Ilustres

BEGUEIRO, José Fernandes

Nasceu em Codeçoso do Arco, vulgarmente conhecido por Codeçoso da Venda Nova, no concelho de Montalegre, em 1815. Na aldeia era conhecido pelo “Gaio”. Infelizmente foi esta uma personalidade nada ilustre. Mas porque traduz o seu comportamento parte da história de Trás-os-Montes, nomeadamente, da região de Barroso, após grande reflexão, optámos por inseri-la porque ajuda a esclarecer aspectos da vivência Barrosã, desses tempos bem difíceis. Oriundo de uma família muito pobre, cedo se tornou conhecido pelos crimes, roubos, desacatos. Aos 22 anos ofereceu-se para acompanhar uma mulher (Inácia Joaquina) e um menor (Francisco Baptista, de Braga) ao seu destino. Conduziu-os a um ermo, arborizado e assassinou-os, com o intuito de os roubar. Regressado à aldeia e dada a falta daquelas duas pessoas, apanhou-o a autoridade da época numa taberna da Venda Nova, em 25 de Maio desse ano. O crime tinha ocorrido em Abril. No momento da prisão vestia um capote que a população tinha visto ao menor. Conduzido ao local do crime, confessou todos os pormenores do seu tresloucado acto. Esteve preso cerca de 4 anos. Foi julgado em Montalegre, em 21.1.1842, pelo Juíz Carlos de Oliveira Pimentel. A Relação do Porto confirmou essa sentença em 12.8.1842. Requereu para o Supremo Tribunal e foi-lhe negada por acórdão de 12.5.1843. Por portaria de 18.8.1844 foi comunicada ao Presidente da Relação do Porto que sua Real Majestade (D. Maria II) não houve por bem usar da sua real clemência, pelo que foi justiçado num patíbulo, expressamente levantado no Largo do Toural da Vila de Montalegre. Desde aí passou a ser citado o histórico carvalho da forca que apenas testemunhou o enforcamento. O P.e José Adão dos Santos Álvares, descreveu, no dia seguinte, para a Revista Universal Lisbonense, esse antepenúltimo enforcamento em Portugal. E a Câmara M. de Montalegre, editou, em 1983, pelo mão de outro ilustre Barrosão, José Jorge Álvares Pereira„ o 3.° caderno Cultural, com o título: Último enforcado em Montalegre. Aí se transcreve aquele relato e todos os pormenores possíveis. Depois desse enforcamento só houve mais dois em Portugal: Manuel Pires, de Cernancelhe, em 8.5.1845 e José Maria, conhecido pelo “Calças”, no Campo do Tabolado, em Chaves, em 19.9.1845. Antes do Begueiro, fora enforcado, na Cordoaria do Porto, Manuel Moutinho Pereira, de Ancede, Baião, em 7.9.1844. A pena de morte, por crimes civis, viria a ser abolida em 1.7.1867 e por crimes políticos em 1852. O poeta Montalegrense Artur Maria Afonso, escreveu, em Julho de 1851, em Chaves, um poema sobre o “Vagueiro” (por Begueiro) descrevendo em verso esse tristíssimo episódio que tanto denegriu um Povo hospitaleiro, fraternalista e sério.

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