresa de materiais de construção já surgiram e dão uma maior extensão à aldeia. A Igreja Matriz tem uma Torre quadrangular lateral esquerda, com 4 sinos e a data de 1801. Em frente fica o Largo da Igreja. Ainda têm o pároco que vive na povoação a uns 500 metros daquele local. Outras ruas típicas: Rua da Igreja, Rua de Santa Rita, Rua do Forno, Rua das Canelhas, Rua do Navalho, Rua da Ponte, Rua da Eira, Rua do P.e Albino, ou simplesmente o Fundo do Povo ou Cimo do povo. Capelas à Senhora da Assunção tem duas. Uma no Fundo do Povo, semi românica, mais antiga, com alpendre virado a norte, tendo um altar cheio de talha dourada e ocupando toda a parede superior da construção. Outra num monte sobranceiro à povoação, mais recente. No Ribeiro da Ponte as mulheres antigamente lavavam a roupa. Agora há um lavadouro público no fundo do povo. Fontes há a Fonte de Cima e a Fonte do Ladrão. Tinham ainda um moinho de presa mas está abandonado há mais de 30 anos. A festa principal é a Nossa Senhora da Assunção. A Casa da Junta de Freguesia fica no Bairro do Barreiro, mas é no Largo da Fonte que os locais gostam de se juntar nos tempos de descanso. A cerca de 500 metros do cruzamento da aldeia fica a Fraga do Ovo e que vale a pena admirar, pois é uma rocha assente somente no meio da base e parecendo fácil de mover. Quantos ali param e tentam fazê la mexer, mas ainda ninguém conseguiu.

CARVALHO D’EGAS A freguesia de Carvalho d’Egas fica a cerca de 6 quilómetros para sul sudoeste de Vila Flor e situa se nas abas da Serra de Candoso e tem a estrada nacional que segue de Vila Flor para Carrazeda e Tua a passar lhe ao fundo do povoado, rodeada pelo Monte Sobreira para o lado do Seixo de Manhoses (Sul) e o Monte Calvário para os lados de Candoso (norte e Noroeste). Há uma lenda local que relata que havia um Grande Carvalho no sítio onde está a Capela da Senhora do Rosário, à sombra do qual estava Egas Moniz Coelho, no tempo de el rei D. Pedro, tendo ali mesmo sido preso. Daí teria derivado o nome de Carvalho de Egas. Pertenceu ao então concelho de Vilarinho da Castanheira, até 31 12 1853 em que passou definitivamente para o de Vila Flor. Judicialmente foi em 1839 da Comarca de Moncorvo, em 1860 da de Mirandela e em 1878 no Julgado de Vila Flor. Em 1864 tinha 44 fogos e 199 habitantes. Foi em 1940 que chegou ao seu máximo de pessoas com 427. Em 1991 havia 141 residentes, sendo 67 do sexo masculino. Em 2001 eram 135 pessoas que ali viviam sendo 62 masculinos. Nos anos 60 do século XX em Carvalho d’Egas havia um encarregado de correio, 14 lavradores/agricultores abastados, o Presidente da Junta era José A. Amaral, que também desempenhava as funções de Regedor, o Pároco Albino Augusto Gonçalves e a Professora primária chamavase Maria da Conceição Sil. A agricultura de séculos continua a perdurar como actividade básica tendo produções abundantes de vinho, amêndoa, azeitona, nozes, maçã. A nível comercial e industrial apenas se pode referir uma serralharia, uma empresa de alumínios e uma casa de diversões nocturnas, mas também alguns habitantes que são técnicos especializados, como é o caso de um canalizador. É na Rua do Centro, na Rua da Igreja, mas principalmente na Fonte da Estrada e agora paragem dos autocarros que se costumam juntar nos momentos de lazer. Têm campo de Futebol há cerca de 10 anos, Escola Primária e sede de Junta de Freguesia. Devemos referir alguns monumentos culturais ricos: a Igreja do século XVIII (1772), simples, com sino frontal, porta lateral de arco românico tardio. No interior destaca se o púlpito, o altar-mor, o Baptistério. O adro ainda mantém a grade no solo à entrada para que os animais não fossem para lá e para sacudir o calçado que no inverno trazia as lamas naturais de ruas que não estavam arranjadas. A Capela da Senhora do Rosário com cabido exterior coberto, românica, com altar-mor no interior do século XVII que apresenta outra data numa pedra granítica do telhado relativa ao século XVI. As modernas construções estendem se já para os lados de Valtorno e Candoso ou de Samões e contrastam com as suas típicas casas rurais em granito tosco e muitas delas miúdo, com largos portões, 2 andares, escadas e patamares exteriores que envolvem a Capela da Senhora do Rosário até perto da Igreja.

FREIXIEL Freixiel é uma freguesia do concelho de Vila Flor de cuja Vila dista cerca de 9 quilómetros para N, e que tem por orago Santa Maria Madalena. Situa se num vale rodeado de montanhas por todos os lados, muito próximo da margem esquerda do rio Tua, e para norte do concelho. Tem um passado histórico marcante com muitos dados ainda por conhecer e explorar. Segundo a lenda do Castelinho e Castelo, o povo afirma ser povoação de mouros. Teve forais dados por D. Sancho Fernandes, prior do Hospital, em Abril de 1112, e por D. Manuel em 19 de Julho de 1515. O Abade de Baçal atribui lhe ainda outro dado pelos Hospitalários entre 1195 e 1219. Foi sede de Concelho durante a Idade Média e até 1836 em que é extinto já com as reformas liberais. Até 1641 foram donatários da Vila os Marqueses de Vila Real, tendo passado depois para a Coroa, embora a Ordem dos Hospitalários também ali possuísse terras. Por lá ainda existem, desses tempos áureos do ex concelho de Freixiel: o Pelourinho onde se fazia a justiça, o lugar do Castelo com restos de muros, a Forca (Portela da Forca) e a rua da Casa do Concelho. No que se refere à sua população em 1864 tinha 912 pessoas e 207 fogos. Em 1890 eram 1375 habitantes em 264 fogos. Porém, é em 1950 que teve maior número com 1541 pessoas. Repare se que em 1960 já havia diminuído. Nesta data tinha um total de 1286 habitantes distribuídos da seguinte maneira: 153 na anexa Folgares, 307 no Vieiro (que em 1940 tinha 316) e 826 em Freixiel. Em 1991 possuía 964 residentes, sendo 484 do sexo masculino e, em 2001 eram 823 com 405 elementos masculinos. Em 1960 havia em Freixiel 6 lagares de azeite (um era no Vieiro), 15 lavradores/agricultores abastados, 2 mercearias, 1 moagem, 14 vinicultores, tinha uma Tuna Recreativa, sendo o Pároco Fernando Lopes de Morais, o regedor Frederico Armando Peixoto, o Presidente da Junta José Joaquim Trigo valente, e havia as professoras Amélia Augusta de Almeida Morais, Isolina Bernardete Ramos, Carmen Marieta Neves (no Vieiro) e Laura de Jesus Caldeira (em Folgares). Têm a tradição de manter a agricultura como actividade básica, onde os campos de oliveiras, as vinhas de encosta ou as hortas e pomares dos vales são a paisagem dominante. As restantes actividades pouco significam, mas ainda se encontram lá alguns Cafés, Mercearias, Barbeiro, Ferrador, Serralheiro, Ferreiro e vários pastores de ovelhas e de cabras. O que mais sobressai a quem visita Freixiel é a Igreja Matriz. Com fachada renascença e um interior riquíssimo donde sobressaio Altar Mor. O conjunto é em cantaria da região, como a zona envolvente que o enobrece, demonstrando uma área com um rico passado histórico. Ao lado da Igreja de Torre Sineira, a dominar a povoação está agora instalado o Centro de Dia e Lar de Idosos, numa bonita casa bem integrada no conjunto religioso que envolve o largo defronte. A Casa da Comenda seria sede da residência dos Comendadores da Ordem de Malta. Aliás, a nível religioso, o património de Freixiel tem ainda mais exemplos além dos já indicados: Capela do Santo Cristo do século XVII, a de S. Domingos junto da estrada que segue para o Vieiro, com alpendre, a Capela do Espírito Santo situada na Rua Queimada, e a de S. Sebastião que édo século XVI. Em Freixiel podem se admirar exemplares de solares muito interessantes Solar Brasonado dos Araújos Borges à entrada da povoação, Solar Brasonado dos Morais Madureira Lobo na Rua Queimada, Solar dos Almeida Morais (com Janela do século XVI) e o dos Almeida Morais Doutel que tem uma janela manuelina. Mas também possuem uma Fonte Romana de nome, já que tudo leva a crer que seja apenas medieval e com arcada. A cultura e riqueza patrimonial de Freixiel conduz nos a outros registos, como as Insculturas Rupestres do Couço e da Serra, o castro do castelo, a Necrópole do Salgueiral a juntar àForca (Portela da Forca), à Rua do Concelho, ao Local do castelo com restos de muros e ao seu nobre Pelourinho medieval (local onde se costumam juntar nos tempos de lazer). Têm Associação Cultural, Escola Pré Primária e Primária, transportes escolares para as escolas de Vila Flor. Freixiel possui duas anexas: Folgares e Vieiro.
Folgares é uma aldeia que pertence a Freixiel desde o século XII, e, nessa altura não passava de uma Quinta anexa ao então concelho. Depois, com o decorrer dos anos a população foi crescendo e tornou se numa povoação que em 1796 já tinha 83 habitantes.
Em 1940 eram 127 e em 1970 chegaram aos 153. Sofre os efeitos da desertificação emigratória embora não tão intensa como noutras localidades da zona, pois em 1981 ainda eram 136 e em 1991 ali viviam 116 pessoas. Da Gralheira, tem um excelente Miradouro a 735 metros de altitude donde se vislumbra uma bela paisagem bucólica e repousante. A Capela de S. Luís no meio da povoação teria sido a Capela de S. Gens. Em 1937 passou a ser construído o cemitério. Ruas típicas como a Rua da Fonte Pequena, R. Do Canelho, R. Do Fundo do Povo, o Largo de S. Luís, a escola primária são bons motivos dignos de registo. Mas ainda a subida prolongada em paralelo a partir de Freixiel e até bem perto da povoação no meio de rochedos e monte de giestas e sobreiros. Já possui água canalizada e saneamento. Conta com um mini mercado e um Grupo Desportivo, Cultural e Recreativo de Folgares. É a agricultura que ocupa a quase totalidade da população activa, embora também haja 3 rebanhos de cabras.
Vieiro é uma aldeia que fica a 270 metros de altitude, já na descida para o rio Tua na estrada que era considerada a estrada real Moncorvo/Porto. E hoje, como se sabe, serve todos aqueles que pretendem alcançar o IP4 a partir da zona da sede de concelho, ou mesmo da Vilariça e Moncorvo ou Alfândega que estejam mais para nascente. Com povoamento antigo há vestígios de ter sido um habitat romano pelo menos no lugar de S. Domingos. O seu termo produz batata, vinho, amêndoa, cereal, tem pinheiros bravos, sobreiros e castanheiros. Frutas diversas, e outros produtos em menor quantidade, são também o sustento dos locais que, como em toda a freguesia, tendo na agricultura a sua quase única ocupação. Manteve um número de mais de duzentas pessoas nas últimas décadas. No fim do século XVIII viviam no Vieiro 180 pessoas e agora, no censo de 1991 foram indicadas 227. Mas em 1911 tinha 253 habitantes, em 1940 eram 316, para em 1960 serem 307. Já na década de setenta do século XX eram 295 e em 1981 subiu para 320. Nesta povoação de Vieiro há a casa donde nasceu a pintora Graça Morais, a Capela de S. Tomé (a mais antiga) com altar do século XVIII. Que ali já há uma Capela Nova a que chamam Igreja a poucos metros da estrada. No século XIX houve ali uma Confraria de S. Tomé. Devemos indicar também o Baldio da Serra do Vieiro ou a Quinta do Carvalhinho. É fácil verificar que a natureza está presente em toda a freguesia e que, na área da aldeia do Vieiro, há mesmo Fragas de rara beleza e que impõem respeito e curiosidade.
<nome>LODÕES Lodões é uma freguesia do concelho de Vila Flor de cuja Vila dista cerca de 7 quilómetros. Situa se na margem direita da Ribeira da Vilariça, afluente do rio Sabor, entre as povoações de Sampaio e Assares. Povoação pequena no tamanho, tem contudo um passado bastante remoto, surgindo indicações a “Lodoiies” nos forais de Santa Cruz da Vilariça, nas Inquirições e 1258 e, depois, no foral de Vila Flor. A palavra Lodões terá vindo da árvore Lodão, que abundaria na zona, onde encontra boas condições de desenvolvimento, pois possui água e solo adequados. A Ordem do Hospital tinha por lá fazendas. E, do século XVI podemos indicar a Capela da Senhora do Rosário. A sua população teve algumas variações desde os 45 fogos e 193 habitantes que possuía em 1864. No censo de 1890 são indicadas 44 fogos e 183 pessoas. Atinge o nível mais elevado em 1960 com 310 habitantes. Em 1991 havia 187 residentes sendo 94 masculinos, e em 2001 apresentava 144 com 75 do sexo masculino. A sua população tem tendência a estabilizar porque a sua situação em pleno fértil Vale da Vilariça e junto à estrada que da Guarda segue para Bragança, abrigada pelo Monte dos Pomares ou Alto dos Corvos, permitem algumas boas condições de obtenção de rendimentos e de vida razoáveis. Daí que a agricultura continue a ser a base das actividades locais, usando a carroça, mas agora mais mecanizada dada a planura de grande parte dos seus terrenos. Produzem abundantemente feijão, batata, cereal, azeitona, vinho, amêndoa, laranja, hortaliças e frutas variadas. O gado ajuda a economia familiar e em 1989 havia 4 rebanhos de ovelhas e um de cabras. As restantes actividades não têm peso económico de maior, embora dêem a sua contribuição para a sociedade local. Naquela data ainda tinham 1 taberna, 1 café/mercearia e 1 barbeiro. O Lagar de Azeite, o Carpinteiro e o Sapateiro já não estavam activos. Por volta dos anos 60 do século XX tinha 2 lagares de azeite, um encarregado do correio, 13 lavradores/agricultores registados, sendo regente escolar Maria da Piedade Pereira de Lemos, Presidente da Junta, António Rabaçal, Pároco, Amadeu Rei e regedor, Casimiro Martins. Os lugares de encontro habituais em Lodões são, para além da taberna e do café, o Largo da Fonte e Junto à Escola ou Largo da Igreja Matriz. Aqui ainda jogam ao fito quando o tempo o permite. Porém, é no Largo da Fonte que se encontra a zona mais nobre da aldeia. Ali está a Fonte Romana, com o seu arco de cantaria, a Igreja Matriz mais acima, com adro envolvente, dedicada a S. Tiago e que é do século XVIII com características barrocas. Possui Torre Sineira central simples e à retaguarda está o cemitério, mas num plano superior. Um pouco mais para norte fica a Escola Primária com um belo recreio arranjado e árvores junto ao muro para dar sombra quando o sol aquece. É também naquele Largo que fazem a festa de verão. Na encosta do monte que tem para norte e noroeste, os pombais ilustram a paisagem. Devemos acrescentar o Solar dos Reimão Meneses do século XVIII e o Castro e Habitat Romano em S. Pedro.

MOURÃO Mourão é uma freguesia a cerca de 10 quilómetros e para oeste do concelho de Vila Flor a que pertence, com uma altitude aproximada de 680 metros. Faz fronteira com Castedo do Concelho de Moncorvo e Vilarinho da Castanheira do de Carrazeda de Ansiães, e com Valtorno e Seixo de Manhoses, estas do mesmo concelho de Vila Flor. Situada numa encosta defronte de Seixo de Manhoses, formam as duas povoações um vale, no fundo do qual corre um curso de água mais conhecido por “ribeirinha “. A designação de Mourão não terá a ver com Mouros, ou um Grande Mouro? Naturalmente que, se assim for, estaremos perante uma origem árabe do povoado. A povoação de Mourão aparece referida nos forais de Vilarinho da Castanheira, a cujo concelho pertenceu até 31 12 1853. Em 1864 tinha 112 fogos e 403 habitantes. Para em 1890 ter 564 pessoas e 116 fogos. Ao longo do século XX é em 1911 que atinge o máximo de população com 472 habitantes. Em 1991 tinha 205 habitantes residentes, sendo 89 do sexo masculino. Em 2001 ficava se pelos 136 residentes com 67 masculinos. A ocupação das suas gentes é a agricultura, produzindo vinho, azeite, amêndoa, cereal, tendo cortiça e madeira também em abundância. Algum gado como ovelhas e vacas ajudam um pouco aos rendimentos locais. Em 1960 o Mourão tinha 3 lagares de azeite, um encarregado de correio, 9 lavradores/agricultores, umas minas de, sendo o Presidente da Junta, Manuel S. Trigo, o Pároco, António Xavier Pinto, a professora, Maria Adelaide Faustino e o regedor, José M. Gonçalves. As ruas têm muita inclinação ao longo da encosta virada a nordeste, de quando em vez, um largo, uma parte mais plana, que parece ter sido feita para descansar das íngremes subidas. É o caso da Rua de Santa Bárbara, do Largo da Castanheira, do Largo da Praça ou o do S. Ciríaco, que são locais de privilégio para as pessoas se encontrarem. Aproveitam, às vezes, para jogar àmalha nas Lameirinhas. A Igreja Matriz é digna de se ver, embora simples, tem torre sineira com dois sinos e arco românico na frontaria. É dedicada a S. João Baptista e foi instituída sede de Paróquia em 1640. O Altar-mor, no seu interior, é do século XVII. Há a Capela de S. Plácido, muito antiga, mas reconstruída, na antiga aldeia de Sampainho que tem duas carrancas a ladear a porta. Neste local há vestígios de ali ter havido um pequeno aldeamento ainda com gente no século XVIII , mas hoje encontra se desabitado. Mourão tem também a Capela de Santa Bárbara com a imagem da padroeira do século XVII. Apesar de ter água canalizada, mantém ainda imensas fontes, algumas de nascente, com interesse arquitectónico, como a Fonte do Largo da Praça que tem a data de 1838. À da entrada da povoação chamam lhe Fonte Romana, mas também há a Fonte por Deus, fora da aldeia, a cuja água os locais atribuem a cura de várias doenças. As ruas têm calçada tradicional na sua maioria. Os portões das entradas de muitas habitações, o lagar de azeite, o sapateiro e o ferreiro, dão um aspecto típico à povoação. A Escola Pré Primária, a Primária, o Campo de Futebol, a recolha do lixo, o autocarro para Vila Flor são estruturas que não dispensa. Tem belas vistas para a Vilariça e terras de Alfândega da Fé e até Moncorvo, tornando a freguesia airosa, aprazível e vistosa com agradáveis e ímpares paisagens, sendo muito concorrida. As festas de Nossa Senhora da Saúde na primeira quinzena de Agosto são o ponto alto de encontro dos seus habitantes.

NABO Nabo é uma freguesia do concelho de Vila Flor que se situa a Sudoeste da Vila, a 7 quilómetros, e muito perto do Vale da Vilariça, na margem direita da Ribeira com o mesmo nome. É abrigada por elevações muito altas como o Cabeço Cavalo e os Abrunheiros. Nabo ou nabano significa em Português antigo um tributo (imposto) pago pelos pescadores nos portos alheios. Talvez ali signifique o frete que era pago para passar nas barcas de um rio, que, neste caso, seria a Ribeira da Vilariça. A antiguidade desta povoação deve ser pré-romana. Nos Tapados, nas Godeiras ou a Pala do Conde podemos muito bem estudar os vestígios arqueológicos já dos romanos. Religiosamente foi da apresentação do Abade de Vila Flor e passou, mais tarde, a vigararia. Em 1864 tinha 80 fogos e 363 habitantes. Mas é em 1950 que apresenta o número mais alto de residentes: 502, sendo 252 homens e 250 mulheres. Daí até hoje, a sua população diminuiu bastante. No censo de 1991 registava 276 habitantes com 132 do sexo masculino. Em 2001 tinha 218 em que 104 eram masculinos. É a agricultura a actividade principal, embora tenha cerca de uma dúzia de negociantes que percorrem as feiras, nomeadamente vendendo produtos que colhem nas férteis terras da Vilariça, e também dos seus vales e encostas que se alargam até lá. Os produtos que abundam são a amêndoa, a azeitona, vinho, tomate, feijão, hortaliças e frutas diversas. Há dois cafés mistos, um carpinteiro, um forno de cozer o pão (embora haja outros particulares), um lagar de azeite, um rebanho de ovelhas, e um ferrador/ferreiro. Tinha Escola Infantil que já fechou, e a Escola Primária estava com apenas 3 alunos em 1998. Em 1960 havia na povoação de Nabo 14 lavradores/agricultores registados, 4 lagares de azeite, sendo o Pároco, Cassiano Dimas Fais, a professora, Cândida da Purificação Sá e o Regedor, Manuel António Ventura. Consideram se características peculiares na estrutura da povoação: O lavadouro Público, o Largo do Tanque ou Fonte onde iam buscar a água para as casas, a Fontinha, a Associação Cultural, a Ponte do Cabo do Lugar e a Ponte do Caminho do Ribeiro. A Rua do Rebentão vem da povoação do Arco, é muito inclinada e vai ter ao Eirô ou Largo da Igreja, que, por sua vez, tem em sentido oposto outra rua por uma encosta acima até à Capela de Nossa Senhora do Carrasco. Aqui as casas tornam se ainda mais típicas com materiais que têm por base a madeira, o xisto e o granito, com algum ferro àmistura. As escadas exteriores são uma particularidade comum e interessante a observar. O Campo de Futebol fica no caminho para o Arco, enquanto que o Cemitério no caminho de Vila flor. A Capela da Senhora do Carrasco era a antiga Capela da Sr.a do Rosário, e tem na parede do cabido um grande carrasco (planta). Por outro lado ainda conservam a Capela de Santa Cruz de 1714 mas reconstruída em 1739, a Capela Barroca da Sr.a da Conceição e o Cruzeiro de Santa Cruz. Todas as ruas parecem ir terminar a um ponto comum, a Igreja e seu Largo. Todas elas têm uma inclinação acentuada, com o Ribeiro do Cabo do Lugar à esquerda e o Ribeiro da Fonte ou do Arco Pequeno do outro lado e já estão calcetadas. A Festa mais importante é a Senhora do Carrasco, em Agosto, à volta dos dias 12 e 13. No dia do Pai têm também uma festa a S. José. Ainda há quem faça colchas, rendas, bordados, pelo que o artesanato teima em se manter e vale a pena apreciar.

ROIOS A aldeia de Roios tem como orago S. João Baptista e é também uma freguesia com o mesmo nome que pertence a Vila Flor, de cuja vila dista apenas 3 quilómetros para Nordeste, com uma altitude de 450 metros. Encontra se em plena Montanha, descaindo para o vale já para a Vilariça. O nome da freguesia poderá vir do nome próprio de homem, “Roio”. Esta palavra surge por vezes com sentido equivalente a nascente, linha de água, segundo o dicionário de Frei Domingos Vieira. A povoação está habitada já desde épocas pré romanas, castrejas, tornando se, já depois da Formação de Portugal, numa terra com alguma importância. A prová lo está o Foral de D. Afonso III a Roios, em Guimarães, a 2 de Junho de 1258. Na área do seu termo têm aparecido elementos arqueológicos interessantes: moedas e cerâmicas romanas, telhas, mós manuárias no sítio da Parede Nova, margem da Ribeira Brava, assim como apareceu um Carneirinho em Bronze que foi para o Museu Regional de Bragança, como nos refere o Abade de Baça]. A antiga freguesia era curato da apresentação do abade da paróquia de Vila Flor, passando depois a vigararia. Nos anos 60 do século XX tinha: um lagar de azeite, 9 lavradores/agricultores, a regente escolar era Maria Rentão, o presidente da Junta, Simão P. Barros, o Pároco, Cassiano Dimas Fais e o regedor, Alberto Lopes. A população de Roios nunca atingiu números muito elevados, mas teve algumas características peculiares. Em 1864 tinha 63 fogos e 256 habitantes. Em 1890 já tinha 412, o máximo que conseguiu até hoje, para em 1900 descer para 233 pessoas. Depois recuperou lentamente com algumas descidas pelo meio, até que, em 1960 apresentava 328 habitantes. Já em 1991 eram 217 os residentes, sendo 109 masculinos. No censo de 2001 atingia 176 residentes com 86 do sexo masculino. É a agricultura que ocupa os seus habitantes que por ali vão sentindo dificuldades em conseguir modernizar as suas técnicas de cultivo, até porque muitos terrenos não têm condições para isso. Lá vão conseguindo alguma amêndoa, vinho, azeite, frutas para venderem, e outros produtos, em menor quantidade, para o seu próprio consumo. Têm dois cafés, sendo um deles misto, um barbeiro, 4 carpinteiros, um ferreiro e três pastores, sendo um de cabras e dois de ovelhas. O professor vai de Vila Flor e o padre chega de Sampaio para rezar a missa Domingo sim, Domingo não. Por seu lado, para ferrarem os animais têm de esperar que o ferrador chegue da Vila. A nível de artesanato ainda fazem mantas e rendas com tear. E tinham um lagar de azeite que deixou de trabalhar. Havia também algumas eiras, como a do António do Abel, a dos Olmos ou a do Sr. Barroso. Quintas têm a do Queiroal e a do Pimentel, esta também chamada do Galego porque antigamente ali estivera um Galego da Galiza a tomar conta dela. As ruas são típicas umas calcetadas outras em alcatrão, muito apertadas, sinuosas e inclinadas como a Rua da Escola que vai ter à Igreja, Travessa Veiga, Largo do Eirô, Rua da Igreja. Já têm distribuição de água ao domicílio, esgotos, recolha do lixo, Lavadouro Público, um Campo de Futebol e um Grupo Desportivo, um polidesportivo, Casa do Povo e sede da Junta de Freguesia. Bem perto está a Escola Primária frequentada ainda por uma dúzia de alunos. Com dois Ribeiros a atravessar a povoação, têm também duas pequenas pontes, a da Ribeira da Senhora da Graça e a do Ribeiro dos Olmais. A Fonte da Graça tem porta e escadas, pois é de mergulho e típica em pedra. As casas brasonadas do Sr. Barroso que, como referem localmente eram um Convento e a Casa de Cima, também da mesma família. Mas há outro Património de que se orgulham: a Capela da Senhora das Graças e a Igreja Matriz. A Capela da Senhora das Graças situa se à entrada da povoação, à esquerda da estrada que lhe dá acesso vindo de Vila Flor, fazendo gaveto com a estrada que vai para a aldeia de Lodões, povoado que fica a 6 quilómetros. Aquela Capela foi reconstruída em 1736. A Igreja Matriz fica em local mais elevado do povoado, tem uma palmeira à sua direita e da sua altura, e possui campanário com dois sinos. É do século XVIII. O seu interior é belíssimo, em particular o Altar-mor e o tecto com as suas pinturas. A Festa principal costuma ser à Senhora das Graças em Agosto. No entanto, festejam o padroeiro todos os anos, o S. João, cantam os Reis e fazem a Fogueira de Natal junto à Igreja.

SAMÕES Samões é uma aldeia e freguesia do concelho de Vila Flor que fica a cerca de 2,5 quilómetros da vila e a uma dezena do Cachão. Situa se numa zona planáltica a cerca de 580 metros, que começa no sopé do Monte de Nossa Senhora da Assunção e se prolonga até Carvalho de Egas, subindo um pouco e continuando por Candoso e Carrazeda de Ansiães. Fica a nor noroeste da Vila, junto da estrada que vem da Trindade para a Foz Tua, logo a seguir ao cruzamento de Vila Flor. A parte antiga do povoado está para norte dessa via, enquanto que a Igreja fica mesmo à face da estrada, mas em lado oposto, e com umas construções mais recentes. O nome Samões seria um nome pessoal que ia já caindo em desuso no século XII, pelo que o seu povoamento deve ser anterior àquele século e daí mais antigo. A primitiva freguesia era da apresentação do Comendador de Vila Flor da Ordem de Malta e pertencia à Comenda daquela Vila, passando mais tarde a reitoria. Entre Samões e Candoso, durante a Guerra da Restauração (meados do século XVII), houve um combate entre Portugueses e espanhóis no sítio chamado dos Barreiros. É tradição local que desde então se passou a chamar a uma fonte que ali havia, a Fonte das Mil Almas, tantos seriam os inimigos ali mortos. Por decreto de 20 de Setembro de 1887 é criado o 1.° Barão de Samões, na pessoa do proprietário e farmacêutico J. Pedro Gomes de Almeida (que nasceu em 1812 e faleceu em 1900). Em 1960 tinha 9 agricultores/lavradores, 2 mercearias, o Presidente da Junta era Manuel Borges; o pároco, Fernando António Rodrigues; a regente Escolar, Glória Morais; a professora, Maria Lurdes Vicente e o regedor, Anório Teixeira. A sua população foi tendo um crescimento irregular, com 153 fogos e 513 habitantes em 1864. Em 1890 já tinha 703 residentes, mas em 1930 só tinha 621. Sobe até 764 habitantes em 1950, censo a partir do qual começa a descer até aos nossos dias. No censo de 1991 ali residiam 467 pessoas sendo 225 do sexo masculino. Em 2001 eram 416, dos quais 207 masculinos. A agricultura sempre foi a ocupação central das suas gentes, produzindo azeite, vinho, feijão, figos, amêndoa e frutos diversos, tendo um pouco de tudo. O gado ajuda na economia dos locais, já que ali há 6 rebanhos de ovelhas e 2 de cabras. Os comércios e empresas vieram para junto da estrada e vão aumentando. Têm 3 cafés, 2 mini mercados, 2 serralheiros, 1 barbeiro, 1 alfaiate, mais de uma dezena de negociantes/feirantes e também há empreiteiros. Sem actividade ainda há um forno de cozer o pão e dois lagares de azeite. O Centro de Dia é novo e é frequentado por uma dezena de idosos, ficando defronte da Igreja e no lado oposto da estrada. Quanto à Escola Primária tem 8 alunos e a Pré Primária número semelhante. A Igreja Matriz está em plano mais alto que a estrada e a povoação. Tem Torre sineira lateral esquerda com 4 sinos. À frente e em plano inclinado até à estrada, um jardim bonito e arranjadinho causa admiração e gosto a quem ali tem de passar. O local de encontro dos locais é junto da estrada, quer da parte de cima com a sede da Junta e local de convívio, quer no largo do lado oposto, o Largo da Lameira. É este largo de grandes dimensões, sobre o comprido, e tem uma fonte em cima, com bancos de jardim e algumas árvores de pequeno porte ainda. O Largo do Fundo do Povo não é tão grande, mas tem a Capela de Nossa Senhora do Rosário, românica, com um lindo alpendre, e que os locais dizem ainda ter sido o local da primeira Igreja da povoação. Há ainda mais duas capelas: a de Nossa Senhora de Lurdes junto à Escola primária e à face da estrada, muito rústica e estilo santuário, com bancos de pedra laterais onde a juventude gosta de ir para se encontrar, e a Capela da Casa Almendra no Outão, com o respectivo palacete, que foi do 1.° Barão de Samões e dedicada a S. Francisco. Tinha ainda a Capela Barroca do Espírito Santo, de 1797, que ficou em ruínas. Com dois ribeiros, o da Aldeia e o da Gricha, Samões vê as suas construções aproximarem se cada vez mais do cruzamento onde se situa a Zona Industrial de Vila Flor, ao longo da estrada que lhe dá acesso.

SAMPAIO A freguesia de Sampaio do concelho de Vila Flor situa se na margem direita da Ribeira da Vilariça, junto do Vale com o mesmo nome, a 5 quilómetros para Es Sudeste da sede de concelho a uma altitude aproximada de 250 metros. Ali tivera Solar a família dos Sampaios, tendo sido o 1.° Conde de Sampaio e 13.° senhor desta povoação A.J. de Sampaio Melo e Castro, genro do 1.° Marquês de Pombal, por carta datada de 19/ /12/1764. Foi Vila e antigo concelho autónomo nos fins do século XIV sendo liderada por Vasco Pires de Sampaio. Este era Vassalo de D. Fernando e D. João I, senhor de Sampaio, Alagoa, Vila Flor, Vilas Boas, Torre de Moncorvo, Ansiães, Vilarinho da Castanheira entre outras terras dessa época. Em termos religiosos foi vigararia da apresentação do abade de Vila Flor, passando depois a reitoria. Em 1878 tinha 263 habitantes, sendo 143 varões e 120 fêmeas. No censo de 1890 tinha 273 pessoas sendo 135 varões. Durante o século XX atingiu o máximo em 1950 com 423 habitantes. Em 1991 tinha 260 residentes dos quais 127 eram masculinos. Para em 2001 ter 192 sendo 95 do sexo masculino. As suas gentes dedicam se essencialmente à agro pecuária. Apanhando o Vale da Vilariça, os seus terrenos são bem aproveitados para hortaliças e frutas diversas que abastecem os mercados doutras regiões. Produzem também azeite, vinho, e amêndoa. A nível de outras profissões ainda vão aparecendo o latoeiro, ferrador, ferreiros e carpinteiros. Nos anos 60 do século XX tinha 2 lagares de azeite em funcionamento, 10 lavradores/agricultores registados, 5 proprietários, o Regedor era Júlio César de Carvalho, a Professora, Laura Pinto de Almeida, o Pároco, Amadeu Rei, o presidente da Junta, José M. Escalhão. O seu Património Cultural é interessante: os restos do moinho do Ribeiro de Roios, ou o Lagar de azeite, a Casa dos Vaz de Vila Flor, as eiras de malhar o pão, os pombais, o Tanque de 1945, a Capela do meio da povoação e o Lavadouro. A Igreja Matriz, simples, adaptada da Capela do Santíssimo desde o fim do século XVIII. As Antas da Senhora da Rosa, e da Chã Grande, o Sepulcro medieval, a antiga Casa da Câmara, ou a Cadeia medieval. Rodeada de elevações que a protegem do vento por quase todos os lados menos uma pequena aberta para o Vale da Vilariça, tem, no alto dalguns desses montes algumas Capelas, como é o caso a da N.ª Sr.ª da Rosa. Junto aos areais da Vilariça a de Nossa Senhora da Conceição, mas também possuem a do Stº André (ou Igreja Velha), a Santa Marinha ou o Cruzeiro na Santa Cruz. Têm uma importante Casa da Junta que era o Solar dos Morais. Ainda por lá se joga ao ferro, à raiola, à moeda, e a juventude gosta de fazer bailes ou de ir até ao Campo de Futebol. Na parte sul da povoação ficam as águas de Bem Saúde, que estiveram muito tempo em inactividade quanto ao seu aproveitamento para banhos ou para beber, pois têm qualidades minero medicinais comprovadas e dariam alguns postos de trabalho. Recentemente uma empresa pegou nelas e, dando lhe outro nome, explora as, construindo ali um armazém e uma linha de engarrafamento, vendendo se em todo o país. Outrora ali já houvera uma outra linha de engarrafamento, bem como balneários para banhos, pois as pessoas procuravam na para tratarem dos seus males, nomeadamente reumatismo, doenças da pele ou aparelho digestivo.

SANTA COMBA DA VILARIÇA Santa Comba da Vilariça é uma freguesia do concelho e comarca de Vila Flor, donde dista cerca de 11 quilómetros, ficando para NorNordeste e na margem direita da Ribeira da Vilariça, a 270 metros de altitude. Sobre a origem da freguesia supõe se que a primitiva povoação se situou junto do Ribeiro da Ferradosa, dado o aparecimento no local de restos de construções. Ali costumam aparecer vestígios de local romanizado, assim como no Rego do Souto. Há referências a Santa Comba em vários documentos, dos quais se destacam as inquirições de D. Afonso III em 1258. A antiga paróquia era da apresentação dos abades do Mosteiro de Bouro, pertencente aos Bernardos. A atestar a sua antiguidade e valor encontramos várias casas apalaçadas e solarengas em cantaria bem aparelhada e assente, três cruzeiros, dos quais um data do século XIII, bem como a típica chaminé da Casa dos Ochoas. Nos meados do século XIX (primeiro em 27 de Março de 1865 e depois em 20 de Junho de 1876) é instalada ali a Escola Primária oficial para ambos os sexos, embora separados como era característico na altura. Em 1864 tinha 110 fogos e 441 habitantes. No censo seguinte, 1878, já tinha 133 fogos e 538 pessoas das quais 263 eram varões. Durante o século XX atinge 695 habitantes em 1940, enquanto em 1960 já tinha 741. Depois foi diminuindo e em 1991 ali residiam 535 pessoas, 255 das quais eram do sexo masculino. Em 2001 eram 471 residentes sendo 228 masculinos. Em 1960 havia na freguesia 2 albardeiros, 3 alfaiates, 6 lagares de azeite, uma casa de pasto, uma loja de fazendas, um ferrador, 9 agricultores/lavradores registados, uma mercearia, um Grupo Dramático Santa Combadense, sendo o Pároco, José Alberto Araújo, o regedor, Álvaro Augusto Freixo, o Presidente da Junta, Manuel de Oliveira, e professores: Alfeu Assunção Baptista e Angélica Cortinhas. Nos últimos tempos o desenvolvimento local é notório, mecanizando a agricultura, construindo pequenas indústrias, formando algumas empresas, ou dedicando se ao comércio. Tem o Vale da Vilariça a seus pés”, e o cruzamento de estradas que vêm quer de aldeias de Alfândega da Fé, quer de Macedo ou Mirandela, quer de Moncorvo que ajuda o seu progresso. As principais produções da terra são o azeite, o trigo, o vinho, os pomares de laranjeiras, pessegueiros e outras espécies de frutas, as hortaliças diversas, a batata. Serralharias, carpintarias, oficinas de automóveis, moagem, padaria, posto de abastecimento de combustível e até um restaurante aproximam se da via Bragança/Guarda. É ali que também se situa o Campo de Futebol. Aproveita também as serras que a separam de Vila Flor, como a Fragada ou o Monte de D. Maria, para pastorearem os seus rebanhos de ovelhas e de cabras. Nos tempos de lazer juntam se na Rua da Portela, no Largo da Barreira, ou no Largo das Eiras. Por vezes jogam à raiola, ao fito, e praticam futebol. Têm um Grupo Desportivo e Cultural de Santa Comba que tem feito parte dos campeonatos distritais de futebol. A Capela de S. Sebastião, situada no Monte do Calvário, tem um altar de rica talha dourada e é um local de vistas e horizontes maravilhosos. A Capela de Santa Rita, o Largo de S. Pedro, o Largo das Eiras com o Coreto, a escola primária que tem duas entradas opostas, a Casa do Povo e o cemitério ao lado, ou a Capela de Santo António, barroca, com a data: MDCCIL, são Cultura que orgulha os locais. O mesmo acontece em relação à Igreja Matriz que tem o orago S. Pedro. É igualmente barroca, datando de 1719, e está construída no local da Capela do Santíssimo quando a antiga Igreja era no “Passal”. De destacar o frontespício e o portal com colunas. No seu interior a talha dourada do século XVIII leva nos ao encanto do Altar-mor que écoroado por um brasão. Há outros pontos de referência como a Casa do Povo, o Jardim Infantil, a Escola Primária, os fornos antigos, e o Coreto para as festas. Os três cruzeiros medievais, um é do século XIII e foi mandado fazer por Fernan José Esteves e seu filho António Roíz, mudado em 1711, o Solar setecentista das Senhoras de Sendim, e a Casa da Renda onde depositavam as rendas da Abadia de Santa Comba, são monumentos de grande valor histórico cultural. Santa Comba foi berço de muito boa e distinta gente como Henrique José dos Santos Cardoso que ali nasceu em 21 4 1842, braço direito de Alves da Veiga na Revolução republicana de 31 de Janeiro de 1891 no Porto.

SEIXO DE MANHOSES Seixo de Manhoses é uma freguesia do concelho de Vila Flor de cuja sede fica a 8 quilómetros para Sul Sudoeste. O Monte e Santuário de Santa Cecília já perto de Carvalho de Egas ainda lhe pertence e protege a povoação, ficando sobranceiro à freguesia que se estende pela encosta terminal do vale formado pela mesma elevação e por outras menos altas já para os lados da sede de concelho. A sua antiguidade como povoado remonta já a tempos pré romanos. Quando se formou a nacionalidade e depois foi criado o concelho de Vilarinho da Castanheira, a aldeia de Seixo de Manhoses passou a figurar nos forais desse concelho, juntamente com a Quinta do Gavião agora despovoada. Pertenceu a esse concelho até 31 12 1853, data em que passa para o de Vila Flor. Em termos religiosos foi uma vigararia da apresentação ad nutum do abade de Vilarinho da Castanheira. Em 1890 possuía 415 pessoas das quais 204 eram varões, e 107 fogos. A população da freguesia de Seixo de Manhoses atingiu o seu valor mais elevado em 1950 com 640 habitantes. No censo de 1991 viviam ali 584 pessoas, sendo 272 masculinas. Para em 2001 ter 502 residentes com 238 do sexo masculino. Tradicionalmente rural e agrícola, continua a basear o seu sustento nos rendimentos que vai tirando da terra. Vinho, azeite, amêndoa, figos, castanha, frutas variadas são alguns dos principais produtos ali cultivados. As outras actividades dão muito pouco rendimento, pois também escasseiam. Há só um pastor de ovelhas, 3 cafés, uma taberna, 4 mercearias e um café restaurante no Santuário de Santa Cecília. É aqui que se situa um local excelente de passeio e convívio ultimamente muito concorrido por gentes da região. Lagares de azeite só já há um, assim como uma padaria. Em 1960 tinha dois lagares de azeite a funcionar, um encarregado do correio, 14 lavradores/agricultores registados, sendo Presidente da Junta, Américo A . Avidagos, Pároco, Fernando António Rodrigues, Professora, Olívia de Melo Trigo e Regedor, Bernardino do Espírito Santo Meireles. Possui duas Escolas Primárias frequentadas em 1999 por cerca de 25 alunos na totalidade. Água canalizada, recolha de lixo e esgotos já não faltam. Bem como Parque Infantil, Casa do Povo, Sede da Junta de Freguesia, Lavadouro Público, Campo Desportivo e uma Associação Cultural. Em Seixo de Manhoses há também uma Banda de Música há cerca de dez anos com aproximadamente 30 elementos graças ao maestro Sr. Machado que com grande carolice e bairrismo da sua terra teima em fazer o melhor. Mas a Festa principal é a Santa Cecília nos dias 20 a 22 de Agosto, no Santuário deslumbrante, onde não falta a Capela, o Largo espaçoso, o Parque das merendas com mesas e bancos, os 2 coretos, os lugares de estacionamento e o dito restaurante/café. No Largo de Santo António é costume juntar se para conversarem ou trocarem ideias, descansando do trabalho da semana. A Igreja de Santa Bárbara tem Torre Sineira lateral esquerda com 4 sinos, é quadrangular, e a frontaria do edifício está revestida de azulejo. Além das suas típicas e declivosas ruas com casas bem transmontanas há a Fonte do Olmo, Fonte Cinguito, Fonte Lameira, as Capelas da Senhora do Rosário de estilo barroco com altar dos fins do século XVII, a de Santo António reconstruída no fim da década de 80 e a Capela de santo António do Gavião, do século XVII, semi destruída já em 1987. Outra é a de Maria Criador (ao ir para Vila Flor). Outro local, este bucólico, é o Ribeiro do Seixo onde havia um moinho.

TRINDADE No extremo Nordeste do Concelho de Vila Flor, perto da margem direita da Ribeira da Vilariça, e a 16 quilómetros para Nor Nordeste da Vila, fica situada a aldeia e freguesia de Trindade. Tem um cruzamento que a coloca em lugar de passagem, pois a estrada da Vilariça para Macedo de Cavaleiros passa lhe junto às habitações a nascente do povoado, enquanto que a estrada que vai para Vila Flor e Tua ronda lhe o sul seguindo para ocidente. E, um pouco mais a norte, outro entroncamento, este segue para Mirandela. Apesar de ter tido um povoamento reduzido, ele é antigo e anterior ao século XII, já que ficava nos extremos das Terras da “Valariça e Ledra”, limite da primeira. A Instituição paroquial é mais recente, pois ainda no século XIII para o XIV a paróquia pertencia a S. Pedro de Santa Comba. A antiga freguesia era Curato da apresentação do Abade do Real Mosteiro de Santa Maria de Bouro. Nas lutas liberais/absolutistas da 1.ª metade do século XIX, Trindade foi um local de um acontecimento militar, tendo a povoação sido incendiada pelas tropas do general Pego. Isto porque os seus habitantes e o Pároco se insurgiram contra a Constituição. Viviam se os terríveis anos das lutas liberais/absolutistas que iriam dar uma Guerra Civil e muitos mortos ao país. No início da Segunda metade do século XIX tinha 87 fogos e 340 habitantes, com as anexas Macedinho e Valbom. Em 1911 tinha 420 pessoas mas é em 1950 que atinge o maior número: 496. Tem um crescimento lento, pois, por exemplo em 1920 tinha descido para 337 habitantes. Em 1960 havia 123 pessoas em Macedinho, 178 em Trindade e 159 em Valbom. Enquanto que em 1911 eram respectivamente, 106, 134, e 180. Como se vê, no início do século, Valbom tinha mais habitantes que a Trindade. Em 1991 a freguesia tinha 195 residentes sendo 88 masculinos, e em 2001 eram 177 com 82 pessoas do sexo masculino. Tradicionalmente agrícola, Trindade vai produzindo um pouco de tudo, mas especialmente azeite, amêndoa, vinho e frutas, bem assim algum cereal. As outras actividades são reduzidas: um negociante a vender fruta, um a vender sapatos, um ferrador, um barbeiro, um café e dois pastores de ovelhas. Já têm distribuição de água, recolha de lixo e sistema de esgotos, bem como Lavadouro Público, um Campo Desportivo e a Casa da Junta de Freguesia que fica virada para a estrada Macedo/Moncorvo. Tem uma fonte Junto à Escola Primária na estrada que segue para Vila Flor. Naquela escola ainda andam 8 alunos, sendo 4 de Valbom e outros tantos da Trindade. A Festa principal é à Santíssima Trindade, à volta da Páscoa (cerca de 7 semanas depois). A Igreja Matriz é o principal monumento. De estilo românico tardio, sem aberturas e com Torre sineira central com um sino apenas. À sua volta as paredes ostentam vários cachorros salientes, um pouco abaixo do beiral do telhado. “Foi restaurada, edificada de annaçno e soalho, Coro e pinturas, cujas obras se iniciaram a 8/9/1952, sendo inaugurada enz 27/9/1953. Gastaram se 67.000$00 e só foi possível graças ao povo e ao Padre Manuel Lopes.” (Está numa lápide à direita do portal de entrada). É no Largo da Igreja, junto da Escola Primária ou na Sede da Junta de Freguesia que se juntam em tempos de lazer. Em 1960 encontrávamos na freguesia 3 lagares de azeite funcionais, um encarregado do correio, 14 lavradores/ agricultores, uma mercearia, 2 concessionários de minas. 0 Pároco era Manuel Trigo Lopes, a Professora chamava se Camila de Lourdes Cardoso, o Regedor, Manuel António Lopes e o Presidente da Junta António dos Ramos Terrinha.
Valbom é uma aldeia anexa à freguesia de Trindade que faz fronteira já com Vilares da Vilariça já de Alfândega da Fé, tendo a barragem de permeio. Fica à direita da via que vem da Ponte do Sabor e segue para Macedo, perto da Ribeira da Vilariça. Não sendo uma povoação muito grande, torna se aconchegada com o casario à volta da Capela de S. Gregório, numa leve encosta sobre o vale. Valbom tem duas tabernas, um negociante e dois pastores com outros tantos rebanhos de ovelhas. Têm ainda um forno de cozer o pão. Moinhos havia dois, mas a construção da Barragem de Vilares da Vilariça fê los desaparecer. O local mais frequentado pelos seus habitantes é o Largo da Cruz, ou então junto àTaberna. Em Valbom existe uma Fraga que chamam dos Namorados e que tem várias letras e sinais cruciformes. Nos Arrodeios aparecem sepulturas antigas. E na povoação pode se visitar também o Solar, antiga Casa Paroquial dos vigários que residiam naquela aldeia, bem como a Fonte da Almoinha (que é medieval e tem arcada).
Macedinho é também outra aldeia anexa da Trindade. Fica situada numa elevação para os lados opostos ao Vale da Vilariça, isto é, já virada para o Cachão e para o Tua. Ali há uma serra cavada onde a tradição diz que houve minas, não se sabendo de quê. Tem restos de fortes muros, provavelmente de qualquer fortificação pré romana, ou Castelo como lhe chamam alguns, mas que não devia passar de um pequeno Castro. A povoação fica a 400 metros de altitude e tem a Capela de Santa Maria Madalena, de estilo barroco, tendo, no seu interior o altar com Talha dourada. As casas são em xisto. A Festividade principal são as Festas de Macedinho em honra de Santa Maria Madalena que acontecem normalmente no 2.° Domingo de Agosto.

VALE FRECHOSO A freguesia de Vale Frechoso fica situada num vale semi planáltico entre as serras de Nogueira e de Bornes, a 7 quilómetros para Nor Nordeste De Vila Flor. Está a um quilómetro da estrada que segue da Trindade para a Foz Tua, na margem direita da Ribeira da Vilariça. Talvez a designação Vale Frechoso esteja efectivamente ligada a um Vale (elemento topográfico da margem direita da Ribeira da Vilariça,) e Frechoso seria declivoso, até porque os seus terrenos têm algum declive para o dito Vale. A defesa castreja era provavelmente notória nos montes por que está rodeada a freguesia: ao poente o Monte Rosa, nascente Penha de Abutre, nordeste Alto da Serra e sudoeste o Maragoto. Mas a povoação já deveria existir no início do século XII, altura que começaria a formar mais aglomeração. Em meados do século XIII a sua paróquia era pertença da Paróquia de Santa Cruz da Vilariça. No tempo de D. Afonso III ainda não surge como paróquia, apesar da Igreja já existir, pois o padroeiro é S. Lourenço. No século XIV então já aparece como paróquia. Foi abadia de renúncia da apresentação da mitra de Braga. Vale Frechoso em 1864 tinha 67 fogos em 332 habitantes. Depois a população em 1890 já era de 506 residentes, para descer para 412 em 1900. Se no censo de 1911 sobe para 423, desce depois até 1930 que apresenta 379. Na década de 40 e 50 sobe, mas não chega a atingir a população de 1890. Em 1991 apresentava 277 residentes com 134 do sexo masculino. E em 2001 eram 240 as pessoas que ali viviam, sendo 125 do sexo masculino. Nos anos 60 do século XX havia ali um agente de seguros, 2 alfaiates, 2 lagares de azeite em actividade, um negociante de cereais, um encarregado de correio, um ferreiro, 7 lavradores/agricultores, uma mercearia. As professoras chamavam se Cândida Ochoa e Emília Azevedo, o regedor era António M. de Sousa, e o Presidente da Junta Manuel J. Moreira. A base económica é o trabalho da terra, com algumas produções razoáveis de trigo, aveia, azeite, amêndoa e vinho, apesar de ter muitos outros produtos, mas de consumo próprio. Tem dois pastores de ovelhas e um de cabras. Um barbeiro ainda lá existe para os domingos e dias de festa, mas o ferrador já vem de fora. A nível de artesanato, ainda teimam em fazer colchas e rendas. Tem também um mini mercado, 1 taberna e 2 cafés. Já possuem distribuição de água, esgotos e recolha do lixo. O Campo Desportivo, o Lavadouro Público, a sede da Junta de Freguesia que fica na Rua da Gouveia, cumprem igualmente a sua missão em servir as gentes de Vale Frechoso. No Fundo do Povo está a Fonte Nova com o lavadouro ao lado e um Coreto para as festas. O Ribeiro de Cima, o Ribeiro Grande e o Ribeiro Covo fertilizam e regam alguns terrenos na altura da primavera. Ainda há dois fornos públicos e muitos particulares, um lagar de azeite e as Eiras do dr. Feliz e a Eira Nova. A Escola Primária é bastante grande, com duas salas e ao estilo do Estado Novo e fica perto da Igreja. Também têm Escola Infantil. A Festa principal é a S. Lourenço, o padroeiro. A Igreja tem Torre sineira central com 2 sinos. A porta principal é rectangular com semi arco na parte de cima. Toda a construção está pintada de branco, deixando o granito à mostra apenas nas esquinas, cunhais, ombreais e beirais. Tem ainda 3 Santos na parte da frente e refere se ao século XVIII. No interior o destaque vai para os altares rico clássicos. A Casa Paroquial era um solar do século XVIII com um Portal interessante. Àentrada da povoação quando se vai de Vila Flor encontramos a capela de Nossa Senhora de Lurdes, numa pequena elevação, à esquerda da via, dando um ar de Santuário de meditação, e agradando a quem chega à povoação. Vale Frechoso tem ainda as Fragas da Pena do Corvo onde “está Insculpida 1 raposa em sinal de tesouro encantado” como diz o Abade de Baçal.

VALTORNO Valtorno é uma freguesia do concelho de Vila Flor que está cercada de altos montes, situada entre duas ribeiras afluentes da Vilariça, a 8 quilómetros para susudoeste da sede de concelho. As notícias mais antigas sobre esta freguesia são inúmeras, sendo o povoamento dela anterior ao século XII, pensamos de épocas pré romanas. Vestígios não faltam, como por exemplo várias fortificações castrejas na zona. Há também lendas antigas, como a da moura encantada, à volta da Fonte Arcada, que terá lá deixado um tesouro, mas até hoje ainda não apareceu. Aparece referenciada na relação dos limites dados por D. Sancho I em 1195 ao ex concelho de Freixiel. Pertenceu ao antigo concelho de Vilarinho da Castanheira até 31 de Dezembro de 1853, data em que o mesmo foi extinto, passando a integrar o de Vila Flor. Em 1960 tinha um agente de seguros, um lagar de azeite, 11 lavradores/agricultores, 3 mercearias, uma moagem. As professoras eram Adelaide de Jesus serrano e Nair Monteiro. O Pároco, António Xavier Pinto, o Presidente da Junta António L. Sampaio e o regedor António Manuel navalho. Em 1864 possuía 139 fogos e 541 habitantes. Ao longo do século XX foi em 1960 que atingiu o seu maior número, com 565 residentes em Valtorno e 206 na anexa Alagoa. Embora em 1940 já tivesse 716 habitantes que diminuem para 689 em 1950. No início do século, 1911 tinham respectivamente 499 e 173 e o censo de 1940 distribuía 525 a Valtorno e 189 a Alagoa. Em 1991 tinha 418 residentes, sendo 203 masculinos e em 2001 eram 308 as pessoas que ali residiam, e destes 147 eram do sexo masculino. Actividades quase únicas de sobrevivência e de obtenção de alguns proveitos continuam a ser a agricultura e a pecuária. Produz cereais, frutas, algum vinho, azeite, amêndoa e tem boas matas de carvalho e castanho, com algum pinheiro, só que os incêndios não as deixam rentabilizar. Outras actividades são pouco perceptíveis, tendo um café junto à estrada, 2 comércios e uma serração. Valtorno beneficiou da variante que foi construída no fim da década de 80 e que retirou o trânsito difícil nas ruas estreitas, sinuosas e inclinadas do meio da povoação, com curvas apertadas e perigosas. A povoação estende se agora para essa estrada lateral e o movimento tende a escoar se por ali. O centro da povoação é o local onde se juntam as gentes locais com mais idade, principalmente no Largo da Praça ou no Largo da Capela. São dignas de apreciação as suas típicas casas em pedra miúda, ou outras em granito aparelhado, à maneira transmontana. A Igreja Matriz de Nossa Senhora do Castanheiro fica fora da povoação, numa elevação para sul, formando um pequeno vale com a outra parte da aldeia. É uma construção antiga, românica tardia, em cantaria. A imagem gótica de Santa Maria do Castanheiro é do século XIII. No interior destacam se alguns sepulcros embutidos na parede. E no seu adro houve uma necrópole medieval. Era uma das Igrejas que dava apoio aos peregrinos para Santiago de Compostela, ficando nos “Caminhos de Santiago”. Tem um bom largo à frente onde fazem a Festa a Nossa Senhora do Castanheiro, e, da parte de cima, o Campo de Futebol. Há ainda a Capela de N.ª Sr.ª do Rosário de 1655, a de Santo Apolinário (barroca), a de Santo Cristo e a de N.ª Sr.ª da Luz. Outros locais interessantes são a Fonte Arcada, a Fonte da Sr.ª do Rosário, a Fonte do Frade, o Cruzeiro Barroco e a dita Capela do Santíssimo. No fundo da povoação e onde se vê o resto da antiga estrada e caminho, mesmo junto ao Ribeiro, está uma capelinha que, nas cheia maiores é danificada pelas águas e correntes do Ribeiro
Alagoa também pertenceu a Vilarinho da Castanheira até à extinção deste concelho em 1853. Fica mais elevada, já a fazer fronteira com as terras de Carrazeda de Ansiães, e estende se por uma leve encosta de uma elevação no cimo da qual está uma capela. É o Santuário de Nossa Senhora de Fátima, cuja festa fazem no 3.° Domingo de Agosto. A Capela do Espírito Santo, no meio da povoação, é o edífício mais antigo e fica na Rua principal, tendo um Tanque/fonte com a data de 1940 ao seu lado esquerdo. Outras ruas típicas são: Rua do Castelo (atrás da Capela), Rua dos Cabeços, Rua dos Olmos, Rua do Canelho, Rua do Bairro Novo. A povoação estende se até àestrada que vai para Carrazeda, onde ficam o cemitério, a Escola Primária e um Nicho.

VILA FLOR A freguesia de Vila Flor, Vila e sede de freguesia do mesmo nome, fica situada a cerca de 700 metros de altitude, no sopé de um outeiro chamado Nossa Senhora da Lapa, numa depressão da Serra de Vale Frechoso, a cerca de 5 quilómetros da margem direita da Ribeira da Vilariça. Em terreno alto, de certo modo abrigado, com bastante fertilidade entre Mirandela e o Douro na linha Norte / Sul e entre a Ribeira da Vilariça e o rio Tua na Linha Este / Oeste. Vila Flor tem se estendido para a estrada Tua / Trindade ou Vila Flor/ Mirandela numa área considerável, mas igualmente montanhosa englobando a zona de planalto que tem defronte o Monte de Nossa Senhora da Assunção, para Norte. Corria o ano de 1286 quando se começa a usar o nome actual. Daí até hoje a Vila foi crescendo conforme as circunstâncias o permitiram. É também desde aquela data que podemos encontrar mais indicações registadas sobre Vila Flor. Em 1530, conforme o cadastro dessa época, a vila era cercada com a cerca derribada e era de Fernão Vaz de Sampaio com direitos e rendas, contendo 151 moradores. Faziam parte do termo da Vila os lugares de Assares, Arco, Prado, Macedo, Vide, Sampaio e ainda Lodões. Para Mendes da Silva era murada, com 5 portas e tinha 5 fontes, possuindo já Casa da Mesericórdia, hospital e 5 ermidas, com. bom mercado realizado a 15 de cada mês. Vilhena Barbosa refere a como terra importante e rica até ao século XV Ao governo civil da Vila (e do concelho) assistiam 1 ouvidor, 2 juízes ordinários, vereadores e juiz de órfãos com seus oficiais. E ao militar 1 capitão-mor e 1 sargento-mor, que governavam também as Vilas de Frechas, de Vilas Boas e Sampaio. Mas no século XV era habitada por Judeus e era terra importante na indústria e comércio de produtos variados que incluíam a ourivesaria e joalharia. Depois com a expulsão dos Judeus em 1496, Vila Flor aparece nos no século XVI em decadência, perdendo o comércio e a indústria, mas ainda os capitães do governo que possuía. Em meados do século XVIII compreendia além da Vila, a povoação do Arco e as Quintas do Carrascal, Athaíde, Val d’Espinho, Vale de Castelares e S. Domingos, bem ainda a de S. Gonçalo. Em 1864, tinha 258 fogos e 1488 habitantes, para em 1890 apresentar 2093 pessoas em 413 fogos. Ao longo do século XX teve oscilações, mas, em 1920 só tinha 1510 habitantes, subindo nos censos seguintes até 1950 que apresentava 2187 indivíduos. Para em 1991 ter 2392 residentes, sendo 1168 masculinos. Em 2001 eram 2526 pessoas ali residentes, das quais 1218 eram do sexo masculino. Em 1960 a freguesia de Vila Flor tinha 7 agências bancárias, 6 agentes de seguros, 2 albardeiros, 5 alfaiates, 3 automóveis de aluguer, 2 de camionetes, 6 lagares de azeite, um negociante de azeite, 5 barbeiros, 2 cafés, 2 casas de pasto, uma pensão, 2 casas de espectáculos e recreio (Casa do Povo e Clube Vilaflorense), 2 farmácias, 11 lojas de fazendas, 2 ferradores, um negociante de frutas secas, um depositário de gasolina, 5 latoeiros, 36 lavradores/agricultores registados, 4 negociantes de madeira, um agente de máquinas de costura, 3 de materiais de construção, 5 médicos, 2 padarias, uma parteira, 5 negociantes de peixe fresco, 2 depositários de pólvora, 4 professoras primárias, 3 serralharias civis, 2 casas de solas e cabedais, uma de aparelhos de rádio e acessórios, 3 lojas de tabaco, 5 talhos, um tamanqueiro, um veterinário. No seu termo ainda se pratica muito a agricultura pois os terrenos são muito férteis, assim como a criação de gado, apicultura e silvicultura. O que não impede que a Vila possua já um conjunto de serviços com alguma importância local que dá emprego e sustento a centenas de pessoas. A nível monumental e histórico, Vila Flor toda ela é um museu vivo, de tradições à mistura com algumas modernidades. A quem visita a freguesia depara se uma vila arranjada embora pequena e aconchegada. Através das suas ruas chegamos à antiga Casa da Câmara e logo a seguir à Igreja Matriz do século XIX. Esta está no lugar da primitiva Igreja que desabou em 31 de Janeiro de 1700. Depois demorou muito a ser construída uma nova o que acontece só no século XIX. Várias capelas: Santa Luzia, românica onde eram enterrados os pobres de Vila Flor; de Nossa Senhora da Veiga, barroca e fica no cemitério; a da Senhora da Lapa na Serra do Facho, perto de onde existiu a Capela de Santa Marinha; a de S. Sebastião que é do século XVI mas foi reconstruída no XIX; a
Sr.ª da Piedade (dentro da Igreja Matriz): e a antiga Capela da Misericórdia, aumentada nos fins do século XVIII e que é agora a Igreja da Misericórdia. Solares também não faltam: o Solar dos Capitães Mores, o dos Lemos ou então a casa do Paço; o solar dos Morais Madureira do século XVII, o dos Seixas caldeiras do século XVIII, o do Viscondes de Lemos do século XIX. Deste século data também a Casa Paroquial. Mas Vila Flor não se fica por aqui, pois do século XVII tem a Casa Africana na Praça da República e a Casa dos Sil na rua de Santa Luzia, claro já renovadas. Do século XVIII a dos Aragões na rua dr. Alexandre Álvares Aragão e a de Soveral Pastor no Largo Manuel António de Azevedo. As Portas da Vila que restam do antigo Castelo, o Pelourinho erguido no Largo da Igreja, a Fonte Romana (mas que é quinhentista), a Biblioteca, o Museu, o Bairro da Portela, Largo do Rossio, Rua Nova, Rua do Saco com casas manuelinas, ou a Praça da República com solares de estilo colonial, são outros tantos motivos representativos da riqueza histórica e monumental que a freguesia de Vila Flor guarda. A aldeia de Arco, que fica a cerca de 3 quilómetros e para a parte poente é sua anexa. Situa se num vale envolto pelos montes: Figueiteira, Soito, Corriça e Olgas. Este fica no caminho para o Seixo de Manhoses que lhe está a cerca de 3 quilómetros. A Rua da Igreja, a Rua da Fraguinha, Fundo do Povo, Rua da Portela, Largo de S. Lourenço e a Rua do Carvalhal que dá seguimento para a estrada que vai para a aldeia de Nabo, são as principais artérias do povoado. Foi à volta de um Ribeiro que a aldeia cresceu, com casas de uma e outra margem. É profundamente agrícola. Comércios não têm. Têm uma fonte no Fundo do Povo. A Festa principal é ao S. Lourenço em 10 de Agosto de cada ano e ocorre no largo da Igreja, que é também onde está a paragem dos autocarros.

VILARINHO DAS AZENHAS A freguesia de Vilarinho das Azenhas fica a 7 quilómetros do Cachão, mas a 17 de Vila Flor a cujo concelho pertence. Está situada na margem esquerda do rio Tua, mesmo perto do seu leito, a para Nor Noroeste da sede de concelho, só que em local de mais baixa altitude. E fica mais ou menos no mesmo diâmetro do Cume da Touca Rota e o Cume de Faro. É uma povoação muito antiga cujo povoamento remonta a épocas anteriores ao século XII, até porque há vestígios castrejos na sua área. Quanto à paróquia, no arrolamento de 1320/21 não é citada e ainda aparecia incluída na Paróquia de S. Nicolau dos vales no termo de Vilas Boas. Tudo indica que a formação paroquial date do século XVI, tendo sido curato da apresentação ad nutum do reitor daquela freguesia de S. Nicolau dos Vales. A actual Igreja data de 1716, ao que parece reedificada nessa altura. Pertenceu ao concelho de Vilas Boas até à sua extinção em 1836, passando depois ao de Vila Flor. Em 1864 possuía 62 fogos e 189 habitantes. Vilarinho das Azenhas teve o máximo da população em 1950 com 374 habitantes. Em 1991 tinha 197 residentes, sendo 101 do sexo masculino. Para em 2001 serem 139 com 65 masculinos ali a viverem. Em 1960 tinha 3 lagares de azeite, um depositário do correio, 10 lavradores/agricultores. O Presidente da Junta era Manuel S. Azevedo, o Pároco, António Martins, a Professora, Maria Bernardete Pires Monteiro e o regedor, Francisco Pinto. É notório o despovoamento da freguesia, que nem os bons terrenos junto ao Tua conseguiram evitar, nem mesmo o facto de ficar próximo do complexo agro industrial do Cachão. A agricultura é ainda a actividade básica, com produções de vinho, trigo, azeite, pêras, maçãs, figos, nozes, amêndoas, feijão, tomate e alface. Relativamente a estes três produtos há agora duas estufas modernas que os produzem todo o ano. Ali há apenas um rebanho de cabras e outro de ovelhas. Alguns comerciantes ambulantes é que lhe levam os produtos de mercearia já que ali não existe nenhuma loja comercial desses produtos. Só possui um café, um negociante de produtos da terra, um lagar de azeite, alguns lagares de vinho e fornos de cozer o pão, mas particulares. Há 2 barbeiros só em parte do tempo, pois a povoação é pequena. Possuía 4 azenhas: Azenha Nova, Azenha das 3 Rodas, Azenha da Amieira e Azenha das Regadas, aliás referidas pelo abade de Miragaia na Segunda metade do século XIX. Provavelmente era esta tradição das Azenhas que terá dado o nome de Vilarinho das Azenhas. Em 1998 ainda existia um tear cuja proprietária tem 93 anos, e era a última pessoa que ali trabalhou naquele tipo de artesanato. Já têm distribuição de água, esgotos, recolha do lixo e ruas calcetadas. No fundo do Povo está o Campo de Futebol. A Fonte Velha, O Castelo Velho, e o Lavadouro Público são aspectos que não deixam de mostrar que vai tendo algumas estruturas para melhoria da qualidade de vida dos seus habitantes. Vilarinho das Azenhas tem uma ponte que a liga à outra margem do Tua e dá lhe um acesso mais rápido ao IP4 no nó de Lamas de Orelhão. Por seu lado, a velha estação da CP, que serviu várias gerações de habitantes da zona, poderá vir a ser um bom pólo de desenvolvimento, caso se realize o prolongamento do Metro de Superfície de Mirandela ao Tua. A Igreja Matriz não é muito grande, mas é rústica, tem granito desigual e pequeno, Torre sineira central com 2 sinos. Ostenta a data de 1716 e uma inscrição na frente do portal, indicando que foi quando a reconstruíram. Mas há mais Património Cultural: os 2 Cruzeiros, um no Cimo do Povo, outro ao ir para a Ribeirinha, a Capela do Espírito Santo que fica no Fundo do Povo, e a das Onze Mil Virgens que é particular. A Capela da Senhora dos Remédios, no Cabeço, lugar alto e vistoso nas faldas do monte, como se protegesse a povoação das cheias do Tua ou dos temporais. A sua Festa é no 1.° Domingo de Setembro, muito concorrida, e com o sacrifício de irem a pé, em procissão até ao alto do Monte. A 19 de Julho também fazem a Festa a Santa Justa, a padroeira. É no Largo do Terreiro onde fazem o arraial, mas também nas Alminhas que se juntam muitos dos habitantes de Vilarinho das Azenhas, naquelas horas de lazer que vão arranjando. As mulheres preferem ficar nas soleiras das portas ou nas escadas exteriores em pedra de suas habitações, fazendo meia ou renda e conversando.

VILAS BOAS A aldeia de Vilas Boas é sede de uma freguesia que inclui as aldeias de Ribeirinha e de Meireles. Pertence ao concelho de Vila Flor, donde dista cerca de 6 quilómetros, para Nor Noroeste, na margem esquerda do Rio Tua. É muito antigo o seu povoamento, pois As ruínas de Castros e de fortificações antigas aparecem com frequência, dada a sua situação num vale rodeada de altas elevações, propícias à defesa. Também aparecem moedas romanas, atalaias e outros vestígios. Por seu lado, o termo Meireles (nome da aldeia que lhe está anexa) pode muito bem ter origem germânica. O termo Vilas pode ser derivado de Villae, que era o território agrário no tempo romano. Foi sede de um concelho medieval criado por D. Afonso IV, e teve foral dado por D. Manuel em 4/5/1512 onde obrigava os seus vizinhos (habitantes) a pagarem o dobro do que pagavam quando pertenciam ao de Mirandela, castigando os por terem pedido a separação daquele concelho. Desse tempo áureo e nobre da história de Vilas Boas, lá está o Pelourinho, símbolo da autonomia da Justiça. Foi derrubado por alguns populares em 1935, mas depois, graças a intervenção de várias pessoas, entre as quais o Abade de Baça], foi reerguido em 1937. Tem fuste oitavado, liso, mede 4,43 metros de altura, e o capitel mostra simbologia própria e floriformes. Tinha, nessa época medieval, juizes ordinários, vereadores, forca e picota. Deixou de ser concelho em 1836 com as reformas liberais, passando para o de Vila Flor. É curioso verificar que, em 1796 o ex concelho de Vilas Boas tinha 483 homens, 451 mulheres, havendo um barbeiro, 8 eclesiásticos seculares, 13 pessoas sem ocupação, um cirurgião, um boticário, 92 lavradores, 144 jornaleiros, 7 alfaiates, 5 sapateiros, 4 carpinteiros, 3 ferreiros, 2 moleiros. Em 1960 havia na freguesia 5 lagares de azeite, um depositário do correio, 2 mercearias, 10 lavradores/agricultores. As professoras eram Lúcia de Jesus Geraldes e Teresa Faustino; o Pároco, António Martins, o Presidente da Junta, Gastão Inácio Negreiros e o Regedor, António Joaquim Bártolo. Em 1864 a freguesia de Vilas Boas tinha 305 fogos e 942 habitantes. Em 1950 atinge o máximo da sua população com 1271 habitantes. Em 1991 possuía 797 residentes e destes 405 eram do sexo masculino. No ano de 2001 havia 711 residentes na freguesia, sendo 351 masculinos. A ocupação principal éa agricultura, com muitas oliveiras, amendoeiras, figueiras, vinha e árvores de fruta. Tem também alguma pecuária. Empregos só em Mirandela ou Vila Flor, que o Cachão já não é o que era antes. Nos tempos de lazer costumam jogar à raiola ou conversar no Largo dos Sotos, no Largo da Lamela ou junto da Casa do Povo. A povoação de Vilas Boas é um autêntico “museu” aberto: a Igreja Matriz ao centro, com Torre Sineira central e pináculos laterais, interior com púlpito curioso, tendo um adro agradável e até miradouro para uma parte da freguesia. Junto a Capela da Misericórdia é a Sala da Juventude. Muitas Casas solarengas em granito com suas varandas em ferro forjado, a Casa da Câmara com um brasão e uma inscrição interessante; o Largo da Lamela com a Capela de S. Sebastião, o Pelourinho já referido; o chafariz de 1902; o Largo dos Sotos (ainda com alguns desses comércios tipo mercearias onde se vendia de quase tudo nas aldeias, e que deram o nome ao largo). É ali que está o Cruzeiro e a Capela de Nossa Senhora do Rosário, embora particular. É também ali que a banda de Música costuma dar concertos nos dias de festa. A Rua do Adro, ou a subir para o Santuário, a Fonte das Tamancas, com escudo virado, onde se vêem as quinas e castelos, datando de 1902. Tem ainda a Fonte Santa, a Fonte da Lameira, ou os Brasões da Câmara, da Baronesa de Alverca e a Capela de Santo António com imagem do século XVII. Há os três Cabeços que circundam a freguesia: Gordo, de S. Cristóvão e de Nossa Senhora da Assunção. Neste realiza se a 15 de Agosto de cada ano uma romaria importante, das mais concorridas em Trás os Montes e Alto Douro, que inclui feira anual. A procissão vem da aldeia de Vilas Boas e sobe até ao Santuário, numa encosta a pique, um pesado sacrifício a quem é devoto. A estrutura do Santuário é bonita, com escadario e estrada de acesso, mas com vários patamares e ainda com nichos e coretos espalhados pela encosta que teve de ir dando lugar a outras estruturas, dada a ocorrência de cada vez mais gente. É o caso dos Parques de estacionamento dos veículos que se estendem construções para perto da povoação, com árvores plantadas para darem sombra. Entre 1843 e 1859 constrói se a Capela da Sr.ª da Assunção e as 5 capelas e a Casa dos Milagres no santuário. Em 1843 é a Capela do Calvário; em 1845 a do Sexto passo, N.º Sr. Pregado na Cruz; em 1853 o 4.° Passo, Casa de Pilatos; a 1855 é o 3.º Passo, Cristo açoitado; a 1858 o 2.° Passo, Prisão Cristo e em 1854 a Casa dos Milagres. Mas Vilas Boas tem duas aldeias anexas: Meireles e Ribeirinha.
Meireles fica no sopé do Monte de Nossa Senhora da Assunção, situada a 350 metros de altitude, já virada para o lado oposto ao de Vilas Boas, e na estrada que dá para Mirandela e Cachão, perto de um vale. No fundo daquela aldeia de Meireles há a Ermida de Santa Marinha e de estilo barroco. Meireles tem também vestígios romanos no lugar da Moura a meia encosta bem assim o das Casinhas para os lados da Serra de Faro. Outro aspecto típico é a Fraga do Altar perto da Quinta da Veiguinha. A Festa principal é a 18 de Junho e tem arraial popular.
Ribeirinha é uma típica aldeia a 200 metros de altitude apenas, que apresenta um aconchego interessante, e onde se pode ver a Capela Velha de Santo António, século XVII contrastando com a Capela Nova ao mesmo Santo e de traça incaracterística. Ali existe uma Azenha Nova, assim se chama, e vestígios de romanização, pois aparecem pedaços de cerâmica, colunas romanas no Olival do Rei. As casas são em xisto e ficam engalanadas no dia 13 de Junho pois têm arraial popular nas Festas de Santo António.


LENDAS DE CARVALHO D’EGAS

Segundo a tradição local, ouvida de gerações e gerações de Carvalho d’Egas, teria acontecido nos seus terrenos a última batalha que os cristãos tiveram com os mouros quando se procedia à reconquista da Península Ibérica nos primeiros tempos medievais. E o local que assinalam como o espaço onde decorreu a luta é o sítio Mil Almas pois teriam sido muitos os mortos. A uma parte deste lugar há outro a que chamam Covas que seria onde foram enterrados esses mouros. Há também referência ao grande penedo, o Penedo Macho, muito conhecido quer no nome quer na grandeza, do qual se avistam muitas terras. Dizia se que ali havia muito ouro. Por isso, um homem de Vila Flor, José da Cunho, na primeira metade do século XVIII tentou abri lo a fogo, tendo lhe tirado ainda um pequeno pedaço. Mas acabou por se enfadar depressa com a despesa que estava a ter com tal intenção que parou com ela e não conseguiu retirar nem uma amostra desse ouro.
EM FREIXIEL Nesta localidade há várias lendas. Uma tem a ver com mouras encantadas no sítio do castelo. Uma moura, por alturas do S. João, permite ouvir se a trabalhar num tear. Outras, no mês de Agosto apanham figos e estendem nos nos tendais ao sol (partes planas de fragas). No Fonte do Olival Escuro dizem ter existido uma talha cheia de ouro e outra de veneno. Quem descobrisse a de ouro ficaria rico, mas quem descobrisse a do veneno morreria logo.
Lenda da Fonte da Crica da Vaca Cristiano Morais no seu trabalho monográfico sobre Freixiel diz:” Esta fonte, actualmente, só corre desde o outono até finais da Primavera. A água sai de uma abertura num colossal penedo que, devido à sua fornia, o povo chama Crica de Vaca. Segundo a tradição ali passou um cavaleiro numa manhã de S. João, e tendo sede se baixou para beber, mas, quando o fazia, notando que qualquer coisa lhe entrava na boca, parou de beber e viu que da fonte saía um gratule colar de ouro. Então, milito contente, ruas também assustado por pensar ser coisa do diabo, benzeu se e disse: “Deus me ajude”. Nesse momento ouviu uma voz triste e distante dizendo lhe: “Ah! Meu borra cavaleiro que me desgraçaste, pois acabaste de me dobrar o meu encanto”. E assim, diz o povo, que ali continua unia bela moura encantada à espera de quem lhe parta o encanto.”
EM ROIOS No Cabeço de S. Pedro onde existiu uma Capela e onde aparecem vistígios de povoado, há uma erva abundante à qual o povo chama Tó, que afirmam ser muito virtuosa contra os malefícios e maus olhados às crianças. Por isso, àquelas crianças atacadas por esses males penduravam lhe essa erva ao pescoço como se fosse relíquia sagrada. Daí lhe chamarem Erva sagrada, Erva Feiticeira.
EM VALE FRECHOSO Nesta povoação há também lendas da existência de tesouros que se perderam na memória das pessoas ficando apenas a indicação dos locais. É o caso das Fragas do Bobido. Dizem ali que, nas Fragas da Pena do Corvo, há um tesouro encantado no local onde está insculpida uma raposa como sinal, olhando para esse mesmo tesouro. Também na Costa, lugar a caminho do Cachão, havia uma ferradura gravada numa fraga, dando igualmente o sinal de ali haver um tesouro. No entanto essa gravação já não existe com o uso dado pelo calçado dos que ali têm passado.
FONTE DE VALTORNO Diz se nesta aldeia que uma mulher foi à Fonte buscar água logo pela manhã cedo, em dia de S. João, e trouxe o cântaro cheio de novelos de ouro sem ter dado conta disso. Porém, ao chegar a casa na aldeia, dá conta de tanto deslumbramento, e, não resiste a exclamar: ” Ai, Jesus! Tanta riqueza!” Nesse momento os novelos de oiro do cântaro desapareceram e nunca mais os viu para grande tristeza da mulher.
Outras lendas Além destas lendas anteriores, há várias outras relacionadas com mouros e mouras encantadas, com tesouro, em várias partes do concelho. É o caso do sítio do Olival Euro em Folgares, no Lugar do Amarelo em Trindade, no Penedo Redondo em Benlhevai . Também em Vilas Boas se conta que, na Fonte do Lameiro de Cima, foram lá uns homens cavar em 1925 para desenterrar o tesouro encantado, mas fugiram assustados ao ver o diabo ou a moura feita em horrendo bicho, e uma mulher foi levada pelos ares até cair no Cruzeiro do Prado. Também em Vilas Boas há uma caverna, na Pala da Feiticeira onde nos seus mais de dois metros de altura cabem mais de uma dezena de pessoas que dizem ter sido abrigo de um tesouro em tempos longínquos…
Professor Virgílio Tavares, Mestre em História Moderna e Contemporânea

In iii volume do Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses,
coordenado por Barroso da Fonte, 656 páginas, Capa dura.
Editora Cidade Berço, Apartado 108 4801-910 Guimarães – Tel/Fax: 253 412 319, e-mail: ecb@mail.pt

Preço: 30 euros

(C) 2005 Notícias do Douro

Artigos Relacionados

Botão Voltar ao Topo

Adblock Detectado

Por favor desative o Ad Blocker neste site