Ilustres

AMORIM, António Guedes de

Biógrafo, jornalista e romancista (Sedielos, Peso da Régua, 26.10.1901 – Lisboa, freguesia de Encarnação, 11.3.1979). Começou a trabalhar ainda jovem como empregado comercial, facto que lhe marcou a vida. Aos 18 anos aventurou-se e procurou carreira no jornalismo, o que veio a conseguir com inteiro sucesso. Foi redactor e colaborador de muitíssimos jornais, mas o efectivo profissional realizou-o na empresa do jornal O Século, para onde entrou pela mão de João Pereira da Rosa, e na revista O Século Ilustrado, de que foi redactor até morrer. Ao mesmo tempo escreve biografias de celebridades para o grande público, e inicia uma produção novelística atenta aos problemas sociais do seu tempo: a pobreza, a marginalidade, enfim, o real social e quotidiano do submundo, que descreve segundo uma percepção com algum acento ideológico de carácter marxista. A sua obra oferece dois ciclos: o que decorre entre 1930 e 1959, preenchido por um extenso rol de biografias, novelas e romances de carácter realista e social-realista; e o que se situa entre 1960 e a morte, em que selecciona o melhor dos seus eventos e deriva para a biografia religiosa e para a história do missionário franciscano. No seguimento de uma grave crise espiritual, acaba por descobrir a figura de S. Francisco de Assis e, após demorada reflexão e experiência, em que teve a ajuda do Padre Fr. Francisco Barreira, acabou por se converter à Igreja, chegando a professar como Terceiro Franciscano, cujo hábito recebeu, e que levou por mortalha, num dia chuvoso a caminho do cemitério do Alto de S. João. Esta conversão é narrada, de uma forma vigorosa e pormenorizada, no longo intróito à biografia intitulada Francisco de Assis, Renovador da Humanidade (1960, obra com mui-tas reedições em Portugal e no Brasil). Precursor do neo-realismo, escreve sempre a partir de factos reais. Como romancista, a sua obra prima é Aldeia das Águias (1939), notável painel dramático da vida rural duriense. Prémio Ricardo Malheiros da Academia das Ciências de Lisboa.

OBRAS: Biografia: Pétain, Lx.a, 1940; Knox, Lx.a, 1941; Francisco de Assis, Renovador da Humanidade, Lx.a, 1960; Jesus passou por aqui, Lx.a, 1964 (viagens na Terra Santa); Mary Jane Wilson, a Irmã de S. Francisco, Braga, 1975; Contos: A Bailarina negra, Lx.a, 1931; Patamar, Lx.a 1945; Anjos na Encruzilhada, Lx.a 1946; A Cidade o sonho, Lx.81950; Janelas sobre o passeio, Lx.a 1954; A Máscara e o Destino, Lx.a, sal.; A Espada dos Arcanjos, Antologia, Lx.a, 1968. Novelas: A Mulher do Próximo, Lx.a 1933; Reabilitação, Porto, 1938; Os Barcos descem o Rio, Lx.a, 1945; Caminhos Fechados, Lx.a, 1952; Almas sem Medo, Lx ‘, 1975; Escravos da Morte, Lx.a, sal.; Escadas Para descer e subir, Lx.a, sal.; Romances: Aldeia das Águias, Lx ‘, 1939; O Homem da Rua, Lx.a 1947; Casa de Judas, Lx.a, 1953. (Algumas das suas novelas tiveram 11 edições). É autor de um documentário sobre o Douro, A Festa dos Vinhedos (1937) e de uma antologia, Os melhores Contos de João de Araújo Correia, por quem nutria grande admiração. Deixou inéditos, entre eles os livros Deus está em África (sobre a missionação dos Franciscanos em Moçambique), Colunas da Terra Santa (sobre a epopeia dos mesmos na Palestina) e um romance, O Céu não está fechado.

Bis.: Pinharanda Gomes, As Duas Cidades, Lx.a, 1990, pp. 161-164.

J. Pinharanda Gomes

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