Ilustres

AZEVEDO, Francisco José de

Formado em 1841 (22 de Julho) pela Escola Médico-Cirúrgica do Porto, Francisco José de Azevedo (1812-1867) consorciou-se, ainda estudante, com a irmã de C.C.B., Carolina Rita Botelho Castelo Branco (5.10.1839), que lhe deu numerosa prole. Era irmão do padre António José de Azevedo. No dizer do cunhado, C.C.B., era um homem “na flor da idade, com uns belos olhos absorventes de luz, e afronte grande a irradiá-la em talento, em claridade de boa alma efectiva e devotada às prodigalidades do bem fazer”. (In Serões de S. Miguel de Ceide, p. 115, ed. da Lello, de 1928). Natural da freguesia de Vilarinho da Samardã, aí exerceu clínica; depois em Covas do Douro; de novo em Vilarinho, e, finalmente, em Vila Real. Ganhou fama de profissional competente e homem honrado. Todavia, ao falecer inesperadamente, a 24.12.1867 (e não a 25, como afirmaram Alberto Pimentel e Maximiano Lemos, enganados pela data posta no soneto que o filho mais velho lhe dedicou; v. certidão de óbito em Ludovico de Menezes, Camilo, Ill, p. 222), deixou a família em situação aflitiva. De facto, dos 7 filhos vivos, dos 9 que tivera, apenas o primogénito, António de Azevedo Castelo Branco, estava já encaminhado na vida (funcionário do Governo Civil de Vila Real). O mais novo não completara sequer 3 anos. Tão incerto se apresentava o futuro para a família do falecido, que padre António de Azevedo se lembrou de abrir uma subscrição pública através da imprensa, apelando à caridade dos cordiais Amigos do finado. Redigiu o documento e submeteu-o à apreciação de Camilo. Nele se lê: “Morreu enfim o nosso Amigo!… e morreu tão pobre como tinha principiado!…(…); deixando uma viúva inda mais apoucada que ele, respeito a bens de fortuna; deixou mais seis filhos herdeiros apenas… de seu nome… ” Etc. (Documento junto à carta de 6.1.1868, existente na Casa Museu de Camilo). A explicação de quase miséria (porventura exagerada pelo padre Azevedo: sabemos que Carolina acompanhou o filho José nos estudos em Coimbra) é dada no romance Amor de Maldição, editado no Porto, em 1870, por um enigmático J. M. A. T., que é, nem mais nem menos, José Maria Alves Torgo. A intriga romanesca desenrola-se no decurso dos acontecimentos da Maria da Fonte e Patuleia. Um dos protagonistas é Francisco José de Azevedo. Algumas passagens desse romance: “Busquemos o médico-cirurgião Francisco José de Azevedo, encarregado, como já viramos, do tratamento do ferido na ponte de Parada./Esse homem demorava em Vila Real. Já noite, recolhia agora àestalagem. Saindo há instantes duma casa de jogos, vinha pernoitar nessa hospedaria. ” (Op. cit., Il, p. 63). “Caridoso e bom, mais nada lhe turbava a consciência.(…) Éque via nesse vício [a batota) o abismo que lhe sorvia a subsistência duma família, e não dava com a energia de vencer-se. Mais tarde modificou-se […) / Generoso e grande, amesquinhava-se-lhe a alma à beira duma família numerosa que vivia de seus recursos. ” (Ibidem, 11, p. 64). O autor informa ainda que ofereceram 30 libras para o médico envenenar o ajudante do barão de Castro d’Aire, mas Francisco José de Azevedo recusou a proposta infamante. Deve referir-se que no comentário a José Maria Alves Torgo, C. C. B. cita o romance, mas não refutou os factos narrados relativos ao cunhado. (V Óbolo às Crianças, de 1887, pp. 171-172).

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