Ilustres

CASTELO BRANCO, António de Azevedo

António de Azevedo Castelo Branco (1842-1916), filho do médico Francisco José de Azevedo e de Carolina Rita Botelho Castelo Branco, era sobrinho do romancista C.C.B. Formou se em Direito pela Universidade de Coimbra, onde estreitou relações de profunda amizade com alguns dos mais prestigiados vultos da chamada “geração coimbrã”, entre eles Antero de Quental e Germano Vieira de Meireles. Parece ter pertencido à Sociedade Secreta O Raio (1861-1862), constituída com o objectivo de destronar o tirânico reitor da Universidade: Basílio Alberto. Terá feito parte do grupo de estudantes que planeou a célebre polémica Bom Senso e Bom Gosto. (1865-1866). Seguiu a carreira do funcionalismo público, exercendo vários cargos: desde administrador de Murça a Governador Civil e Presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Depois de uma viagem ao estrangeiro, para estudar os sistemas prisionais, foi subdirector, e depois director, da Penitenciária de Lisboa. Foi deputado em diversas legislaturas e Ministro da Justiça. Apesar de se ter mantido sempre ligado às letras (fundou a Correspondência do Norte, de Vila Real. – 1.° número de 9-8-1874 – e colaborou na imprensa), só tardiamente publicou o seu livro de estreia como poeta Lira Meridional (1886), que foi dedicado a seu tio C.C.B./visconde de Correia Botelho. As relações de António de Azevedo com Antero foram sempre fraternais e reflectiram-se favoravelmente no ânimo do romancista pelo rebelde coimbrão. O poeta das Odes Modernas chegou a convidá-lo para seu padrinho no duelo com Ramalho Ortigão, em consequência da Questão Coimbrã (polémica do Bom Senso e Bom Gosto). Mas nem por isso Antero deixou de ser severo na apreciação dos seus versos: “o que o M. Duarte devia dizer é que o teu estilo tem pouca individualidade ou originalidade, e por isso cai naturalmente em certos moldes já feitos e que tem uma tradição.” [In Cartas de António de Azevedo Castelo Branco, de Antero de Quental, com prefácio de Adolfo Casais Monteiro. Lisboa, 1942, p. 85; carta de 4.7- (1875) Por volta de 1857 António de Azevedo conviveu intimamente no Porto, com seu tio, C.C.B., segundo as recordações do romancista no prefácio à Lira Meridional:: «Deixei-o criança, e tornei a vê-lo aos quinze anos. Viveu então comigo no Porto. Estudava preparatórios para cursar a Faculdade de Direito.» (In Serões de S. Miguel de Ceide. ed. de 1928, p. 124.) Porém, já em 1879 incluíra o nome de António de Azevedo Castelo Branco no Cancioneiro Alegre, com comentário aos Frutos Piedosos (pp. 297-301, da ed. da Lello de 1927). Existiram entre ambos magnificas relações, que transcenderam as resultantes do parentesco. Durante o processo de nobilitação de C.C.B.. António de Azevedo interveio no final do debate na Câmara para a isenção de emolumentos, direitos de mercê e selo pela graça outorgada ao tio, em que Simões Ferreira votou contra: “Devo dizer à Câmara que estou certo que ao espírito daquele distinto escritor será tão grata a honra concedida pelo poder moderador como haverá também generosidade bastante para esquecer o que de injusto houve nas palavras do Sr. Simões Ferreira.” (In O Romance do Romancista, de Alberto Pimentel, 1.a ed., p. 321.) No epistolário do padre António José de Azevedo, existente na Casa-Museu de Camilo, encontram-se várias referências a este sobrinho do escritor. Como se sabe pelo futuro dos netos do Camilo (litígio, entre monárquicos e republicanos). Porventura, em consequência desse debate público, e por meras razões políticas, ao que se depreende, foi concedida por D. Manuel 11, no exílio, em carta ao conde de Sabugosa (1922), autorização para Camilo (Correia) Castelo Branco poder usar o título de (2.°) visconde de São Miguel de Ceide. O 2.° da linha varonil, Nuno Plácido Castelo Branco – II, foi autorizado a usar o título de (2.°) visconde de Correia Botelho. Para mais pormenores sobre esta questão cons.: Camilo Castelo Branco e as Quadrilhas Nacionais, de João Paulo Freire (Mário), Lisboa, 1917, onde o autor compilou os textos da sua polémica com Júlio Dias da Costa., e Processo Genealógico de Camilo Castelo Branco, de José de Campos e Sousa (Lisboa, 1946), em especial pp. 184-185.

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