Concelhos

Mesão Frio

a vila mais fidalga de Portugal

Um pouco da sua imensa história

Mesão Frio teria porventura nascido no sítio que muito mais tarde envolveria a igreja de São Nicolau, mandada erigir, segundo se diz, pela rainha D. Mafalda, mulher de D. Afonso Henriques.

De certeza apenas se sabe que o germe desta terra foi uma daquelas albergarias (mansiones) existentes nas principais vias do Império Romano destinadas inicialmente a agasalhar (mansionis frigidae) os viandantes nos seus itinerários e, sucessivamente, a fornecer refeições, a estabular os animais e a servir de estação de muda de cavalos.

Daí que, a data de nascimento deste povoado se possa atribuir aproximadamente ao início do século III, a mesma do “ltinerarium Antonini Augusti” que descreve as diversas “mansiones” e a distancia entre elas (o período da dominação romana da Peninsula Hispânica vai de 197a.C. até ao ano de 411).

O actual nome desta vila provém, assim, duma longa evolução linguística, semântica e gráfica da “mansionis frigidae” que, por causa disso, mudou de caso latino, de significado e de género com total desprezo pela disciplina gramatical e, assim, ao sabor da pronúncia, variável consoante as pessoas, e dos seus inadvertidos registos.

A primeira vez que aparece este lugar grafado de “mansion frigido” resultante da adulteração dos vocábulos femininos “mansione frigida”, foi em 1059 no ” lnventario de omnes hereditates sive et ecclesia de Vimaranes”, do monarca leones Fernando Magno, isto é, 120 anos antes de D. Afonso Henriques haver sido reconhecido como rei pelo Papa Alexandre III (duma das muitas notas á margem do livro “Fastos de Mesão Frio”, elaboradas pelo autor com vista a uma eventual 2ª edição, consta, curiosamente, que a grafia “Meison Frido” é muito anterior a 1059, pois apareceu em 981).

Este termo toponímico é comum a outras terras portuguesas por identidade originária ou por similitude com o Mesão Frio duriense que foi, e é, sem dúvida, dentre todas estas localidades homónimas, a mais importante.

O desenrolar do tempo e a consequente atracção da circunvizinhança, despertada por interesses afins aos da comunidade atraente, definiram os contornos do primitivo concelho de Mesão Frio, cuja vivência se situa, por isso, muitos séculos antes da outorga do primeiro foral em Fevereiro de 1152 por D. Afonso Henriques e que viria a ser confirmado por D. Afonso II, em Trancoso, no dia 15-10-1217. Três dias antes do dia de Santo André do ano de 1513, o rei D. Manuel I concedeu-lhe “foral novo” (esta maravilhosa peça saída das oficinas gráficas manuelinas pode ser admirada no Arquivo Histórico da Câmara Municipal).

Antigamente era excêntrico pretender-se nobilitar as terras, atribuindo-lhes como fundador alguém com nome semelhante ao delas. Mesão Frio, não escapando a esta extravagância, tomou em tempos idos para seu fundador um tal “Esteves Gracia Monzon Friwn” que, no ano de 942, reinando Ramiro II em Leão, teria entrado pela foz do Douro com outros cavaleiros franceses aventureiros que foram pegando os seus nomes às terras em que foram ficando. Esta, pois, a origem lendária, criada pelo imaginário de quem não se deu ao trabalho de escavar as verdadeiras raizes de Mesão Frio, quiçá levado por um túmulo em pedra que, juntamente com outros seis, então existia no muro do adro da igreja de São Nicolau, monumento funerário este que, por ter esculpidas as armas da cavalaria francesa, induziria a fundação desta terra à custa duma fase histórica dominada pela vinda de numerosos cavaleiros franceses movidos pela gesta da Reconquista (718-1492).

Fala a história antiga que este lugar foi povoado pelos pedreiros que fizeram a ponte Henriques mandada construir em Barqueiros pela rainha D. Mafalda que, pelo que se vê, muito quis a estes sítios (para esta construção o marido deixou em testamento 3000 maravedis, dela restando apenas um pedregulho e, submersos no rio Douro, dois pilares, facto que deu o nome de Piar ao local onde se encontram por corruptela de pilar).

Diz ainda que tinha um rego pelo meio da rua de fundo a cima, dividindo a povoação em dois concelhos, cada um com o seu mestre de pedreiros, juiz e oficiais (este rego ainda existe e esteve à vista até 1948, tendo tido por ele o seu curso a “água de rega dos Ameais” que foi motivo de grandes brigas com Vila Marim no tempo do rei D. Sancho I).

A ter sido exactamente assim, ou se esteve perante o repovoamento deste lugar por aqui se ter dado o ermamento entre os séculos VIII e IX ou, então, a dar créditos aos medievalistas que se opõem à teoria do despovoamento total do território devido às vicissitudes das guerras e alternativas de domínio, deu-se apenas, e mais uma vez, um albergamento, embora desta feita com características muito peculiares. O primeiro povoamento fez-se, com efeito, à volta da “mansionis frigidae”, albergaria que foi privilegiada com o estatuto de “bemfeitoria” ou “beetria” (corruptela de “bemfeitoria”), vindo a ser “vila”.

Segundo alguns historiadores da antiguidade, além de Mesão Frio, só mais 9 povoações foram “beetrias”, o que lhes permitia eleger um senhor, exercer o domínio das suas terras e pagar tão – só uma renda ou censo.

Planta de localizaçãoMesão Frio, no reinado de D. Manuel I, já contava com as povoações de Cidadelhe e Vila Marim como fazendo parte do seu concelho que inicialmente apenas teria compreendido o território das actuais freguesias de Santa Cristina e de São Nicolau, bem como a parcela de Vila Jusã que integra a vila e que antigamente era chamada de “Meigõ frio de jusão”, situada a par do “Meigõ frio de susão” (só a partir dos meados de 1916 foi criada a unidade administrativa com o nome de “freguesia” em substituição da unidade eclesiástica denominada “paróquia”).

As povoações de Barqueiros, Oliveira e Vila Jusã só mais tarde seriam aglutinadas a Mesão Frio. Efectivamente, Barqueiros, até então concelho, e os povos de Oliveira e Vila Jusã, pertencentes ao concelho de Penaguião, juntaram-se-lhe por força do decreto de 6-11-1836, que também integrou no território mesão-friense o antigo concelho da Teixeira e as freguesias de Frende, Loivos da Ribeira e Teixeiró, do concelho de Baião. A aglutinação destas quatro circunscrições foi, porém, efémera, pois logo passariam para a jurisdição daquele concelho pela carta de lei de 27-9-1837 por motivo de uma pendência de águas ocorrida em meados de 1835 entre Mesão Frio e o concelho da Teixeira, o que viria a gerar um certo irredentismo e uma situação paradigmática duma incongruente divisão administrativa do País que ainda persiste.

Àrea total – 26.6 Km2 (2003)
Densidade Populacional -179.1 Hab./Km2 (estimativa 2002)
População Residente – 4.758 indíviduos (estimativa 2002)
Edifícios – 2.200 (2001) Familias residentes – 1.373 (2001)
Actividades Económicas principais – Agricultura, Vitivinicultura, Olivicultura e Construção Civil

Saiba mais sobre a Vila mais FIDALGA de Portugal – visite-a…e entretanto consulte o site http://www.cm-mesaofrio.pt/index.asp 
(C) 2005 Notícias do Douro

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